IN MEMORIAM
João Avelino Gomes nasceu na cidade de Andradas (MG), em 10 de novembro de 1929.
O apelido “71” que o acompanhou por toda a sua carreira tinha ligação com seu número
de inscrição em um curso que realizou no SENAI.
Ficou marcado no futebol pela sua competência e determinação, além de um vasto e
folclórico repertório de artimanhas e manobras nos bastidores do mundo da bola.
Dono de um humor sarcástico e afiado, era conhecedor dos atalhos de uma vitória
mesmo antes de seu time entrar em campo.
Foi o competente treinador Martim Francisco que lançou João Avelino como Auxiliar
Técnico do Atlético Mineiro no começo dos anos cinquenta. Permaneceu no Atlético
Mineiro até 1955, na maioria das vezes como Auxiliar Técnico, outras como técnico
interino.
Algum tempo depois, em 1956, desembarcou na cidade de São José do Rio Preto (SP)
para assinar contrato com o América local.
A missão do novato Avelino era por demais desafiadora: levar o quadro do América
ao grupo de elite do futebol paulista. Com os jogadores assimilando suas orientações,
o América deslanchou na tábua de classificação e conquistou o inédito título da
Segunda Divisão de 1957, o que lhe garantiu o direito de disputar o Paulistão em
sua edição de 1958.
Todavia, em 15 de abril do mesmo ano, Avelino trocou o América pelo Rio Preto Esporte
Clube, iniciando assim seu ciclo quase interminável de idas e vindas por incontáveis
equipes do futebol brasileiro e também sul-americano.
Além das incontáveis passagens pelo América, de São José do Rio Preto (SP) e pelo
Rio Preto (SP), Avelino também deixou seu legado em inúmeras agremiações.
Encerrando os anos 50, foi treinador do Guarani em 1959.
Iniciou a nova década dirigindo quatro equipes: Noroeste, de Bauru (1960), Uberaba-MG
(1960), Ponte Preta-SP (1960) e novamente América-SP (1960-1961).
Ainda dentro da década de 60, foi treinador do Uberaba-MG (1961 a 1963), América-SP
(1964), mesmo ano em que teve sua primeira experiência internacional ao treinar
o Millonarios, da Colômbia.
Prosseguiu sendo treinador do Rio Preto, Marília-SP, Nacional-SP e São Bento-SP.
Um de seus grandes trabalhos foi desenvolvido no comando da Portuguesa de Desportos
em 1970, quando conseguiu montar uma boa equipe e implantar um bom padrão de jogo.
Tudo corria bem na Portuguesa de Desportos até a derrota por 1 x 0 para a Ponte
Preta em 1971, quando erros de arbitragem irritaram demais João Avelino, que perdeu
a cabeça, invadiu o gramado e tentou agredir o árbitro Romualdo Arppi Filho.
Suspenso pela Federação Paulista de Futebol, sua trajetória na Portuguesa de Desportos
chegou ao fim. Então, depois de dezoito meses no clube, João Avelino foi embora
para continuar sua carreira.
Em 1972, dirigiu o Clube do Remo e o Náutico no ano seguinte, 1973.
PRIMEIRA VEZ EM BRASÍLIA
Seu próximo desafio foi dirigir o até então desconhecido CEUB, de Brasília, no Campeonato
Brasileiro de 1973.
Sua estreia no CEUB foi em um amistoso disputado no dia 8 de agosto de 1973, no
estádio Pelezão, que estava sendo reinaugurado para receber posteriormente os jogos
do CEUB pelo Campeonato Brasileiro. O CEUB perdeu por 1 x 0.
Pelo Campeonato Brasileiro dirigiu o CEUB em 15 jogos, do dia 25 de agosto (empate
em 0 x 0 com o Botafogo) até o dia 20 de outubro de 1973, na derrota de 2 x 1 para
o Fortaleza. Logo depois desse jogo, foi substituído por Cláudio Garcia.
Deixou o CEUB e foi ser treinador do Paysandu, de Belém (PA), dentro ainda desse
mesmo Campeonato Brasileiro.
No Corinthians - 1977 |
Mais tarde, trabalhou com Osvaldo Brandão no Corinthians, quando foi Auxiliar Técnico
no time que viria a conquistar o histórico título de campeão paulista de 1977.
João Avelino também dirigiu o Corinthians em dez jogos pelo Campeonato Brasileiro
e um amistoso contra o Taubaté, obtendo um saldo de seis vitórias, três empates
e duas derrotas, além de 15 gols marcados e 6 sofridos. Um aproveitamento de 75%
dos pontos disputados.
No Campeonato Brasileiro terminou os compromissos da Primeira Fase na terceira colocação.
No entanto, não comandou o time na Segunda Fase, pois Osvaldo Brandão já tinha retornado
das férias.
Nos anos 80, foi treinador do Fortaleza-CE e Santos-SP, em 1980, interino do Atlético
Mineiro em 1981, mesmo ano em que dirigiu o Paysandu-PA e novamente no América-SP,
em 1983.
SEGUNDA VEZ EM BRASÍLIA
Voltaria ao futebol brasiliense em 1983, para ser o treinador do Taguatinga. Chegou
a tempo de viajar com a delegação do clube em uma excursão por quase todo o mês
de março pelo interior de Minas Gerais.
Depois foram mais alguns amistosos até sua estreia no campeonato brasiliense de
1983, no dia 14 de maio, no Serejão, com vitória de 2 x 1 sobre o Guará.
Foram 14 jogos pelo campeonato brasiliense de 1983, sendo o último no dia 29 de
junho, no empate de 1 x 1 com o Vasco da Gama-DF. Depois seria substituído por Ercy
Rosa.
Treinou o Taquaritinga-SP e o Taubaté-SP, em 1984, o Paysandu-PA e o América-MG
em 1985 (deixou o clube mineiro porque, como suplente de vereador em São Paulo,
pelo PTB, voltou para trabalhar na campanha de Jânio Quadros, candidato do seu partido
à Prefeitura de São Paulo), o América-SP em 1986, América-SP, Rio Preto-SP, Sampaio
Corrêa-MA, o Cruzeiro-MG, o Rio Branco, de Andradas-MG em 1987 e no Palmeiras-SP,
em 1988, foi Auxiliar Técnico de Rubens Minelli.
Despediu-se do América em 1992. Nesse ano, porém, sob seu comando, a equipe
rio-pretense sofreu quatro derrotas consecutivas no “Paulistinha” e ficou sem
chances de classificação. A passagem de João Avelino ficou mais marcada pelas
polêmicas do que pelo desempenho da equipe em campo. Foi apresentado na
quinta-feira, 8 de outubro de 1992, em substituição a Roberto Brida. Estreou
perdendo de 1 x 0 para o Novorizontino, em Novo Horizonte, dia 10 de outubro de
1992. Depois, seguiram-se mais três derrotas para Mogi Mirim (2 x 0), Marília
(3 x 2) e Olímpia (3 x 1). Pegou o time em 7º lugar, deixou em 11º e, sem
chances de classificação, abandonou o barco.
Em 2000 apresentou os primeiros sinais do Mal de Alzheimer. Pouco antes do aparecimento
da doença, João Avelino trabalhou no projeto da Prefeitura de São Paulo para crianças
carentes, no Ibirapuera, ao lado do jogador Badeco.
Faleceu em 24 de novembro de 2006, aos 77 anos, em decorrência do Mal de Alzheimer,
vítima de uma parada cardiorrespiratória.
A SELEÇÃO BRASILEIRA DE TODOS OS TEMPOS
Em 1994, pediram a João Avelino que escalasse a seleção brasileira de todos os
tempos entre os jogadores que viu jogar. Ficou assim: Kafunga, Djalma Santos,
Mauro Ramos, Orlando e Nilton Santos; Zito e Jair Rosa Pinto; Garrincha,
Coutinho, Pelé e Canhoteiro. Complementou dizendo que colocava esse time nas
mãos de Martim Francisco.
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