Hamilton Soares Alfaiate nasceu na cidade de
Baliza (GO), com menos de quatro mil habitantes, na divisa entre Mato Grosso e
Goiás, no dia 25 de fevereiro de 1942, em tempos de Segunda Guerra Mundial.
Pelas mãos do visionário Paulo Nogueira, foi
levado logo cedo do Nacional, de Itumbiara (GO), para o Araguari Atlético Clube,
de Minas Gerais. No Araguari, com o número dez estampado nas costas, Hamilton passaria
a atender por Pelezinho e por lá ficou de 1961 a 1967.
Ganhou nome, espaço e um contrato de 8 milhões
de cruzeiros com o Botafogo, de Ribeirão Preto (SP), onde atuou de julho de
1967 a abril de 1968. Neste mesmo ano, retornaria para Araguari, onde novamente
tentariam buscá-lo. Após um período de testes na base do São Paulo, o então
dirigente do time, Michel Aidar, foi até Araguari para oferecer uma proposta de
5 milhões de cruzeiros. A oferta, no entanto, não agradou o presidente do Araguari
A. C., João Vasconcelos Montes, que afirmou que a joia do seu time valia mais.
Nos bastidores, se falava em 10 milhões de cruzeiros.
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Fluminense, de Araguari |
Mas quem o contratou foi o
Uberlândia E. C., clube que Hamilton defendeu de 1967 a 1974. Foi a melhor fase
de sua carreira. Venceu três campeonatos do interior.
Ponta de lança, meia armador.
Dava passes de 40 metros no melhor estilo Gérson, o “Canhotinha de Ouro” da
Copa de 70. Estilista do futebol, desfilava como ninguém pelos gramados do Juca
Ribeiro, onde quebrava as bilheterias. Tinha o calor dos pés incompatíveis com
a frieza da mente, gelada como uma pedra de mármore. Sob um temporal em
Uberlândia, chegou a enfrentar a seleção da União Soviética, que deixou uma
conta de R$ 1 milhão de cruzeiros de hospedagem no hotel Presidente. Tudo pago
pelo Verdão.
Esteve emprestado ao União
Tijucana, de Ituiutaba, por um pequeno período, de outubro a dezembro de 1972.
Depois que deixou o
Uberlândia, teve uma breve passagem pelo Goiatuba E. C., de outubro a dezembro
de 1974.
Passou, ainda, pelo
Fluminense, de Araguari, onde atuou de fevereiro a dezembro de 1975.
Jogou ainda no Associação Atlética Francana, de Franca
(SP), e Goiânia (GO).
Depois que parou com o futebol, Hamilton foi
nomeado terceiro Oficial de Justiça de Araguari.
Hamilton faleceu na
manhã do dia 13 de janeiro de 2016.
HAMILTON NO GRÊMIO
BRASILIENSE
Fez sua estreia no dia 5 de
fevereiro de 1976, no Torneio “Governador Elmo Serejo de Farias”, evento que
reuniu três clubes de Brasília, Grêmio, Ceub e Brasília, e mais o Flamengo, do
Rio de Janeiro. No primeiro jogo, Grêmio e Ceub empataram em 1 x 1.
Poucos dias depois, 13 de
fevereiro de 1976, Hamilton foi um dos 22 convocados para defenderem a seleção
brasiliense no amistoso disputado em 21 de fevereiro de 1976, no estádio
Presidente Médici (atual Mané Garrincha) contra a Seleção Brasileira. Hamilton
não saiu do banco de reservas no jogo em que a seleção brasiliense foi
derrotada por 1 x 0.
Um dia depois, 14 de
fevereiro de 1976, teve início a primeira competição oficial da nova fase do
futebol do Distrito Federal, depois da implantação do profissionalismo, o Torneio
Imprensa. O Grêmio só estreou no dia 6 de março, goleando o Gama pelo placar de
6 x 1, com Hamilton marcando o primeiro gol do jogo. O Grêmio formou com Nego,
Luís Carlos, Luciano, Fabinho e Grimaldi; Jaime, Marquinhos e Hamilton (Pedro
Léo); Gonçalves, Dionísio e Moacir. Técnico: Inácio Milani.
Hamilton estava no Pelezão no
amistoso do dia 31 de março de 1976, defendendo o Grêmio num dos maiores jogos
do início do profissionalismo no futebol brasiliense, contra o Cruzeiro, de
Belo Horizonte. O time mineiro venceu o brasiliense por 4 x 3. O Grêmio formou
com Nego (Diron), Luís Carlos, Luciano (Jackson), Fabinho e Grimaldi;
Marquinhos, Hamilton e Jaime (Pedro Léo); Dionísio, Léo e Gonçalves. Técnico:
Inácio Milani.
O Grêmio conquistou o Torneio
Imprensa de forma invicta: três vitórias e dois empates. Hamilton foi um dos
artilheiros do torneio, com três gols, ao lado de outros cinco jogadores, além
de ser escolhido pela equipe de esportes do Jornal de Brasília para fazer parte
da “seleção do torneio”, que foi assim composta: Carlos José (Taguatinga),
Terezo (Brasília), Dão (Taguatinga), Cláudio Oliveira (Ceub) e Arlindo
(Grêmio); Alencar (Ceub), Marquinhos (Grêmio) e Hamilton (Grêmio); Ernani
Banana (Taguatinga), Léo (Grêmio) e Dinarte (Taguatinga).
Hamilton disputou quatorze
jogos válidos pelo campeonato brasiliense de 1976, marcando um gol. O Grêmio
ficou com o vice-campeonato nessa competição.
Seu último jogo aconteceu no
dia 29 de agosto de 1976, na vitória de 2 x 1 sobre o Cruzeiro. O Grêmio jogou
assim: Careca, Leocrécio, Grimaldi, Jackson e Arlindo; Hamilton, Léo e
Dionísio; Gonçalves, Pedro Léo e Pedro Nunes. Técnico: Otaziano Ferreira da
Silva.
DEPOIMENTOS
“Nas quadras, depois
do Falcão, o Hamilton foi o grande craque que vi atuar”. A frase é do
diretor-presidente do jornal Gazeta do Triângulo, Darli Amaral, que teve o
privilégio de atuar ao lado de Hamilton.
“Pelezinho era mágico. Espetacular. Fabuloso”.
Jornalista Luiza Muílla.
“É com muito pesar que fico sabendo da perda do
nosso grande Hamilton. Sou araguarino e resido em Brasília há muito tempo. Tive
o prazer e o privilégio de conhecer e conviver com o Hamilton em duas
situações: primeiro quando criança, morando ainda na nossa cidade, o vi jogar
no Araguari e depois no Uberlândia, quanta facilidade pra bater na bola, me
enchia os olhos…
Quis o destino que após cinco anos já morando em
Brasília, iniciei minha carreira como atleta profissional em uma equipe daqui
chamada Grêmio Esportivo Brasiliense, e qual foi minha surpresa, que o camisa
10 da equipe principal era simplesmente HAMILTON!
Mesmo juvenil (hoje juniores), ficava encantado
quando tínhamos a oportunidade de treinar contra ele, era a chance única de
ficar próximo ao ídolo.
Segui minha carreira como jogador profissional
por 12 anos, tendo atuado ao lado de grandes craques como, por exemplo, Ailton
Lira, que jogou no Santos e era da mesma posição do nosso Pelezinho. Mas até
hoje falo para amigos e jovens atletas com quem converso, o melhor jogador que
vi bater na bola foi HAMILTON.
Vá encantar, meu camisa 10, com sua elegância e
rara habilidade o time do nosso maior treinador! Deus conforte os seus
familiares”.
Ricardo Freitas, ex-jogador
“Foi sem dúvida um dos melhores profissionais
com quem joguei. De uma visão de jogo extraordinária e muita técnica, além de
um caráter a toda prova”.
Luciano Gomes, ex-jogador.