segunda-feira, 26 de maio de 2014

OS CLUBES DO DF: o mais novo campeão do DF, o Luziânia


Luziânia já existia no Planalto Central desde o dia 13 de dezembro de 1746, quando foi fundada pelo bandeirante Antônio Bueno de Azevedo. 
Luziânia cedeu a maior parte do terreno para a realização do sonho de JK, a construção da nova capital do Brasil, Brasília.
A Associação Atlética Luziânia foi fundada em 13 de dezembro de 1926, sendo o mineiro de Rio Pomba, Manoel Gonçalves da Cruz, que era um grande desportista, comerciante, professor e pioneiro do automobilismo, o mentor da fundação do clube.
Constituiu a primeira diretoria do clube, tendo como Presidente Carlos Machado de Araújo e membros Delfino Meireles e Paulino Lobo Filho.
Nesse período, Luziânia se chamava Santa Luzia. A mudança de nome da cidade de Santa Luzia para Luziânia aconteceu no dia 13 de dezembro de 1945, através da Lei Estadual nº 8.305. No dia 25 de março de 1945, o clube foi reorganizado por Arione Correia de Morais. Para não desagradar os torcedores dos times do eixo Rio-São Paulo, mudou as cores do uniforme (antes azul e branca) do time para vermelha e branca, semelhantes às do América, do Rio de Janeiro, que tinha a simpatia da maioria dos torcedores.

Em reunião realizada no Clube Recreativo e Cultural de Luziânia, no dia 26 de julho de 1959, foi eleita a nova diretoria do Luziânia, tendo como presidente Francisco das Chagas Rocha. O presidente eleito mudou novamente a denominação do clube passando a se chamar Luziânia Esporte Clube e alterando o seu uniforme para as cores preta e branca e o escudo semelhante ao do Santos Futebol Clube. O primeiro estatuto do Luziânia foi publicado no dia 10 de abril de 1960.

Em outra reunião, no Colégio Santa Luzia, no dia 9 de novembro de 1981, a denominação do clube foi alterada novamente, passando a se chamar Luziânia Futebol Clube. Os dirigentes resolveram se aventurar em participar do futebol goiano após a empolgação pelo acesso à primeira divisão em 1992. No entanto, teve fraco desempenho na Primeira Divisão. O time caiu para a Divisão Intermediária e desistiu de participar do campeonato goiano pelas dificuldades financeiras das longas viagens e hospedagens.
O clube passou por um grande declínio. O clube passou a sofrer com os interesses duvidosos dos políticos. Com interesses negativos, criaram pretextos, dividiram a equipe em duas, com a fundação do Fluminense, como se não soubessem que toda divisão é prejudicial, inventaram a tristemente famosa desapropriação da área do Estádio Rochão. Processos surgiram, a desavença se implantou e tudo foi destruído. Por muito tempo usaram e abusaram do clube. Mesmo assim, está viva na lembrança os torcedores apaixonados, fanáticos, pessoas que realmente amavam o seu time e estimulavam tudo que se fazia, não arredavam o pé do Estádio, dispensavam tempo e dinheiro para fazer o clube crescer. Formavam uma grande parcela da população. Uma pessoa deixou seu nome escrito nos anais do futebol de Luziânia: Francisco das Chagas Rocha. Eleito Presidente, quase desconhecido da totalidade da população, resolveu deixar no clube a marca do seu dinamismo, de sua personalidade empreendedora. Já contava com um pequeno grupo de sócios e torcedores dedicados, mas precisava despertar o entusiasmo da cidade toda. Contava com uma equipe razoável, onde despontavam as estrelas da casa, mas precisava reforçar o time, pois pretendia fazê-lo brilhar nas cidades vizinhas, mormente na recém-nascida Brasília. Dispunha de um campo típico interiorano. Medíocre, desconfortável, sem grama, arquibancadas, muros e vestiários. A Câmara Municipal aprovou e a Prefeitura doou a área do campo de futebol ao clube. Desmembrada parte desta área, loteada e vendida, juntando-se ao dinheiro de que já dispunha, conseguiu construir algo que poderia chamar de seu estádio. Era o único clube no Distrito Federal que possuía o seu próprio estádio e não parou aí, dispondo de uma sede respeitável e na época invejada até por Brasília. 
O incansável presidente promoveu o engrandecimento da equipe. Inscreveu o clube na então Federação Desportiva de Brasília, com a permissão da CBD - Confederação Brasileira de Desportos. Contratou jogadores de outros estados e profissionalizou o clube. 
O Luziânia tornou-se conhecido, temido e quase imbatível, pois em 1962 esteve invicto em cinquenta e duas partidas.
Clubes poderosos de Brasília e Goiás, além da seleção profissional de Brasília, estiveram atuando em Luziânia e amargaram derrotas ou tiveram que se desdobrar para vencer. 
O povo vibrava, o povo ia ao estádio, falava com carinho de sua equipe. Comprava ingressos, rifas, bingos, pagavam votos a esta ou aquela candidata à rainha, porque estava ajudando uma equipe de valor. 
No mês de julho de 1965, o Presidente Rocha se afastou.
Em 1995, após a aventura no futebol goiano, com a queda para a Divisão Intermediária e com o acúmulo de dívidas, o Luziânia solicitou autorização a CBF para retornar ao futebol brasiliense. Os desportistas se uniram e perceberam que seria mais viável disputar o campeonato brasiliense. A única exigência da Federação Goiana de Futebol era de que o Luziânia Futebol Clube efetuasse a quitação de todos os débitos perante a entidade.
No dia 20 de janeiro de 1995 o presidente Cecílio Sepúlveda Monteiro, protocolou a nova filiação do clube junto a Federação Metropolitana de Futebol, presidida por Tadeu Roriz.
Ao optar pelo retorno ao futebol brasiliense, o clube voltou à sua denominação de fundação, Associação Atlética Luziânia, adotando um novo distintivo: a igreja do Rosário, numa sugestão do desportista Albino Inácio Soares e voltando a usar as cores originais no uniforme do clube, a azul celeste e a branca.
Durante o período de retorno ao futebol brasiliense, o Luziânia caiu algumas vezes para a segunda divisão, o clube esteve em alguns momentos para deixar de existir, ninguém queria assumir sem apoio. O Luziânia passou por grandes turbulências, contornadas quase sempre pelos dirigentes Albino Inácio e José Egídio, os quais corriam atrás das pessoas para assumir a diretoria, cobrando junto à imprensa posição das autoridades locais. 

O INÉDITO TÍTULO

O técnico Ricardo Antônio trabalhou nas categorias de base de grande clubes brasileiros como Cruzeiro e Atlético Mineiro, Vitória, da Bahia, e Atlético Goianiense, e foi auxiliar de treinadores como Toninho Cerezo e Mauro Fernandes, dentre outros. Em Brasília trabalhou na base do Ceilândia.
O técnico foi o responsável pela montagem do elenco juntamente com o presidente Daniel Vasconcelos, que está no clube desde 2006.
Foram contratados o experiente Lúcio Bala, Max Pardalzinho (ex-Palmeiras, Goiás, Vila Nova e Guarani) e Vaguinho (ex-Portuguesa de Desportos e Ponte Preta). Juntaram-se ao goleiro Edmar Sucuri e aos experientes Zé Ricarte, Rodriguinho, Chefe, Carlão e Perivaldo, os líderes do grupo.
O prefeito Cristóvão Tormin foi um dos responsáveis pela conquista, trabalhando na captação de patrocínios e literalmente vestindo a camisa do time. Acompanhava treinos e jogos.
A torcida acompanhou os jogos sempre com muita dedicação. No jogo de retorno à cidade de Luziânia, quando “invadiu o Mané Garrincha”, aconteceu engarrafamento na BR 040. A carreata teve mais de mil automóveis, com a festa madrugada a dentro, só terminando na chácara do antigo presidente Remi Sorgatto.
A resposta de toda essa empolgação aconteceu nos gramados. Na fase classificatória, o Luziânia teve a melhor campanha entre os 12 participantes (com o mesmo número de pontos ganhos do Brasiliense). Nos onze jogos que disputou, venceu sete, empatou dois e perdeu dois. Marcou 11 gols e sofreu cinco.
Nas quartas-de-final, pasosu pelo Santa Maria, com uma vitória e um empate. Na semifinal, usou do direito de jogar pelo empate por ter a melhor campanha, obtendo dois resultados iguais diante do Sobradinho.
E, na grande final, contra o Brasília, também jogou com o regulamento debaixo do braço, ao vencer a primeira partida por 3 x 2 e perder a segunda por 1 x 0.
A formação do Luziânia nos dois jogos finais foi a seguinte: Edmar Sucuri, Thompson, Carlão, Perivaldo e Rafinha; Lucas (Thiago Eciene), Pixote (Aldo), David (Vaguinho), Rodriguinho e Max Pardalzinho (Danilo); Chefe.
Foi a segunda vez que o Luziânia chegou à final do campeonato brasiliense. A primeira aconteceu em 2012, quando foi superado pelo Ceilândia, que jogava por dois resultados iguais.
Com o título conquistado pelo Luziânia, o meia Rodriguinho passou a ser o segundo jogador a conquistar dez títulos de campeão brasiliense (o outro é o volante Deda). Foram cinco pelo Gama (1997, 1998, 1999, 2000 e 2001), quatro pelo Brasiliense (2006, 2007, 2008 e 2009) e 2014, pelo Luziânia.
Além disso, Rodriguinho foi o principal artilheiro da equipe, com 6 gols marcados. O atacante Chefe foi o vice-artilheiro, com 5 gols.
E o que o futebol de uma pequena cidade do Entorno de Brasília pode esperar após a inédita conquista do título de campeão brasiliense?
Primeiramente, torcer para que, com a conquista do título, o Luziânia deixe de ser apenas um time de futebol e passe a ser um clube. 
Já há a disposição da nova diretoria e do prefeito da cidade para que seja construído um Centro de Treinamento para valorizar as categorias de base e se tornar uma grande força no futebol do Distrito Federal.
Vai ser feito um DVD da conquista do título e já aconteceu a exposição do troféu na Prefeitura.
Vamos torcer para que não fiquem somente as promessas...

Colaboração: José Egídio Lima Pereira. 


Nenhum comentário:

Postar um comentário