Hermínio Ferreira Neves, o Tim, nasceu no dia 2 de abril de 1926, na pequena cidade de Rubim, Minas Gerais, afastada mais de 800 km da capital, Belo Horizonte, e foi criado na cidade de Jacinto, também no interior mineiro, próximo à divisa com a Bahia. Em busca de melhores condições de vida, aos 15 anos já havia rodado por Almenara, Jequitinhonha, Araçuaí, Teófilo Otôni e Belo Horizonte.
Começou a jogar futebol nos campos de terra de Rubim. Logo depois, passou a defender o Iguaçu, de Araçuaí. Ganhou o apelido por ter seu estilo de jogo parecido com o atacante Tim, ídolo do Fluminense e jogador da seleção brasileira da década de 30.
Passou ainda pelo Atlético, de Teófilo Otoni, e tentou ser atacante do Atlético Mineiro. Mas a sorte não estava do seu lado e teve que pendurar as chuteiras em 1951, devido a uma fratura no pé.
Atraído pelas oportunidades de trabalho na Nova Capital, Brasília, Tim passou a trabalhar como barbeiro na Cidade Livre, hoje Núcleo Bandeirante. Depois exerceu sua função no Salão Ceará, na 306 Sul, e conseguiu, depois de algum tempo, ser barbeiro no Supremo Tribunal Federal.
Tim gostava de dizer que ele foi o morador do sexto barraco da cidade do Gama. Como não conseguia viver longe do futebol, foi jogar no Gaminha, equipe de futebol amador da cidade, da qual também fez parte de sua diretoria.
Depois de alguns desentendimentos com a diretoria, fundou sua própria equipe, o Minas Atlético Clube, e disputou vários campeonatos do Departamento Autônomo da Federação Desportiva de Brasília e torneios no Gama.
A criação da Sociedade Esportiva do Gama foi um desafio para Tim. Em outubro de 1975, Tim sentiu-se provocado numa festa no clube Opromeso, no Gama (hoje conhecido como Flamboyant e que recebe a Feira dos Goianos), quando o presidente do Flamenguinho, o sargento Walter Emetério, surpreendeu, anunciando que iria profissionalizar o seu clube para disputar as competições que a então Federação Metropolitana de Futebol implantaria em definitivo a partir de 1976.
Não aceitou o aquele fato, pois o Flamenguinho tinha surgido há pouco tempo, enquanto o Minas existia há 13 anos. Imediatamente, entrou em contato com o Presidente da Federação, Wilson de Andrade, deixou um cheque com ele e pediu um prazo para pagar as taxas de filiação do Minas Atlético Clube na entidade, visando disputar o primeiro campeonato brasiliense profissional. Tomou um empréstimo de CR$ 5,5 mil cruzeiros (moeda da época) junto à Caixa Econômica Federal, Capemi (Caixa de Pecúlio dos Militares) e no IPASE (Instituto de Pensão e Aposentadorias dos Servidores do Estado), comprou bolas e uniforme e levou mais de um ano pagando do seu bolso, com desconto em folha.
Antônio Walmir Campelo Bezerra, ex-senador e administrador regional do Gama na época da criação do clube, pediu apoio de todos e solicitou a Tim que trocasse o nome de Minas A. C. para Gama, já que iria representar a cidade no campeonato brasiliense.
Foi convocada a diretoria, mudado o estatuto e trocado o nome de Minas para Gama. Tim passou a ser o primeiro presidente do Gama, mas por questões políticas teve que entregar a gestão da equipe depois de seis meses (15.11.1975 a 15.06.1976). Tim ficou bastante chateado com toda aquela situação, pois havia sacrificado a sua família pelo clube. Então Márcio Tannus de Almeida foi indicado para o seu lugar em 1976.
Então, Tim afastou-se por completo do Gama, passando a ir aos jogos como simples torcedor. Ultimamente, decepcionado com o Gama, não ia mais aos campos. Preferia ouvir os jogos do seu time pelo rádio e conversar com os amigos pelos bares da Quadra 8 de Sobradinho, onde morava.
Tim faleceu no dia 7 de setembro de 2010, em função de uma infecção hospitalar, e foi sepultado tendo sob seu caixão uma bandeira e uma camisa do clube de sua criação.
De todos os jogadores que Tim viu jogar com a camisa do Gama, considerava o volante Santana o grande craque.
Sr. Tim, o Neves, foi realmente um homem de muita fibra, apaixonado e grande incentivador do futebol no Distrito Federal. Sempre de alvo e verde nos dias de jogos do Gama, papai nunca escondeu sua paixão pelo futebol e pela cidade do Gama. Corre em nossas veias o gosto pelo futebol. Branca Neves
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