Prestamos nossa homenagem ao pioneiro
do futebol brasiliense, contando um pouco do que aconteceu naqueles dias de
1956 e 1957.
Ao contrário
dos que muitos pensam o Guará não surgiu na cidade-satélite do mesmo nome. A
cidade-satélite do Guará somente foi inaugurada em 21 de abril de 1969.
Muito antes
disso, em dezembro de 1956, ainda nos primórdios de Brasília, um grupo de
pioneiros, dentre eles Carlindo Ribeiro da Cruz, Francisco Luís Bessa Leite,
Oswaldo Cruz Vieira, Edson Porto, Omar Martins Dias e Levy do Amaral, após um
dia exaustivo de trabalho, reunidos em uma simples cabana de lona nas
proximidades do velho barracão da Novacap, comentava sobre os campeonatos de
futebol da terra natal de cada um. Cada qual contava uma passagem interessante
de seus clubes. O saudoso Oswaldão, antigo defensor do Fluminense, de Araguari,
do Goiânia e do Atlético Mineiro, contava, com orgulho, suas facetas esportivas
e todos o ouviam com atenção.
Em certo
momento da conversa, surgiu a ideia da criação de um clube, sendo, nessa
ocasião, constituída uma diretoria provisória composta dos senhores Francisco
Luiz de Bessa Leite (Presidente), Oswaldo Cruz Vieira (Vice-Presidente), Jean
Pierre Curri (1º Secretário), Lauro França (2º Secretário), Levy do Amaral (1º
Tesoureiro) e Edson Porto (Diretor de Esportes), e um Conselho Deliberativo,
tendo como membros Carlindo Ribeiro da Cruz (presidente), Geraldo Claro da
Silva, José Amador Cordeiro, José de Lourdes Brandão e outros, que combinaram
uma outra reunião para elaboração dos estatutos, eleição da Diretoria
definitiva e oficialização do clube.
Em 11 de
dezembro de 1956, uma terça-feira, aconteceu a inauguração do restaurante do
SAPS - Serviço de Alimentação da Previdência Social, construído em tempo
recorde por Francisco Manoel Brandão.
E foi nesse mesmo restaurante que, em
um domingo de dezembro de 1956, após o almoço, nas improvisadas mesas do também
improvisado SAPS, depois de várias discussões e votações, surgiu o primeiro
clube de futebol do Distrito Federal, lavrando-se, em um pequeno pedaço de
papel de uma caderneta de “ponto” dos operários, a primeira ata.
Alguns
nomes foram sugeridos: Novo Brasil, Brasília e Nacional. O engenheiro chefe da
Novacap, Bernardo Sayão, sugeriu o de Vera Cruz. Jofre Mozart Parada,
engenheiro da Novacap, sugeriu o nome do próprio local das reuniões, que era o
sítio do Guará, assim chamado por conter o Córrego do Guará, assim referido,
por sua vez, pela presença, na região, da rara espécie do lobo guará.
Firmou-se,
então, o nome, que ficou sendo, inicialmente, Esporte Clube Guará.
Passaram-se
os dias e, a 9 de janeiro de 1957, no mesmo restaurante da SAPS, já agora com
os planos feitos pela Diretoria provisória, foi realizada a sessão solene de
fundação do clube, a qual compareceu grande número de adeptos, pois a notícia
da criação do Guará correu célere pelos acampamentos e, assim, Brasília foi
tomada de curiosidade.
Aberta
a sessão, foi feita uma explanação sobre os objetivos da criação do clube e,
logo após, sob os aplausos gerais, foi procedida a eleição da Diretoria e
Conselho Deliberativo que, sob aclamação, ficou assim constituída: Presidente -
Carlindo Ribeiro da Cruz; Secretário - Inácio de Lima Ferreira; Diretor de
Esportes - Oswaldo Cruz Vieira; Diretor Administrativo - Lauro França Duarte de
Oliveira e Diretor Financeiro - Geraldo Claro da Silva.
Quanto
às cores, da fusão de ideias e preferências daqueles pioneiros e de outros
simpatizantes de clubes do Rio de Janeiro e de São Paulo, saiu a decisão para o
vermelho e preto.
Para
o primeiro jogo do Guará a ideia era fazer uma camisa com essas cores. Mas não
havia tecido vermelho na praça e não dava tempo para importá-lo de Goiânia.
Então, a esposa de um dos diretores pegou um tecido branco e fez as mangas e as
golas. Por força das dificuldades que marcavam o início de construção de
Brasília, as primeiras camisas do Guará foram preto e branco.
Dias
depois, já com o E. C. Guará, devidamente uniformizado, realizava seu primeiro
jogo contra um clube formado na Empresa de Construções Gerais, do Gama, pois
com a sua criação, os empregados das companhias construtoras iniciaram
movimento no mesmo sentido e, dia a dia, iam nascendo vários clubes. Algumas
fontes afirmam que o Guará venceu por 2 x 0.
Esses
clubes, sem nenhuma ordem, disputavam, nos poucos dias de folga que na época
lhes eram concedidos, umas partidas amistosas, pois em Brasília se trabalhava
dia e noite sem parar.
Passados
os primeiros dias de euforia e já com o clube em pleno desenvolvimento,
Oswaldão anteviu a necessidade de ampliá-lo com outras modalidades de esporte.
Dessa forma, objetivando um terreno à beira do lago, propôs a mudança do nome
de Esporte Clube para Clube de Regatas, a qual, submetida a apreciação da
Diretoria e Conselho, foi aprovada, passando, então, para Clube de Regatas
Guará.
Então,
Lauro França dos Santos desenhou a camisa e o escudo (a cara de um lobo com as
iniciais C R G em volta), sendo que este foi aprimorado pelo Tenente Agenor
Rodrigues, da Base Aérea, que introduziu posteriormente a bola e a âncora.
Apoiada
a ideia, foi iniciada a campanha financeira da qual foram encarregados Carlindo
e Geraldo, que andaram de barraca em barraca, catando os minguados cruzeiros de
velhos candangos.
Em
homenagem ao Presidente da Novacap, Israel Pinheiro, foi dado seu nome ao
futuro estádio do novo clube, cuja construção teve início logo após autorização
de Bernardo Sayão.
O
campo de futebol ficava em frente ao restaurante do SAPS, no mesmo local onde
hoje se encontra o posto da Petrobrás. Aproveitou-se a construção de um campo
de aviação provisório que foi logo abandonado pela rapidez com que foi
construído o aeroporto definitivo.
Ainda
em janeiro de 1957, realizou outro jogo, em Planaltina, perdendo de 5 x 0. Logo
depois desse jogo, aconteceu um desentendimento entre os membros da diretoria
provisória que, nesse mesmo dia, foi dissolvida, ficando à frente do clube
Oswaldo Cruz Vieira.
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