segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

BATE BOLA COM HERMES CARNEIRO






Para começar, diga seu nome completo e apelido, caso tenha um, local e data de seu nascimento.
Meu nome é Hermes Carneiro e o apelido Bodão. Nasci em Luziânia (GO), no dia 22 de outubro de 1948.

Quando você começou a jogar futebol?
Comecei no Vasquinho, treinado pelo seu fundador José Lopes de Oliveira, o Zé Preto, de quem guardo boas lembranças. Ele era um entusiasta do futebol. Se não ensinou muito do futebol, como pessoa ensinou-me o respeito aos mais velhos, a necessidade de estudar, a honestidade, a responsabilidade e muitas outras coisas boas. Quando casou e teve o segundo filho (Neury), aí me convidou para batizar o garoto, o que foi uma honra para mim.

Como veio parar na Capital Federal? 
Brasília sempre ofereceu melhores condições que Luziânia, para os jovens em todos os aspectos. Vim para estudar e trabalhar. Fui jogar no Colombo, de “seu” Adolfo, no Núcleo Bandeirante, estudar no CEUB e trabalhar no Itamarati, na função de vigilante. Após ser campeão pelo Colombo, o CEUB me ofereceu emprego, bolsa na faculdade de Matemática e dormitório nas instalações do prédio B. Aí fiquei perto de tudo, sem haver necessidade de deslocamento, pois até as refeições aconteciam nas proximidades.

Conte com detalhes sua trajetória no futebol, citando os clubes e os anos em que jogou.
Como disse antes, comecei no Vasquinho e fiquei até os 13 anos. Os mais habilidosos do Vasquinho já eram reservas dos “aspirantes” do Luziânia. Aconteciam poucos jogos no ano, nem campeonato havia. Já com 14 anos, comecei a jogar no time titular, pois já contava com boa altura e resistência física. Fui estudar em Goiânia, onde joguei no juvenil do Goiânia, em 1965, conquistando o vice-campeonato goiano de juvenis. No mesmo ano, fui convocado para a seleção goiana de juvenis, tendo participado da inauguração do estádio Zico Brandão, em Inhumas. Passei pelos aspirantes do Vila Nova e depois fui para o juvenil do Vasco da Gama, do Rio de Janeiro, tudo isso em 1966. No mesmo ano retornei para Luziânia, onde fui vice-campeão de profissionais. Em dezembro de 1966 fui convocado para a Seleção Brasiliense de Juvenis que participou do Campeonato Brasileiro dessa categoria, em 1967. Em fevereiro de 1968, fui negociado com o Defelê e no mês de abril do mesmo ano fui trocado pelo jogador Roberto, do Rabello. Voltei para o Luziânia em 1969. Em 1970 fui para o Colombo (DF), tendo sido campeão brasiliense de forma invicta em 1971. Depois fui para o CEUB. 
Fui convocado pelo técnico Gualter Portela para defender a Seleção Brasiliense Universitária nos XXll Jogos Universitários em Porto Alegre, tendo sido artilheiro dos jogos com 4 gols, ao lado de Ivo, ex-jogador do Grêmio e do América. 
Em 1972, fui contratado pelo Ceub, tendo disputado o campeonato brasileiro de 1973, ano em que retornei para Luziânia, clube no qual disputei os campeonatos amadores do Distrito Federal de 1973 e 1974.

Quais os títulos que conquistou no futebol, tanto em Brasília quanto fora dela?
Vice-campeão goiano Juvenil, pelo Goiânia (1965); vice-campeão brasiliense pelo Luziânia (1966) e campeão brasiliense invicto pelo Colombo (1971). Além disso, fui artilheiro da Seleção Universitária Brasiliense (1971) e da seleção juvenil de Brasília (1967).

Onde e quando encerrou a carreira de jogador?
Quando faltava um semestre para me formar, o CEUB ia disputar o Campeonato Brasileiro. Achei melhor terminar os estudos. Formei-me em 1973 e fui lecionar no Colégio Antônio Valdir Roriz, tendo sido o primeiro professor formado em Matemática a lecionar em Luziânia. Depois, só as peladas com os amigos. Até hoje, com 67 anos, ainda participo da Gincana do CSL, com os estudantes. Fico parado, só esperando a bola, porém sempre ganho a medalha de artilheiro. Atualmente sou empresário e proprietário do Colégio Santa Luzia.

Depois que encerrou a carreira de jogador, exerceu alguma atividade relacionada ao futebol, tais como treinador, dirigente de clube, árbitro de futebol, massagista, preparador físico etc.?
Ajudei a fundar a Associação Atlética Luziânia, tendo sido até seu Presidente. Aconteceu na sala nº 5 do Colégio Santa Luzia, de minha propriedade. No Campinense, do futebol amador de Luziânia, fui treinador.

Qual sua opinião sobre o futebol de Brasília, sabidamente um futebol que não é valorizado pela imprensa brasileira?
O futebol em Brasília não empolga muito. Os clubes das cidades do Entorno são mais motivados pela população. O Plano Piloto não criará uma grande equipe, por falta de área para os campos de pelada e porque os jovens dali querem é estudar, conquistar um emprego público, como são seus pais e garantirem o futuro e não arriscando em esportes.
Os times mais competitivos sairão das cidades satélites e daquelas do Entorno, pois o torcedor é bairrista e quer torcer por aqueles times onde moram: Gama, Taguatinga, Guará, Sobradinho, Luziânia, Formosa etc. O que a imprensa vai noticiar? Pra quem? Já trouxe o Weber Magalhães aqui em Luziânia para criarmos uma “escolinha de futebol”. Em função de seu relacionamento até como vice da CBF, se conseguir recursos financeiros, acredito que, em até 5 anos formaremos grandes atletas (M e F) por aqui. Estou aguardando uma oportunidade nesse sentido.

O que o futebol de Brasília precisa fazer para se tornar um dos melhores do Brasil?
Mais clubes participando. Formar campeonatos para as categorias de base.

Você acredita que a reinauguração do Mané Garrincha trará evolução ao futebol brasiliense?
Só ele não. Faltam atletas, público e espetáculos para completá-lo. Ele foi construído na cidade errada. Foi vaidade política.

Você acredita no crescimento do time do Luziânia?
Enquanto estiverem formando times só para uma temporada de três meses, não vai crescer.

Você considera que os grandes jogadores do futebol de Brasília tem categoria suficiente para atuar em qualquer clube do Brasil?
Mesmo nivelando por baixo, poucos daqui se destacam. Falta troca, intercâmbio entre os atletas. Vão aparecer aos poucos quando houver mais jogos contra equipes maiores.

Se você fosse formar a seleção brasiliense de todos os tempos, quais seriam os onze jogadores que formariam a equipe titular e os onze que seriam reservas imediatos?
Em função de habilidades, marcações, sistemas táticos e outros, formar uma seleção de todos os tempos serei injusto para com alguns. Mesmo dentro de uma década, não seria feliz na escolha. Prefiro não citar nomes.

Quais foram os três melhores treinadores do futebol de Brasília com quem você pôde trabalhar?
Cláudio Garcia, Carlos Morales e Toninho Baiano.

E os três melhores dirigentes?
Adolfo Rizza, Adilson Peres e Hugo Mósca.

Dá para se falar que existem grandes rivalidades no futebol de Brasília?
Está começando agora. Só irá crescer a partir da continuidade das equipes. Alguns clubes dos anos 60, 70 e 80 já não existem mais. Daí perde a rivalidade. Luziânia enfrentando Rabello, Defelê, Colombo ou Guará era clássico. Aqui sempre era casa cheia.

Você tem aquele jogo que considera inesquecível?
CEUB 3 x 1 Estudiantes, da Argentina, que tinha sido campeão mundial, no dia 30 de julho de 1972, no Pelezão, com um gol meu.

Esqueça um pouco a modéstia e fale de suas características dentro de campo. 
Sempre predominou a vontade de ganhar. Cada partida era uma guerra. Nunca gostei de perder. Lutava, brigava, era expulso, tudo para dar a vitória ao meu time.

Quem era o seu ídolo no futebol? Teve oportunidade de estar em um campo de futebol ao lado dele?
Belini, zagueiro do Vasco da Gama. Não tive oportunidade de estar ao lado dele. Dos jogadores com quem joguei, meu ídolo foi o Toco, joguei e aprendi muito com ele. Outro jogador de destaque foi Fabiano, igualzinho ao Beckenbauer, da seleção alemã.


ACERVO ICONOGRÁFICO















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