quinta-feira, 19 de janeiro de 2023

PASSARAM POR AQUI: Fio Maravilha


João Batista de Sales, o Fio Maravilha, nasceu em Conselheiro Pena (MG), no dia 19 de janeiro de 1945.
Levado por seu irmão Germano (ex-jogador do Flamengo, Milan e Palmeiras, já falecido) ao Flamengo, Fio começou a carreira no rubro-negro da Gávea aos 15 anos. O jogador nunca foi um craque, sempre teve um certo folclore em torno de sua carreira, era desengonçado, mas também muito querido pela torcida flamenguista. Ficou conhecido pela facilidade em driblar os adversários e, logo depois, perder gols “feitos”.
O primeiro jogo de Fio no Flamengo foi em 21 de abril de 1965, quando o Flamengo foi derrotado pelo Bahia, por 3 x 0. O técnico do Flamengo era Valter Miraglia.
Ganhou o apelido de "Fio Maravilha", após marcar o gol da vitória (1 x 0) de uma partida da equipe carioca contra o Benfica, de Portugal, no Maracanã, em 15 de janeiro de 1972. Estava no banco de reservas e a torcida rubro-negra começou a gritar o nome de Fio. O técnico Zagalo prontamente atendeu o pedido. Aos 33 minutos do segundo tempo, Fio realizou uma jogada genial e marcou um golaço. Driblou dois zagueiros, venceu o goleiro José Henrique e deu a vitória ao Flamengo com um gol sensacional que mereceu, ao final da partida, o seguinte comentário de Zagalo: “Fio só entrou porque Arilson sentiu o joelho, mas a verdade é que me surpreendeu. Não posso pensar em dispensar um jogador que faz um gol desses”. Apaixonado torcedor do Flamengo, estava no estádio o cantor e compositor Jorge Ben, que descreveu em versos a jogada: “Tabelou, driblou dois zagueiros, deu um toque, driblou o goleiro, só não entrou com bola e tudo porque teve humildade”. Foi homenageado pelo cantor Jorge Benjor com a música que virou um grande sucesso nacional.

Defendida por Maria Alcina, a música “Fio Maravilha” ganhou o Festival Internacional da Canção de 1972 e virou clássico da MPB.
Assim que Jorge Ben ficou sabendo da ação que o advogado de Fio movia contra ele, por conta própria, magoado, passou a cantar “Filho Maravilha”. Fio ficou com a fama de oportunista.
Pelo Flamengo, Fio marcou 77 gols em 281 jogos.
No ano de 1972, levado pelo técnico Valter Miraglia, teve uma rápida passagem pelo Avaí, de Florianópolis (SC). Fez um único jogo pelo Avaí, no dia 2 de outubro de 1972, no estádio Adolpho Konder, contra o Pinheiros, do Paraná, pelo Torneio Integração Paraná-Santa Catarina.
No ano de 1973, disputou o Campeonato Brasileiro pela Desportiva Ferroviária, do Espírito Santo. Uma coisa que poucos sabem foi que Fio não era o jogador que os diretores da Desportiva queriam levar. Ney Ventura, vice-presidente da Desportiva, foi até o Rio de Janeiro em busca de uma contratação de impacto para chamar o público aos jogos da equipe capixaba. André Richer, então presidente do Flamengo, tinha um bom relacionamento com Ney, o que facilitou a conversa. Os dois observavam os atletas da base do Flamengo quando Ney apontou para um atleta franzino que o interessou. Zagalo, então técnico rubro negro, vetou na hora, e ofereceu Fio Maravilha em seu lugar. O jogador que Zagalo não deixou a Desportiva levar era Arthur Antunes Coimbra, o Zico.

Contratado mais como atração (os dirigentes sonhavam com altas arrecadações) do que para fazer os gols que pudessem classificar o time para a fase final do Brasileiro, Fio não marcou gol em 14 jogos disputados e chegou a ser barrado pelo técnico Artêmio Sarcinelli, que achou melhor o time sem Fio no restante do campeonato. A Desportiva teve uma participação discreta, terminando o Campeonato Brasileiro na 27ª colocação, em um ano em que a competição contou com 40 participantes.
Logo depois, Fio disputou o campeonato paraense de 1973 pelo Paysandu, de Belém.
Teve breve passagem pelo tradicional São Cristóvão, onde, em 29 de março de 1975, participou do jogo em que o São Cristóvão derrotou o Flamengo em pleno Maracanã, por 3 x 2, de virada, após Fio ter atuação destacada, dando, inclusive o passe para o terceiro gol do São Cristóvão. No mesmo ano, defendeu o Ceub.
Voltaria a defender o São Cristóvão, tendo disputado o campeonato carioca de 1977, chegando a atuar como treinador em alguns jogos de 1978.

No início dos anos 80, Fio mudou-se para os Estados Unidos, onde foi atuar no New York Eagles. Defendeu a equipe durante meia temporada (quatro meses) e depois recebeu um convite para defender um time semiprofissional de Los Angeles, o Monte Belo Panthers, onde passou mais quatro meses. Foi naquela época que Fio conheceu San Francisco, onde passou a defender o San Francisco Mercury, onde jogou apenas pouco mais de um mês e resolveu parar de jogar. Gostou tanto da cidade que resolveu ficar por lá, mesmo que tivesse que abandonar a carreira. Foi o que fez, tornando-se entregador de pizzas. Logo se tornou técnico e treinador de equipes de futebol infanto-juvenis.
Em entrevista a jornalista Wania Westphal, do Jornal da Tarde, Fio Maravilha disse que chegou a se arrepender de ir jogar futebol nos Estados Unidos.
Em 2007, Fio disse numa entrevista em rede nacional que seu processo contra Jorge Benjor fora um mal entendido e autorizava o cantor a voltar a cantar a música da forma original, utilizando seu apelido.

PASSAGEM POR BRASÍLIA

Depois de atuar pelo São Cristóvão, Fio foi contratado para reforçar o Ceub no Campeonato Brasileiro de 1975.
Estreou no dia 24 de agosto de 1975, na derrota de 2 x 1 para o Goiânia, no Serra Dourada. O Ceub atuou com Paulo Victor, Nonoca, Pedro Pradera, Emerson e Adalberto; Renê (Moreirinha), Alencar e Moreira (Julinho); Péricles, Fio e Dinarte. Técnico: Marinho Rodrigues.
Marcou seu primeiro gol com a camisa do Ceub em 10 de setembro de 1975, no Pelezão, na vitória de 2 x 1 sobre o Campinense. Voltaria a marcar no dia 24 de setembro de 1975, novamente no Pelezão, na vitória de 2 x 1 sobre o América-RN. Seu último gol pelo Ceub aconteceu em 25 de outubro de 1975, no Presidente Médici (atual Mané Garrincha), na vitória de 2 x 0 sobre a Desportiva Ferroviária.
Disputou 15 jogos pelo Ceub, todos válidos pelo Campeonato Brasileiro de 1975.
Sua última participação aconteceu no 8 de novembro de 1975, no Arrudão, em Recife (PE), quando o Ceub foi derrotado pelo Náutico, pelo placar de 3 x 0. Formou o Ceub com Jair Bragança, Renê, Cláudio Oliveira, Emerson e Nenê (John Paul); Alencar e Moreira; Junior Brasília, Gilberto, Fio e Moreirinha (Julinho). Técnico: Raimundinho.





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