quinta-feira, 17 de outubro de 2024

ESQUECIDOS PELO TEMPO: Tôco


Édson Esteves de Azevedo, o Tôco, nasceu em Luziânia (GO), no dia 17 de outubro de 1937.
Tôco foi considerado um dos melhores jogadores da região. Tinha grande habilidade, era exímio cabeceador e chutava bem com os dois pés. Tudo isso fruto de muito treinamento. Era o primeiro a chegar e o último a sair do campo. Muitos afirmam que ele nasceu na época errada. Se fosse hoje, com certeza estaria em um grande clube do futebol brasileiro.
Atuou em uma época em que o futebol não era tão divulgado. Estreou no time do Luziânia em 1950, com 13 anos de idade, na derrota por 2 x 0 para o time do Cristalina.
No futebol de Brasília, Tôco atuou pela primeira vez em 2 de abril de 1960. Poucos dias antes da inauguração de Brasília (que aconteceria em 21 de abril de 1960), o Bangu, do Rio de Janeiro, visitou a futura Capital Federal, aqui realizando dois jogos amistosos. Em um deles, contra o Guará, clube que solicitou o empréstimo de Tôco para a ocasião. O Bangu já tinha um bom time e, como era de se esperar, o Guará foi goleado (4 x 0).
O Guará jogou com Redola, Pezão e Tostão; Severo, Múcio e Homero; Belchior, Mário, Fernando, Tôco e Maia. Técnico: Augusto da Costa.
Independentemente do resultado, novamente Tôco foi requisitado junto ao Luziânia para um novo amistoso do Guará, em 8 de maio de 1960, desta vez com vitória sobre o Nacional, de Brasília, por 3 x 2.
O Guará era o clube de maior atividade em Brasília. Constantemente estava realizando amistosos ou visitando outras cidades. Tinha como destaques Múcio, ex-Palmeiras e Atlético Mineiro, o veterano atacante Luís Maia, ex-defensor da seleção brasileira de amadores, Cirineu Gonzaga, o Cisquinho, de muitos anos no futebol goiano, e Íris, o atacante de maior nome no futebol do DF na época e que, logo depois, iria para o futebol do Equador. Além disso, trouxe o treinador Augusto da Costa (zagueiro da Seleção Brasileira na Copa do Mundo de 1950) para Brasília.
Retornou ao Luziânia e por ele disputou um amistoso contra o Grêmio Esportivo Brasiliense em 30 de outubro de 1960, em Luziânia (GO), partida para homenagear o Prefeito Juca da Ponte. O Luziânia venceu por 1 x 0, gol de Tôco. Atuou o Luziânia com Isauro, Evaldo Carneiro, Ditinho, Ildomar e Coquinho; Ciliu, Wanderlan e Osmar Tormin; Tôco, Braguinha e Francisco de Bilo. Técnico: Nazir Salomão.
No começo de 1962, mais precisamente no dia 20 de janeiro, Tôco nada pôde fazer para evitar a quebra da invencibilidade de 54 jogos do Luziânia, quando viu seu clube ser derrotado pela A. E. Cruzeiro do Sul, do DF, por 2 x 0.

Disputou mais alguns amistosos contra clubes do DF e, em 14 de setembro de 1962 o Diário Carioca-Brasília estampava em uma de suas manchetes: TÔCO NO RABELLO, complementando: “O Rabello conseguiu para suas fileiras o concurso do jogador Tôco, que pertencia ao Luziânia Futebol Clube e cujas exibições, nesta capital, foram sempre elogiadas pela crônica e pelos dirigentes”.
A última vez em que vestiu a camisa do Rabello foi em 9 de novembro de 1963, no segundo amistoso que o clube disputou com a Seleção Juvenil de Brasília, que se preparava para a excursão que realizaria pelo interior dos Estados de Goiás e Minas Gerais. O jogo terminou 2 x 2, com os dois gols do Rabello anotados por Tôco.
O quadro do Rabello contou com Gaguinho, Luziné, Edilson Braga, Alonso Capela e Betão; Tôco e Nilo; Ramiro, Ely, Invasão e Léo.
Voltou, então, para o Luziânia, que, no ano de 1964, passaria a disputar pela primeira vez as competições do futebol do DF.
A primeira oportunidade surgiu durante o Torneio “Prefeito Ivo de Magalhães”, a primeira competição sob o regime profissional em Brasília, disputado por quatro equipes que aderiram ao novo regime naquele ano (além do Luziânia, 1º de Maio, Colombo e Rabello). Na estreia, o Luziânia foi derrotado pelo Colombo, por 2 x 1, no dia 15 de março de 1964, jogando no campo do Guará. Formou o Luziânia com Toninho, Coquinho, Eufrásio, Félix e Peru; Bugue e Tôco; Bubu, Invasão, Carlos Zampietro e Francisco de Bilo (Duquinha) (Gamela). Técnico: Raimundo Laranjeiras.
Logo depois, Tôco seria convocado (juntamente com outros dois jogadores do Luziânia: Félix e Invasão), pelo técnico Waldyr de Carvalho (Didi), para a Seleção do DF que disputaria um amistoso contra a seleção de Goiás no dia 21 de abril de 1964. Não atuou nesse jogo.
O Luziânia não conseguiu continuar na categoria de profissionais em 1965 e Tôco foi emprestado ao Colombo para a disputa do Campeonato Brasiliense desse ano, mas não conseguiu a titularidade, tendo em vista grandes jogadores que o clube possuía em sua posição, tais como Cid, Baiano, Tião I e Tião II.
Mas foi lembrado pelo Guará em dois amistosos disputados pelo clube. Em um deles, no dia 13 de junho de 1965, no jogo que marcou o retorno do Guará ao futebol de Brasília, em Luziânia, no empate em 3 x 3 justamente contra o Luziânia.
No ano de 1966, o Luziânia voltaria a disputar o campeonato de profissionais e em 15 de maio de 1966, no amistoso contra a seleção do DF, Tôco marcou dois gols no empate em 3 x 3. O Luziânia atuou com essa formação: Walmir, Ditinho, Zezão, Bimba e Tião; Bolinha e Tôco; Bubu, Bolero, Sabará e Oscar. Técnico: Jesus dos Santos.
No dia 12 de junho de 1966, disputou o Torneio Início de Profissionais, no novo estádio de Brasília (que posteriormente passaria a ser chamado de Pelezão). O Luziânia foi desclassificado logo no primeiro jogo, ao ser derrotado pelo Pederneiras, por 1 x 0.
Na estreia no campeonato, duas semanas depois, já tendo Wander Abdalla como treinador, marcou um dos gols da vitória do Luziânia sobre o Defelê, por 3 x 1. Sua atuação o levou a fazer parte da “Seleção da Rodada”, escolhida pelo jornal Correio Braziliense, que ficou assim formada: Luiz (Guará), Pedrinho (Defelê), Firmo (Pederneiras), Bimba (Luziânia) e Tiãozinho (Luziânia); Heitor (Guará) e Tôco (Luziânia); Zezé (Rabello), Otávio (Rabello), Sabará (Luziânia) e Reinaldo (Rabello). O “Craque da Rodada” foi seu companheiro de equipe, Bimba.
Marcou dois gols em outra vitória do Luziânia, no dia 3 de julho de 1966, contra o Pederneiras (3 x 1), jogo em que foi expulso de campo.


O Luziânia terminaria a competição somente atrás do Rabello, considerado uma verdadeira seleção brasiliense.
Em 1967 Tôco disputou o Campeonato Brasiliense de profissionais e a Copa Brasil Central, pelo Colombo (competição que reuniu clubes do DF e de Goiás - Goiânia e Anápolis.
Emprestado pelo Luziânia também defendeu outras equipes, tais como Cristalina (GO), Planaltina (DF), Formosa (GO), Ypiranga, de Anápolis (GO), e Sírio Libanês, de Goiânia (GO).


Encerrou a carreira em 1970, após grave contusão no joelho direito. Seu último jogo foi pelo Vasquinho, de Zé Preto, quando venceu por 3 x 1 o time do Orizona.
O troféu do XVIII Campeonato Amador de Luziânia levou o seu nome. Recebeu um troféu na inauguração do estádio Serra do Lago, em 1992. Em 2011, o troféu de campeão do XXXIX Campeonato Amador de Luziânia voltou a receber o seu nome.
Reside em Luziânia, onde é proprietário da Loja Toco Materiais de Construção.



Colaboração: José Egídio Pereira Lima.

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