Em dois jogos, o Bandeirante enfrentaria o Brasília e o Gama teria o Dom Pedro
II como adversário.
O Bandeirante venceu uma por 2 x 1 e empatou a outra por 1 x 1. Gama e Dom
Pedro II empataram as duas partidas que fizeram: 1 x 1 e 0 x 0, resultados que
deram a vaga na decisão do campeonato ao Gama por ter melhor campanha que seu
adversário.
Veio o primeiro jogo da final, no dia 25 de junho de 2000. Com a melhor
campanha na Primeira Fase, o Gama tinha a vantagem de jogar pelo empate no caso
de vencer essa primeira partida.
Em busca de seu sexto título em sete anos, o Gama entrou em campo com uma
formação mais ofensiva, com três atacantes.
Pela primeira vez numa decisão, o Bandeirante entrou mais cauteloso.
Com o meio de campo desorganizado, o Bandeirante foi totalmente dominado no
primeiro tempo. O Gama teve duas grandes oportunidades de inaugurar o marcador,
mas isso não aconteceu.
Mesmo retornando para o segundo tempo melhor que o Bandeirante, o Gama só
marcou seu gol aos 21 minutos, através de Abimael. Essa vantagem deu a falsa
sensação de que o Bandeirante estava morto. O Gama passou a tocar a bola. No
entanto, duas alterações feitas pelo técnico Eurípedes Bueno fizeram com que o
Bandeirante chegasse ao empate aos 35 minutos, com um gol espetacular, de
bicicleta, marcado por Alessandro Bocão.
A ficha técnica do jogo foi a seguinte:
BANDEIRANTE 1 x 1 GAMA
Data: 25.06.2000
Local: Mané Garrincha, Brasília
Árbitro: Jamir Carlos Garcez
Renda: R$ 8.536,00
Público: 6.104 pagantes
Gols: Abimael, 66 e Alessandro Bocão, 80
BANDEIRANTE: André, Viana (Toni), Junior, Flávio e Rômulo (Roberto); Bira,
Evilásio (Duílio), Marquinhos Brazlândia e Júlio César; Jackson e Alessandro
Bocão. Técnico: Eurípedes Bueno.
GAMA: Fernando, Paulo Henrique, Gerson, Nen e Mika; Deda, Washington (Kabila),
Lindomar e Romualdo (Rodrigão); Abimael e Marcelo França (Mário Zan). Técnico:
Walter Ferreira.
Antes da realização do segundo jogo entre Gama e Bandeirante, no Bezerrão, no
dia 29 de junho de 2000 o Gama foi suspenso pela FIFA por ter recorrido à
Justiça comum para permanecer na Série A do Campeonato Brasileiro em 2000. A
punição seria até setembro, quando haveria nova reunião para definir a pena que
caberia ao clube. A FIFA também proibiu qualquer clube filiado à CBF de “manter
relações esportivas” com o Gama. Imediatamente a Federação Metropolitana de
Futebol informou a suspensão das duas partidas finais do Campeonato
Brasiliense, marcadas para os dias 2 e 9 de julho de 2000.
No dia seguinte o juiz Jansen Fialho de Almeida acatou ação do PTB e expediu
liminar tornando ineficaz a punição da FIFA ao Gama e determinando à FMF que
mantivesse os jogos finais do Campeonato Brasiliense. A FMF cumpriu a decisão e
marcou as partidas.
No dia 2 de julho, o Bandeirante não apareceu para o jogo contra o Gama,
alegando obediência à FIFA e desconhecendo a decisão da Vara Cível de
Planaltina. O Gama esperou os 30 minutos regulamentares, em campo, e passou a
aguardar a confirmação da sua vitória por WO. O Bandeirante recorreu ao
Tribunal de Justiça Desportiva.
No dia 4 de julho os clubes brasilienses estiveram reunidos na sede da FMF para
anunciar que obedeceriam às determinações da FIFA. O Gama ficou isolado.
Da mesma forma que fez no dia 2 de julho, uma semana depois, 9 de julho, o
Bandeirante voltou a não aparecer para enfrentar o Gama, preferindo desprezar a
ordem judicial. Sua atitude agradou em cheio à CBF, que chegou a anunciar um
convite ao Bandeirante para a Segunda Divisão do Campeonato Brasileiro de 2000.
Como havia entrado em campo nas duas vezes, o Gama passou a reivindicar o
título de campeão. A Comissão Disciplinar do Tribunal de Justiça Desportiva
(TJD) da FMF chegou a anular o primeiro WO.
Com o fim da punição internacional, entretanto, o título voltaria a ser
disputado em campo, graças a manobra capitaneada pelo presidente da Federação
Metropolitana de Futebol, Weber Magalhães. Os finalistas concordaram em alterar
o regulamento. A melhor-de-três foi reduzida a dois jogos.
Nessa nova fórmula, os clubes precisariam vencer durante os 90 minutos para
ficar com a taça. Se ninguém levasse a melhor no tempo normal, haveria
prorrogação, com a vantagem do empate para o Gama, beneficiado por ter feito a
melhor campanha em todo o campeonato.
Depois de mais de um mês de paralisação, no dia 27 de julho, Gama e Bandeirante
entrariam em campo para definir quem seria o campeão brasiliense de 2000.
O Gama foi recebido com uma estrondosa queima de fogos para delírio dos mais de
16 mil torcedores que compareceram ao Bezerrão. Minutos depois, de mãos dadas e
sob vaias, entraram os jogadores do Bandeirante.
Com apoio da torcida, o Gama começou arrasador. Com menos de dez minutos de
jogo já havia desperdiçado duas chances de abrir o placar. Quando o time da
casa tinha o domínio da partida, veio a surpresa. Numa cobrança de falta,
Evilásio, de cabeça, marcou para o Bandeirante, aos 14 minutos.
A resposta do Gama veio aos 22 minutos. Romualdo não conseguiu dominar e
Gerson, livre, chutou forte sem condição de defesa para o goleiro Alexandre,
empatando.
Com o empate, o Gama continuou buscando a vitória, desperdiçando três ótimas
oportunidades. O goleiro Alexandre passou a transformar-se no nome da partida
pela excelente atuação.
No segundo tempo, aos 15 minutos, Kabila desempatou a partida para o Gama, com
um chute de fora da área, no ângulo. A torcida do Gama começou a gritar “é
campeão!”.
Mas o experiente treinador Eurípedes Bueno novamente mexeu na equipe, fazendo
três substituições. O Bandeirante se superou e, aos 25 minutos, em cruzamento
pela esquerda, Duílio empatou o jogo em 2 x 2.
As duas equipes voltaram a campo para os dois tempos de 15 minutos, válidos
pela prorrogação. O resultado de empate foi mantido e, por ter melhor campanha
ao longo do campeonato, o Gama garantiu o título de campeão brasiliense, o
quarto consecutivo.
O modesto Bandeirante, com uma folha salarial infinitamente menor que a do
Gama, sentiu a ausência do atacante Alessandro Bocão, vice-artilheiro do time,
com oito gols, negociado com o Vitória, da Bahia, durante a novela da
paralisação do campeonato. Surpreendeu ao terminar o campeonato como
vice-campeão e ainda com uma invencibilidade de 19 jogos.
A “súmula” do jogo decisivo foi a seguinte:
GAMA 2 x 2 BANDEIRANTE
Data: 27.07.2000
Local: Bezerrão, Gama
Árbitro: Paulo Renato Viana Coelho
Renda: R$ 16.503,00
Público: 16.203 pagantes
Expulsão: Bira, do Bandeirante
Gols: Evilásio, 14; Gerson, 22; Kabila, 60 e Duílio, 70; na prorrogação: Gama 0
x 0 Bandeirante
GAMA: Fernando, Paulo Henrique, Gerson, Nen e Rodriguinho; Deda, Kabila,
Lindomar e Mário Zan (Ésio); Abimael (Marcelo França) e Romualdo. Técnico:
Vagner Benazzi.
BANDEIRANTE: Alexandre, Viana (Duílio), Junior, Flávio e Ricardo (Roberto);
Bira, Evilásio, Marquinhos Brazlândia e Júlio César; Jackson e Toni
(Washington). Técnico: Eurípedes Bueno.