Passada a Copa do Mundo de 1962, a Confederação Brasileira de Desportos - CBD
voltou a realizar o Campeonato Brasileiro de Seleções, competição que havia
sido promovida pela última vez em 1959.
Recebido o convite, a Federação Desportiva de Brasília - FDB, através do seu
Presidente, Ademar Gomes Moreira, e seu Diretor de Futebol, Aliatar Pinto de
Andrade, passaram a estudar os prós e os contras da participação da Seleção de
Brasília nessa competição.
Debateram entre eles o assunto e mantiveram entendimentos com os diversos
clubes filiados a respeito da possibilidade de Brasília se fazer representar no
Campeonato Brasileiro.
Concluíram que não seria de bom alvitre a participação de Brasília, em virtude,
principalmente, de Estados situados numa região onde se praticava um futebol
ainda inexpressivo e, consequentemente, sem possibilidades de favorecer financeiramente
a FDB. Justificaram que Brasília teria, por exemplo, que começar jogando contra
Mato Grosso e, se conseguisse a classificação, jogaria com Goiás. Eram dois
Estados onde o futebol não havia se desenvolvido muito e, como Brasília também,
estavam em formação, claramente os resultados financeiros não seriam nada
proveitosos.
Logo depois, no dia 26 de outubro de 1962, aconteceu outra assembleia, onde a
FDB esclareceu que, de acordo com determinação da CBD, era obrigatória a
participação de suas filiadas no Campeonato Brasileiro. Os debates em torno do
assunto foram acalorados, com opiniões diversas, mas devido à obrigatoriedade
de participação, ficou decidido que Brasília estaria presente nessa competição
nacional.
Imediatamente foram discutidos os problemas decorrentes da presença da Seleção
de Brasília no campeonato.
O assunto inicial foi a verba para essa participação, tendo o Diretor de
Futebol apontado para 200 mil cruzeiros as despesas iniciais, montante que a
entidade não possuía. Num belo gesto, os clubes se cotizaram e iniciaram a
campanha para cobrir as despesas. Foi em seguida nomeada uma Comissão para
tratar do assunto, integrada por Carlindo Cruz e Rui Rossas do Nascimento.
Também nessa assembleia, Aliatar de Andrade convocou o técnico Didi de Carvalho
para dirigir a seleção brasiliense e esboçou uma possível lista dos convocados.
Em boletim extra publicado na manhã do dia 27 de outubro de 1962, a FDB deu a
conhecer a seguinte lista de convocados para a composição de seu selecionado:
GOLEIROS: Gonçalinho (Presidência), Matil (Defelê), Walmir (Defelê) e Marcos (Rabello);
ZAGUEIROS: Aderbal (Guará), Edilson Braga (Cruzeiro), Enes (Rabello) e João (Nacional);
MÉDIOS: Bimba (Rabello), Sir Peres (Guará) e Matarazzo (Defelê);
ATACANTES: Arnaldo (Rabello), João Dutra (Rabello), Ely (Defelê), Alaor Capella
(Rabello), Cid (Colombo), Tião I (Colombo), Tião II (Colombo), Zezito
(Guará), Zezito (Nacional) e Ramiro (Defelê).
A Comissão Técnica era formada por Aliatar Pinto de Andrade, Waldyr de Carvalho
e Paulo Linhares (presidente do Rabello). O preparador físico foi Walter
Machado da Costa e o massagista Leonardo Ferreira.
Logo após a convocação começaram a surgir os primeiros desentendimentos, o
maior deles o local para o primeiro jogo entre as seleções de Brasília e do
Mato Grosso.
A principal praça de esportes do DF pertencia ao Grêmio Brasiliense, que negou
a sua cessão, numa represália por não ter sido convocado nenhum jogador do seu
quadro.
A Comissão Técnica definiu que seriam realizados quatro treinos a partir do dia
30 de outubro, data do primeiro. Todos os ensaios tiveram como local o campo do
Defelê. O segundo treino foi realizado no dia 1º de novembro de 1962, tal qual
o primeiro, contou com a presença de grande número de torcedores.
No terceiro treino coletivo, realizado no dia 2 de novembro, a equipe
considerada titular apresentou-se com Gonçalino, Aderbal, Edilson Braga, Bimba
e Enes; João e João Dutra; Ramiro, Cid, Ely e Arnaldo.
A seleção do Mato Grosso era formada por jogadores da cidade de Corumbá, que
recentemente havia ganhado o torneio do Estado. A delegação visitante se
hospedou no Hotel Imperial.
O 1º JOGO
Às 16 horas do dia 4 de novembro de 1962 a bola rolou para as seleções de
Brasília e do Mato Grosso. A seleção brasiliense apresentava-se melhor nos
primeiros minutos e não demorou para marcar o primeiro gol, logo aos 10 minutos
de jogo, através de Cid, numa cabeçada espetacular, depois de um escanteio
cobrado por João Dutra e escorado, também de cabeça, por Ely.
Não demorou para a produção da seleção brasiliense diminuir, passando as ações
a ficarem equilibradas. O time adversário começou a se movimentar melhor em
campo, com algumas pontadas fulminantes, obrigando o goleiro Gonçalinho a fazer
algumas boas defesas. Aos 38 minutos do primeiro tempo, o central Edilson Braga
cometeu pênalti. Lara, com forte tiro, venceu a Gonçalinho, empatando o jogo.
Ramiro foi o autor do gol da vitória, nos últimos vinte minutos do segundo
tempo, após excelente jogada, onde sua velocidade e tirocínio do lance, fizeram
com que chegasse antes do goleiro e mandasse a bola para a rede.
A súmula do jogo foi essa:
DISTRITO FEDERAL 2 x 1 MATO GROSSO
DATA: 4 de novembro de 1962
LOCAL: Estádio Israel Pinheiro, Brasília (DF)
ÁRBITRO: Lourandyr de Castro Gomes (DF)
Renda: CR$ 185.000,00
GOLS: Cid e Ramiro para o Distrito Federal e Lara para o Mato Grosso.
DISTRITO FEDERAL: Gonçalinho, Aderbal, Edilson Braga, Bimba e Enes; João e
Joãozinho; Ramiro, Cid, Ely e Arnaldo (Zezito).
MATO GROSSO: Airton, Pelé, Sílvio, Dunga e Virgílio; Ariomar e Garrafinha;
Bira, Dario, Tachinha e Lara.
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