terça-feira, 21 de novembro de 2017

OS PIONEIROS: Paulo Linhares Gomes


Se a Construtora Rabello teve a presença de várias pessoas que foram decisivas no seu sucesso como pioneira na construção de Brasília, no time de futebol, o Rabello Futebol Clube, um nome foi unanimidade: Paulo Linhares Gomes, torcedor do Botafogo, nascido a 30 de outubro de 1923, em Alvinópolis (MG).
Na empresa tinha como função mestre de obras. Em 1956, veio para Brasília pela primeira vez e retornou quando sua mudança chegou à futura Capital Federal no dia 25 de janeiro de 1957.
Homem firme, mas muito humano, soube conduzir um batalhão de homens e fazer parte dele ao compor a equipe de futebol e a outra ao torcer para os colegas em campo.
O Rabello Futebol Clube foi o segundo grande clube a surgir em Brasília (o primeiro foi o Guará). Foi fundado em 17 de agosto de 1957, no Acampamento da Construtora Rabello S. A., por Paulo Linhares Gomes (eleito Presidente), Roberto Pereira Miranda, Newton Cândido, José de Lourdes Alexandre, Ernando Soares, Djalma Sérgio e José Silva Laranjeira, dentre outros.

Ata de fundação do Rabello
No dia 8 de julho de 1960 aconteceu a Assembleia Geral do Rabello que reelegeu Paulo Linhares como presidente do clube.
Ainda em 1960, Paulo Linhares trouxe Juvenal, que vinha sendo pretendido por vários clubes de Brasília, para ser o treinador do Rabello.
Foi um dos três membros da Comissão Técnica escolhida pela Federação Desportiva de Brasília, juntamente com José Viana e Vanderlei Matos, responsável pelo completo suporte aos jogadores da primeira seleção formada em Brasília, em 1961.
Quando aconteceu a primeira reunião tratando do assunto profissionalismo no futebol de Brasília, no dia 30 de janeiro de 1962, Paulo Linhares esteve reunido com representantes das agremiações Defelê, Guará, Nacional, Grêmio e Guanabara. Essa alteração só aconteceria em 1964.
Também fez parte da Comissão Técnica (junto com Aliatar Pinto de Andrade e Waldyr de Carvalho), responsável por convocar os jogadores da seleção que representaria o Distrito Federal no Campeonato Brasileiro de Seleções de 1962.
Com seu espírito democrata, Paulo Linhares convocou seus conselheiros e associados para uma reunião, onde seria decidido ou não o ingresso de Didi de Carvalho nas hostes alvinegras. Havia um problema, o time alvinegro possuía um técnico (Juvenal), que merecia uma explicação pelo seu afastamento. A votação foi secreta e os associados decidiram por 53 a 22 o ingresso de Didi e o afastamento do técnico Juvenal.
No dia 3 de março de 1963 Paulo Linhares teve que deixar Brasília e a Presidência do Rabello, indo para o Espírito Santo, supervisionar obras da empresa. Antes de sua viagem, foi homenageado na partida entre Rabello e Cruzeiro.

Quando retornou a Brasília tomou ciência da ata da Assembleia Geral Extraordinária realizada em 9 de fevereiro de 1964, que decidiu pela profissionalização do Rabello Futebol Clube. Em 16 de dezembro de 1964 passou a ser o novo Diretor de Esportes do Rabello, em substituição a Jackson Roedel.
Paulo Linhares foi um dos que mais lutou em prol da construção do Estádio de Brasília. Não à toa, a companhia construtora vencedora da concorrência por empreitada foi a Rabello S. A. Em 21 de abril de 1965, o novo estádio de futebol de Brasília foi inaugurado, ainda que de forma parcial.
Em 23 de janeiro de 1966, antes do encontro Rabello x Seleção de Taguatinga (com renda a ser revertida em benefício das vítimas das enchentes dos estados do Rio de Janeiro, Guanabara e Minas Gerais), a Federação Desportiva de Brasília entregou a Paulo Linhares o diploma de “Benemérito do Esporte Brasiliense”, pelos serviços prestados ao desporto da Capital Federal.
Uma nota no Correio Braziliense de 29 de outubro de 1966 informou que Paulo Linhares havia sofrido grave e lamentável acidente em serviço no Rio Grande do Sul, tendo que amputar o antebraço direito.
Depois de passar uma temporada em Porto Alegre (RS), Paulo Linhares retornou à Brasília e voltou a ser Presidente do Rabello na Assembleia Geral realizada em 27 de dezembro de 1966.
Em março de 1968, foi reeleito para assumir a Presidência do Rabello. Depois, novamente foi transferido, só que dessa vez para o Rio de Janeiro.
No dia 11 de agosto de 1969, o Rabello encaminhou à Federação Desportiva de Brasília o Ofício nº 33/69, cujo teor foi este:
“Em vista da situação precária em que vive os departamentos deste clube, mormente o futebol, e tendo essa Presidência convocado uma Assembleia Geral de Clubes, com o assunto principal o campeonato de profissionais e como o Rabello Futebol Clube é filiado a essa Federação e inscrito no Departamento de Futebol Profissional, vem por meio deste solicitar a V. Sa. a licença de atividades do clube por um período de um ano, a fim de serem reestruturadas todas as dependências do Clube.”
a) Paulo Linhares – Presidente
Desde então, o Rabello não mais voltou a disputar competições em Brasília.
Em 1984, quando estava trabalhando na Mauritânia, na África, sentiu um mal-estar e retornou ao Brasil, indo direto para um hospital do Rio de Janeiro, falecendo no dia 22 de maio.
Paulo Linhares recebeu uma das maiores homenagens que um desportista pode receber: ceder seu nome para um campo de futebol, o Estádio Paulo Linhares, que até hoje está de pé na Vila Planalto.
Sob sua direção, o Rabello conquistou os títulos de campeão brasiliense de profissionais nos anos de 1964, 1965, 1966 e 1967.



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