A chegada de Roldão ao Vitória de Guimarães, de
Portugal, em dezembro de 1985, marcou definitivamente a virada na série de
resultados negativos que acompanhava a equipe naquela temporada. Na sua
estreia, o Vitória de Guimarães levou a melhor sobre o Penafiel por 1 x 0, em
jogo disputado no Estádio Municipal de Guimarães, válido pela 15ª rodada do
Campeonato Português.
Daí em diante, a equipe foi melhorando de produção,
terminando o campeonato classificada na nona posição.
Ano novo vida nova. Novo treinador e novas aquisições
chegam ao Vitória de Guimarães na temporada 1985/86. Antônio Morais é o
escolhido para treinador principal, retornando o clube a apostar em treinadores
portugueses depois de experiências não tão bem sucedidas com o austríaco Herman
Stessl e o belga Raymond Goethals. Chegaram ainda a Guimarães uma série de
jogadores com experiência de Primeira Divisão. Roldão permaneceu como titular
indiscutível, formando com os ex-jogadores do Porto, Paulinho Cascavel e Costa,
o trio de ataque, contribuindo em grande parte para os 25 gols marcados pelo
“venenoso” ponta de lança brasileiro na edição do Campeonato Nacional da temporada
1985/86.
Na terceira rodada realizou-se aquele que Roldão
considerou como um jogo memorável. O Vitória recebeu e venceu o Benfica por 2 x
1, realizando o extrema brasileiro uma tremenda exibição, elogiada e
reconhecida por todos. O Vitória de Guimarães com Roldão como uma das suas
principais estrelas fez uma primeira fase fantástica. Além da citada vitória
sobre o Benfica, venceu também em Guimarães o Porto e o Sporting, sendo este último
marcado por um resultado histórico de 4 x 3.
Já na segunda fase do campeonato o desempenho não foi
tão consistente. Todavia, o Vitória de Guimarães terminaria o Campeonato Português
no 4º posto.
Seguiu-se a última temporada da primeira passagem de
Roldão pelo Vitória de Guimarães e foi aquela que mais marcou a história do clube.
Foi a temporada 1986/87, aquela de todos os sonhos e inesquecíveis glórias do
Vitória de Guimarães.
Roldão foi titular absoluto no esquema tático do Vitória
de Guimarães na temporada 1986/87. O treinador Marinho Peres atribuiu-lhe um
papel preponderante na equipe e Roldão não desapontou, pelo contrário, cumpriu
a missão com brilhantismo revelando-se um dos esteios da equipe e por isso
ainda hoje é recordado com saudade pelos sócios do Vitória. De fato, jogadores
com as suas características são cada vez mais raros no futebol moderno e os que
existem são valiosíssimos.
Roldão anotou aquele que seria o seu único gol nesse
Campeonato Português contra o F. C. Porto, num jogo disputado no Estádio
Municipal de Fafe, em virtude da interdição do Municipal de Guimarães, pela 2ª rodada
e que terminou empatado em 2 x 2. Esse gol foi revelador de todos os predicados
de Roldão: a raça na disputa dos lances, a velocidade e a sua capacidade
técnica. Roldão ganhou um lance dividido com um zagueiro do Porto no campo de
ataque e, encaminhando-se para o gol adversário, deixou pelo caminho o central
brasileiro Celso, fintando-o com o pé esquerdo e, em ato contínuo à saída do
goleiro polonês Mlynarczyk, chutou com o pé direito para o fundo das redes.
Já na temporada européia daquele ano, Roldão anotou dois
gols importantíssimos para a caminhada da equipe do Vitória de Guimarães na
Taça UEFA. O primeiro deles no gol de empate em 1 x 1, alcançado no minuto 76
no Estádio Letna, em Praga, capital da ex-Tchecoslováquia, no dia 17 de setembro
de 1986, no jogo da primeira rodada da primeira eliminatória da competição,
frente ao Sparta Praga.
O segundo seria conseguido em Guimarães, frente ao
Atlético de Madrid, na vitória por 2 x 0 obtida no dia 22 de outubro de 1986.
Já no período de descontos Ndinga teve um grande arrancada pelo lado direito do
ataque do Vitória e, próximo da entrada da grande área, serviu Roldão, que executou
de pé direito um fortíssimo arremate, fazendo a bola entrar no ângulo superior
esquerdo da baliza do Atlético de Madrid. Confiram alguns lances desse jogo no
link abaixo:
No final da temporada 1986/87, Roldão não renovou o
seu vínculo contratual com o Vitória, deixando Guimarães e acabando por assinar
contrato com o Nacional, Ilha da Madeira, apesar de se tratar de um clube que militava
na 2ª Divisão Nacional Zona Sul. A verdade é que a formação insular apostava
fortemente numa subida à 1ª Divisão Nacional na temporada de 1987/88, propondo
a Roldão um contrato com excelentes condições financeiras e só assim o
convencendo a representar um clube da 2ª Divisão quando era claramente um
jogador com qualidade para clubes de dimensão bem superior.
Com Roldão seguiram também para o Nacional aquele que
era Auxiliar Técnico no Vitória de Guimarães, Paulo Autuori, que no clube
madeirense assumiu o cargo de treinador principal.
O Nacional, fruto de tão arrojada aposta na subida de
divisão acabou por conseguir os seus objetivos e ascender ao escalão principal
do futebol português classificando-se, todavia, no 2º lugar da Zona Sul do
Campeonato Nacional da 2ª Divisão atrás do Estrela da Amadora.
Por outro lado, em Guimarães a temporada 1987/88 não
foi nada boa, tendo o clube corrido sérios riscos de rebaixamento. Por esse fato,
deu-se uma revolução na composição do plantel vitoriano, sendo um das
aquisições do Vitória para a nova temporada o brasileiro Roldão, que retornou
assim à cidade que o consagrou no futebol nacional. O treinador escolhido foi o
brasileiro Geninho.
Contudo, a chegada de Roldão ao Vitória coincidiu com
a entrada do também atacante brasileiro Silvinho. A coabitação na mesma equipe
de jogadores com semelhantes características não foi inicialmente fácil. Roldão
seria o mais sacrificado ocupando durante toda a temporada várias posições no
esquema tático vitoriano, acabando mesmo muitas vezes por ser suplente. Ou
então registrava-se um esquema de alternância de utilização com Silvinho. Por
exemplo: na disputa da edição da Supertaça Cândido de Oliveira, com o Porto, em
que o Vitória conquistou o troféu, Roldão foi o titular no primeiro jogo em
Guimarães, sendo substituído por Silvinho no segundo.
Nas competições européias o Vitória caiu na 1ª
eliminatória da Recopa, sendo eliminado pelo Roda Kerkrade, da Holanda. No
primeiro jogo, disputado na Holanda, aconteceu a derrota do Vitória por 2 x 0.
No segundo jogo, disputado em 5 de outubro de 1988, no lotado Estádio Municipal
de Guimarães, o Vitoria não conseguiu ir além do 1 x 0. Marcou cedo o Vitória,
aos 27 minutos do primeiro tempo, por intermédio de Roldão, num disparo
fortíssimo do meio da rua, mas até o final do jogo perdeu inúmeras ocasiões de
gol, uma delas a cabeçada de Bené que bateu no poste da meta do Roda a cinco
minutos do final da partida.
O Vitória não atingiu às expectativas depositadas na
equipe pelos seus dirigentes e associados, terminando classificado apenas no 9º
lugar do Campeonato Nacional da 1ª Divisão.
Era evidente que o plantel estava recheado de bons
valores, de tal forma que na temporada seguinte o Vitoria realizou pouquíssimas
aquisições, uma delas o retorno do treinador brasileiro Paulo Autuori, que
assim regressava a Guimarães para assumir o comando técnico da equipe principal.
Na temporada, que seria a última de Roldão no Vitória,
a equipa alcançou resultados bem mais condizentes com os anseios do clube.
Apesar de ter praticamente o mesmo plantel do ano anterior, o Vitória da
temporada 1989/90. No meio de tanta qualidade ainda havia Roldão, que passou a
atuar na ponta-esquerda.
O campeonato correu de forma brilhante, a equipe
apresentava excelente qualidade futebolística, e os resultados eram coerentes
com as exibições produzidas e por via disso no final da temporada o Vitória de
Guimarães atingiu o 4º lugar no Campeonato Português e dessa forma alcançado classificação
para a Recopa européia.
Completou, assim, Roldão no Vitória de Guimarães o
número de cinco temporadas. Do Vitória Roldão seguiu para o F. C. Penafiel,
inicialmente treinado por Joaquim Teixeira, que mais tarde, devido aos maus
resultados da equipe, veio a ser substituído por Vitor Manuel, terminando na
15ª posição do Campeonato Português da temporada 1990/91, numa competição
disputada por 20 clubes.
De Penafiel, Roldão saiu no final dessa temporada rumo
ao Moreirense, treinado por Armindo Cunha, que militava na 2ª Divisão B, Zona
Norte na temporada 1991/92.
Desencantado por alinhar numa equipe do escalão
secundário, Roldão regressou ao Brasil em fevereiro de 1992, com a vida
organizada no Brasil.
Hoje em dia Roldão mora em Guarapari, no Espírito
Santo, tendo se tornado ministro das Testemunhas de Jeová e um empresário dono
de uma panificadora.
Fonte: site português Glórias do Passado
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