quinta-feira, 26 de setembro de 2024

ESQUECIDOS PELO TEMPO: Eluff


Eluff Gadia nasceu no dia 26 de setembro de 1936, na cidade de Nova Veneza de Goiás. Filho de José Jorge Gadia e Nádma José Issi, filhos de libaneses, em 1945 Eluff mudou-se com a família para Anápolis (GO).
Como curiosidade, registramos: Eluff serviu o Exército na cidade de Ipameri (GO). Era indisciplinado e só não foi expulso do Exército por que jogava no time dos oficiais!
Em 15 de novembro de 1952 foi fundado o Ipiranga Atlético Clube, agremiação onde Eluff começou a jogar futebol.
Em 1958, foi parar em Ribeirão Preto (SP), passando a jogar em times amadores da cidade. O São Paulo demonstrou interesse em contratá-lo, mas Eluff não aceitou a proposta, preferindo ir para Brasília, onde ingressou no quadro de funcionários da NOVACAP, passando a fazer parte da equipe do Departamento Jurídico - DJ, admitido como Oficial de Administração em 4 de março de 1960.
Meses antes, para não ficar afastado do futebol, firmou compromisso com o Grêmio Esportivo Brasiliense, clube que havia sido fundado em 26 de março de 1959, e que resolveu reforçar seu elenco trazendo muitos elementos do futebol de Anápolis, como, por exemplo, Ralph, Eluff e também o seu técnico, Rubens Porfírio da Paz.
O campeonato brasiliense de 1959 teve início no dia 31 de maio e foi disputado por 19 equipes que, na primeira fase, foram divididas em duas zonas: Sul e Norte. O Grêmio de Eluff fez parte da Zona Sul. Conforme estabelecido no regulamento, os clubes jogariam dentro de suas respectivas zonas, em turno e returno, com os vencedores decidindo, numa série “melhor-de-três”, o título de campeão da cidade.

O favorito para a conquista do título da Zona Sul e também do campeonato era o Guará. Grêmio e Guará lideraram, lado a lado, o campeonato da Zona Sul até a última rodada, disputada no dia 25 de outubro de 1959, quando, para surpresa de todos, aconteceu empate entre as equipes do Guará e da EBE, pela contagem de 2 x 2. Com isso, o Guará somou mais um ponto perdido (totalizando quatro), deixando que o Grêmio alcançasse o título de campeão da Zona Sul.
Passou, então, a decidir o campeonato com o Esporte Clube Planalto, já qualificado como campeão da Zona Norte, numa série “melhor de quatro pontos”.
As partidas foram truncadas, acidentadas, com muitas expulsões, mas também tiveram desenrolar empolgante, graças ao espírito de luta com que se apresentaram os 22 elementos em campo.

Ipiranga, de Anápolis
Na primeira, no dia 8 de novembro, em seu campo, o Grêmio venceu por 4 x 2, formando com Bosco, Amauri e Hugo; José, Alemãozinho e Ralph; Carlinhos, Nilo, Jair, Eluff e Roberto.
Na segunda, uma semana depois, empate em 3 x 3. Na última, em 22 de novembro, um gol de Carlinhos, aos 26 minutos do 2º tempo, deu a vitória de 1 x 0 e o primeiro título de campeão do futebol brasiliense ao Grêmio.
Cabe registrar que um dos primeiros jogos do Defelê, fundado em 1º de janeiro de 1960, foi contra o time da EBE, perdendo de 5 x 0.
Poucos dias depois, na revanche, reforçada por Eluff, o Defelê devolveu a goleada ao time da EBE, vencendo por 6 x 1.
Em 1960, Eluff se transferiu para o Clube de Regatas Guará. O Guará era o clube de maior atividade em Brasília no ano de sua inauguração. Estava sempre buscando novas contratações para reforçar seu elenco e não demorou para convidar Eluff para defendê-lo.
Constantemente estava realizando amistosos ou visitando outras cidades.
A estreia de Eluff no Guará aconteceu mesmo antes da inauguração de Brasília (21 de abril de 1960). No dia 27 de março de 1960, no Estádio Israel Pinheiro, aconteceu o amistoso interestadual envolvendo Guará e Araguari Atlético Clube, que chegou com a fama de pentacampeão do Triângulo Mineiro. O Araguari venceu o jogo por 3 x 1. O Guará formou com Redola, Silas e Tostão; Homero, Severo e Múcio; Belchior, Luisinho, Fernandinho (Mauro), Eluff e Brasil. Treinador: Augusto da Costa.

Ataque do Guará em 1961: Paulo Reis, Severo,
Fernandinho, Eluff e Sabará
Logo depois, outro amistoso, no dia 1º de maio de 1960, o primeiro jogo de futebol após a inauguração de Brasília. O Guará, contando com Eluff, venceu o time da Construtora Ribeiro por 3 x 2, formando com Bosco, Manoelito, Tostão e Luizinho; Múcio e Severo; Zé Siqueira, Fernando, Íris, Eluff e Valter (Mário). Treinador: Augusto da Costa.
Duas semanas depois, em outro amistoso, o Guará empatou em 1 x 1 com o Vila Nova, de Goiânia, que assim se tornou a primeira equipe de fora a atuar em Brasília.
No dia 22 de maio de 1960, em mais um amistoso contra a equipe do Ribeiro, com vitória de 3 x 1, Eluff marcaria o seu primeiro gol com a camisa do Guará.
Teve atuação destacada na grande vitória do futebol brasiliense com a goleada aplicada pelo Guará ao time do Goiás, no campo do Guará, em 12 de junho de 1960: 6 x 0.
O Guará formou com Redola, Tostão (Humberto ou Aldemar) e Clemente (Jorge); Pedrinho, Severo e Múcio; Carlinhos (Amálio), Fernandinho, Íris, Eluff e Maia.

Cartaz de amistoso em Anápolis:
Eluff, o mestre
No amistoso contra o Fluminense, de Araguari, no feriado de 7 de setembro de 1960 (derrota de 1 x 0), o jornal Correio Braziliense atribuiu notas aos jogadores das duas equipes. Após uma destacada atuação no meio de campo do Guará, a Eluff coube uma nota oito, a segunda da equipe; a primeira, nota nove, coube ao goleiro Redola.
De forma oficial, Eluff estrearia no dia 27 de novembro de 1960, em jogo válido pelo campeonato brasiliense desse ano, na goleada de 7 x 0 sobre o Alvorada. O Guará atuou com essa formação: Édson, Clemente, Tostão e Enes; Remis e Bimba; Paulo Reis, Severo, Fernandinho, Eluff e Sabará. Técnico: Rubens Porfírio.
O Guará ficou com o segundo lugar nesse campeonato. Eluff marcou apenas um gol, no dia 4 de dezembro de 1960, na derrota para o Planalto, por 3 x 2.
No começo do ano de 1961, Eluff resolveu se transferir para o Planalto e por este clube disputou o Torneio “Prefeito Paulo de Tarso”, realizado de 26 de fevereiro a 26 de março com seis equipes (os cinco primeiros colocados de 1960 e o Sobradinho, campeão da Segunda Divisão de 1960). Por ironia, o Guará ficaria com o título de campeão desse torneio.
Seu primeiro jogo com a camisa do Planalto aconteceu em 5 de março de 1961, na derrota de 3 x 1 diante do Grêmio. Assim formou o Planalto: Raspinha, Jair e Edson Galba; Loureiro, Nilo e Edvino (Mariano); Beto (Eluff), Leônidas, Viola, Carrara e Cardoso.
Uma semana depois, na vitória de 4 x 2 sobre o Sobradinho, Eluff marcaria seu único gol na competição.

Antes, porém, do início do campeonato brasiliense de 1960, Eluff retornaria ao Guará.
Com ele na equipe, o Guará foi vice-campeão do Torneio Início realizado no dia 9 de julho de 1961, no Estádio “Israel Pinheiro”, do Guará. Oito clubes participaram.
O Guará venceu o Sobradinho, por 1 x 0, empatou em 0 x 0 e venceu nos pênaltis ao Grêmio e na final, diante do Nacional, aconteceu empate em 2 x 2, tornando necessária a realização de uma prorrogação, quando o Nacional venceu por 1 x 0. Eluff foi expulso de campo nesse jogo.

Jogadores de Guará e Botafogo-RJ
Pouco tempo depois, em 17 de setembro de 1961, Eluff fez parte da equipe do Guará que foi impiedosamente goleada pelo Botafogo, pelo placar de 6 x 0.
No campeonato brasiliense, o Guará ficaria com a terceira colocação, atrás de Defelê (campeão) e Rabello. Eluff voltaria a marcar apenas um gol na competição, no dia 13 de agosto de 1961, no empate de 3 x 3 com o Defelê.
Em 1962, Eluff continuou registrado como atleta do Guará, que chegou apenas em quarto lugar na competição que só foi encerrada em fevereiro de 1963.
O ano de 1963 foi o último de Eluff no futebol brasiliense. O Guará já não demonstrava a mesma força de antes, ficando em oitavo lugar na classificação final do campeonato brasiliense, disputado por nove equipes.

Édson Galba e Eluff
Eluff marcaria apenas um gol na competição, no dia 2 de junho de 1963, no empate em 2 x 2 com o Guanabara.
Seu último jogo aconteceu no dia 29 de setembro de 1963, no estádio Vasco Viana de Andrade, na derrota para o Cruzeiro (que seria campeão brasiliense desse ano), por 4 x 0. O Guará formou com Vladimilson, Mabinho, Eliseu, Sir Peres e Tati; Pelé e Baianinho; Zeca, Múcio, Eluff e Márcio.
Pouco antes de se começar a falar em profissionalismo no futebol brasiliense (que aconteceria em 1964), Eluff abandonou o futebol e passou a se dedicar exclusivamente ao seu emprego na NOVACAP.
Por curiosidade, registramos que Eluff, assim como também vários jogadores do Guará, também disputava os jogos do campeonato brasiliense de futebol de salão, prática comum na época do amadorismo.
Eluff faleceu no dia 12 de novembro de 2001.

Colaboração: Marcus Vinícius Gadia.