sábado, 10 de junho de 2017

OS CLUBES DO DF: ARUC - 1ª parte


A hoje Associação Recreativa Cultural Unidos do Cruzeiro foi fundada com o nome de Associação Recreativa Unidos do Cruzeiro - ARUC (sem o “Cultural”), na então cidade-satélite do Cruzeiro, em 21 de outubro de 1961.

Sempre famosa pelos belíssimos desfiles de Carnaval e seus mais de 30 títulos (o primeiro em 1965 e também um octacampeonato de 1986 a 1993), a ARUC passou a buscar também fazer história dentro das quatro linhas em 10 de junho de 1999, quando foi criado o seu Departamento de Futebol Profissional, por Márcio Coutinho, o Careca, Diretor de Esportes da ARUC, e pelo Secretário de Esportes e ex-Presidente do Gama, Agrício Braga Filho (que passou a ser Gerente de Futebol da ARUC), juntamente com Wagner Marques, Presidente de Honra do Gama, e o advogado Paulo Goyaz, todos sócios da empresa WAG, que arrendou por cinco anos o futebol profissional da ARUC com o objetivo de revelar jogadores.

No dia 12 de agosto de 2000, durante almoço no clube, o time da ARUC para a disputa da Segunda Divisão desse ano foi apresentado oficialmente, mantendo as cores azul e branco, que consagraram a tradicional escola de samba. Praticamente todo time era formado por jogadores que vieram do Gama, à exceção dos atacantes Jackson (artilheiro do campeonato brasiliense de 2000 pelo Bandeirante) e Gil (também ex-Bandeirante), do zagueiro Bilzão (ex-Sobradinho), do volante Marco Antônio Paraíba e do goleiro Rogério Conessa (ex-Goiânia). Eles eram os mais experientes do time. Pelo regulamento da Segunda Divisão de 2000, apenas quatro jogadores acima de 22 anos poderiam integrar a equipe, em campo.

Jackson (à direita)
A Comissão Técnica era formada pelo rodado Supervisor Roberval de Paula Teixeira e pelo treinador Déo de Carvalho. Curiosamente, nesse primeiro momento, Déo de Carvalho foi substituído pelo preparador físico Altair Siqueira, enquanto Déo foi emprestado ao Bandeirante na disputa do Módulo Amarelo da Copa João Havelange de 2000, para substituir Eurípedes Bueno, que sofrera um infarto.
Como o Bandeirante não passou da Primeira Fase, Déo de Carvalho logo retornou ao seu posto.

Todos estavam esperançosos em uma boa campanha que levasse a ficar com uma das duas vagas na Segunda Divisão do DF, que daria direito ao clube de passar para a Primeira Divisão em 2001. O time estava treinando desde o dia 14 de julho de 2000.

No dia 2 de setembro de 2000 aconteceu a estreia da ARUC no futebol profissional do DF. O adversário foi o Itapuã, de Unaí (MG), e o resultado final foi o empate em 1 x 1. O primeiro gol da história da ARUC foi marcado por Bilzão e teve como local o Mané Garrincha. Formou a ARUC com Rogério, Rick, Bilzão, Josué e Micael; Alexandre (Ricardo), Marquinhos Paraíba (Izaías), Toni e Fábio (Roberto); Jackson e Altair. Técnico: Altair Siqueira.
Depois de doze jogos, eis como ficou a classificação final do Grupo A:

CF
CLUBES
J
V
E
D
GF
GC
SG
PG
ARUC
12
6
6
0
24
13
11
24
26 F. C.
12
6
3
3
22
15
7
21
BOSQUE
12
5
3
4
19
14
5
18
ITAPUÃ
12
5
2
5
21
17
4
17
PLANALTINENSE
12
5
1
6
11
19
-8
16
VASCO DA GAMA (*)
12
4
4
4
8
9
-1
16
PLANALTINA (*)
12
0
3
9
9
27
-18
3

(*) Vasco da Gama e Planaltina foram sancionados com perda de 5 (cinco) pontos por infração ao art. 301 do CBDF.

Dessa forma, caberia à ARUC enfrentar em uma das semifinais o segundo colocado do Grupo B (liderado pelo Brasiliense), a Ceilandense, em dois jogos.
O sonho da vaga na Primeira Divisão começou a se transformar em realidade no dia 19 de novembro de 2000, quando a ARUC goleou a Ceilandense. Eis os detalhes:

CEILANDENSE 1 x 4 ARUC
Data: 19.11.2000
Local: Mané Garrincha
Árbitro: Jamir Carlos Garcez
Gols: Mário Zan, 10; Júlio César, 31; Joãozinho, de pênalti (Ceilandense), 45; Bilzão, de pênalti, 56 e Mário Zan, 87
ARUC: Cláudio, Rick, Bilzão, Josué e Micael (Roberto); Nen, Marco Antônio Paraíba (Alexandre), Júlio César e Mário Zan; Jackson e Rodrigão (Altair). Técnico: Déo de Carvalho.
CEILANDENSE: Ronaldo, Nildo (Fernando), Jefferson, Flávio e Fabiano; Serginho, Agenor, Joãozinho e Merrê; Alex e Wagner. Técnico: Da Silva.

E se concretizou uma semana depois (26 de novembro de 2000), quando, no mesmo Mané Garrincha, aconteceu empate de 1 x 1. Os gols foram marcados no segundo tempo, por Wagner, para a Ceilandense, aos 28, e Nen, aos 35. José de Caldas Souza foi o árbitro do jogo.

Assim, de forma meteórica, a ARUC conseguiu acesso à Primeira Divisão do DF, logo em sua primeira participação oficial no campeonato brasiliense.

No dia 3 de dezembro de 2000, perdeu o título para o Brasiliense. Detalhes do jogo:

BRASILIENSE 2 x 0 ARUC
Data: 03.12.2000
Local: Mané Garrincha
Árbitro: Jamir Carlos Garcez
Expulsões: Rodrigo Mendes, do Brasiliense, e Júlio César, da ARUC
Renda: R$ 315,00
Público: 315 pagantes
Gols: Rodrigo Mendes, 4 e Alemão, 23
Brasiliense: Cledson, Carlos, Jânio, Adnilson e Mika (Genilson); Iron, Rodrigo Mendes, Ésio e Alysson (Tiago); Alemão (Daniel) e Marcelo França. Técnico: Ricardo Freitas.
ARUC: Cláudio, Rick, Bilzão, Junior e Roberto (Augusto); Josué (Altair), Nen, Mário Zan e Júlio César; Jackson e Rodrigão. Técnico: Déo de Carvalho.

Eis a campanha da ARUC na Segunda Divisão de 2000:

CF
J
V
E
D
GF
GC
SG
PG
15
7
7
1
29
17
12
28

Encarar equipes tradicionais do Distrito Federal seria o desafio para o ano de 2001. Ainda contando com reforços oriundos do Gama e mais três jogadores do Bandeirante vice-campeão em 2000 (o zagueiro Flávio Negão, o volante Bira e o meia Júlio César), além de manter o atacante Jackson, e após um terrível início na competição (apenas uma vitória e um empate nos sete primeiros jogos), chegando a estar ameaçado de cair para a Segunda Divisão, o time se recuperou e fechou a Primeira Fase em sétimo lugar. Motivo de festa para um dos caçulas do futebol brasiliense, que conseguiu seu objetivo de permanecer na Primeira Divisão. Sua campanha foi a seguinte:

CF
J
V
E
D
GF
GC
SG
PG
18
6
4
8
24
22
2
22

Conquistou bons resultados. Não perdeu para o Ceilândia (2 x 1 e 0 x 0), para o Guará também não (0 x 0 e 2 x 2). Empatou com o Gama (1 x 1), venceu o Dom Pedro II duas vezes (1 x 0 e 2 x 1), goleou o Sobradinho (4 x 2) e aplicou a maior goleada do campeonato no Brasília (6 x 0).
Apesar de disputar pela primeira vez o campeonato brasiliense da Primeira Divisão, todos no clube esperavam que continuassem crescendo de produção. Muitos torcedores e observadores questionavam o apoio dado pela Sociedade Esportiva do Gama ao time. Reclamavam que não havia a proximidade do time com a comunidade. Quando tinha o mando de campo, a ARUC jogava no estádio Bezerrão, longe dos moradores do Cruzeiro. Para alguns torcedores, o time nada mais era que uma extensão da Sociedade Esportiva do Gama.

Por ironia do destino, a ARUC fez sua estreia no Campeonato Brasiliense de 2001 exatamente contra o Gama. Detalhes desse jogo:

GAMA 2 x 1 ARUC
Data: 11.02.2001
Local: Bezerrão, Gama
Árbitros: Jamir Carlos Garcez/Alexandre Andrade
Renda: R$ 3.327,00
Público: 1.659 pagantes
Gols: Carlos Alberto, 16; Júlio César, 25 e Carlos Alberto, 88
GAMA: Fernando, Daniel, Zé Carlos, Nen e Kaká (Mica); Deda, Kabila, Rodriguinho (Maninho) e Mário Zan; Carlos Alberto e Jorge Ramos (Abimael). Técnico: Wanderley Paiva.
ARUC: Cláudio, Rick, Adriano, Flávio Negão e Micael; Bira, Augusto (Betinho), William (Roberto) e Júlio César; Jackson e Neto (Merrê). Técnico: Déo de Carvalho.


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