segunda-feira, 23 de janeiro de 2023

FICHA TÉCNICA: Gilvan (in memoriam)


Gilvan Carlos da Silva nasceu em Natal (RN), no dia 23 de janeiro de 1957. Estaria completando 66 anos no dia de hoje se não fosse um trágico acidente automobilístico, quando capotou seu carro próximo a Águas Lindas de Goiás, no dia 4 de dezembro de 2006.
Ainda menino, para ajudar a pagar as despesas de casa, Gilvan foi engraxate das ruas de Taguatinga e Ceilândia.
Com 19 anos, foi levado por um amigo para os juniores do Taguatinga, em 1976. No ano seguinte, já como profissional, estreou no time que disputou o II Torneio Imprensa, de 5 de março a 7 de maio, competição em que o Taguatinga foi 9º e último colocado.
Gilvan foi convocado para a Seleção das Cidades Satélites que enfrentou a Seleção do Plano Piloto na preliminar de Seleção do DF 2 x 4 Atlético Mineiro, no dia 21 de abril de 1977.
No dia 18 de junho de 1977, no Pelezão, fez sua estreia no campeonato brasiliense da primeira divisão, no empate em 0 x 0 entre Taguatinga e Grêmio. O Taguatinga formou com Carlos José, Aldair, Gilvan, Wanner e Wilson; Sabará, Osanan (Maurício) e Elmo; Kim, Wellington e Bira. No total, foram seis jogos por essa competição.
Em janeiro de 1978, depois que o Sporth Club Corinthians, do Guará, solicitou a renovação de sua licença na Federação Metropolitana de Futebol, esse clube resolveu montar uma equipe muito forte no futebol profissional e Gilvan foi um dos contratados, junto com o goleiro Wilmar Gato, o lateral-direito Ricardo, os meio-de-campo Boni e Jânio e o atacante Aloísio. O técnico era Joaquim Cristiano Araújo Neto, o Bugue, e o massagista Mozair Barbosa.

Logo depois, o Corinthians tomou parte do Torneio Incentivo, juntamente com Desportiva Bandeirante, Gama, Sobradinho e Taguatinga.
A estreia de Gilvan no novo clube foi em 26 de março de 1978, na vitória de 1 x 0 sobre a Desportiva Bandeirante, no Pelezão. A formação do Corinthians foi essa: Lúcio, Gilberto, Gilvan, Luciano e Ricardo; Boni, Edu e Marquinhos; Orlando, Aloísio e Tita. Técnico: Bugue. No banco de reservas: Amaury, Careca, Osvaldo, Cláudio e Maurício.
No dia 16 de abril de 1978, Gilvan participou do jogo de inauguração do Estádio do CAVE, no Guará, no amistoso em que o Corinthians foi derrotado pelo Vitória, de Salvador (BA), por 2 x 0. Nesse jogo, o Corinthians formou com Wilmar Gato (Lúcio), Ricardo, Luciano, Gilberto e Newton (Gilvan); Boni, Marquinhos e Augusto; Edu (Orlando), Aloísio (Chiquinho) e Wellington. Técnico: Bugue.
Depois que o futebol do Corinthians foi desativado, Gilvan passou para o Clube de Regatas Guará. O primeiro jogo com a camisa do Guará pelo campeonato brasiliense aconteceu em 3 de setembro de 1978, no CAVE, no empate em 0 x 0 com o Gama, já tendo o saudoso Airton Nogueira como treinador.
Gilvan participou de treze dos quinze jogos disputados pelo Guará.
Em 17 de setembro de 1978, Gilvan marcou o primeiro gol da história do estádio Adonir Guimarães, em Planaltina, na vitória do Guará sobre o Comercial local, por 2 x 1. A inauguração do estádio aconteceu em 19 de agosto de 1978, entre Seleção de Planaltina e Gama, terminando o jogo empatado em 0 x 0.
Para coroar o bom ano de 1978 no Guará, o jornal Correio Braziliense escolheu os “Melhores do Campeonato”, assim conhecidos: Jonas (Brasília), Aldair (Taguatinga), Gilvan (Guará), Emerson (Brasília) e Zezé (Desportiva Bandeirante); Uel (Gama), Péricles (Brasília) e Banana (Brasília); Roldão (Gama), Edmar (Brasília) e Zé Vieira (Taguatinga).
Em 1979, Gilvan tomou parte do Torneio Seletivo, realizado pela Federação Metropolitana de Futebol no período de 4 de março a 15 de abril de 1979, com a finalidade de escolher o clube que ocuparia a segunda vaga no Campeonato Brasileiro versão 1979, reservada para o Distrito Federal. Participaram do torneio somente os clubes que disputaram o Campeonato de Profissionais do DF de 1978, com exceções do Brasília E. C., por ter sido o campeão do ano anterior, e do Grêmio, que não quis disputar.
Na decisão do torneio, no Bezerrão, o Guará venceu o Gama por 2 x 1 e Gilvan conquistou seu primeiro título de campeão. O Guará jogou com Carlos José, Ricardo, Gilvan, Léo e Fernandinho; Neto, Boni e Dionísio; Nidion, Paulo Caju (Belo) e Piau (Nicácio).
Suas boas atuações despertaram o interesse de clubes de fora do DF e não demorou para se transferir para Uberaba (MG), levado pelo treinador Cláudio Garcia, que também foi o responsável pela contratação de vários outros craques do Distrito Federal, como Raimundinho, Nei, Rafael e Lindário.
A primeira partida de Gilvan no Uberaba foi contra o Guarani, de Divinópolis, no dia 6 de junho de 1979, válido pelo campeonato mineiro. O resultado foi um empate em 0 x 0.

De 1980 a 1982, o Uberaba foi tricampeão mineiro do interior. Em 1980, foi o terceiro colocado no octogonal final, atrás do campeão Atlético e do vice-campeão Cruzeiro. Em 1981, após um hexagonal final em turno e returno, ficou em quarto lugar, com a mesma pontuação do América e novamente atrás de Atlético (campeão) e Cruzeiro (vice-campeão). Em 1982, campeão (Atlético) e vice-campeão (Cruzeiro) foram para a Taça de Ouro do Campeonato Brasileiro, enquanto que o Uberaba, terceiro colocado num confronto direto com o América, garantiu vaga na Taça de Prata.
Sua última partida foi Uberaba 3 x 1 Valério, em 8 de julho de 1984, também válida pelo campeonato mineiro.
Foram 139 partidas com a camisa do Uberaba e três gols marcados. Em suas duas últimas temporadas pelo clube, pouco jogou, devido a inúmeras contusões (apenas seis partidas em 1983 e sete em 1984).
Boa parte da torcida uberabense se lembra até hoje de uma jogada incrível de Gilvan. O jogo ocorreu em 28 de julho de 1982, no estádio João Guido, que contava com público de mais de 10.000 pessoas.

Com a braçadeira de capitão, Gilvan esbanjou categoria e comandou um desfalcado Uberaba numa jornada memorável. O time chegou a abrir 2 x 0 no início da segunda etapa, com um gol de cabeça de Gilvan. Depois, o zagueiro aplicou um belo chapéu no atacante Éder Aleixo, dentro da grande área alvirrubra, matou a bola no peito e ao sair jogando, foi derrubado pelo craque da seleção brasileira, que acabou levando o cartão amarelo. A torcida foi ao delírio. No final o Atlético Mineiro ainda conseguiu empatar, mas o chapéu de Gilvan ainda é motivo de muita nostalgia na cidade de Uberaba.
Foi dispensado em meados de 1984, após desentendimentos com o departamento médico do clube.
Retornou ao Taguatinga e fez seu primeiro jogo no clube em 19 de agosto de 1984, no Serejão, na vitória de 1 x 0 sobre o Gama. Formou o Taguatinga com Augusto, Junior, Gilvan, Zinha e Marcelo; Sidnei (Wilson Bispo), Péricles e Marquinhos; Serginho (Roberto), Lino e Roldão. Técnico: Antônio Humberto Nobre (Canhoto).
Foram 19 jogos e um gol marcado.
Seu último jogo no Taguatinga foi em 1º de dezembro de 1984, no Serejão, no empate em 1 x 1 com o Sobradinho.

Em solenidade ocorrida em 20 de janeiro de 1985, Gilvan foi premiado com o Troféu “Mané Garrincha”, entregue aos melhores do ano de 1984, eleitos por cronistas esportivos do DF. Eis a seleção: Ronaldo (Ceilândia), Junior (Taguatinga), Gilvan (Taguatinga), Jonas Foca (Brasília) e Visoto (Taguatinga); Wellington (Sobradinho), Marco Antônio (Brasília) e Wander (Brasília); Régis (Sobradinho), Joãozinho (Ceilândia) e Marquinhos (Taguatinga). Técnico: Jorge Medina (Brasília)
De 1985 a 1988, Gilvan esteve no futebol do Mato Grosso, defendendo o Mixto, de Cuiabá, e o Operário, de Várzea Grande.
No primeiro semestre de 1985, disputou o campeonato brasileiro pelo Mixto e, no segundo, se tornou campeão mato-grossense pelo Operário.
Em 1987 e 1988 jogou no Mixto, sagrando-se campeão estadual em 1988. Antes, em 1987, teve uma rápida passagem pelo Nacional, de Manaus.

Mixto - 1988
Retornou ao Taguatinga em 1989. Ao marcar os dois gols da vitória de 2 x 1 sobre o Tiradentes, na decisão do 2º turno, no dia 31 de maio de 1989, se transformou no grande símbolo do Taguatinga na conquista do campeonato brasiliense desse ano. Ao final desse jogo, o técnico Canhoto disse que a garra de seus jogadores foi que determinou o resultado. Ele cumprimentou um por um, mas ninguém mais que Gilvan se enquadrava na sua justificativa. Gilvan entrou no sacrifício, porque sua perna direita, na parte inferior, estava visivelmente dolorida, com locais de inflamação facilmente perceptíveis. Ainda assim, além de cumprir sua função específica, defender, subiu ao ataque para marcar os dois gols da vitória do Taguatinga.

Foram dezoito jogos pelo campeonato brasiliense e quatro gols marcados. No segundo semestre, disputou o Campeonato Brasileiro da Série B, quando disputou sua última partida oficial no dia 8 de outubro de 1989, no Serejão, na derrota do Taguatinga para o Vila Nova (GO), por 2 x 1. Em sua despedida do futebol o Taguatinga formou com Germano, Gilvan, Paulão, Adilson e Visoto; Bilzão, Humberto (Pacheco) e Marquinhos; Rogério, Joãozinho e Marcelo Freitas (Carlinhos). Técnico: Canhoto.
Não se desligou completamente do futebol. No dia 22 de abril de 1990, integrou a Seleção Brasiliense de Masters que foi derrotada pela Seleção Brasileira de Masters por 1 x 0, gol de Zico. O jogo foi realizado no Mané Garrincha e a seleção brasiliense atuou com essa formação: Bocaiúva (Toinho), Ricardo, Remo, Gilvan e Ahlá; Bilzinho (Mário), Orlando Lelé e Lindário (Flory); Lino (Dionísio), Dadá Maravilha e Joãozinho (Zunga). Técnicos: Carlos Morales/Didi de Carvalho.
Em 1991, foi treinador do Ceilândia em nove jogos válidos pelo campeonato brasiliense. O primeiro em 16 de junho e o último em 21 de agosto.
Depois disso, tornou-se um pequeno empresário de Ceilândia, onde passou a investir nos setores de bar e restaurante. Com o dinheiro ganho no futebol e ao lado de irmãos, Gilvan tornou-se proprietário da Crocodilo’s Disque Pizza, da Crocodilo’s Vídeo, do Sandubão Sorvetes e Lanches e da Forestier Churrascaria.

Colaborações: Ruy Trida e Sérgio Santos.




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