quinta-feira, 30 de junho de 2011

OS CLUBES DO DF: Rabello




O segundo grande clube a surgir em Brasília (o primeiro foi o Guará) foi o Rabello Futebol Clube, da Construtora Rabello, cujo dono era o empresário Marco Paulo Rabello, grande amigo do ex-presidente Juscelino Kubitschek e responsável pela construção de importantes obras em Brasília, dentre as quais o Palácio da Alvorada, a Estação Rodoviária, o Supremo Tribunal Federal e a Universidade de Brasília. Marco Paulo também foi um dos fundadores do Clube de Engenharia e Arquitetura de Brasília, do Country Club, do Cota Mil e do Iate Clube.
O time de futebol foi fundado em 17 de agosto de 1957 no Acampamento da Construtora Rabello S. A., por Paulo Linhares Gomes (eleito Presidente), Roberto Pereira Miranda, Newton Cândido, José de Lourdes Alexandre, Ernando Soares, Djalma Sérgio e José Silva Laranjeira, dentre outros.
Segundo seus estatutos, as cores oficiais do novo clube seriam a preta e a branca. O uniforme era igual ao do Botafogo, do Rio de Janeiro.
No primeiro jogo que disputou, perdeu de 6 x 0 para a seleção da Polícia Militar.
A construtora Rabello foi uma das primeiras empresas, ainda em 1956, a ter seu próprio acampamento. Em 1958, já estavam construídos, aproximadamente, 22 acampamentos ao redor do conjunto das obras de Brasília.
A busca de lazer e de entretenimento levou os empregados de uma grande parte desses acampamentos a descobrirem o futebol. As “peladas” começavam a fazer parte do quotidiano de Brasília. Como em toda parte, cercadas de grande animação. Partidas sensacionais, entusiasmo fora do comum e neste diapasão as horas se passavam, fazendo esquecer as tristezas determinadas pela ausência dos familiares, que aos poucos começavam a chegar a Brasília.
O amor que dedicavam ao futebol era tão grande que passou a despertar o interesse dos donos das construtoras.
Aos times das construtoras se juntaram os times dos órgãos filiados a NOVACAP, animados por um grupo de entusiasmados e com experiência em outros centros.
Tudo isso motivou os empregados das outras construtoras a também criarem seus times, que em pouco tempo chegaram a 18.
No dia 16 de março de 1959, quando a Federação Desportiva de Brasília foi fundada, o Rabello esteve representado por José Silva Laranjeira.
A primeira competição oficial da FDB foi o Torneio Início, realizado no dia 4 de setembro de 1960, no Estádio Israel Pinheiro, do Guará. O Rabello venceu o torneio, passando por Alvorada (1 x 0, gol de Nilo), 0 x 0 com o Guará (na decisão por pênaltis, vitória do Rabello) e 0 x 0 com o Edilson Motta (na decisão por pênaltis, vitória do Rabello, por 3 x 2). Na final, o Rabello venceu o Planalto por 1 x 0, gol de Calado, cobrando pênalti, e conquistou o título.
O Rabello formou com Gaguinho, Leocádio e Paulo Roberto; Calado (Capixaba), Antônio e Alberto; Délio, Baianinho, Zé Carlos, Nilo e Motorzinho.
Em virtude do elevado número de clubes inscritos (16), a Federação Desportiva de Brasília resolveu fazer um torneio para determinar as oito equipes que disputariam o campeonato da Primeira Divisão de 1960 e as oito que comporiam a Segunda. Os 16 clubes foram divididos em 4 grupos. Os clubes com campos em condições de jogo foram cabeças-de-chave.
O campo do Rabello levava o nome de Estádio "Paulo Linhares".
O Rabello fez parte do Grupo D, juntamente com Alvorada, Nacional e Real.
Sua estréia oficial aconteceu no dia 18 de setembro de 1960, na primeira rodada do torneio classificatório. Aconteceu empate em 0 x 0 com o Nacional.
Na segunda rodada, no dia 25.09.1960, goleou o Real por 6 x 1, gols de Baiano (2), Nilo, Matias, Zequinha e Hugo (contra). Encerrou sua participação no dia 09.10.1960, com outra goleada, desta vez sobre o Alvorada, por 5 x 2. Ficou em primeiro lugar de seu grupo e garantiu sua presença na Primeira Divisão de 1960.
Antes de ter início o campeonato, o Rabello realizou, no dia 05.11.1960, um amistoso contra o Grêmio (2 x 2), quando aconteceu a inauguração dos refletores do campo desse clube, que passou assim a ser o primeiro clube de Brasília a contar com este tipo de recurso.
O Campeonato de 1960 foi realizado em um único turno e o troféu do campeão levou o nome de Taça "Juscelino Kubitschek".
A estréia do Rabello aconteceu em seu campo, no dia 27.11.1960, com vitória sobre o seu grande rival, o Defelê, por 1 x 0, gol de Joãozinho. Este foi o primeiro jogo entre Rabello e Defelê que, com o passar dos anos, se tornaria o maior clássico do futebol brasiliense da década de 60.
O Rabello jogou com Gaguinho, Paulo e Leocádio; Cazuza, Nozinho e Alberto; Joãozinho II (Motorzinho), Calado, Baiano, Nilo e Joãozinho I.
Ao final do campeonato, após sete jogos, ficou em 4º lugar, com quatro vitórias, um empate e duas derrotas. Marcou 16 gols e sofreu 7. O Defelê foi o campeão.
A rivalidade acirrou-se ainda mais no ano seguinte, quando os dois clubes decidiram o campeonato brasiliense de 1961, depois de uma melhor-de-quatro.
Nos três primeiros jogos, empates: 12.11 – 1 x 1; 19.11 – 0 x 0 e 26.11 – 1 x 1. No quarto jogo, em 03.12.1960, o Defelê venceu por 3 x 1, ficando novamente com o título.
O Rabello formou com Gaguinho, Paulo e Leocádio; Pernambuco, Sabará e Bugue; Roberto, Calado, Joãozinho, Nilo e Arnaldo.
Como consolo, teve o seu jogador Sabará apontado como o melhor jogador de 1961 pelo jornal Diário Carioca.
O ano de 1962 começou com a conquista da Taça Candango, torneio patrocinado pela Companhia Antarctica Paulista. Além do Rabello, jogaram Guará, Colombo e Defelê. Na primeira rodada, em 28.04.1962, no Campo do Defelê, o Guará venceu o Colombo, o mesmo acontecendo com o Rabello, que passou pelo Defelê. A decisão do torneio aconteceu no dia 1º de maio, no Campo do Guará. O Rabello venceu o Guará por 2 x 1. Alaor Capella e Arnaldo marcaram para o Rabello.
Logo depois, conquistou o Torneio da Prefeitura do Distrito Federal, Taça "Embaixador Sette Câmara", após vencer Defelê, Guará, Nacional, Guanabara e Planalto. Marcou 13 gols e sofreu apenas um.
Parecia que estava no rumo certo para a conquista do título de campeão brasiliense. Parecia! Mais uma vez o título não veio. Para piorar, ainda ficou em terceiro lugar, atrás do tricampeão Defelê e do Colombo.
No dia 3 de março de 1963, Paulo Linhares deixou Brasília e a Presidência do Rabello Futebol Clube. Romeu Casadei o substituiu.
Mais uma vez ficou em segundo lugar no campeonato brasiliense de 1963, desta vez atrás da A. E. Cruzeiro do Sul.
Em 8 de novembro de 1963 aconteceu uma Assembléia Geral que aprovou a implantação do profissionalismo no Distrito Federal. O Rabello, juntamente com Defelê e Grêmio, firmaram um documento solicitando inscrição para disputar o campeonato profissional de 1964.
Antes de encerrar o ano, o Rabello disputou um amistoso com o Goiás, vencendo-o por 2 x 1. Foi o início do novo time do Rabello. Como era de se esperar, com a saída de Jackson Roedel para o Rabello, vários jogadores do Cruzeiro do Sul foram com ele, tais como Ceninho, Beto Pretti e Paulinho. Além dos jogadores do Cruzeiro do Sul, o Rabello também contratou jogadores do Defelê.
O teste do novo time aconteceu durante o Torneio Triangular “Deputado Guilhermino de Oliveira”, em 03.05.1964, contra o Cruzeiro, de Belo Horizonte, que já trazia os supercraques Piazza, Tostão e Hilton Oliveira, entre outros. A derrota de 1 x 0 foi recebida como vitória.
Veio a primeira competição no novo regime, o Torneio "Prefeito Ivo de Magalhães", com quatro clubes: 1º de Maio, Rabello, Colombo e Luziânia. Duas vitórias e um empate deram o título de campeão ao Rabello.
A formação do Rabello nesse torneio foi Gaguinho, Russo, Melo, Farneze e Wilson; Calado (Nilo) e Beto Pretti; Djalma, Ceninho (Ramiro), Amaury e Sabará.
O primeiro campeonato profissional viria a seguir, com a participação de um clube a mais em relação ao torneio, justamente o Defelê. Mas isso não foi empecilho para a conquista do título, que veio após dois turnos, de forma invicta: oito jogos, sete vitórias e um empate; 18 gols a favor e 4 contra. Utilizou os seguintes jogadores: Goleiro: Gaguinho; Defensores: Délio, Aderbal, Bimba, Farneze, Melo e Ivan; Atacantes: Sabará, Beto Pretti, Zé Maria, Wilson, Djalma, Ceninho, Aires, Clarindinho, Nilo e Raimundinho.
Para demonstrar a força que o Rabello adquirira, no dia 21 de abril de 1965, quando da inauguração parcial do novo Estádio de Brasília (mais tarde Pelezão), nada menos que seis jogadores do Rabello faziam parte da Seleção do Distrito Federal que perdeu para o Siderúrgica, campeão mineiro de 1964, por 3 x 1: Aderbal, Gegê, Zé Maria, Beto Pretti, Sabará e Djalma.
Vieram novas conquistas em 1965. No Torneio Início, em 12.09.1965, e no campeonato brasiliense desse ano, levando a melhor sobre Colombo, Guará e Defelê, após dois turnos.
O ano de 1966 começou muito bem quando recebeu, em 21 de abril, aniversário da cidade de Brasília, o Fluminense, do Rio de Janeiro, com jogadores de renome tais como Samarone, Amoroso, Lula e Gilson Nunes. Empate de 1 x 1, gol de Reinaldo para o Rabello.
Logo depois aconteceu a estréia do Rabello na Taça Brasil de 1966. Enfrentou o campeão goiano Anápolis. No primeiro jogo, em 13.07.1966, vitória do Rabello por 2 x 0, com dois gols de Zezé. Em sua estréia numa competição nacional teve a seguinte formação: Zé Walter, Jair, Gegê, Melo e Aderbal; Zé Maria e Beto Pretti; Zezé, Roberto (Invasão), Otávio e Arnaldo.
Uma semana depois aconteceu o tumultuado segundo jogo. O jogo foi interrompido durante o intervalo, com 0 x 0 no marcador, após a agressão de um dirigente do clube goiano ao árbitro, que não reiniciou o jogo, por falta de garantias. Os 45 minutos finais foram disputados somente em 12 de agosto, em Goiânia (GO). Na continuação do segundo jogo, o Anápolis fez 1 x 0, levando a decisão da vaga para um terceiro jogo. Este aconteceu dois dias depois, com a goleada do Anápolis, por 4 x 1. Estava encerrada, assim, sua primeira participação na Taça Brasil.
O campeonato de profissionais de Brasília desse ano teve um substancial aumento no número de clubes. Passou a ser de sete, com a inscrição de Flamengo, Luziânia e Pederneiras.
O título de 1966 veio de forma antecipada, no dia 25.09.1966, ao vencer o Luziânia, em seu estádio, por 3 x 1, gols de Roberto (2) e Beto Pretti. Formou com Zé Walter, Aderbal, Melo, Pelé e Didi; João Dutra e Beto Pretti; Zezé, Roberto, Otávio e Arnaldo (Walmir). Nos doze jogos que disputou, venceu oito, empatou dois e perdeu outros dois.
Em fevereiro de 1967, o Flamengo, do Rio de Janeiro, realizou dois amistosos no Distrito Federal, contra Rabello e Defelê, aplicando duas goleadas: dia 16 – 4 x 0 Defelê e 19 – 5 x 0 Rabello.
Mas, o ponto alto de 1967 foi a excursão do Rabello ao norte do Brasil, onde realizou cinco jogos nas cidades de Belém (PA) e Teresina (PI). Esta foi a primeira excursão de um clube do DF ao norte do País. Os resultados alcançados foram:
15.04 - Paysandu 2 x 1 Rabello (única derrota);
19.04 - Remo 1 x 1 Rabello, gols de Luís Carlos para o Remo e Zé Maria para o Rabello;
23.04 - outro empate em 1 x 1 entre Remo e Rabello;
27.04 - em Teresina (PI), no Estádio Lindolfo Monteiro: Flamengo 0 x 1 Rabello, gol de Edinho;
30.04 - River 0 x 3 Rabello, gols de Cid (2) e Carlinhos;
Jackson Augusto Roedel, Vice-Presidente do Rabello, foi o chefe da delegação. 18 jogadores viajaram.
Veio a Taça Brasil de 1967, desta vez fazendo parte do 1º Subgrupo Centro, juntamente com Rio Branco (Vitória-ES), Goytacaz (Campos-RJ) e Goiás (Goiânia-GO).
Nos três primeiros jogos fora de casa, duas derrotas (0 x 1 Goiás e 0 x 3 Goytacaz) e uma vitória (1 x 0 Rio Branco). Quando achou que poderia se recuperar nos jogos em casa, aconteceu o inesperado: duas derrotas seguidas (1 x 3 Goytacaz e 0 x 2 Rio Branco) o deixaram sem chances de classificação. Encerrou sua participação goleando o Goiás por 4 x 1.
Defenderam o Rabello: Dico, Aderbal, Melo (Pedro Pradera), Pelé (Luiz) e Didi (Sérgio); Zé Maria e João Dutra (Tião); Sabará, Zezé (Paulinho), Luizinho (Cid) (Aloísio) e Arnaldo (Alemão) (Serginho).
Antes, no início do mês de março, participou do Torneio Quadrangular Interestadual “Taça Ciro Machado do Espírito Santo”, com as participações de Rabello e Defelê, de Brasília, Ipiranga, de Anápolis (GO) e o Botafogo, do Rio de Janeiro (RJ), representado por seu time reserva. Venceu o Ipiranga (4 x 2) e empatou em 0 x 0 com o Botafogo.
No campeonato oficial de profissionais de 1967, voltou a ficar com o título de campeão, superando Colombo, Cruzeiro do Sul, Defelê e Guará. Foram dez jogos, com oito vitórias e dois empates. Ainda teve os dois artilheiros do campeonato, Cid e Luizinho, ambos com 9 gols.
Para a Taça Brasil de 1968, a Federação de Brasília decidiu que a Seleção Permanente iria vestir a camisa do Rabello e representá-la na Taça Brasil. Passou pelo primeiro adversário, o Operário, de Campo Grande (MT), mas foi desclassificado pelo segundo, o Atlético Goianiense.
Jogaram Zé Walter, Aderbal, Farneze, Carlão (Alaor Capella) e Wilson (Didi); João Dutra e Zé Maria; Sabará (Djalma), Guairacá (Paulinho), Otávio (Axel) e Sólon (Cid).
O ano de 1968 não terminou bem: perdeu o campeonato para o Defelê, por dois pontos de diferença.
Para o campeonato oficial de 1969, a Federação de Brasília resolveu promover um campeonato com a participação de clubes amadores e profissionais. Foi o caos total. Um desestímulo a todos os clubes. O Rabello foi um desses clubes, passando a contar somente com jogadores amadores. Na classificação final do Grupo (só os seis primeiros passavam para a segunda fase), ficou em 10º lugar, entre 11 clubes. Foram apenas duas vitórias em dez jogos.
Foi o início do fim. Seu último jogo deveria ser contra o Alvorada, em 29.06.1969. O adversário, último colocado no seu grupo, não apareceu e o Rabello venceu por WO. Assim, sua última participação em campos de Brasília foi a derrota (4 x 2) para o Carioca, em 22 de junho de 1969.
Não disputou nenhuma competição oficial em 1970 e em 22 de junho de 1971 uma Assembléia aprovou a sua desfiliação.
Todos os anos, por volta do aniversário de Brasília, os ex-funcionários da Construtora Rabello se reúnem em confraternização, mantendo a tradição de muitos anos de reencontro dos seus empregados e amigos da construção.




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