sexta-feira, 27 de março de 2015

O FUTEBOL NAS CIDADES SATÉLITES - 2º CAPÍTULO - Ceilândia - 1ª parte: A cidade


A partir de hoje e nos próximos quatro dias, a cidade satélite homenageada pelo blog será Ceilândia, pois ela está comemorando 44 anos de existência neste dia 27 de março.
Nessa primeira parte, contaremos um pouco da história da Ceilândia. Na segunda e terceira passaremos a mostrar o futebol profissional da cidade, ao falar da história dos dois clubes desta categoria: Ceilândia e Ceilandense. O Estádio Abadião e as categorias de base serão os temas da quarta parte. Já a quinta será dedicada ao futebol amador da Ceilândia, considerado um dos mais fortes do Distrito Federal.
Queremos deixar registrado que tudo isso que passaremos a falar foi conseguido através de pesquisas em jornais e em blogs/sites especializados e também contando com a colaboração de alguns abnegados, que se preocuparam em salvaguardar uma parte da memória do futebol ceilandense.
Caso o leitor tenha como tornar essa pesquisa ainda mais completa, preenchendo as lacunas aqui existentes, favor encaminhar para nosso blog, para que, numa outra oportunidade, possamos contar uma história ainda mais rica e completa.



A CIDADE

Com a criação de Brasília, em 1960, houve um grande fluxo migratório para a nova capital. Paralelamente, desenvolviam-se pequenos, mas inúmeros, focos de “invasões”, na maioria das vezes em torno dos canteiros de obra, ali permanecendo após a conclusão das mesmas.

Em 1969, com apenas nove anos de fundação, Brasília já tinha 79.128 favelados, que moravam em 14. 607 barracos, para uma população de aproximadamente 500 mil habitantes em todo o Distrito Federal. Naquele ano, foi realizado em Brasília um seminário sobre problemas sociais no Distrito Federal. O favelamento foi o que mais trouxe preocupações. Reconhecendo a gravidade do problema e suas consequências, o governador Hélio Prates da Silveira solicitou a erradicação das favelas à Secretaria de Serviços Sociais, comandada por Otomar Lopes Cardoso. No mesmo ano foi criado um grupo de trabalho que mais tarde se transformou em Comissão de Erradicação de Favelas.
Foi criada, então, a Campanha de Erradicação das Invasões - CEI, presidida pela primeira-dama Vera de Almeida Silveira. Em 1971, já estavam demarcados 17.619 lotes, de 10 x 25 metros, numa área de 20 quilômetros quadrados ao norte de Taguatinga, nas antigas terras da Fazenda Guariroba, de Luziânia (GO), que foi desapropriada pelo Estado de Goiás, transferida à União, sendo cedida ao Governo do Distrito Federal para a implantação da nova cidade. Essa área foi depois ampliada para 231,96 quilômetros quadrados pelo Decreto n.º 2.842, de 10 de agosto de 1988 -, para a transferência dos moradores da invasão do IAPI, das vilas Tenório, Esperança, Bernardo Sayão e Colombo, dos morros do Querosene e do Urubu, Curral das Éguas e Placa das Mercedes, invasões com mais de 15 mil barracos e mais de 80 mil moradores. A Novacap fez a demarcação em 97 dias, com início em 15 de outubro de 1970.
Em 27 de março de 1971, o governador Hélio Prates lançou a pedra fundamental da nova cidade, no local onde está hoje a Caixa D’Água. Teve início também o processo de assentamento das vinte primeiras famílias da invasão do IAPI. O Secretário Otomar Lopes Cardoso deu à nova localidade o nome de Ceilândia, inspirado na sigla CEI e no sufixo inglês “landia”, que significa cidade.
Em nove meses, a transferência das famílias estava concluída, com as ruas abertas em torno do projeto urbanístico de autoria do arquiteto Ney Gabriel de Souza – dois eixos cruzados em ângulo de 90 graus, formando a figura de um barril. Nos primeiros tempos foi um drama. A população carecia de água, de iluminação pública, de transporte coletivo, e lutava contra a poeira, a lama e as enxurradas.
Em 1972, entra em cena uma jovem formanda em Serviço Social pela Universidade de Brasília, Maria de Lourdes Abadia Bastos, convidada para trabalhar com a assistente social Julimar Mata Machado. Maria de Lourdes Abadia começou então a trabalhar no Centro de Desenvolvimento Social – CDS, responsável pela integração social dos moradores do novo núcleo habitacional. Logo foi convidada pelo Governador Hélio Prates da Silveira para assumir a Administração de Ceilândia. Abadia continuou na Administração, nos Governos seguintes, tendo sido, portanto, a responsável pelas bases da Ceilândia moderna.
Em 27 de junho de 1975, o Decreto nº 2.842 definia a área dos setores “M” e “N” de Taguatinga; posteriormente, foram sendo criados os outros setores. Dois dias depois, o Decreto nº 2.943 criava a Administração de Ceilândia, vinculada a Administração Regional de Taguatinga. 
Com o crescimento da população e a imensa gama de problemas que surgem naturalmente quando da criação de uma cidade, tornou-se necessária a criação de uma administração própria. Na década de 80, aconteceram os primeiros movimentos pela emancipação administrativa, intensificados a partir de 1985. No dia 3 de junho de 1986, o então Governador José Aparecido de Oliveira, assinava a mensagem nº 10/86, submetendo ao Presidente da República o anteprojeto de Lei propondo a criação de novas regiões administrativas, entre elas a de Ceilândia (RA IX), o que só iria acontecer em 25 de outubro de 1989, com a assinatura do Decreto nº 11.921/89, pelo Governador do Distrito Federal.
No mesmo ano é criada a Administração Regional de Ceilândia, através da Lei nº 049/89, que está subordinada à Secretaria de Estado de Coordenação das Administrações Regionais - SUCAR.
O aniversário de Ceilândia é comemorado no dia 27 de março. Por força do Decreto nº 10.348/87, de 28 de abril de 1987, ficou estabelecida oficialmente como data de fundação de Ceilândia o dia 27 de março de 1971.
Ceilândia tem hoje a maior população do Distrito Federal, com cerca de 16% da população do Distrito Federal. Nos dados divulgados em 2013 pela Codeplan, na Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios - PDAD, sua população foi estimada em 442.865 habitantes, registrando taxa média de crescimento de 4,7%, praticamente o dobro da taxa para o Distrito Federal.


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