quinta-feira, 16 de março de 2023

FICHA TÉCNICA: Raimundinho


Raimundo Ceciliano Guimarães, o Raimundinho, nasceu no bairro de Irajá, Rio de Janeiro (RJ), em 16 de março de 1952.
Raimundinho foi descoberto nas peladas do bairro vizinho, Vista Alegre, Zona Norte do Rio de Janeiro, quando tinha 16 anos, por um repórter chamado Max. Passou depois pelo Novo Lar, time de Irajá, e mais tarde, jogou nos infanto-juvenis do Madureira, transferindo-se para o Flamengo, em 1969.
Na Gávea, Raimundinho impressionou a Modesto Bria e Joubert logo no primeiro treino, e, após sua legalização na Federação Carioca de Futebol, firmou-se como titular dos juvenis.
O Flamengo tinha um bom time na época, tanto que chegou à decisão do título em 1970 e 1971, perdendo as partidas decisivas e ficando com o vice-campeonato. Raimundinho formava o meio-campo com Chiquinho II (o I era o zagueiro com o mesmo apelido). Desse time, muitos tiveram oportunidades no time de cima, tais como o goleiro Amauri (que foi para o Goiás), Jaime, Aloísio, Rodrigues Neto, Zanata, Michila, Ferreira e outros.
No treino realizado no dia 19 de janeiro de 1971, Raimundinho começou no time reserva e substituiu Liminha entre os titulares. Um dos jogadores do time do Flamengo era o saudoso Mário Sérgio.
No treino seguinte, em 22 de janeiro, marcou o gol dos reservas no treino do Flamengo, na vitória dos titulares por 2 x 1. Os reservas atuaram com Ubirajara, Vander, Luís Carlos, Fred e Tinteiro; Chiquinho e Raimundinho; Vicente, Michila, Adãozinho e Balula.
Não demorou para alguns começarem a apontar Raimundinho como um novo Gerson, o Canhotinha de Ouro.
Foi aí que, no início de 1972, Válter Miraglia (ex-jogador e no momento técnico dos juvenis do Flamengo) o indicou para o Fluminense, de Feira de Santana (BA). Miraglia foi o comandante da equipe na campanha vitoriosa no campeonato baiano de 1969, quando o Fluminense chegou ao título de campeão. Com ele também seguiram outros três jogadores do Flamengo.
O Fluminense ficou em quinto lugar entre 13 clubes na classificação geral, mas Raimundinho foi apontado pela crônica baiana como o melhor jogador da posição (meio-campo), no Estado, formando na “Seleção do Ano de 1972” ao lado de Baiaco, do Bahia.
Logo depois, Raimundinho disputaria o Campeonato Brasileiro da Série B pelo Fluminense, que ficou em quinto (penúltimo lugar) no Grupo D e não conseguiu classificação para a segunda fase da competição.

Iniciou o ano de 1973 disputando o campeonato baiano pelo Fluminense e depois se transferiu para o CRB, de Maceió (AL), onde chegou para ser um dos reforços do clube no campeonato alagoano, estreando no dia 3 de junho de 1973, marcando o gol do jogo CRB 1 x 0 Penedense, em Penedo.
Na partida decisiva em que o CRB derrotou o CSA por 2 x 1, Raimundinho teve atuação de destaque. O CRB sagrou-se campeão alagoano formando com Vermelho, Ademir, Ronaldo Brito, Tadeu e Altair; Roberto Menezes e Mário (Orlandinho); Mano, Reinaldo, Raimundinho e Silva.
Veio, então, o Campeonato Brasileiro da Série A. Enquanto o técnico era Martim Francisco, Raimundinho foi titular, formando o meio-campo com Roberto Menezes. Depois que assumiu Wilton Santos e ele também torceu o joelho, ficou quase um mês parado e perdeu a posição de titular. Mesmo assim, ainda jogou seis partidas na Fase de Classificação do Campeonato Brasileiro, uma delas contra o Ceub (vitória de 2 x 1), no Pelezão, em Brasília (DF), no dia 15 de setembro de 1973, por coincidência sua última participação pelo clube.
Depois que terminou o empréstimo de Raimundinho com o CRB ele retornou ao Fluminense, de Feira de Santana, dono de seu passe. Não demorou para passar a defender o Ypiranga, de Salvador (BA), onde fez sua estreia no dia 4 de agosto de 1974, no empate em 0 x 0 com o Itabuna, jogo válido pelo campeonato baiano desse ano, competição em que o Ypiranga terminou na quinta colocação.
Registro: Na edição de 21 de janeiro de 1975, do Jornal dos Sports, na coluna “Bola Social”, há uma entrevista com o então jogador do Flamengo, Wanderlei Luxemburgo da Silva. Entre outras questões levantadas, o jornal quer saber o nome de um grande jogador. A resposta de Wanderlei: “Raimundinho, ex-rubro-negro, agora no Ypiranga, da Bahia, meio-campo”.
Na primeira rodada do Campeonato Baiano de 1975, no dia 2 de março, Fluminense e Ypiranga empataram em 0 x 0. Raimundinho foi expulso e o jogo foi encerrado aos 39 minutos do 2º tempo devido a uma briga envolvendo quase todos os jogadores.
O Ypiranga não conseguiu classificação para nenhuma das duas fases finais de turno e, no geral, ficou com a oitava colocação entre os dez clubes disputantes.

Depois que o campeonato baiano foi encerrado, Raimundinho foi cedido ao Bahia, para o Campeonato Brasileiro da Série A de 1975.
Seu primeiro jogo pelo Bahia foi em 10 de setembro de 1975, em Aracaju (SE), no empate em 1 x 1 entre Sergipe e Bahia, substituindo o ídolo Fito. Não conseguiu tornar-se titular na equipe, que ficou em oitavo lugar no Grupo D e de fora da Segunda Fase da competição. Nos grupos da repescagem, o Bahia ficou em segundo lugar no Grupo 6 e fora da Terceira Fase.
Sua última partida pelo Bahia, aconteceu em 29 de outubro de 1975: Desportiva 0 x 0 Bahia, em Vitória (ES). O Bahia formou com Luís Antônio, Ubaldo, Sapatão, Rodolfo e Romero; Baiaco e Raimundinho; Jorge Campos (Perivaldo), Douglas (Miguel), Piolho e Caldeira.
Antes de terminar o ano de 1975, mais precisamente, no início do mês de novembro, Raimundinho transferiu-se para o ABC, de Natal (RN). Com 23 anos, teve seu passe adquirido junto ao Bahia por Cr$ 70 mil, pagos à vista.
No ABC, conquistou a Taça Cidade de Natal, onde estreou no dia 18 de janeiro de 1976, com derrota de 1 x 0 diante do Riachuelo, sendo substituído pelo veterano Danilo Menezes, com quem teria que disputar a vaga de titular no meio de campo do ABC.
Também se sagraria campeão potiguar em 1976, mesmo ficando mais vezes no banco de reservas. O ABC formou mais vezes com a seguinte constituição: Hélio, Fidélis (Orlando), Pedro Pradera, Vágner e Vuca; Draílton e Danilo Menezes (Raimundinho); Noé Silva, Reinaldo (Joel), Zé Carlos Olímpico e Macunaíma.

Pelo ABC ainda disputou a Taça Cidade de Natal de 1977 (vencida pelo América) e depois se transferiu para o Botafogo, de João Pessoa (PB), onde se consagraria campeão paraibano no dia 12 de outubro de 1977, no Almeidão, após a vitória do Botafogo sobre o Santos por 6 x 0. Nesse jogo o Botafogo formou com Salvino, Vinícius (Mendes), João Carlos, Cidão e Fantick; Nelson e Raimundinho; Zé Carlos Paulista, Libânio (Adilson), Jorge Demolidor e Dadá.
No começo de 1978 disputou o Torneio Incentivo “Raiff Ramalho” pelo Botafogo e depois se transferiu para o Campinense, onde estreou em jogo válido pelo Campeonato Brasileiro da Série A de 1978 no dia 29 de março, no empate com o América-RN em 1 x 1.
Depois do Campinense, jogou no Confiança, de Aracaju (SE) e voltou ao futebol carioca, onde defendeu os dois clubes de Campos: Goytacaz em 1979 e Americano em 1980.
Chegou ao Taguatinga em 1981 e ficou até 1984, com pequenas passagens pelo Grêmio Maringá em 1982, Campo Grande - RJ em 1983, Guará - DF em 1984, Atlético Goianiense em 1984/1985 e encerrou sua carreira no Fernandópolis, da segunda divisão de São Paulo, em 1985.

PASSAGEM PELO FUTEBOL BRASILIENSE


Raimundinho desembarcou em Brasília no mês de abril de 1981. Poucos dias depois, em 19 de abril de 1981, fez sua estreia pelo Taguatinga, atuando de ponta-esquerda no amistoso contra o Atlético Mineiro, no Serejão (0 x 0). Formou o Taguatinga com Jonas, Marco Antônio, Décio, Emerson e Odair; João Carlos, Péricles e Marquinhos; Paulo Hermes, Serginho e Raimundinho. Técnico: Bugue.
No campeonato brasiliense, estreou no dia 7 de junho de 1981, no Bezerrão, no empate em 2 x 2 entre Gama e Taguatinga. Mesmo sendo expulso no jogo que decidiu o campeonato brasiliense, no Serejão, em 15 de novembro de 1981, na vitória de 1 x 0 sobre o Guará, Raimundinho colaborou de forma decisiva com a conquista do título: foram 23 jogos e 3 gols. Na decisão, o Taguatinga formou com Augusto, Warlan, Décio, Emerson e Edson; Boni, Péricles e Raimundinho; Peba, Caiaba e Serginho. Técnico: Antônio Humberto Nobre (Canhoto).

No final do ano, fez parte da seleção dos melhores de 1981 no futebol brasiliense, conforme análise da equipe de esportes do Jornal de Brasília.
A partir de 20 de janeiro de 1982, Raimundinho disputou nove jogos pelo Campeonato Brasileiro desse ano, marcando dois gols, um deles, justamente contra o Grêmio Maringá, do Paraná, para onde se transferiu após disputar apenas três jogos pelo Campeonato Brasiliense de 1982. No clube paranaense jogou ao lado de Roldão, que havia se destacado no futebol brasiliense anteriormente. O Grêmio Maringá ficou na quinta colocação no final, entre doze equipes.
Retornou ao Taguatinga em 1983. Disputou 41 dos 52 jogos pelo campeonato brasiliense e marcou onze gols, ficando na quinta posição entre os artilheiros da competição. O Taguatinga ficou com a terceira colocação, após um triangular final com Brasília e Guará.
No dia 23 de julho de 1983, Raimundinho participou do amistoso realizado em benefício das vítimas das enchentes que assolaram o sul do Brasil. Substituindo Santos, no segundo tempo, pôde ajudar a Seleção do DF a vencer, no Serejão, a Seleção de Santa Catarina, por 3 x 2. Detalhe: a Seleção do DF contou com os reforços de Zico e Rivelino.

Melhores de 1983
Foi um ano tão bom para Raimundinho que, em outubro de 1983, quando a editoria de esportes do Jornal de Brasília escolheu os melhores do campeonato brasiliense desse ano, Raimundinho foi um dos três jogadores que tiveram unanimidade na votação por posição (os outros foram o goleiro Joaldo, do Sobradinho, e o zagueiro Zinha, do Gama).
Seu último jogo pelo Taguatinga foi em 27 de novembro de 1983, no Pelezão, no empate em 1 x 1 com o Brasília. Nesse dia, o Taguatinga formou com Adriano, Pacheco, Rubão, Décio e Cuca (Paulo Araújo); Boni, Péricles e Raimundinho (Jânio); Vilmar, Zecão e Luís Carlos. Técnico: Jorge Medina.
Em 1984, foi para o Guará, onde chegou conquistando o título de campeão invicto do II Torneio Centro-Oeste, competição que reuniu a partir de 14 de abril, clubes do DF e de Goiás.

Na final, no dia 29 de abril de 1984, no estádio Mané Garrincha, contra o Brasília, 0 x 0 no tempo normal de jogo e na prorrogação. Nos pênaltis, vitória do Guará por 4 x 2. Raimundinho foi um dos jogadores a converter para o Guará, que formou assim na decisão: Toinho (Augusto), Índio, Luís Fernando, Carlinhos e Geraldo Galvão; Barão, Raimundinho e Serginho (Zé Maurício); Almir, Cilinho (Nilton) e Bilau (Ciso). Técnico: Ivan Gradim.
Segundo a Comissão Técnica do Guará, o principal destaque do time no torneio foi Raimundinho, que, além de assinalar gols importantes, se revelou um verdadeiro “maestro” do time. Antes mesmo de acabar essa competição, Raimundinho comunicou ao clube ter recebido propostas do Atlético Goianiense e também da Anapolina.

Não demorou para deixar o clube. Pelo campeonato brasiliense, estreou no dia 12 de maio de 1984, no CAVE, marcando um dos gols da vitória de 3 x 0 sobre o Vasco da Gama.
Foram apenas dois gols e cinco jogos envergando a camisa do Guará, o último deles em 16 de junho de 1984, no CAVE, com derrota de 3 x 0 para o Sobradinho. Logo depois, a partir de julho, passaria a disputar o campeonato goiano pelo Atlético Goianiense, que tinha, entre outros, o goleiro Déo e o técnico Bugue. O Atlético chegaria na quarta colocação no final.

HOJE

Hoje, Raimundinho reside no Rio de Janeiro. Depois que parou com o futebol profissional, Raimundinho manteve como único vínculo com o esporte, as peladas descompromissadas promovidas pelos amigos de profissão, além dos telefonemas e encontros para bate-papo. Sua fonte de renda passou a ser uma peixaria na Pavuna.
Nunca teve pretensões de voltar a jogar ou se dedicar a algo ligado ao esporte. Por repetidas vezes, Raimundinho fez questão de afirmar que a maior decepção em sua vida profissional foi o sentimento de falsidade e a discriminação que presenciou neste meio.
Admitia que futebol é questão de muita sorte. É contra a fabricação de esportistas pelas escolinhas de futebol, que criam superatletas, com mais força do que técnica. Acha que antes, futebol era arte, só jogava quem realmente sabia.
Depois que largou o futebol, pôde se dedicar mais à família. Toda sua vida profissional, jogos, cerimônias, entrega de prêmios, jogadas, tudo está registrado em fotos e recortes de jornais dentro de um armário.