sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

HÁ 40 ANOS NO FUTEBOL BRASILIENSE: 1ª RODADA DO TORNEIO “GOV. ELMO SEREJO DE FARIAS”


A rodada dupla do dia 5 de fevereiro de 1976, no então estádio Presidente Médici (hoje Mané Garrincha), válida pelo Torneio “Governador Elmo Serejo de Farias”, entrou para a história do futebol profissional no Distrito Federal. 

Na preliminar, jogaram Grêmio Esportivo Brasiliense, fazendo sua primeira apresentação para o público brasiliense, e o Ceub, que retornava depois de uma séria crise, com nova imagem perante os torcedores. No jogo principal o clube que viria dominar os próximos anos do futebol no DF, o Brasília, enfrentou o Flamengo, do Rio de Janeiro.
A expectativa em torno da partida era imensa, mas a chuva veio prejudicar a beleza do espetáculo.
Nos primeiros minutos da partida, os jogadores do Grêmio estavam muito nervosos, perdendo as divididas, errando constantemente os passes e falhos na marcação. Era natural, apresentavam-se pela primeira vez. Disso aproveitou-se o Ceub para marcar seu primeiro gol, num lance infeliz de Hamilton, que querendo desviar uma bola lançada por Junior, da direita, tocou para sua própria rede, aos 11 minutos do 1º tempo.
Mas o Grêmio mostrou grande poder de reação e foi aos poucos mostrando um melhor preparo físico e técnico. Jaime e Marquinhos começaram a cadenciar as jogadas, com toque de bola e passes laterais, levando sempre perigo à meta de Paulo Victor nos contra-ataques.
Para o segundo tempo, o Grêmio voltou com força total, trazendo Coreu no lugar de Moacir. E não mais se viu o Ceub dentro de campo. Foi um domínio total e absoluto da equipe do Grêmio. Para coroar esta exibição surgiu o gol que seria o de empate. Depois da troca de passes no meio de campo, Marquinhos lançou a bola para Grimaldi, que desceu pela lateral-esquerda e da linha de fundo cruzou forte para a área. Paulo Victor fez uma defesa parcial, soltando a bola, e Léo aproveitou o rebote para empatar a partida aos 27 minutos do segundo tempo.
Com o empate, o Grêmio foi todo para o ataque e a defesa do Ceub, desorientada pela insegurança de Paulo Victor, cedeu diante do maior volume de jogo do adversário e foi quando surgiu o segundo gol, irregularmente anulado pelo árbitro. Resultado final: empate em 1 x 1.

GRÊMIO 1 x 1 CEUB
Local: Estádio Presidente Médici, Brasília (DF)
Preliminar de Brasília x Flamengo
Árbitro: Osvaldo dos Santos
Gols: Hamilton (contra), 11 e Léo, 72
GRÊMIO: Nego, Luís Carlos, Luciano, Fabinho e Grimaldi; Marquinhos, Jaime (Dionísio) e Hamilton; Gonçalves (Pedro Nunes), Léo e Moacir (Coreu). Técnico: Inácio Milani.
CEUB: Paulo Victor, Fernandinho, Cláudio Oliveira, Osmar e Nenê; Alencar, Renê e Xisté; Junior, China (Lucas) e Gilbertinho. Técnico: Barbatana.

No jogo principal, outro clube do DF, o Brasília, fundado em 1975, praticamente começava sua história no profissionalismo, recebendo o Flamengo, do Rio de Janeiro.
O jogo foi muito catimbado, onde o trio de arbitragem foi o ponto negativo.
De início, o Flamengo procurou explorar a inexperiência do adversário, deixando que ele viesse para cima de si e com isso era visível os espaços que ficavam à disposição de Merica, Tadeu e Zico para lançarem Caio, que ficava unicamente esperando receber as bolas do meio campo para pegar a defesa adversária desguarnecida.
Porém, esta tática não deu resultado, pois Caio foi pouco para lutar sozinho contra Luís Carlos e Sidnei, que ainda contavam com a cobertura de Terezo, liberado da marcação sobre Zé Roberto, já que este nunca foi ponteiro esquerdo, sempre indo ajudar o meio-de-campo e a defesa.
Aos onze minutos aconteceu o lance mais bonito do jogo e que poderia ter sido o gol inaugural da partida. Raimundinho centrou para a área, a defesa cortou e a bola foi parar no peito de Nei, que girou o corpo para a direita e de voleio carimbou o travessão de Cantarele.
Depois desse lance o Brasília acelerou o ritmo e partiu decidido para conseguir o primeiro gol do jogo. O Flamengo, mais experiente, procurou controlar o jogo. Aos 29 minutos, em uma falta cobrada, Caio não teve tranquilidade e desperdiçou uma grande chance, chutando por cima da trave.
Nos últimos quinze minutos do primeiro tempo, o Brasília sentiu o esforço despendido e o Flamengo se fez mais presente no ataque, não o suficiente para inaugurar o marcador, que permaneceu em 0 x 0 ao final do 1º tempo.
O segundo tempo foi bem mais movimentado do que o primeiro, principalmente no seu final, quando aconteceram vários incidentes, quase sempre gerados pelo descontentamento dos jogadores em relação a arbitragem.
Aos onze minutos aconteceu o primeiro gol da partida. Geraldo, que havia entrado em lugar de Paulinho, tentou dar um passe a Zé Roberto no meio de campo. Humberto foi mais vivo e tomou a bola do ponteiro. Partiu para o ataque, deu dois cortes em Dequinha, que lhe derrubou. O próprio Humberto cobrou a falta e a bola passou por cima da barreira, sem chances de defesa para Cantarele.
O Flamengo empatou aos 24, depois de uma falta cobrada por Zico, com a bola batendo na trave. Geraldo pegou a sobra e marcou.
O gol da vitória do Flamengo veio de um lance em que Edu, em impedimento, foi até a área, driblou Norberto, e foi derrubado. Zico cobrou o pênalti e marcou.
Esse gol gerou muita confusão, que terminou com a expulsão de Raimundinho, do Brasília.

BRASÍLIA 1 x 2 FLAMENGO (RJ)
Local: Estádio Presidente Médici, Brasília (DF)
Árbitro: Ranulfo Soares (DF)
Renda: Cr$ 112.365,00
Expulsão: Raimundinho, do Brasília, no 2º tempo
Gols: Humberto, 56; Geraldo, 69 e Zico, de pênalti, 87
BRASÍLIA: Norberto, Tereso, Sidnei, Luís Carlos e Odair; Raimundinho, Erci e Lindário (Baianinho); Mineirinho, Humberto e Nei (Wellington). Técnico: Cláudio Garcia.
FLAMENGO: Cantarele, Toninho, Rondinelli, Dequinha e Vanderlei (Junior); Merica e Tadeu (Edu); Paulinho (Geraldo), Caio, Zico e Zé Roberto. Técnico: Carlos Froner.

No próximo dia 7 (domingo) contaremos como foi a rodada que decidiu esse torneio, com detalhes dos jogos realizados no dia 7 de fevereiro de 1976.


Um comentário:

  1. Uma nota: se não me engano, este Junior do CEUB deve ser o que foi para o Fla e lá foi chamado de Junior "Brasília" por causa do Capacete. Digo isto pelo lance descrito que resultou em gol. O Junior Brasília era ponta direita... Abração!

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