Com a finalidade de participar dos festejos da “Libertação dos Escravos”,
anualmente comemorada em Niterói, a Federação Desportiva de Brasília, através
de seu presidente Jardel Noronha de Oliveira, acertou um amistoso em Niterói,
no dia 13 de maio de 1962, contra o selecionado fluminense.
A delegação da FDB, composta de 25 pessoas, entre dirigentes, atletas e
convidados, deixaria Brasília no dia 12 de maio, pela manhã, em avião da FAB,
regressando ao DF no dia 14 de maio.
A Comissão Técnica, formada por Aliatar Pinto de Andrade, Waldyr de Carvalho (treinador)
e Juvenal Francisco Dias convocou os seguintes jogadores: os goleiros Matil e
Gonçalinho; os defensores Jair, Gavião, Edilson Braga, Leocádio, Bimba e Enes, os
armadores Matarazzo, Sabará, Orlando, Alaor Capella e Beto Pretti e os
atacantes Invasão, Ubaldo, Zezito, Nicotina, Ely, Raimundinho, Arnaldo e
Reinaldo.
Também ficou acertado que o primeiro treino aconteceria no campo do Defelê, no
dia 8 de maio.
Os titulares venceram por 3 x 0, com gols consignados por intermédio de Ely,
Alaor Capella e Raimundinho. A prática teve a duração de 60 minutos. A equipe
titular esteve assim constituída: Matil, Oswaldo e Gavião; Matarazzo, Bimba e
Enes; Ubaldo (Nicotina), Ely, Alaor Capella, Beto Pretti e Raimundinho.
Dos convocados não compareceram ao treino Edilson Braga, Jair, Sabará e Arnaldo.
Mais tarde, soube-se que os quatro jogadores não sabiam do treino.
O segundo e último treino aconteceria no dia 10 de maio, também no campo do
Defelê.
Além dos já citados jogadores, constituíam o restante da delegação as seguintes
pessoas: Gerson Barbosa (Chefe), Paulo Linhares (Subchefe), Júlio Capilé
(Médico), Ciro Machado do Espírito Santo (Relações Públicas), Wanderley Matos
(Jornalista) e os convidados Orlando Gaglionone, Roosevelt Nader e o árbitro
Jorge Cardoso.
A primeira alteração na programação foi na forma de locomoção para o Estado do
Rio. Antes previsto para ser em avião da FAB, acabaram indo em ônibus especial,
numa cansativa viagem que tornou difícil a recuperação dos jogadores para o
jogo.
Depois, aconteceu mudança no local do jogo. De última hora, os dirigentes da
Federação Fluminense de Futebol entenderam que Nova Friburgo seria o local
ideal para receber o jogo tendo em vista que a cidade contava com o maior
número de atletas no selecionado e poderia oferecer melhor arrecadação. A
Seleção de Nova Friburgo era bicampeã do Estado do Rio
Ao contrário do que se esperava, os jogadores Bimba e Beto e o árbitro Jorge
Cardoso não acompanharam a delegação, que se hospedou no Hotel Avenida.
Resultado: o que se viu em campo foi uma derrota fragorosa, com um selecionado
que demonstrou claramente que estava cansado da viagem, que em momento algum
conseguiu entrosamento, deixando-se bater com facilidade pelo escrete local,
dada a sua grande superioridade técnica em campo.
O jogo foi decidido no 1º tempo, quando a Seleção de Nova Friburgo abriu a
expressiva vantagem de 4 x 0. No segundo tempo aconteceram dois gols para cada
lado, finalizando com o placar de 6 x 2 a favor da seleção fluminense.
Ficou claro que, sem querer justificar o fracasso, o grande mal do futebol
brasiliense continuava sendo a falta de planejamento.
Eis a ficha técnica do jogo:
SELEÇÃO DE NOVA FRIBURGO 6 x 2 SELEÇÃO
DE BRASÍLIA
Local: Nova Friburgo (RJ)
Data: 13 de maio de 1962
Local: Nova Friburgo (RJ)
Data: 13 de maio de 1962
Renda: Cr$ 42.000,00
Árbitro: Aldemar de Carvalho
Gols: Paulo Banana (3), Gelson (2) e Carlinhos Machado para a Seleção de Nova
Friburgo e Raimundinho e Nicotina para a Seleção do Distrito Federal.
SELEÇÃO DE NOVA FRIBURGO: Luisinho (Gabriel), Leão (Cici) e Carlito (Macedo);
Tilu (Maduro), Natal e Aguinaldo; Reinaldo (Catita), Carlinhos Machado, Gelson
(Rapizo), Paulo Banana e Pardal.
SELEÇÃO DE BRASÍLIA: Gonçalinho (Matil), Jair, Oswaldo (Leocádio) e Enes;
Sabará e Orlando; Nicotina, Alaor Capella (Ubaldo), Ely, Matarazzo (Invasão) e
Raimundinho.
REGISTROS PÓS-JOGO
Como se não bastasse o vexame no campo de jogo, os jogadores ainda tiveram
que passar por outro aperto: o ônibus que trazia a delegação brasiliense
quebrou, retardando em mais de 48 horas a volta ao Distrito Federal.
Quando chegaram em Brasília, alguns dirigentes resolveram botar a boca no
trombone. Roosevelt Nader revelou que, até o dia em que o escrete de Brasília
havia chegado a Niterói, nenhum encontro estava marcado, como dissera antes o
presidente da Federação Jardel Noronha de Oliveira. Para “salvar o barco” foi
preciso conseguir de última hora um amistoso em Nova Friburgo e que redundou no
fracasso acima relatado.
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