Gilvan Carlos da Silva nasceu em Natal (RN), no dia 23
de janeiro de 1957. Estaria completando 66 anos no dia de hoje se não fosse
um trágico acidente automobilístico, quando capotou seu carro próximo a Águas
Lindas de Goiás, no dia 4 de dezembro de 2006.
Ainda menino, para ajudar a pagar as despesas de casa,
Gilvan foi engraxate das ruas de Taguatinga e Ceilândia.
Com 19 anos, foi levado por um amigo para os juniores
do Taguatinga, em 1976. No ano seguinte, já como profissional, estreou no time
que disputou o II Torneio Imprensa, de 5 de março a 7 de maio, competição em
que o Taguatinga foi 9º e último colocado.
Gilvan foi convocado para a Seleção das Cidades
Satélites que enfrentou a Seleção do Plano Piloto na preliminar de Seleção do
DF 2 x 4 Atlético Mineiro, no dia 21 de abril de 1977.
No dia 18 de junho de 1977, no Pelezão, fez sua
estreia no campeonato brasiliense da primeira divisão, no empate em 0 x 0 entre
Taguatinga e Grêmio. O Taguatinga formou com Carlos José, Aldair, Gilvan,
Wanner e Wilson; Sabará, Osanan (Maurício) e Elmo; Kim, Wellington e Bira. No
total, foram seis jogos por essa competição.
Em janeiro de
1978, depois que o Sporth Club Corinthians, do Guará, solicitou a renovação de
sua licença na Federação Metropolitana de Futebol, esse clube resolveu montar
uma equipe muito forte no futebol profissional e Gilvan foi um dos contratados,
junto com o goleiro Wilmar Gato, o lateral-direito Ricardo, os meio-de-campo
Boni e Jânio e o atacante Aloísio. O técnico era Joaquim Cristiano Araújo Neto,
o Bugue, e o massagista Mozair Barbosa.
Logo depois, o Corinthians tomou parte do Torneio
Incentivo, juntamente com Desportiva Bandeirante, Gama, Sobradinho e
Taguatinga.
A estreia de Gilvan no novo clube foi em 26 de março
de 1978, na vitória de 1 x 0 sobre a Desportiva Bandeirante, no Pelezão. A
formação do Corinthians foi essa: Lúcio, Gilberto, Gilvan, Luciano e Ricardo;
Boni, Edu e Marquinhos; Orlando, Aloísio e Tita. Técnico: Bugue. No banco de reservas:
Amaury, Careca, Osvaldo, Cláudio e Maurício.
No dia 16 de abril de 1978, Gilvan participou do jogo
de inauguração do Estádio do CAVE, no Guará, no amistoso em que o Corinthians
foi derrotado pelo Vitória, de Salvador (BA), por 2 x 0. Nesse jogo, o
Corinthians formou com Wilmar Gato (Lúcio), Ricardo, Luciano, Gilberto e Newton
(Gilvan); Boni, Marquinhos e Augusto; Edu (Orlando), Aloísio (Chiquinho) e
Wellington. Técnico: Bugue.
Depois que o futebol do Corinthians foi desativado, Gilvan passou para o Clube de Regatas Guará. O primeiro jogo com a camisa do Guará pelo campeonato
brasiliense aconteceu em 3 de setembro de 1978, no CAVE, no empate em 0 x 0 com
o Gama, já tendo o saudoso Airton Nogueira como treinador.
Gilvan participou de treze dos quinze jogos disputados
pelo Guará.
Em 17 de setembro de 1978, Gilvan marcou o primeiro
gol da história do estádio Adonir Guimarães, em Planaltina, na vitória do Guará
sobre o Comercial local, por 2 x 1. A inauguração do estádio aconteceu em 19 de
agosto de 1978, entre Seleção de Planaltina e Gama, terminando o jogo empatado
em 0 x 0.
Para coroar o bom ano de 1978 no Guará, o jornal
Correio Braziliense escolheu os “Melhores do Campeonato”, assim conhecidos: Jonas
(Brasília), Aldair (Taguatinga), Gilvan (Guará), Emerson (Brasília) e Zezé
(Desportiva Bandeirante); Uel (Gama), Péricles (Brasília) e Banana (Brasília);
Roldão (Gama), Edmar (Brasília) e Zé Vieira (Taguatinga).
Em 1979, Gilvan tomou parte do Torneio Seletivo, realizado
pela Federação Metropolitana de Futebol no período de 4 de março a 15 de abril
de 1979, com a finalidade de escolher o clube que ocuparia a segunda vaga no
Campeonato Brasileiro versão 1979, reservada para o Distrito Federal. Participaram
do torneio somente os clubes que disputaram o Campeonato de Profissionais do DF
de 1978, com exceções do Brasília E. C., por ter sido o campeão do ano
anterior, e do Grêmio, que não quis disputar.
Na decisão do torneio, no Bezerrão, o Guará venceu o
Gama por 2 x 1 e Gilvan conquistou seu primeiro título de campeão. O Guará
jogou com Carlos José, Ricardo, Gilvan, Léo e Fernandinho; Neto, Boni e
Dionísio; Nidion, Paulo Caju (Belo) e Piau (Nicácio).
Suas boas atuações despertaram o interesse de clubes
de fora do DF e não demorou para se transferir para Uberaba (MG), levado pelo
treinador Cláudio Garcia, que também foi o responsável pela contratação de
vários outros craques do Distrito Federal, como Raimundinho, Nei, Rafael e
Lindário.
A primeira partida de Gilvan no Uberaba foi contra o Guarani,
de Divinópolis, no dia 6 de junho de 1979, válido pelo campeonato mineiro. O
resultado foi um empate em 0 x 0.
De 1980 a 1982, o Uberaba foi tricampeão mineiro do
interior. Em 1980, foi o terceiro colocado no octogonal final, atrás do campeão
Atlético e do vice-campeão Cruzeiro. Em 1981, após um hexagonal final em turno
e returno, ficou em quarto lugar, com a mesma pontuação do América e novamente
atrás de Atlético (campeão) e Cruzeiro (vice-campeão). Em 1982, campeão
(Atlético) e vice-campeão (Cruzeiro) foram para a Taça de Ouro do Campeonato
Brasileiro, enquanto que o Uberaba, terceiro colocado num confronto direto com
o América, garantiu vaga na Taça de Prata.
Sua última partida foi Uberaba 3 x 1 Valério, em 8 de
julho de 1984, também válida pelo campeonato mineiro.
Foram 139 partidas com a camisa do Uberaba e três gols
marcados. Em suas duas últimas temporadas pelo clube, pouco jogou, devido a
inúmeras contusões (apenas seis partidas em 1983 e sete em 1984).
Boa parte da torcida uberabense se lembra até hoje de
uma jogada incrível de Gilvan. O jogo ocorreu em 28 de julho de 1982, no
estádio João Guido, que contava com público de mais de 10.000 pessoas.
Com a braçadeira de capitão, Gilvan esbanjou categoria
e comandou um desfalcado Uberaba numa jornada memorável. O time chegou a abrir
2 x 0 no início da segunda etapa, com um gol de cabeça de Gilvan. Depois, o zagueiro aplicou um belo
chapéu no atacante Éder Aleixo, dentro da grande área alvirrubra, matou a bola
no peito e ao sair jogando, foi derrubado pelo craque da seleção brasileira,
que acabou levando o cartão amarelo. A torcida foi ao delírio. No final o
Atlético Mineiro ainda conseguiu empatar, mas o chapéu de Gilvan ainda é motivo
de muita nostalgia na cidade de Uberaba.
Foi dispensado em meados de 1984, após
desentendimentos com o departamento médico do clube.
Retornou ao Taguatinga e fez seu primeiro jogo no
clube em 19 de agosto de 1984, no Serejão, na vitória de 1 x 0 sobre o Gama.
Formou o Taguatinga com Augusto, Junior, Gilvan, Zinha e Marcelo; Sidnei
(Wilson Bispo), Péricles e Marquinhos; Serginho (Roberto), Lino e Roldão.
Técnico: Antônio Humberto Nobre (Canhoto).
Foram 19 jogos e um gol marcado.
Seu último jogo no Taguatinga foi em 1º de dezembro de
1984, no Serejão, no empate em 1 x 1 com o Sobradinho.
Em solenidade ocorrida em 20 de janeiro de 1985,
Gilvan foi premiado com o Troféu “Mané Garrincha”, entregue aos melhores do ano
de 1984, eleitos por cronistas esportivos do DF. Eis a seleção: Ronaldo
(Ceilândia), Junior (Taguatinga), Gilvan (Taguatinga), Jonas Foca (Brasília) e
Visoto (Taguatinga); Wellington (Sobradinho), Marco Antônio (Brasília) e Wander
(Brasília); Régis (Sobradinho), Joãozinho (Ceilândia) e Marquinhos
(Taguatinga). Técnico: Jorge Medina (Brasília)
De 1985 a 1988, Gilvan esteve no futebol do Mato
Grosso, defendendo o Mixto, de Cuiabá, e o Operário, de Várzea Grande.
No primeiro semestre de 1985, disputou o campeonato
brasileiro pelo Mixto e, no segundo, se tornou campeão mato-grossense pelo
Operário.
Em 1987 e 1988 jogou no Mixto, sagrando-se campeão
estadual em 1988. Antes, em 1987, teve uma rápida passagem pelo Nacional, de
Manaus.
Retornou ao Taguatinga em 1989. Ao marcar os dois gols
da vitória de 2 x 1 sobre o Tiradentes, na decisão do 2º turno, no dia 31 de
maio de 1989, se transformou no grande símbolo do Taguatinga na conquista do
campeonato brasiliense desse ano. Ao final desse jogo, o técnico Canhoto disse
que a garra de seus jogadores foi que determinou o resultado. Ele cumprimentou
um por um, mas ninguém mais que Gilvan se enquadrava na sua justificativa.
Gilvan entrou no sacrifício, porque sua perna direita, na parte inferior,
estava visivelmente dolorida, com locais de inflamação facilmente perceptíveis.
Ainda assim, além de cumprir sua função específica, defender, subiu ao ataque
para marcar os dois gols da vitória do Taguatinga.
Foram dezoito jogos pelo campeonato brasiliense e
quatro gols marcados. No segundo semestre, disputou o Campeonato Brasileiro da
Série B, quando disputou sua última partida oficial no dia 8 de outubro de
1989, no Serejão, na derrota do Taguatinga para o Vila Nova (GO), por 2 x 1. Em
sua despedida do futebol o Taguatinga formou com Germano, Gilvan, Paulão,
Adilson e Visoto; Bilzão, Humberto (Pacheco) e Marquinhos; Rogério, Joãozinho e
Marcelo Freitas (Carlinhos). Técnico: Canhoto.
Não se desligou completamente do futebol. No dia 22 de
abril de 1990, integrou a Seleção Brasiliense de Masters que foi derrotada pela
Seleção Brasileira de Masters por 1 x 0, gol de Zico. O jogo foi realizado no
Mané Garrincha e a seleção brasiliense atuou com essa formação: Bocaiúva
(Toinho), Ricardo, Remo, Gilvan e Ahlá; Bilzinho (Mário), Orlando Lelé e
Lindário (Flory); Lino (Dionísio), Dadá Maravilha e Joãozinho (Zunga).
Técnicos: Carlos Morales/Didi de Carvalho.
Em 1991, foi treinador do Ceilândia em nove jogos válidos
pelo campeonato brasiliense. O primeiro em 16 de junho e o último em 21 de
agosto.
Depois disso, tornou-se um pequeno empresário de
Ceilândia, onde passou a investir nos setores de bar e restaurante. Com o
dinheiro ganho no futebol e ao lado de irmãos, Gilvan tornou-se proprietário da
Crocodilo’s Disque Pizza, da Crocodilo’s Vídeo, do Sandubão Sorvetes e Lanches
e da Forestier Churrascaria.
Colaborações: Ruy Trida e Sérgio Santos.
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