Zé Maurício no Brasília |
José
Maurício dos Santos, o Zé Maurício, nasceu em Santana do Acaraú (CE), em 2 de
julho de 1962.
Zé
Maurício foi um ponta-de-lança de muita habilidade, canhoto, exímio cobrador de
faltas e considerado um dos três melhores jogadores do futebol brasiliense na
década de 80.
Começou
a se destacar nos juniores do Brasília, em 1980, ano em que conquistou o título
de campeão brasiliense da categoria e foi um dos artilheiros da competição, com
13 gols, dois a menos que Santos, também do Brasília, o principal artilheiro, e
dois a mais que Mazinho, do Gama.
Logo
depois, de 18 de setembro a 3 de outubro de 1980, foi um dos convocados para a
primeira excursão que uma seleção brasiliense, em qualquer categoria, fez ao
exterior. Foi titular na seleção brasiliense de juniores que disputou jogos na
Bolívia e no Peru. Na sua estreia, em 20 de setembro, a seleção brasiliense foi
derrotada pelo Jorge Wilsterman (que atuou reforçado por Jairzinho, autor de
dois dos três gols), pelo placar de 3 x 2. Um dos gols brasilienses foi marcado
por Zé Maurício.
Continuou
como titular e marcou mais um gol no dia 24 de setembro, no empate de 2 x 2
diante do Alfonso Ugarte, do Peru. Voltaria a marcar na primeira vitória da
seleção, no dia 28 de setembro, contra a seleção da cidade peruana de Juliaca,
por 3 x 2.
Depois
que retornou ao Brasil, foi convocado para defender o DF no III Campeonato
Brasileiro de Seleções Sub-20 (juniores), em Goiânia (GO). O DF não conseguiu
classificação para a segunda fase.
No
dia 7 de junho de 1981, antes de completar 19 anos, Zé Maurício fez sua estreia
na equipe principal do Brasília, em jogo válido pelo campeonato brasiliense.
Nesse dia, no estádio Augustinho Lima, o Brasília derrotou o Sobradinho por 2 x
1.
Quando
o Jornal de Brasília escolheu a seleção do 1º turno dessa competição, Zé
Maurício estava entre os onze melhores jogadores. Foram, ao todo, quinze jogos
disputados, sem marcar gol.
Como
ainda tinha idade, foi convocado para a Seleção Brasiliense de Juniores que, no
dia 14 de outubro de 1981, no CAVE, derrotou a Seleção Brasileira Juvenil, por
4 x 2.
No
mês de novembro não pôde fazer parte da delegação do Brasília que realizou
excursão por Paraná e Santa Catarina, pois estava convocado para a Seleção
Brasiliense juvenil que iria disputar o IV Campeonato Brasileiro da categoria.
Novamente foi um dos destaques da equipe.
Em
1982, sagrou-se campeão brasiliense pelo Brasília, atuando em vinte jogos e
marcando quatro gols. No dia 8 de dezembro desse mesmo ano, marcou o gol do
empate do Brasília contra o Botafogo (1 x 1), num amistoso disputado no
Pelezão.
Disputou
o Campeonato Brasileiro de 1983 pelo Brasília e logo depois transferiu-se para
o Guará. Oficialmente, estreou em seu novo time no dia 14 de maio de 1983, com
derrota de 2 x 1 para o Taguatinga, no Serejão.
Zé
Maurício alcançou a incrível marca de 50 jogos pelo campeonato brasiliense
desse ano (marcando seis gols), mas não foi o suficiente para chegar ao título
de campeão brasiliense, título que ficou com o Brasília. O Guará ficou com o
segundo lugar.
O
ano de 1984 começou com o Guará conquistando o Torneio Centro-Oeste, que reuniu
times do DF e de Goiás. Na decisão, no dia 29 de abril, após empates sem gols
no tempo regulamentar e na prorrogação, o Guará venceu nos pênaltis, por 4 x 2.
Zé Maurício foi um dos marcadores.
Veio
o campeonato brasiliense e mesmo com o Guará não realizando uma boa campanha na
competição, Zé Maurício destacou-se como artilheiro do clube, chegando a marca
de 11 gols, apenas um atrás do artilheiro do campeonato, Wander, do Brasília.
Em um dos jogos, no dia 4 de julho, na vitória de 4 x 0 sobre o Vasco da Gama,
ele marcou três gols.
Em
1985 o Guará não foi bem no campeonato brasiliense, ficando na quinta posição.
Zé Maurício atuou em 20 dos 21 jogos disputados pelo Guará, tendo marcado cinco
gols.
Zé
Maurício disputou o campeonato brasiliense de 1986 pelo Guará. Em seguida, foi
emprestado ao Taguatinga para a disputa do Torneio Paralelo do Campeonato
Brasileiro (disputado por 36 clubes). Sua estreia aconteceu no dia 6 de
setembro de 1986, na derrota de 2 x 1 para o CRB, em Maceió (AL). O Taguatinga
não conseguiu uma boa classificação e ficou de fora da fase seguinte.
Com
seus gols, oito no total, Zé Maurício contribuiu para que o Guará voltasse a
ter uma boa colocação no campeonato brasiliense de 1987: 3º lugar. Também voltou
a ser convocado para defender a seleção brasiliense, em duas oportunidades: no
dia 5 de julho de 1987, na derrota de 1 x 0 para o Flamengo, no Mané Garrincha,
e no dia 5 de agosto de 1987, no empate de 0 x 0 com a seleção de Goiás, válido
pelo Campeonato Brasileiro de Seleções.
Juntamente
com Moura, Touro e Ricardo, Zé Maurício foi vendido para o Tiradentes em 1988. Fez
sua estreia no novo time em 7 de fevereiro de 1988, no amistoso em que o
Tiradentes goleou a Anapolina por 6 x 0, no CAVE, com um dos gols marcados por
Zé Maurício. O Tiradentes conseguiu montar um forte time e conquistou o
campeonato brasiliense pela primeira vez em sua história no ano de 1988. Zé
Maurício esteve presente em 28 dos 30 jogos disputados pelo Tiradentes, marcando
sete gols.
Logo
depois, o Tiradentes faria uma ótima campanha no Campeonato Brasileiro da Série
C, que contou com 43 clubes, chegando na quarta colocação no geral, a melhor colocação obtida por um clube brasiliense em uma competição nacional, até então.
Para
encerrar o bom desempenho no ano, foi um dos concorrentes ao IV TROFÉU
“MELHORES DO ESPORTE BRASILIENSE”, promoção da Associação Brasiliense de
Cronistas Desportivos - ABCD. Além de Zé Maurício, concorreram seus dois
companheiros de clube, Beto Fuscão e Moura, Bocaiúva (Taguatinga), Josimar
(Brasília) e Pedro César (Gama). O vencedor foi Moura, do Tiradentes.
No Treze |
Disputou
apenas seis jogos pelo Tiradentes em 1989 (marcando dois gols), sendo o último
em 16 de abril. No começo de maio de 1989, foi emprestado ao Treze, de Campina
Grande (PB) até 30 de setembro, para disputar o campeonato estadual. Disputou
poucos jogos, pois machucou-se no tornozelo e voltou ao futebol brasiliense.
O
ano de 1990 foi seu último no futebol brasiliense, quando disputou 16 jogos
pelo Tiradentes, válidos pelo campeonato do DF desse ano, marcando apenas um
gol. O último jogo com a camisa do Tiradentes foi em 29 de abril de 1990,
contra o Gama (0 x 0), em jogo válido pela decisão do 2º turno do campeonato
brasiliense.
FC Heist Sportief, da Bélgica |
No
mês de novembro de 1990, um amigo que havia jogado com ele no Guará, Euzébio,
de férias em Brasília, o convidou para ir jogar futebol na Bélgica. Ele
resolveu ir e por lá ficou até fevereiro de 1996, quando parou com o futebol.
Em
todo esse período ele foi atleta do FC Heist Sportief, da Terceira Divisão - B,
uma categoria amadora, também chamada de “provincial”. A melhor colocação
obtida pelo Heist foi um segundo lugar, que não dava direito à ascensão para a
Terceira Divisão - A (apenas o campeão mudava de divisão). Zé Maurício passava
parte do dia jogando e outra parte trabalhando para complementar a renda.
Depois
que parou de jogar bola, passou um bom tempo sem emprego. Depois, com a ajuda
de amigos, passou a trabalhar, primeiramente de motorista e, posteriormente, de
vigilante, na City Service Segurança.
Como
curiosidade, divulgamos, a seguir, duas correspondências encaminhadas à coluna
“BATE-BOLA”, do hoje desativado Jornal dos Sports, do Rio de Janeiro. Uma publicada
em sua edição de 27 de outubro de 1987. Ela tem o título “Craque brasiliense” e
é de autoria de João Cícero Monteiro, do Guará II (DF).
“Senhor
Diretor, Sendo eu um leitor assíduo deste conceituado jornal, tenho a honra de
dirigir-me a V.Sa. para solicitar a sua valiosa atenção no sentido de divulgar
o que se segue:
Gostaria
que os clubes de Futebol Profissional do Brasil observassem os valores que
estou mencionando nestas entrelinhas. Trata-se do ponta-de-lança José Maurício
dos Santos, com 24 anos de idade, que é um senhor jogador de futebol,
habilidoso, técnico e disciplinado. Ele é vinculado do Clube de Regatas do
Guará, da Primeira Divisão do Futebol Brasiliense. Nesta mesma equipe existem
outros valores talentosos, como o meia-direita Niltinho, o ponta-esquerda
Ricardo e o zagueiro de área Euzébio. São jogadores de alto nível técnico e que
podem jogar em qualquer grande equipe do futebol brasileiro e porque não dizer
do futebol estrangeiro, pelas qualidades que possuem, no entanto, estão parados
em virtude de ter terminado o campeonato regional de Brasília. Portanto taí o
recado àqueles dirigentes que porventura desejem comprovar a veracidade dos
fatos que estou falando é só entrar em contato com o presidente desta
agremiação, Sr. Marcelo Poli, pelos telefones 567-6700 e 567-5118 e checar com
ele as qualidades destes jogadores e a disponibilidade de venda ou empréstimo
dos mesmos”.
O
mesmo João Cícero Monteiro mandou outra correspondência para o Jornal dos
Sports, publicada na edição de 18 de outubro de 1988.
“Volto
novamente a este jornal para que seja divulgado que em Brasília tem um craque
chamado José Maurício dos Santos, de 26 anos de idade, ponta-de-lança, que joga
no Grêmio Olímpico Tiradentes, do Distrito Federal, campeão da disputa pelo
campeonato de futebol profissional de Brasília em 1988. Sem dúvida, um jogador
que merece uma oportunidade de jogar em uma grande equipe do futebol
brasileiro, pois é disciplinado e talentoso, técnico e habilidoso e que
certamente, com todas essas qualidades, não terá nenhuma dificuldade para
mostrar o excelente futebol que possui.
Espero
que os grandes clubes do Brasil possam ler esta carta e comprovar que realmente
estou certo no que estou falando.
Além
do José Maurício existe, também nesta agremiação, o jovem Carlos Moura Dourado,
de 24 anos, que é ponteiro-direito. Muita técnica, disciplinado e habilidoso,
inclusive foi o artilheiro do campeonato local deste ano pelo Tiradentes, com
18 gols.
Caso
haja um interesse direto em algum desses jogadores, o telefone para contato é
(061) 568-6441.
Antecipadamente
quero agradecer pela atenção que for dispensada à minha carta.
Atenciosamente,
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