sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

OS CLUBES DO DF: S. E. Serveng-Civilsan

A EMPRESA

Para entendermos como surgiu a Sociedade Esportiva Serveng-Civilsan, é preciso voltarmos no início da formação dessas duas empresas.
Após participar da construção de um novo bairro em Guaratinguetá (SP), trabalhando na Construtora Nelson Luiz do Rego S. A., Pelerson Penido decidiu comprar a Pedreira Itaguassu Ltda., em Aparecida (SP), para suprir a demanda de brita nas obras da região, plantando a semente do que viria a ser o Grupo Serveng.
Com o crescimento dos negócios iniciados pela pedreira, foi fundada em 29 de maio de 1958 a Serveng Serviços de Engenharia Ltda., pelos sócios Vicente de Paula Penido, David Fernandes Coelho e Luiz Alves Coelho.
Os negócios são diversificados, com o início das atividades de transporte de passageiros no final da década de 50.
Em 1960, a Serveng Serviços de Engenharia Ltda. ultrapassou os limites do Vale do Paraíba para ajudar a construir Brasília. Foi uma das primeiras empresas a acreditar na ideia da capital federal, participando da construção de grande parte da infraestrutura de água e esgoto, de rodovias, de diversos conjuntos residenciais de Brasília, do Ministério da Justiça e do Superior Tribunal Militar, além de construir as embaixadas do Chile, Paraguai, Venezuela e Líbano e trabalhar na restauração e melhoria da pista de pouso do Aeroporto Internacional de Brasília (em São Paulo, a empresa participou da construção do estádio do Morumbi - Cícero Pompeu de Toledo, de propriedade do São Paulo Futebol Clube).
Em novembro de 1967, a Serveng incorporou a Civilsan Engenharia Civil e Sanitária S. A., tornando-se Serveng-Civilsan S. A. Empresas Associadas de Engenharia.

A Civilsan, Engenharia Civil e Sanitária S. A. foi das primeiras empresas construtoras a chegarem a Brasília. Sua presença data de agosto de 1957. Sua primeira obra foi a das instalações elétricas do Hotel de Turismo (Brasília Palace), o que executou em apenas 95 dias. Logo após, foi convidada a projetar e executar todo o serviço de águas pluviais do Setor Sul, passagens e esgotamentos da Asa Norte, Estação de Tratamento de esgotos sanitários e toda a rede de dutos telefônicos.


PARTICIPAÇÃO NO FUTEBOL DE BRASÍLIA

Uma das primeiras notícias sobre o futebol na Civilsan data de abril de 1961, bem antes de acontecer sua filiação à Federação Desportiva de Brasília.
No dia 9 de abril de 1961, a equipe do Civilsan Futebol Clube foi goleada num amistoso pela Associação Atlética Imprensa Nacional, pelo placar de 6 x 2.
Logo depois, foi realizado um torneio quadrangular como parte dos festejos do primeiro aniversário de fundação da nova Capital Federal, no campo do Saturnino de Brito F. C., com a participação das seguintes equipes: E. C. Brasília. A. A. Três Poderes, Civilsan Futebol Clube e A. A. Imprensa Nacional. O curioso é que o torneio foi dividido em duas etapas: pela manhã jogaram os segundos quadros e à tarde as equipes principais. Não foi possível encontrar o desfecho desse torneio.
Como toda empresa que atuava na construção de Brasília, a Civilsan também tinha o seu acampamento, que ficava na atual Avenida das Nações, e onde não podia faltar um campo de futebol para as peladas dos seus operários.
Não demorou muito para, em 21 de junho de 1964 serem inauguradas as novas instalações da sede social da Associação dos Funcionários da Civilsan.
Ainda em 1964, a Civilsan teve participação ativa na campanha de doação de material para a construção do Estádio de Brasília (que seria inaugurado no ano seguinte), oferecendo, através de seu engenheiro titular em Brasília, José Maia Leite, vários caminhões de madeira para a construção do canteiro de obras.
De forma um pouco mais organizada, a primeira competição que a Civilsan tomou parte foi o Torneio Início da União dos Clubes Independentes, realizado no dia 11 de abril de 1965, no campo do Nacional. Tomaram parte 13 equipes.
Fez sua estreia no sétimo jogo do dia, derrotando o Flamengo por 1 x 0 e, no décimo, perdeu para o Esporte Clube W-3 (que seria campeão do torneio), por 2 x 1.
Ao final do 1º turno, no dia 27 de junho de 1965, o Civilsan era o oitavo colocado, junto com Flamengo e Schindler, todos com 11 pontos perdidos.
No dia 29 de maio de 1966, em prosseguimento aos preparativos para a disputa do primeiro campeonato de futebol do Departamento Autônomo da FDB, o Civilsan enfrentou e venceu o conjunto dos Economiários, por 2 x 1, gols marcados por Roberto e Ceará. Formou com Sinval, Maracanã, Ferreira, Gil e Maurizan (Carabina); Bigode e Feio (Martelo); Roberto, Ceará, Adilson e Albino.
No dia 5 de junho de 1966, participou do Torneio Início do Departamento Autônomo. No segundo jogo, venceu o CSU, por 3 x 2 e, no 11º, foi derrotado pelo Taguatinga, pelo mesmo placar (ambos nos pênaltis).
O Civilsan disputou o Campeonato do Departamento Autônomo da Federação Desportiva de Brasília de 1966, integrando na Primeira Fase a Série Plano Piloto. Entre os quadros principais, o Civilsan ficou em terceiro, junto com o Flamengo, com 12 pontos perdidos, entre nove clubes. Daniel, do Civilsan, foi o quarto artilheiro da competição, com oito gols. A defesa do Civilsan foi a segunda menos vazada, tendo sofrido 18 gols, enquanto que seu ataque foi o quinto, com 26 gols marcados.
Na categoria de aspirantes, o Civilsan foi o vice-campeão dessa série, com oito pontos perdidos. Por outro lado, o Civilsan venceu o Supercampeonato de Aspirantes (disputado pelos dois primeiros colocados das três séries). Na última rodada, no dia 20 de novembro de 1966, venceu o Brasília, de Taguatinga, por 3 x 2, e sagrou-se campeão invicto. Marcaram pelo Civilsan Adilson (2) e Celestino. Formou com Valdomiro, Vilson (Elias), Zequinha (Wilson), Carabina e Zezinho; Dudu e Eduardo (Raimundo); Feio, Rui, Adilson e Celestino.
No dia 4 de dezembro de 1966, o Civilsan tomou parte de um quadrangular que também reuniu Grêmio, do Núcleo Bandeirante, e Vila Matias e Brasília, de Taguatinga, no campo da Metropolitana. Primeiramente, venceu o Grêmio por 2 x 1, com dois tentos de Rui. Formou com Sinval, Wilson, Zé Luís, Maracanã e Jaime; Zezinho e Azulinho; Ceará, Adilson, Rui e Melro (Alemão).
No domingo seguinte, 11 de novembro, o torneio teve prosseguimento e o Civilsan foi goleado pelo Brasília, por 5 x 1, formando com Sinval, Wilson, Maracanã, Melro e Zezinho; Azulinho e Ceará; Santos, Sabará, Rui e Adilson. Rui marcou o único gol do Civilsan.
Em 1967, mais uma vez classificou-se entre os dois primeiros colocados da Série do Plano Piloto e, no Supercampeonato do Departamento Autônomo (que só terminou em março de 1968) ficou em quarto lugar entre sete equipes. O Brasília, de Taguatinga, foi o campeão. Atuou mais vezes com Valdomiro, Totó (Geraldo), Carabina, Manoel e Zezinho; Eduardo e Ceará; Adilson (Fafá), Paulinho, Azulinho e Guido.
No dia 14 de julho de 1968, o Civilsan venceu o torneio de futebol promovido pela Confederação Nacional de Indústria, que ainda reuniu as equipes da VASP, Codipe, SESI (com duas equipes) e TCB, e foi realizado no Estádio Ciro Machado do Espírito Santo, campo do Defelê.
Venceu a VASP por 2 x 1 e o SESI A. C., na final, por 1 x 0. Formou com Moacir, Labine, Heitor, Elias e Totó; Pierre e Ceará; Raimundo, Maracanã, Adilson e Zezinho (Cardoso).
Depois de vencer a série do Plano Piloto, disputou o Supercampeonato do Departamento Autônomo de 1968. A fase final reuniu Civilsan, Gaminha, Coenge, Brasília, Setor Automobilístico, Manufatura e Meta.
Foi necessária uma superdecisão entre Civilsan, Gaminha e Coenge, todos com três pontos perdidos, para se conhecer o campeão de 1968, que acabou sendo o Coenge. Nos últimos jogos, o Civilsan atuou com Sinval, Bira, Wilson, Fred e Zezinho; Eduardo e Ceará; Jorge, Baiano, Silva e Adilson.
No dia 1º de maio de 1969, o Civilsan promoveu e venceu o torneio realizado nas festividades comemorativas do Dia do Trabalhador. Os jogos foram realizados no Campo dos Eucaliptos. No 1º jogo, venceu a equipe da Rádio Alvorada, por WO. No quarto jogo, vitória sobre o Minas e Energia, por 2 x 1, gols de A. Maria e Milton. Na final, 1 x 0 sobre o Correio Braziliense, gol contra de Stuckart. Formou com Raspinha, Elias, Virmondes, Paulo e Zezinho; Ceará e Nenen (Martiniano); Teixeira (Lott), A. Maria, Adilson e Milton.
Aproveitou-se do momento de transição no futebol brasiliense, após a bagunça do campeonato de 1969, que foi disputado por times profissionais e amadores, para formar um grande time para 1970. Trouxe para técnico o experiente Otaziano. Passou a contar com jogadores que trabalharam com Otaziano numa das melhores seleções profissionais que em Brasília foram formadas: Bugue, Zé Walter (para revezar com Raspinha, no gol), Cid, Baiano, Wilson, Melo, Pará, Paulinho, Sabará e outros que jogaram pelo Rabello e Defelê.
Logo da empresa
A definitiva fusão da Civilsan e da Serveng no futebol aconteceu em 22 de fevereiro de 1970, quando foi fundada a Sociedade Esportiva Serveng Civilsan.
Sua primeira diretoria foi assim composta: Presidente – Milton Almeida Soares da Silva; Vice-Presidente – Clorisval Gomes Pereira; Diretor Secretário – Luiz José de Oliveira; Tesoureiro – Ênio Lumazzini; Diretor Social – Laíze de Freitas; Diretor de Desportos – Hafes Hallal e Diretor de Futebol – João Wellington Moura.
No final do mês de maio de 1970, o Civilsan realizou uma pequena excursão ao interior de Minas Gerais. No dia 30 de maio, obteve uma vitória em Paracatu, sobre o Amoreiras Esporte Clube, por 1 x 0, gol do lateral-direito Ditão. No dia seguinte, um empate em João Pinheiro, sem abertura de contagem, com a A. A. Pinheirense.
Curiosidade: em Paracatu, a equipe do Civilsan estranhou muito a irregularidade do gramado do estádio Frei Norberto (que hoje é utilizado pelo Paracatu no Campeonato Brasiliense da Primeira Divisão).
Jogou com Raspinha (Ernâni), Ditão (Sir Peres), Zé Pedro, Alaor Capella e Wilson; Bugue (Nenen), Heitor e Sabará; Manoelzinho, Moisés e Eduardo (Cid) (Baiano). Técnico: Otaziano.
Logo depois, no dia 5 de julho de 1970, fez sua estreia no Torneio “Governador Hélio Prates da Silveira”. No estádio Pelezão, venceu o Gaminha, por 3 x 2, com dois gols de Baiano e um de Moisés.
Terminou a competição na terceira colocação (com a mesma pontuação do vice-campeão Coenge), entre oito equipes, após a seguinte campanha: sete jogos, quatro vitórias, dois empates e uma derrota; marcou 16 gols e sofreu 10.
Baiano, do Civilsan, foi o principal artilheiro dessa competição, com seis gols.
Pelo campeonato oficial de 1970, fez sua estreia no dia 6 de setembro, vencendo o Grêmio por 2 x 0, no Pelezão, com gols de Baiano e Da Silva.
Terminou a Primeira Fase na terceira colocação, o suficiente para disputar a Fase Final com os demais cinco melhores classificados. Foram nove jogos, com três vitórias, cinco empates e uma derrota; 14 gols a favor e dez contra.
No turno final, ficou na primeira colocação, junto com o Grêmio, ambos com nove pontos ganhos, com quatro vitórias e um empate, com saldo de gols melhor que seu adversário.
O regulamento determinava que nesse caso fosse disputado o título em uma série melhor de três.
No primeiro jogo, disputado no dia 24 de janeiro de 1971, o Civilsan aplicou uma goleada no Grêmio: 6 x 2. Arnaldo, quatro vezes, Manoelzinho e Eduardo marcaram os gols do Civilsan, que passou a ser favorito para a conquista do título.
Mas o título de campeão não veio. Nos dois jogos seguintes, 31 de janeiro e 7 de fevereiro, vitórias do Grêmio pelo mesmo placar (2 x 1) e o sonho desfeito.
No último jogo, o Civilsan atuou com Maracanã, Nazo, Triste, Didi e Wilson; Aldo e Nenê; Azulinho (Baiano), Invasão, Eduardo e Adilson (Vilela). Técnico: Hector Gritta.
Arnaldo, do Civilsan, foi o principal artilheiro da competição, com oito gols, e Invasão, o segundo, com seis.
A última competição que o Civilsan tomou parte foi o Torneio Governador do Distrito Federal, disputado de 21 de março a 13 de junho de 1971, no qual o Civilsan ficou na terceira colocação, entre onze equipes. Seu último jogo aconteceu em 6 de junho de 1971, com vitória de 3 x 1 sobre o Planalto, do Gama, no Pelezão. Eduardo, Manoelzinho e Vilela marcaram os gols.
No dia 13 de agosto de 1971, aconteceu a Assembleia que desfiliou seis clubes, dentre eles a Serveng Civilsan.




6 comentários:

  1. Estou maravilhada ao ler esse documento em que registra a história dos clubes de futebol dessa época. Eu morei no acampamento da Civilsan entre os anos de 1965 a 1980. E alguns jogadores eram meus amigos, até hoje. Excelente reportagem!

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    1. Sou Maracanã, goleiro do Serveng Civilsan entre 1968 até a desfiliação.

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    2. Sou filho de Djair Max e Dionê Zarate Max, (estamos no Facebook)(Acampamento Serveng Civilsan)

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    3. Sou filho de Djair Max e Dionê Zarate Max, (estamos no Facebook)(Acampamento Serveng Civilsan)

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  2. Já eu Josemar zarate max, vivi e cresci no acampamento da Serveng Civilsan em 1965 a 1980. Alguem desça epoca? contato; josemar.max@gmail.com

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