terça-feira, 12 de agosto de 2014

A HISTÓRIA DA SEGUNDA DIVISÃO NO DF - Parte 9 (2003)


Dez equipes participaram do campeonato brasiliense da Segunda Divisão de 2003, dentre elas o novato Paranoá Esporte Clube, que disputou uma competição oficial pela primeira vez. Como Colorado Esporte Clube venceu o campeonato de futebol amador do Distrito Federal em 2002. Manteve a base, formou uma comissão técnica com muita experiência (o técnico foi Mozair Barbosa e o supervisor Roberval de Paula) e contratou o atacante Alessandro Bocão, ex-Bandeirante e Gama.
Além disso, era o único entre os dez concorrentes a contar com um estádio novo, o JK. Outra curiosidade do Paranoá esteve fora das quatro linhas: a presidente Gedalva Regina Soares.
O Sobradinho foi rebaixado no primeiro semestre de 2003, após vários vexames, incluindo uma derrota de 10 x 1 e um abandono de campo após forçar o “cai-cai” para não sofrer mais gols em outro jogo. Reestruturou-se com a chegada do novo presidente Humberto Pereira de Souza Junior e montou o melhor elenco da competição, com reforços como o goleiro Osmair (ex-Luziânia), Bobby (Dom Pedro II), Iron (Ceilândia), Giovani (Luziânia) e o veterano (40 anos) atacante Joãozinho, ex-Taguatinga, quase todos remanescentes de times da primeira divisão brasiliense de 2003.
Já o Brasília tentava se reerguer depois de duas quedas. Foi rebaixado em 2001 e conseguiu o acesso no mesmo ano (a segunda divisão era disputada no segundo semestre). Porém, em 2002, o Brasília caiu de novo e não conseguiu voltar.
Na primeira fase os dez clubes foram divididos em dois grupos, assim definidos:
A - Bosque, Brasília, Planaltina, Planaltinense e Sobradinho;
B - ARUC, Ceilandense, Paranoá, Samambaia e Santa Maria.
Jogaram entre si, dentro de seus grupos, em partidas de ida e volta, de 2 de agosto a 5 de outubro de 2003, classificando os dois primeiros colocados para as semifinais da competição.
Os dois grupos apresentaram as seguintes classificações finais:

 

A

CLUBES

J

V

E

D

GF

GC

SG

PG

SOBRADINHO

8

6

1

1

19

5

14

19

BRASÍLIA

8

5

2

1

16

9

7

17

PLANALTINA

7

2

0

5

7

17

-10

6

BOSQUE

6

1

2

3

5

7

-2

5

PLANALTINENSE

5

0

1

4

4

13

-9

1

B

CLUBES

J

V

E

D

GF

GC

SG

PG

PARANOÁ

8

5

1

2

16

5

11

16

SAMAMBAIA

8

4

2

2

18

6

12

14

CEILANDENSE

8

4

1

3

9

8

1

13

ARUC

8

4

0

4

19

15

4

12

SANTA MARIA

8

0

2

6

6

34

-28

2

 

Nas semifinais, muita confusão.

Nos jogos de ida, no dia 11 de outubro, no Mané Garrincha, o Brasília não soube aproveitar o fator campo e foi derrotado pelo Paranoá, por 1 x 0, gol de Alessandro Bocão.

No dia seguinte, 12 de outubro, no Rorizão, o Samambaia (filial do Brasiliense) fez prevalecer o fato de ser mandante, vencendo o Sobradinho por 2 x 1. Eldson e Robston marcaram para o Samambaia, enquanto Giovani fez o gol de honra do Sobradinho.

Nos duelos de volta, ambos no dia 19 de outubro, tanto o estreante Paranoá quanto o tradicional Sobradinho carimbaram, em casa, os passaportes para a Primeira Divisão de 2004.

No JK, com o público recorde de 2.012 pagantes, o Paranoá venceu o Brasília por 2 x 1.

Com o triunfo por 1 x 0 no duelo de ida, o Paranoá nem precisava ganhar para marcar sua ascensão meteórica. Mas os torcedores acabaram brindados com outra vitória no mesmo dia da festa de 46 anos da cidade.

Alessandro Bocão abriu o placar para os anfitriões. De cabeça, isolou-se na artilharia, com nove gols. Joacil empatou, em lance que originou uma briga e a sua expulsão, ao lado do lateral adversário Sorín. O reserva Junior, porém, liquidou a fatura. A outra confusão foi do lado de fora, com direito a discussão e cusparada do gerente Roberval de Paula na cara do árbitro reserva Ademar Canuto.

No Augustinho Lima, em Sobradinho, 750 torcedores pagaram para ver o alvinegro local ganhar por 1 x 0 do Samambaia, em jogo marcado por agressões aos visitantes. Morteiros no vestiário dos visitantes e proibição de Luiz Estevão, dono do Samambaia, de subir à tribuna de honra. Revanchismo pelo suposto péssimo tratamento recebido pelo Sobradinho no Rorizão, no duelo de ida. O atacante Giovani fez o gol da vitória e da classificação.

O Sobradinho chegou à final com a vantagem de jogar por dois empates e o direito de disputar o segundo e último jogo da decisão em casa, pois tinha um gol de diferença no saldo de gols.

No primeiro jogo, no estádio JK, com um gol de Odair, o Paranoá venceu por 1 x 0.

No jogo de volta, no dia 26 de outubro, a torcida do Paranoá até invadiu o Augustinho Lima (foram oito ônibus), ajudando a proporcionar o recorde absoluto de público da competição: 3.105 pagantes. Mas foram os anfitriões que fizeram a festa, garantindo o título de campeão ao devolver a derrota do primeiro jogo da final por 1 x 0.

Mesmo com os dois times garantidos na Primeira Divisão em 2004, a partida teve os melhores e piores ingredientes de uma decisão. Lances emocionantes, volta olímpica, dribles, mas também ingresso com preços duplicados para fazer caixa, catimba, lance duvidoso, gol anulado, péssima arbitragem e até briga nas arquibancadas.

Apesar da empolgação dos torcedores do Paranoá, o Sobradinho, porém, provou em campo que realmente tinha o melhor elenco da competição. Dominou a maior parte da partida apesar do péssimo gramado. Já o rival amargava três desfalques (Rodrigo Berigo, Odair e Luciano).

No primeiro tempo, o Sobradinho pressionou, mas só ameaçava em chutes de longe ou cruzamentos. O Paranoá só começou a respirar após os 20 minutos. Aos 45 minutos, Marquinhos quase inaugurou o placar a favor do Paranoá ao acertar chute no travessão.

O Sobradinho voltou do intervalo com tudo. Aos oito, França salvou cabeçada do volante Ricardinho. Aos 16, não teve jeito. Giovani entrou livre pela esquerda para chutar cruzado na saída do goleiro. O Paranoá tentou reagir, mas Bocão foi flagrado em impedimento duvidoso aos 23, antes mesmo de tocar para as redes. O gol anulado deu início à briga nas arquibancadas, com direito a dois PMs machucados na cabeça e reforço do policiamento para evitar o pior. A confusão chegou ao gramado, com o sumiço das bolas, dos gandulas e o nervosismo do árbitro novato Juarez Abrantes, pressionado pelos dois times.

De qualquer modo, o título coroou a reformulação do Sobradinho.

Já o Paranoá comemorou a ascensão meteórica em sua primeira participação em um torneio profissional.

A súmula do jogo foi essa:

SOBRADINHO 1 x 0 PARANOÁ

Data: 02.11.2003

Local: Augustinho Lima, Sobradinho (DF)

Árbitro: Juarez Abrantes

Renda: R$ 6.210,00

Público: 3.105 pagantes

Gol: Giovani, 61

SOBRADINHO: Osmair, André Souza, Piu, Panda e Bobby; Coquinho, Ricardinho, Iron e Edinho Paraíba (Jocelmo); Giovani (Zé Ricarte) e André Carioca (Joãozinho). Técnico: Everton Goiano.

PARANOÁ: França, Fabinho, Scheidt, William e Chocolau; Japão, Ronaldo (Cristiano), Oliveira e Marquinhos (Da Lua); Junior (Anderson) e Alessandro Bocão. Técnico: Mozair Barbosa.

A classificação final do campeonato da Segunda Divisão de 2003 foi a seguinte:

 

CF

CLUBES

J

V

E

D

GF

GC

SG

PG

SOBRADINHO

12

8

1

3

22

8

14

25

PARANOÁ

12

8

1

3

20

7

13

25

SAMAMBAIA

10

5

2

3

20

8

12

17

BRASÍLIA

10

5

2

3

17

12

5

17

CEILANDENSE

8

4

1

3

9

8

1

13

ARUC

8

4

0

4

19

15

4

12

PLANALTINA

7

2

0

5

7

17

-10

6

BOSQUE

6

1

2

3

5

7

-2

5

SANTA MARIA

8

0

2

6

6

34

-28

2

10º

PLANALTINENSE

5

0

1

4

4

13

-9

1

 

Os principais artilheiros foram Alessandro Bocão, do Paranoá, com 9 gols, seguido de Alysson, do Brasília, com oito.

 

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