quarta-feira, 31 de maio de 2023

OS TÉCNICOS DO FUTEBOL BRASILIENSE (in memoriam): Airton Nogueira


Airton Nogueira, 
no Gama, em 1980

Airton Luiz Nogueira nasceu no dia 31 de maio de 1947, na cidade de Goiânia (GO).
Chegou a Brasília em 1964. Teve curta atuação como jogador. Foi jogador dos juvenis do Pederneiras, Nacional e Defelê. Um mau jeito na clavícula acabou com a carreira de um promissor médio-volante. Passou então a atuar como treinador, função em que teve suas primeiras experiências no time de futebol de salão do Pederneiras, ainda em 1965.
Logo depois passou a ser treinador de várias equipes de dentes-de-leite e infanto-juvenis. Dirigiu a equipe de “dente-de-leite” do Defelê em 1966, voltou para o Pederneiras e conquistou seu primeiro título, no ano seguinte, na categoria juvenil. Retornou para o Defelê e treinou as equipe infanto-juvenil e juvenil.
No ano de 1970, em uma de suas “garimpagens” descobriu o talento do ponteiro Junior Brasília. Com apenas 12 anos, foi levado por Airton Nogueira para jogar no dente-de-leite do Defelê.
Em 1971, conquistou o campeonato brasiliense da categoria dente-de-leite pelo Defelê. Nesse meio tempo, conjugava os treinamentos com sua escola de datilografia.
Em 1972 foi o técnico da Seleção Infantil do Distrito Federal na primeira Mini-Copa “Dedinho”, competição para garotos de 13 e 14 anos, patrocinada pelo Ministério de Educação e Cultura – MEC e disputada no Estádio Pelezão por seleções dente-de-leite do Distrito Federal, Estado do Rio, Goiás, Guanabara, Minas Gerais e São Paulo. O maior destaque desse torneio foi o centroavante Reinaldo, de Minas Gerais.
Nota: Dedinho era o personagem central de uma revista em quadrinhos, criada em 1971 pelo então Departamento de Educação Física e Desportos (DED), do Ministério da Educação e Cultura.
Sem condições financeiras para continuar no Defelê, em 1972 Airton Nogueira foi convidado a trabalhar na AABB, do diretor Gilson Macedo, sendo campeão no infantil e infanto-juvenil naquele ano.
No ano seguinte, passou a dividir seu tempo entre as categorias de base da equipe da Novacap (que contava com atletas do nível de Paulo Victor, Nenê e Jorge Luís) e o time do Jaguar, 4º colocado no campeonato brasiliense de 1973.
Seu trabalho à frente dessas equipes fez com que a enquete realizada pelo jornal Diário de Brasília “Melhores do Esporte de Brasília em 1973” o indicasse como melhor técnico de futebol naquele ano.

No CEUB
Em 1974, foi treinador da equipe adulta do Jaguar, que disputou o campeonato brasiliense de amadores e foi vice-campeão, passando, depois, a treinador da equipe de juvenis do Ceub.
Começou o ano de 1975 como técnico do Ceub, onde conquistou o título de campeão em um torneio na cidade de Goiânia (que reuniu também Atlético Goianiense, Goiânia e Vila Nova), deixando-o em seguida para ser o treinador do mais novo clube da Capital Federal, o Brasília, o qual levou até o quarto lugar no campeonato brasiliense daquele ano.
Para o campeonato de 1976 o Brasília contratou Velha, experiente treinador do futebol brasileiro e Airton Nogueira passou para a categoria de juvenis do Brasília, onde passou a trabalhar com jogadores como Edmar, William, Wilmar e Maurício e conquistou o título brasiliense da categoria.
Em 1977, assumiu o time titular e deu preferência para trabalhar com a garotada que já conhecida, sagrando-se campeão do Torneio Incentivo, do Campeonato Brasiliense e classificou a equipe para o Campeonato Brasileiro.
Deu o primeiro título profissional da Sociedade Esportiva do Gama em 1978, conquistando o Torneio Imprensa e participando de boa parte da campanha do bicampeonato da mesma competição.
Foi para o Guará, quando dirigiu a equipe no Campeonato Brasiliense de 1978 e colocou o clube no Campeonato Brasileiro de 1979, eliminando o próprio Gama dentro do Bezerrão, calando mais de 20 mil torcedores alviverdes.
Depois, voltou para o Brasília e foi vice-campeão do Distrito Federal em 1979, perdendo para o Gama, mas marcando mais pontos que o adversário.
Em 1980 foi técnico do Comercial (de Planaltina) e voltou para o time do Gama, para a disputa do campeonato brasiliense daquele ano.
Dirigiu o Tiradentes no Campeonato Brasiliense de 1981 e, no mesmo ano, foi técnico do Gama no Campeonato Brasileiro da Segunda Divisão.
Voltou a ser treinador do Tiradentes em 1982, mesmo ano em que foi técnico da Seleção Brasiliense de Juniors no Campeonato Brasileiro da categoria.
Resolveu mudar de ares e, em 1983, foi contratado para ser treinador do Brasil, de Pelotas (RS). Dirigiu a equipe em apenas onze jogos.
Pouco tempo depois aceitou uma proposta para ser treinador do Fast Clube, de Manaus (AM). No estado amazonense realizou excelente trabalho com a seleção de juniores, classificando-a para a segunda fase do Campeonato Brasileiro. Foi escolhido pela crônica do Estado como o melhor treinador de 1983.
Em circunstâncias não muito claras, morreu afogado na tarde do dia 26 de fevereiro de 1984, no igarapé denominado “Meriti”, no município de Manacapuru, no Amazonas.
Airton sempre deixou claro que não sabia nadar e evitava tomar banho em rios ou lagos.
Segundo versão da imprensa local, o acidente aconteceu por volta das 13:50 horas de domingo, quando o treinador estava tomando banho em companhia de três amigos e mais o presidente do Fast Clube, Maurício Pereira.
Desejoso de conhecer a cidade de Manacapuru, no dia anterior ao acidente o treinador foi até lá com amigos, tendo se encontrado com o presidente do Fast. De manhã, retornavam a Manaus, quando decidiram parar na localidade “Meriti” (banho público), para um banho e almoço. Airton ainda chegou a participar de uma pelada.
Foi então que ele teria dado a ideia de irem tomar banho, pois logo após o almoço continuariam viagem, pois ele pretendia assistir aos jogos do Torneio Intermunicipal de Seleções, à tarde em Manaus.
Foi quando viram ele se afogando a nada puderam fazer, muito embora o local estivesse lotado de gente. Foi levado imediatamente para a cidade de Manacapuru (distante poucos quilômetros do local do acidente), mas ele já estava morto.
Chegou a dizer que estava pretendendo retornar ao Distrito Federal, após receber seu salário, e estudava proposta feita por seu amigo e treinador do Flamengo na época, Cláudio Garcia, para treinar as categorias de base do clube carioca.
No futebol amazonense Airton Nogueira vinha desempenhando papel de olheiro, indicando jovens e promissores jogadores para os clubes de outros centros. Era praticamente o representante do Guarani, de Campinas, em Manaus.
Ele havia deixado o comando do Fast Clube no dia 22 de fevereiro de 1984, quando conversou demoradamente com o presidente Maurício Pereira, ao qual informava a não possibilidade de continuar à frente do clube.
No dia seguinte, Airton Nogueira comunicou que tentaria vender o convênio do Guarani e da Portuguesa de Desportos ao Libermorro e ao Penarol.
Airton Luiz Nogueira era bacharel em Matemática e estudante de Psicologia. Nomes como Junior Brasília, Paulo Victor, Edmar, Déo, Moreirinha, Wilmar, Gilberto, Luís Carlos, Marco Antônio, Robério e Rogério são alguns dos craques que Airton Nogueira ajudou a lapidar para o nosso futebol.





Colaboração: Márcio Almeida.