A rodada dupla do dia 5 de fevereiro de 1976, no então estádio Presidente
Médici (hoje Mané Garrincha), válida pelo Torneio “Governador Elmo Serejo de
Farias”, entrou para a história do futebol profissional no Distrito Federal.
Na preliminar, jogaram Grêmio Esportivo Brasiliense, fazendo sua primeira
apresentação para o público brasiliense, e o Ceub, que retornava depois de uma
séria crise, com nova imagem perante os torcedores. No jogo principal o clube
que viria dominar os próximos anos do futebol no DF, o Brasília, enfrentou o
Flamengo, do Rio de Janeiro.
A expectativa em torno da partida era imensa, mas a chuva veio prejudicar a
beleza do espetáculo.
Nos primeiros minutos da partida, os jogadores do Grêmio estavam muito
nervosos, perdendo as divididas, errando constantemente os passes e falhos na
marcação. Era natural, apresentavam-se pela primeira vez. Disso aproveitou-se o
Ceub para marcar seu primeiro gol, num lance infeliz de Hamilton, que querendo
desviar uma bola lançada por Junior, da direita, tocou para sua própria rede,
aos 11 minutos do 1º tempo.
Mas o Grêmio mostrou grande poder de reação e foi aos poucos mostrando um
melhor preparo físico e técnico. Jaime e Marquinhos começaram a cadenciar as
jogadas, com toque de bola e passes laterais, levando sempre perigo à meta de
Paulo Victor nos contra-ataques.
Para o segundo tempo, o Grêmio voltou com força total, trazendo Coreu no lugar
de Moacir. E não mais se viu o Ceub dentro de campo. Foi um domínio total e
absoluto da equipe do Grêmio. Para coroar esta exibição surgiu o gol que seria
o de empate. Depois da troca de passes no meio de campo, Marquinhos lançou a
bola para Grimaldi, que desceu pela lateral-esquerda e da linha de fundo cruzou
forte para a área. Paulo Victor fez uma defesa parcial, soltando a bola, e Léo
aproveitou o rebote para empatar a partida aos 27 minutos do segundo tempo.
Com o empate, o Grêmio foi todo para o ataque e a defesa do Ceub, desorientada
pela insegurança de Paulo Victor, cedeu diante do maior volume de jogo do
adversário e foi quando surgiu o segundo gol, irregularmente anulado pelo
árbitro. Resultado final: empate em 1 x 1.
GRÊMIO 1 x 1 CEUB
Local: Estádio Presidente Médici, Brasília (DF)
Preliminar de Brasília x Flamengo
Árbitro: Osvaldo dos Santos
Gols: Hamilton (contra), 11 e Léo, 72
GRÊMIO: Nego, Luís Carlos, Luciano, Fabinho e Grimaldi; Marquinhos, Jaime
(Dionísio) e Hamilton; Gonçalves (Pedro Nunes), Léo e Moacir (Coreu). Técnico:
Inácio Milani.
CEUB: Paulo Victor, Fernandinho, Cláudio Oliveira, Osmar e Nenê; Alencar, Renê e
Xisté; Junior, China (Lucas) e Gilbertinho. Técnico: Barbatana.
No jogo principal, outro clube do DF, o Brasília, fundado em 1975, praticamente
começava sua história no profissionalismo, recebendo o Flamengo, do Rio de
Janeiro.
O jogo foi muito catimbado, onde o trio de arbitragem foi o ponto negativo.
De início, o Flamengo procurou explorar a inexperiência do adversário, deixando
que ele viesse para cima de si e com isso era visível os espaços que ficavam à
disposição de Merica, Tadeu e Zico para lançarem Caio, que ficava unicamente
esperando receber as bolas do meio campo para pegar a defesa adversária
desguarnecida.
Porém, esta tática não deu resultado, pois Caio foi pouco para lutar sozinho
contra Luís Carlos e Sidnei, que ainda contavam com a cobertura de Terezo,
liberado da marcação sobre Zé Roberto, já que este nunca foi ponteiro esquerdo,
sempre indo ajudar o meio-de-campo e a defesa.
Aos onze minutos aconteceu o lance mais bonito do jogo e que poderia ter sido o
gol inaugural da partida. Raimundinho centrou para a área, a defesa cortou e a bola
foi parar no peito de Nei, que girou o corpo para a direita e de voleio
carimbou o travessão de Cantarele.
Depois desse lance o Brasília acelerou o ritmo e partiu decidido para conseguir
o primeiro gol do jogo. O Flamengo, mais experiente, procurou controlar o jogo.
Aos 29 minutos, em uma falta cobrada, Caio não teve tranquilidade e desperdiçou
uma grande chance, chutando por cima da trave.
Nos últimos quinze minutos do primeiro tempo, o Brasília sentiu o esforço
despendido e o Flamengo se fez mais presente no ataque, não o suficiente para
inaugurar o marcador, que permaneceu em 0 x 0 ao final do 1º tempo.
O segundo tempo foi bem mais movimentado do que o primeiro, principalmente no
seu final, quando aconteceram vários incidentes, quase sempre gerados pelo
descontentamento dos jogadores em relação a arbitragem.
Aos onze minutos aconteceu o primeiro gol da partida. Geraldo, que havia
entrado em lugar de Paulinho, tentou dar um passe a Zé Roberto no meio de
campo. Humberto foi mais vivo e tomou a bola do ponteiro. Partiu para o ataque,
deu dois cortes em Dequinha, que lhe derrubou. O próprio Humberto cobrou a
falta e a bola passou por cima da barreira, sem chances de defesa para
Cantarele.
O Flamengo empatou aos 24, depois de uma falta cobrada por Zico, com a bola
batendo na trave. Geraldo pegou a sobra e marcou.
O gol da vitória do Flamengo veio de um lance em que Edu, em impedimento, foi
até a área, driblou Norberto, e foi derrubado. Zico cobrou o pênalti e marcou.
Esse gol gerou muita confusão, que terminou com a expulsão de Raimundinho, do Brasília.
BRASÍLIA 1 x 2 FLAMENGO (RJ)
Local: Estádio Presidente Médici, Brasília (DF)
Árbitro: Ranulfo Soares (DF)
Renda: Cr$ 112.365,00
Expulsão: Raimundinho, do Brasília, no 2º tempo
Gols: Humberto, 56; Geraldo, 69 e Zico, de pênalti, 87
BRASÍLIA: Norberto, Tereso, Sidnei, Luís Carlos e Odair; Raimundinho, Erci e
Lindário (Baianinho); Mineirinho, Humberto e Nei (Wellington). Técnico: Cláudio
Garcia.
FLAMENGO: Cantarele, Toninho, Rondinelli, Dequinha e Vanderlei (Junior); Merica
e Tadeu (Edu); Paulinho (Geraldo), Caio, Zico e Zé Roberto. Técnico: Carlos
Froner.
No próximo dia 7 (domingo) contaremos como foi a rodada que decidiu esse
torneio, com detalhes dos jogos realizados no dia 7 de fevereiro de 1976.
Uma nota: se não me engano, este Junior do CEUB deve ser o que foi para o Fla e lá foi chamado de Junior "Brasília" por causa do Capacete. Digo isto pelo lance descrito que resultou em gol. O Junior Brasília era ponta direita... Abração!
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