Para começar nosso bate papo, diga seu nome completo e
qual o local e a data de seu nascimento?
Meu nome completo é Filinto Antônio Teixeira Holanda, sendo mais
conhecido por Filinto Holanda. Nasci em Pacoti (CE), no dia 22 de outubro de
1961.
Quando você começou a jogar futebol?
Comecei em 1979, na Escolinha do Fortaleza. Depois passei para a base do
Ceará, chegando ao time profissional.
Quem foi seu primeiro treinador? Quem mais o incentivou
a continuar a carreira de jogador de futebol?
Meu primeiro técnico foi Jurandir Branco, que trabalhou nas categorias
de base do Fortaleza por muitos anos e faleceu neste ano de 2015. Meu maior
incentivador foi meu pai, José Moacir Holanda.
Conte um pouco de sua trajetória no futebol, citando os
clubes e os anos em que jogou.
Como disse antes, comecei na Escolinha do Fortaleza, em 1979, e depois
passei para o Ceará, chegando ao profissionalismo no ano de 1980. De 1982 a
1984, passei por três clubes cearenses: 1982, no Guarany, de Sobral, 1983, no
América, de Fortaleza, e 1984, no Calouros do Ar, também de Fortaleza. Em 1985
tive minha primeira experiência fora do Ceará, quando joguei na Esportiva, de
Guaxupé, interior de Minas Gerais. Dali passei para o Goianésia, no interior de
Goiás, no ano de 1986. Retornei ao Ceará em 1987, para jogar no Guarani, de
Juazeiro do Norte. Em 1988, fui jogar no Clube Desportivo Cova da Piedade,
equipe que disputava a Segunda Divisão do futebol de Portugal. No ano seguinte,
transferi-me para o Clube Desportivo de Cinfães, da Terceira Divisão de
Portugal. Retornei ao Brasil em 1990, para jogar no São Luiz Futebol Clube, de
São Luís de Montes Belos (GO). Nesse mesmo ano, nesse mesmo clube, iniciei
minha carreira de treinador.
E como treinador de futebol, como foi sua extensa carreira?
Tendo iniciado minha carreira de treinador no São Luiz F. C., fiquei
nesse clube no período de 1990 a 1992, na Segunda Divisão de Goiás. Nesse
último ano, fui para o Caldas Esporte Clube, de Caldas Novas (GO), onde fui
treinador em 1992 e Supervisor Técnico nos anos de 1993 e 1994. Ainda em 1994,
passei a ser o treinador da Anapolina, de Anápolis (GO). Em 1995, estive no
CRAC, de Catalão (GO) e depois no Santa Helena E. C., de Santa Helena de Goiás
(GO). Voltei ao Caldas em 1996, onde fui treinador nesse ano e Diretor Técnico em
1997. Neste ano conheci o técnico Luiz Felipe Scolari na pré-temporada que o
Palmeiras fez em Caldas Novas e aprendi bastante. Ainda em 1997 fui para o
futebol brasiliense, onde conquistei o título do campeonato do Distrito Federal
pelo Gama. Retornei ao futebol goiano em 1998, para o Caldas, onde conquistei o
acesso à Primeira Divisão, sendo escolhido o melhor treinador da temporada. Passei
um longo período no Caldas E. C., de 1998 a 2001. Neste último ano, ainda
encontrei um tempo para ser treinador do Minaçu Esporte Clube, também de Goiás.
Continuei no futebol goiano por mais algumas temporadas, trabalhando na
coordenação das categorias de base do Caldas de 2002 a 2006.
Em 2007 treinei o Trindade, de Goiás, e o Esportivo Guará (DF), no Campeonato
Brasileiro da Série C, permanecendo até 2008, quando treinei o Goianésia-GO e
depois fui para o Votoraty, de São Paulo. Ainda em 2008 fui convidado para
treinar o ASK Ternitz, clube de futebol da Áustria, onde tive a oportunidade de
trabalhar fora do Brasil, enfrentando seleções, como a da Bósnia e Eslovênia e
clubes do futebol árabe. Permaneci na Áustria até 2009.
Retornei ao futebol brasileiro e tive uma sequência de cinco times cearenses:
Guarany, de Sobral (de onde saí sem perder uma partida sequer; com praticamente
o mesmo elenco, o Guarany chegou ao título de campeão brasileiro da Série D), Horizonte
(de 15.12.2010 a 12.02.2011); Ferroviário (de 12.02.2011 a 09.04.2011); Crato
(de 01.11.2011 a 08.02.2012) e Tiradentes (de 08.02 a 05.12.2012).
Depois dessa sequência, fui treinador pela primeira vez de um time do Rio
Grande do Norte, o Baraúnas, de 05.12.2012 a 01.06.2013. Voltei ao futebol
cearense novamente, treinei o Itapipoca - que subiu para a Primeira Divisão
cearense -, mas não fiquei até o final do campeonato, transferindo-me para o Tiradentes,
onde estive de 01.11.2013 a 30.01.2014. Voltei ao futebol goiano, fui treinador
do Mineiros e, em fevereiro de 2015, deixei o Novo Horizonte, de Goiás, e acertei
com o Moto Clube, de São Luís (MA), onde estive de março a novembro de 2015.
Quais os títulos que conquistou como jogador de
futebol?
Foram poucos. Fui campeão nas categorias de base do Ceará e no
Desportivo Cinfães na Terceira Divisão de Portugal.
E como treinador de futebol?
Campeão da Divisão Intermediária de Goiás, em 1992, no Caldas E. C.
Campeão brasiliense de 1997, pelo Gama. Campeão da 1ª Copa Unimed - Taça “Fares
Lopes”, em 2010, pelo Horizonte, do Ceará, garantindo vaga ao clube na Copa do
Brasil de 2010. Ainda no Horizonte, nos tornamos Campeão do Interior cearense
em 2010.
Cite alguns dos seus feitos.
Fui o primeiro técnico a vencer o Goiás Esporte Clube no estádio da
Serrinha. Depois passei a ser o único técnico a vencer três vezes o Goiás, no
mesmo local, uma pelo Trindade (em março de 2007) e duas pelo Caldas (1996 e
2000). Escolhido melhor técnico do interior de Goiás em 2000, pelo Caldas Esporte
Clube. Melhor técnico cearense em 2010, pelo Horizonte.
Além da função de treinador, exerceu alguma outra atividade
relacionada ao futebol?
Já fui Supervisor Técnico do Unibol, de Pernambuco, e no Votoraty, agremiação
esportiva da cidade de Votorantim, no interior de São Paulo, e Presidente do
Caldas Esporte Clube, de 2001 a 2004.
Como você veio parar no Gama?
Quem me levou para o Gama foi o supervisor Edvan Aires. Num jogo entre
Caldas, clube que eu dirigia, e o Gama, na época treinado por Joel Martins,
pelo Campeonato Brasileiro da Série C, Joel gostou muito do trabalho
desenvolvido por mim à frente do time goiano. Quando o Edvan consultou sobre
quem poderia trazer para ser o treinador do Gama, Joel me indicou. O Edvan,
então; achou que eu poderia dar um jeito no Gama e me contratou.
E deu certo?
No dia em que fui apresentado ao presidente do Gama, Wagner Marques, ele
me perguntou o que eu tinha ido fazer lá no Gama (risos), já que o time estava
mal na competição local. Ainda no escritório dele, falei de imediato: “vim para
ser campeão!” Ele riu. Todas as terças-feiras eu, ele e o Edvan Aires
almoçávamos juntos, para falarmos do jogo de domingo passado. Passamos a vencer
um jogo atrás do outro e ele sempre me perguntava a mesma coisa e eu sempre respondia
“vim para ser campeão”. Acabamos sendo campeões!
Gostaria de voltar ao Gama?
Gostaria muito de voltar ao Gama, onde fiz boas amizades. Quando o Gama esteve
em Caldas Novas, ajeitei tudo para eles. Já tive oportunidade de voltar, mas
não deu certo.
No pouco tempo em que você esteve no futebol do DF,
destacaria o trabalho de algum colega em Brasília?
Mirandinha, no Sobradinho
Qual sua opinião sobre o futebol de Brasília, sabidamente um futebol que não é
valorizado pela imprensa brasileira?
Acho que o futebol de Brasília tem tudo para crescer, só falta se
organizar de um modo mais profissional.
Você considera que os grandes jogadores do
futebol de Brasília tem categoria suficiente para atuar em qualquer clube do
Brasil?
O futebol do DF tem atletas de muita qualidade
técnica, fato que já foi comprovado quando o Gama fez um grande trabalho nas
suas categorias de base nos anos 90.
Dá para se falar que existem grandes rivalidades
no futebol de Brasília?
Não acho que tenha grandes rivalidades no
futebol do DF.
Quais foram os três melhores dirigentes com quem
você trabalhou?
Considerando apenas o futebol do DF, Wagner
Marques e Edvan Aires. Fora do DF, Fábio Gonzaga, do Caldas, e Paulo Vagner, no
Horizonte-CE.
Deixando de lado a modéstia, fale de suas características
como treinador.
Minha filosofia de trabalho sempre foi “venho
para dividir; dividir as experiências adquiridas no mundo do futebol”. Procuro
aplicar tudo o que aprendi nos clubes por onde já passei. Gosto de ouvir, de
escutar os atletas e as pessoas envolvidas no ambiente de trabalho.
Minha experiência no futebol do exterior foi muito importante, pois treinar
clubes de outros países sempre traz novas experiências, vivenciando novas
culturas e comportamentos.
Sempre fui um profissional dedicado, buscando realizar um grande trabalho,
motivado a crescer na carreira.
Sou uma pessoa de fácil relacionamento. Fiz grandes amigos no futebol como
Alberto Damasceno, Jurandir Branco, Louralber Monteiro, Anacleto Pires, Júlio
Abreu, Paulo Wagner, os Torquatos em Sobral e outros por onde passei.
Quando era jogador, quem era o seu ídolo no futebol?
Teve oportunidade de estar em um campo de futebol ao lado dele?
Na época de jogador meu ídolo era Dario “Peito de Aço”, mas não tive
oportunidade de jogar com ele ou contra ele.
E como treinador, quem você mais admirava?
Moésio Gomes, do Fortaleza, mas também não tive oportunidade de tê-lo
como adversário.
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