A partir de hoje e nos próximos quatro dias, a cidade satélite homenageada pelo
blog será Ceilândia, pois ela está comemorando 44 anos de existência neste dia
27 de março.
Nessa primeira parte, contaremos um pouco da história da Ceilândia. Na segunda
e terceira passaremos a mostrar o futebol profissional da cidade, ao falar da
história dos dois clubes desta categoria: Ceilândia e Ceilandense. O Estádio
Abadião e as categorias de base serão os temas da quarta parte. Já a quinta será
dedicada ao futebol amador da Ceilândia, considerado um dos mais fortes do
Distrito Federal.
Queremos deixar registrado que tudo isso que passaremos a falar foi conseguido
através de pesquisas em jornais e em blogs/sites especializados e também
contando com a colaboração de alguns abnegados, que se preocuparam em salvaguardar
uma parte da memória do futebol ceilandense.
Caso o leitor tenha como tornar essa pesquisa ainda mais completa, preenchendo
as lacunas aqui existentes, favor encaminhar para nosso blog, para que, numa
outra oportunidade, possamos contar uma história ainda mais rica e completa.
A CIDADE
Com a criação de Brasília, em 1960, houve um grande
fluxo migratório para a nova capital. Paralelamente, desenvolviam-se pequenos,
mas inúmeros, focos de “invasões”, na maioria das vezes em torno dos canteiros
de obra, ali permanecendo após a conclusão das mesmas.
Em 1969, com apenas nove anos de fundação, Brasília já tinha 79.128 favelados,
que moravam em 14. 607 barracos, para uma população de aproximadamente 500 mil
habitantes em todo o Distrito Federal. Naquele ano, foi realizado em Brasília
um seminário sobre problemas sociais no Distrito Federal. O favelamento foi o
que mais trouxe preocupações. Reconhecendo a gravidade do problema e suas
consequências, o governador Hélio Prates da Silveira solicitou a erradicação
das favelas à Secretaria de Serviços Sociais, comandada por Otomar Lopes
Cardoso. No mesmo ano foi criado um grupo de trabalho que mais tarde se
transformou em Comissão de Erradicação de Favelas.
Foi criada, então, a Campanha de Erradicação das Invasões - CEI, presidida pela
primeira-dama Vera de Almeida Silveira. Em 1971, já estavam demarcados 17.619
lotes, de 10 x 25 metros, numa área de 20 quilômetros quadrados ao norte de
Taguatinga, nas antigas terras da Fazenda Guariroba, de Luziânia (GO), que foi
desapropriada pelo Estado de Goiás, transferida à União, sendo cedida ao
Governo do Distrito Federal para a implantação da nova cidade. Essa área foi
depois ampliada para 231,96 quilômetros quadrados pelo Decreto n.º 2.842, de 10
de agosto de 1988 -, para a transferência dos moradores da invasão do IAPI, das
vilas Tenório, Esperança, Bernardo Sayão e Colombo, dos morros do Querosene e
do Urubu, Curral das Éguas e Placa das Mercedes, invasões com mais de 15 mil
barracos e mais de 80 mil moradores. A Novacap fez a demarcação em 97 dias, com
início em 15 de outubro de 1970.
Em 27 de março de 1971, o governador Hélio Prates lançou a pedra fundamental da
nova cidade, no local onde está hoje a Caixa D’Água. Teve início também o
processo de assentamento das vinte primeiras famílias da invasão do IAPI. O
Secretário Otomar Lopes Cardoso deu à nova localidade o nome de Ceilândia,
inspirado na sigla CEI e no sufixo inglês “landia”, que significa cidade.
Em nove meses, a transferência das famílias estava concluída, com as ruas
abertas em torno do projeto urbanístico de autoria do arquiteto Ney Gabriel de
Souza – dois eixos cruzados em ângulo de 90 graus, formando a figura de um
barril. Nos primeiros tempos foi um drama. A população carecia de água, de
iluminação pública, de transporte coletivo, e lutava contra a poeira, a lama e
as enxurradas.
Em 1972, entra em cena uma jovem formanda em Serviço Social pela Universidade
de Brasília, Maria de Lourdes Abadia Bastos, convidada para trabalhar com a
assistente social Julimar Mata Machado. Maria de Lourdes Abadia começou então a
trabalhar no Centro de Desenvolvimento Social – CDS, responsável pela
integração social dos moradores do novo núcleo habitacional. Logo foi convidada
pelo Governador Hélio Prates da Silveira para assumir a Administração de
Ceilândia. Abadia continuou na Administração, nos Governos seguintes, tendo
sido, portanto, a responsável pelas bases da Ceilândia moderna.
Em 27 de junho de 1975, o Decreto nº 2.842 definia a área dos setores “M” e “N”
de Taguatinga; posteriormente, foram sendo criados os outros setores. Dois dias
depois, o Decreto nº 2.943 criava a Administração de Ceilândia, vinculada a
Administração Regional de Taguatinga.
Com o crescimento da população e a imensa gama de problemas que surgem
naturalmente quando da criação de uma cidade, tornou-se necessária a criação de
uma administração própria. Na década de 80, aconteceram os primeiros movimentos
pela emancipação administrativa, intensificados a partir de 1985. No dia 3 de
junho de 1986, o então Governador José Aparecido de Oliveira, assinava a
mensagem nº 10/86, submetendo ao Presidente da República o anteprojeto de Lei
propondo a criação de novas regiões administrativas, entre elas a de Ceilândia
(RA IX), o que só iria acontecer em 25 de outubro de 1989, com a assinatura do
Decreto nº 11.921/89, pelo Governador do Distrito Federal.
No mesmo ano é criada a Administração Regional de Ceilândia, através da Lei nº
049/89, que está subordinada à Secretaria de Estado de Coordenação das
Administrações Regionais - SUCAR.
O aniversário de Ceilândia é comemorado no dia 27 de março. Por força do
Decreto nº 10.348/87, de 28 de abril de 1987, ficou estabelecida oficialmente
como data de fundação de Ceilândia o dia 27 de março de 1971.
Ceilândia tem hoje a maior população do Distrito Federal, com cerca de 16% da
população do Distrito Federal. Nos dados divulgados em 2013 pela Codeplan, na Pesquisa
Distrital por Amostra de Domicílios - PDAD, sua população foi estimada em
442.865 habitantes, registrando taxa média de crescimento de 4,7%, praticamente
o dobro da taxa para o Distrito Federal.
Nenhum comentário:
Postar um comentário