sábado, 3 de fevereiro de 2024

OS CLUBES DO DF: Tiradentes





O Grêmio Olímpico Tiradentes foi fundado por iniciativa do Coronel Carlos Fernando Cardoso Neto, em 3 de fevereiro de 1979, após a fusão de três entidades da qual era fundador e presidente. Inicialmente, entre o Grêmio de Tiro da Polícia Militar do Distrito Federal e a Sociedade Esportiva de Tiro ao Alvo Tiradentes e, posteriormente, com o Grupo de Escoteiros Dom Bosco, ficando a data de 3 de fevereiro de 1967, pertencente ao Grêmio como a de fundação.
O curioso é que o Tiradentes passou a ter um escudo semelhante ao do Clube de Regatas do Flamengo, do Rio de Janeiro, mas ao invés das iniciais de seu nome (como é o de seu homenageado), havia uma estrela branca num fundo preto, idêntico ao escudo do Botafogo de Futebol e Regatas, também do Rio de Janeiro.
Sua estreia no Campeonato Brasiliense de Futebol aconteceu no dia 18 de maio de 1980, no Estádio do CAVE, no Guará, sendo derrotado pelo Brasília, por 2 x 0.
Entre nove equipes participantes, o Tiradentes ficou na penúltima colocação. Foram 24 jogos e apenas cinco vitórias (teve ainda dois empates e sofreu 17 derrotas).
Com isso, disputou com Comercial, Ceilândia e Bandeirante, o que foi chamado na época de “Torneio da Morte”, quando apenas o primeiro colocado da competição permaneceria na Primeira Divisão em 1981. Vencendo o Ceilândia, no dia 16.11, por 1 x 0 (gol de Maurício), empatando com o Comercial em 1 x 1 (no dia 19.11), gol novamente marcado por Maurício, e goleando o Bandeirante por 6 x 3, no dia 23.11 (gols de Cláudio-4, Ciso e Ribeiro), o Tiradentes garantiu sua permanência na Primeira Divisão em 1981.
Foi terceiro colocado em 1982, atrás apenas de Brasília e Guará. Disputou 27 jogos, vencendo 12, empatando 9 e perdendo 6. Marcou 34 gols e sofreu 15.
 
Nos anos seguintes, de 1983 a 1985, ficou sempre entre a quinta e a sétima colocação (entre os oito clubes participantes): 6º em 1983, 5º em 1984 e 7º em 1985.
Em 1985, para atender uma exigência do Conselho Nacional de Desportos – CND, retirou o “Olímpico” de seu nome na Assembleia Geral que aconteceu em 28 de fevereiro de 1985, passando de Grêmio Olímpico Tiradentes para Grêmio Esportivo Tiradentes.
O novo nome deu sorte e chegou na quarta colocação em 1986. Voltou a fazer campanha ruim em 1987, quando foi sexto.
O grande ano do Tiradentes foi o de 1988.
Primeiramente, resolveu investir pesado no time de futebol e fez grandes contratações: só do Guará levou Moura, Touro, Zé Maurício e Ricardo. Zé Maurício era considerado um dos três melhores jogadores de Brasília. Mas a aquisição mais famosa foi a do veterano zagueiro Beto Fuscão, ex-Palmeiras e Seleção Brasileira. Beto Fuscão passou a formar uma defesa muito experiente com o goleiro Déo e o zagueiro Kidão. No meio-de-campo a raça de Touro e a classe de Zé Maurício. No ataque, a força de um trio atacante formado por Moura, Bé (artilheiro do campeonato de 1987, com 18 gols) e Luizão. Um grande time que levou o Tiradentes ao primeiro título de campeão brasiliense em 1988, com essa campanha: 30 jogos, 13 vitórias, 11 empates e 6 derrotas; 44 gols a favor e 27 contra.
Desta vez o artilheiro foi Moura, com 16 gols.
Na final realizada no dia 14 de agosto de 1988, contra o Guará de Ailton Lira e Beijoca, quando ocorreu empate no tempo normal de jogo (2 x 2) e na prorrogação (1 x 1) o Tiradentes formou com Déo, Beto Guarapari, Kidão, Beto Fuscão e Gilberto; Touro (Ricardo) e Zé Maurício; Moura, Luizão, Bé e Pedrinho (Marco Antônio). O técnico era o uruguaio Roberto Ruben Delgado.
Logo depois, o Tiradentes também realizou uma boa campanha no Campeonato Brasileiro da Série C.
Ao todo, o Tiradentes disputou 16 jogos, vencendo 9, empatando 2 e perdendo 5. Marcou 25 gols e sofreu 18, ficando com saldo de 7.
Paradoxalmente, o Tiradentes teve o melhor ataque do campeonato, com 25 gols, um a frente do Esportivo, de Passos (MG), e a pior defesa, com 18 gols sofridos.
Na classificação geral do campeonato, ficou com a quarta colocação, atrás do campeão União São João, do vice-campeão Esportivo, de Passos (MG) e do terceiro colocado Botafogo, de João Pessoa (PB).
Aos atletas que disputaram o brasiliense, juntou-se outro experiente jogador, o atacante Caio Cambalhota. Os técnicos foram Jair Marinho e Mozair Barbosa.
Para fechar com chave de ouro o grande ano, no troféu “Melhores do Esporte Brasiliense” de 1988, promoção da Associação Brasiliense de Cronistas Desportivos – ABCD, três jogadores do Tiradentes concorreram ao prêmio de melhor jogador: Beto Fuscão, Moura e Zé Maurício. Os demais eram Bocaiúva (Taguatinga), Josimar (Brasília) e Pedro César (Guará). O vencedor foi Moura.
No ano seguinte, 1989, apesar de manter a base da equipe vencedora de 1988, não conseguiu ficar entre os melhores colocados do campeonato brasiliense, acabando na quinta posição.
Nesse mesmo ano, entrou para a história ao
 participar da primeira edição da Copa do Brasil representando o futebol do Distrito Federal. Comandado pelo técnico Dario, o Dadá Maravilha, o Tiradentes passou pelo Atlético Goianiense na primeira fase e conseguiu chegar até as oitavas-de-final, sendo eliminado pelo Corinthians após dois jogos. Perdeu em São Paulo por 5 x 0 e venceu em Brasília (1 x 0). Esta seria a sua única participação naquela competição.
Foi quarto colocado no brasiliense de 1990 e deu vexame um ano depois, no de 1991, quando foi o último colocado entre os oito participantes. Venceu apenas três dos vinte e oito jogos que disputou.
Recuperou-se em 1992, quando ficou com o segundo lugar no brasiliense vencido pelo Taguatinga.
No sobe e desce no brasiliense, em 1993 foi o quinto colocado e em 1994, o sétimo.
Neste ano, conseguiu uma das vagas disponíveis para Série B depois de ter vencido um qualificatório entre equipes do Distrito Federal e de Minas Gerais. Porém, caiu num grupo fortíssimo (além do Tiradentes, disputaram Ponte Preta, de Campinas, Mogi Mirim, Juventude, de Caxias do Sul, Coritiba e Bangu) e não conseguiu passar para a fase seguinte, sendo rebaixado para a Série C de 1995.
Entre 1995 e 1996, com o intuito de adquirir um maior número de torcedores, o Grêmio Esportivo Tiradentes alterou seu nome para Flamengo Esportivo Tiradentes de Brasília.
Essa mudança em nada alterou a sua irregularidade nas participações em campeonatos brasilienses: foi 7º em 1995 (entre dez times) e 10º em 1996 (entre 14 times).
Ainda em 1996, infelizmente, o clube foi rebaixado para a segunda divisão brasiliense, optando por ficar inativo até 2000, quando voltou disputando a Segunda Divisão. Após disputar por dois anos seguidos a Segunda Divisão, sem conseguir o acesso, e já atolado em dívidas, o clube resolveu paralisar suas atividades no futebol profissional.
Após todos esses anos, o Tiradentes nunca mais voltou a disputar um campeonato brasiliense. Também não se ouve falar em uma possível volta do clube.