sexta-feira, 9 de março de 2018

OS PIONEIROS: morreu Almir Vieira!


Só agora tivemos conhecimento do falecimento, em 5 de março último, aos 91 anos, do pioneiro Almir Vieira, e recorremos aos nossos alfarrábios para prestar essa pequena homenagem a ele, que, para quem não sabe, dedicou uma boa parte de sua vida ao futebol de Brasília.

Almir de Azevedo Vieira nasceu no Rio de Janeiro (RJ), em 16 de abril de 1926.
Jogou futebol no juvenil do São Cristóvão, Vasco da Gama e América, e como profissional defendeu o Água Verde, do Paraná, São Cristóvão e América. Foi também aspirante do Vasco da Gama.
Almir chegou a Brasília em maio de 1957. Ele veio para a cidade sem ter onde morar, apenas com a promessa de que trabalharia no Hospital Juscelino Kubitschek de Oliveira (HJKO), unidade de saúde pioneira do Distrito Federal, do qual foi o primeiro administrador.
Titular da Delegacia Regional do Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Industriários - IAPI, ajudou a construir um dos primeiros campos de futebol da cidade, nas proximidades do Hospital do IAPI (que tinha um time de futebol), onde houve a Invasão do IAPI. Além disso, passou pelos diversos clubes das autarquias daquela época.
Como atleta em Brasília, Almir só chegou a disputar um torneio da Previdência Social, na quadra do IPASE, hoje 208 Sul, mas não foi campeão.
Almir ficou afastado do futebol até 1965, quando levou o Clube Inapiário a campeão mirim em um torneio entre previdenciários.
No mesmo ano, fez parte do Conselho Deliberativo do Clube de Regatas do Guará.
Também foi diretor do Cota Mil, do Clube dos Previdenciários e do Monte Líbano.
No começo dos anos 70, foi Gerente de Divisão do Banco Halles de Investimento, logo depois promovido ao cargo de Diretor-Geral de Vendas da empresa.
Querido por uns e odiado por outros, Almir Vieira ia promovendo as equipes por onde passava.
1979: com Alberto Teixeira, presidente do Sobradinho
Passou a se dedicar mais ao futebol do DF a partir de 1976, quando foi implantado em definitivo o profissionalismo, no Grêmio Esportivo Brasiliense, onde trabalhou como Vice-Presidente nos anos de 1976 e 1977.
Também em 1976, foi supervisor da Seleção Juvenil do Distrito Federal no Campeonato Brasileiro de seleções dessa categoria.
No dia 3 de fevereiro de 1977, foi efetivado como Diretor Administrativo da Federação Metropolitana de Futebol.
Logo depois, foi o Supervisor da seleção profissional do DF que enfrentou o Atlético Mineiro, nas comemorações do 17º aniversário de Brasília.
Em 10 de janeiro de 1978 foi eleito Vice-Presidente do S. C. Corinthians, do Guará, até a fusão desta agremiação com o Humaitá e que proporcionou o retorno do Clube de Regatas Guará ao futebol do DF.
Em 1978, quando o Guará foi vice-campeão brasiliense e campeão do Torneio Seletivo ao Campeonato Brasileiro, Almir Vieira era o vice-presidente. Ficou no Guará até princípio de 1979.
Em 1979, a convite de Márcio Tannus, foi para o Gama. Ficou como observador durante o primeiro turno, quando o clube obteve a última colocação. Assumindo a Vice-Presidência do futebol profissional começou a agir, trazendo Martim Francisco para ser o treinador da equipe. E daí, começou a sua “estrela a brilhar”. Campeão brasiliense pela primeira vez em sua história, o Gama ingressou no Campeonato Brasileiro neste ano como único representante, tudo produto do seu trabalho.
Foi eleito o melhor dirigente esportivo do Campeonato Brasiliense de 1979 pela ABCD
No Brasília, assumiu como Supervisor em 1980, com total autonomia dentro do departamento de futebol profissional. Quando ingressou, o clube vivia uma situação tumultuada. Para melhorar teve que tomar decisões violentas. Vendeu e emprestou quase um time inteiro. Recebeu críticas de dirigentes, de torcedores e da própria imprensa, mas continuou seu trabalho trazendo novos elementos e um novo treinador. O Brasília foi campeão invicto de juniores e profissionais.
1983: preleção aos jogadores do Brasília;
ao seu lado esquerdo, o treinador Bugue
Uma passagem curiosa de Almir Vieira pelo Brasília.
No dia 16 de fevereiro de 1981, o Brasília foi a Porto Alegre enfrentar o Grêmio, pelo Campeonato Brasileiro daquele ano. O Grêmio venceu aquele campeonato e dois anos depois conquistaria a América e o Mundo. Em pleno Estádio Olímpico, o Brasília venceu por 2 x 1, deixando atônitos os torcedores que lá estiveram naquele dia.
Eis um resumo do que o jornal Correio Braziliense publicou no dia do jogo:
“Hoje, a frágil equipe do Brasília enfrenta o Grêmio no estádio Olímpico da capital gaúcha. Seriamente abalado pelas constantes derrotas e desfigurado taticamente, o Brasília era sério candidato a levar uma de suas maiores goleadas no encontro com o tricolor gaúcho. Bastante desgastado e completamente desacreditado pela torcida, o supervisor Almir Vieira ainda tenta mostrar um otimismo irreal, ao dizer que o Brasília vencerá o Grêmio: “Estamos aqui em Porto Alegre com o firme propósito de deixar o estádio Olímpico com uma bela vitória sobre o Grêmio. Acredito em nosso time e não poderia ser diferente e vamos conseguir a classificação”.
No mesmo ano de 1981, Almir Vieira voltou ao Gama. Campeão do I Torneio Centro-Oeste neste ano, logo depois deixou o clube, quando discutiu com o então Administrador Regional Valmir Campelo, porque o governante não queria liberar o Estádio Bezerrão para treinos da equipe.
Foi o Supervisor na Seleção do DF que disputou dois jogos contra a Seleção de SC em julho de 1983, em benefício das vítimas das enchentes que assolaram o sul do Brasil.
No dia 15 de dezembro de 1983, foi o Supervisor da seleção brasiliense que enfrentou uma seleção brasileira de novos.
Novamente foi o Supervisor escolhido pela federação para trabalhar junto à seleção do DF que enfrentou, no dia 5 de julho de 1987, Estádio Mané Garrincha, o Flamengo, do Rio de Janeiro.
Por duas ocasiões, Almir Vieira também trabalhou como treinador. A primeira delas, em 1989, quando comandou o Gama em seis jogos. A segunda foi em 1993: no Brasília, esteve à frente da equipe em 16 jogos, o último deles em 13 de junho de 1993, no Augustinho Lima, no empate em 0 x 0 entre Brasília e Sobradinho. Essa foi sua última participação no futebol brasiliense.

Fontes:
Correio Braziliense
Jornal de Brasília
Memorial Gamense



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