terça-feira, 17 de outubro de 2017

FICHA TÉCNICA: Roldão - 2ª parte - No Exterior


A chegada de Roldão ao Vitória de Guimarães, de Portugal, em dezembro de 1985, marcou definitivamente a virada na série de resultados negativos que acompanhava a equipe naquela temporada. Na sua estreia, o Vitória de Guimarães levou a melhor sobre o Penafiel por 1 x 0, em jogo disputado no Estádio Municipal de Guimarães, válido pela 15ª rodada do Campeonato Português.
Daí em diante, a equipe foi melhorando de produção, terminando o campeonato classificada na nona posição.
Ano novo vida nova. Novo treinador e novas aquisições chegam ao Vitória de Guimarães na temporada 1985/86. Antônio Morais é o escolhido para treinador principal, retornando o clube a apostar em treinadores portugueses depois de experiências não tão bem sucedidas com o austríaco Herman Stessl e o belga Raymond Goethals. Chegaram ainda a Guimarães uma série de jogadores com experiência de Primeira Divisão. Roldão permaneceu como titular indiscutível, formando com os ex-jogadores do Porto, Paulinho Cascavel e Costa, o trio de ataque, contribuindo em grande parte para os 25 gols marcados pelo “venenoso” ponta de lança brasileiro na edição do Campeonato Nacional da temporada 1985/86.

Na terceira rodada realizou-se aquele que Roldão considerou como um jogo memorável. O Vitória recebeu e venceu o Benfica por 2 x 1, realizando o extrema brasileiro uma tremenda exibição, elogiada e reconhecida por todos. O Vitória de Guimarães com Roldão como uma das suas principais estrelas fez uma primeira fase fantástica. Além da citada vitória sobre o Benfica, venceu também em Guimarães o Porto e o Sporting, sendo este último marcado por um resultado histórico de 4 x 3.
Já na segunda fase do campeonato o desempenho não foi tão consistente. Todavia, o Vitória de Guimarães terminaria o Campeonato Português no 4º posto.
Seguiu-se a última temporada da primeira passagem de Roldão pelo Vitória de Guimarães e foi aquela que mais marcou a história do clube. Foi a temporada 1986/87, aquela de todos os sonhos e inesquecíveis glórias do Vitória de Guimarães.

Roldão foi titular absoluto no esquema tático do Vitória de Guimarães na temporada 1986/87. O treinador Marinho Peres atribuiu-lhe um papel preponderante na equipe e Roldão não desapontou, pelo contrário, cumpriu a missão com brilhantismo revelando-se um dos esteios da equipe e por isso ainda hoje é recordado com saudade pelos sócios do Vitória. De fato, jogadores com as suas características são cada vez mais raros no futebol moderno e os que existem são valiosíssimos.
Roldão anotou aquele que seria o seu único gol nesse Campeonato Português contra o F. C. Porto, num jogo disputado no Estádio Municipal de Fafe, em virtude da interdição do Municipal de Guimarães, pela 2ª rodada e que terminou empatado em 2 x 2. Esse gol foi revelador de todos os predicados de Roldão: a raça na disputa dos lances, a velocidade e a sua capacidade técnica. Roldão ganhou um lance dividido com um zagueiro do Porto no campo de ataque e, encaminhando-se para o gol adversário, deixou pelo caminho o central brasileiro Celso, fintando-o com o pé esquerdo e, em ato contínuo à saída do goleiro polonês Mlynarczyk, chutou com o pé direito para o fundo das redes.

Já na temporada européia daquele ano, Roldão anotou dois gols importantíssimos para a caminhada da equipe do Vitória de Guimarães na Taça UEFA. O primeiro deles no gol de empate em 1 x 1, alcançado no minuto 76 no Estádio Letna, em Praga, capital da ex-Tchecoslováquia, no dia 17 de setembro de 1986, no jogo da primeira rodada da primeira eliminatória da competição, frente ao Sparta Praga.
O segundo seria conseguido em Guimarães, frente ao Atlético de Madrid, na vitória por 2 x 0 obtida no dia 22 de outubro de 1986. Já no período de descontos Ndinga teve um grande arrancada pelo lado direito do ataque do Vitória e, próximo da entrada da grande área, serviu Roldão, que executou de pé direito um fortíssimo arremate, fazendo a bola entrar no ângulo superior esquerdo da baliza do Atlético de Madrid. Confiram alguns lances desse jogo no link abaixo:


No final da temporada 1986/87, Roldão não renovou o seu vínculo contratual com o Vitória, deixando Guimarães e acabando por assinar contrato com o Nacional, Ilha da Madeira, apesar de se tratar de um clube que militava na 2ª Divisão Nacional Zona Sul. A verdade é que a formação insular apostava fortemente numa subida à 1ª Divisão Nacional na temporada de 1987/88, propondo a Roldão um contrato com excelentes condições financeiras e só assim o convencendo a representar um clube da 2ª Divisão quando era claramente um jogador com qualidade para clubes de dimensão bem superior.
Com Roldão seguiram também para o Nacional aquele que era Auxiliar Técnico no Vitória de Guimarães, Paulo Autuori, que no clube madeirense assumiu o cargo de treinador principal.

O Nacional, fruto de tão arrojada aposta na subida de divisão acabou por conseguir os seus objetivos e ascender ao escalão principal do futebol português classificando-se, todavia, no 2º lugar da Zona Sul do Campeonato Nacional da 2ª Divisão atrás do Estrela da Amadora.
Por outro lado, em Guimarães a temporada 1987/88 não foi nada boa, tendo o clube corrido sérios riscos de rebaixamento. Por esse fato, deu-se uma revolução na composição do plantel vitoriano, sendo um das aquisições do Vitória para a nova temporada o brasileiro Roldão, que retornou assim à cidade que o consagrou no futebol nacional. O treinador escolhido foi o brasileiro Geninho.
Contudo, a chegada de Roldão ao Vitória coincidiu com a entrada do também atacante brasileiro Silvinho. A coabitação na mesma equipe de jogadores com semelhantes características não foi inicialmente fácil. Roldão seria o mais sacrificado ocupando durante toda a temporada várias posições no esquema tático vitoriano, acabando mesmo muitas vezes por ser suplente. Ou então registrava-se um esquema de alternância de utilização com Silvinho. Por exemplo: na disputa da edição da Supertaça Cândido de Oliveira, com o Porto, em que o Vitória conquistou o troféu, Roldão foi o titular no primeiro jogo em Guimarães, sendo substituído por Silvinho no segundo.

Nas competições européias o Vitória caiu na 1ª eliminatória da Recopa, sendo eliminado pelo Roda Kerkrade, da Holanda. No primeiro jogo, disputado na Holanda, aconteceu a derrota do Vitória por 2 x 0. No segundo jogo, disputado em 5 de outubro de 1988, no lotado Estádio Municipal de Guimarães, o Vitoria não conseguiu ir além do 1 x 0. Marcou cedo o Vitória, aos 27 minutos do primeiro tempo, por intermédio de Roldão, num disparo fortíssimo do meio da rua, mas até o final do jogo perdeu inúmeras ocasiões de gol, uma delas a cabeçada de Bené que bateu no poste da meta do Roda a cinco minutos do final da partida.
O Vitória não atingiu às expectativas depositadas na equipe pelos seus dirigentes e associados, terminando classificado apenas no 9º lugar do Campeonato Nacional da 1ª Divisão.
Era evidente que o plantel estava recheado de bons valores, de tal forma que na temporada seguinte o Vitoria realizou pouquíssimas aquisições, uma delas o retorno do treinador brasileiro Paulo Autuori, que assim regressava a Guimarães para assumir o comando técnico da equipe principal.
Na temporada, que seria a última de Roldão no Vitória, a equipa alcançou resultados bem mais condizentes com os anseios do clube. Apesar de ter praticamente o mesmo plantel do ano anterior, o Vitória da temporada 1989/90. No meio de tanta qualidade ainda havia Roldão, que passou a atuar na ponta-esquerda.
O campeonato correu de forma brilhante, a equipe apresentava excelente qualidade futebolística, e os resultados eram coerentes com as exibições produzidas e por via disso no final da temporada o Vitória de Guimarães atingiu o 4º lugar no Campeonato Português e dessa forma alcançado classificação para a Recopa européia.

Completou, assim, Roldão no Vitória de Guimarães o número de cinco temporadas. Do Vitória Roldão seguiu para o F. C. Penafiel, inicialmente treinado por Joaquim Teixeira, que mais tarde, devido aos maus resultados da equipe, veio a ser substituído por Vitor Manuel, terminando na 15ª posição do Campeonato Português da temporada 1990/91, numa competição disputada por 20 clubes.
De Penafiel, Roldão saiu no final dessa temporada rumo ao Moreirense, treinado por Armindo Cunha, que militava na 2ª Divisão B, Zona Norte na temporada 1991/92.
Desencantado por alinhar numa equipe do escalão secundário, Roldão regressou ao Brasil em fevereiro de 1992, com a vida organizada no Brasil.
Hoje em dia Roldão mora em Guarapari, no Espírito Santo, tendo se tornado ministro das Testemunhas de Jeová e um empresário dono de uma panificadora.

Fonte: site português Glórias do Passado




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