Bé e Túlio Maravilha |
No futebol começou em Brazlândia, quando fazia parte de um time de garotos de 12 a 14 anos da Quadra 1 Sul, o Zebrinha, cujo dono do time era o Paulinho.
Ainda em Brazlândia, antes mesmo de completar a maioridade, jogou nos times de adultos do Madureira, Auto Esporte e Brazlândia (time amador que nada tem a ver com o atual Brazlândia que disputa o campeonato profissional do DF).
Quando ainda servia o exército, passou a jogar nos juvenis do Tiradentes, time da Polícia Militar em Brasília. Em 1985, o Matsubara, do Paraná, tentou contratá-lo, somente não indo para o clube paranaense porque seus pais acharam que não estava na hora de sair de casa.
Pouco tempo depois, Roberval de Paula Teixeira, Supervisor do Tiradentes, apareceu para fechar um contrato, o primeiro da carreira de Bé. Assinou seu primeiro contrato de jogador profissional em 19 de janeiro de 1987. O dinheiro oferecido (Cz$ 2.500,00) era pouco, mas já dava para ajudar a família.
Em seu primeiro ano no Tiradentes, 1987, Bé foi o artilheiro do campeonato brasiliense, com 18 gols, apesar da má campanha do clube rubro-negro: foi o sexto colocado entre oito participantes.
Assombrou as defesas adversárias em todos os jogos. Sua estreia aconteceu no dia 1º de fevereiro de 1987, no Augustinho Lima, na derrota de 2 x 1 para o Sobradinho: Bé marcou o único gol do Tiradentes.
Uma semana depois, nova derrota do Tiradentes, desta vez para o Ceilândia, por 3 x 1, com Bé novamente marcando o gol de honra do rubro-negro.
A primeira vitória foi no dia 15 de fevereiro de 1987, contra o Planaltina, por 1 x 0, gol de Bé.
Foi então que chegou a partida que marcou sua vida. No dia 22 de fevereiro de 1987, no Serejão. O Tiradentes vencia o Guará, por 2 x 0 (com um gol de Bé) e sofreu o empate aos seis minutos do segundo tempo. Bé marcou três gols seguidos, totalizando quatro no jogo e definindo o resultado em 5 x 2.
A defesa do Gama foi a melhor testemunha dessa vocação para marcar gols. No dia 19 de julho de 1987, no Bezerrão, o Tiradentes venceu o Gama por 5 x 1. Bé marcou os cinco gols do Tiradentes!
Bé integrou a Seleção do Distrito Federal que disputou um amistoso contra o Flamengo (RJ), seu time do coração, no dia 5 de julho de 1987, com vitória do clube carioca por 1 x 0.
Também defendeu o selecionado brasiliense no Campeonato Brasileiro de Seleções daquele ano, quando o DF era treinado pelo ex-zagueiro tricampeão mundial Brito. O DF foi desclassificado por Goiás.
Foi emprestado ao Brasília para a disputa do Módulo Azul da Copa União de 1987. O Brasília não fez uma boa campanha: não passou para a fase seguinte e Bé marcou apenas um gol.
Ao final de 1987, Bé recebeu o Troféu ABCD como o melhor jogador de futebol do ano em Brasília.
No ano seguinte, 1988, o Tiradentes montou um bom time, com jogadores adquiridos junto ao Guará, como Moura, Touro, Zé Maurício e Ricardo. Além destes, contratou também o centro-avante Luisão. Com todos esses bons jogadores, Bé foi jogar de meia-direita. O Tiradentes chegou ao primeiro título de campeão de sua história. Bé marcou oito gols e viu seu companheiro de clube, Moura, tornar-se artilheiro da competição.
Os gols de Bé também ajudaram o Tiradentes a realizar brilhante campanha na Terceira Divisão do Campeonato Brasileiro de 1988, quando o rubro-negro brasiliense chegou na terceira colocação no geral (atrás do União São João-SP e Marcílio Dias-SC), além de ter o ataque mais positivo da competição (junto com o Esportivo, de Passos), com 24 gols.
Em 1989, o Tiradentes não foi bem no campeonato brasiliense, ficando na quinta colocação. Bé marcou apenas seis gols na competição.
No mês de julho, Bé defendeu o Tiradentes na primeira edição da Copa do Brasil. O clube brasiliense, dirigido pelo folclórico Dario “Dadá” Maravilha desclassificou o Atlético Goianiense na primeira fase, mas foi eliminado pelo Corinthians na segunda (chegou a vencer o clube paulista num dos dois jogos, por 1 x 0).
Disputou o campeonato brasiliense de 1990, ainda pelo Tiradentes, marcando apenas dois gols.
Permaneceu no Tiradentes até o ano de 1991, tendo passado um pequeno período no Clube dos Cem, de Monte Carmelo (MG), que era treinado por Carlos Morales (técnico que o lançou no futebol profissional), que o convidou a disputar o campeonato mineiro da segunda divisão.
Em 1991, atendendo convite do treinador Mozair Barbosa, Bé e outros jogadores do futebol de Brasília, foram para o modesto Itapuranga Esporte Clube, de Itapuranga (GO), que disputou o campeonato goiano da Segunda Divisão. Tornou-se artilheiro da competição, com 9 gols, e despertou o interesse do Vila Nova, de Goiânia (GO), principalmente ao marcar o gol da vitória de 1 x 0 do Itapuranga sobre o Vila Nova, num amistoso.
Foi observado jogando algumas vezes pelo Itapuranga e a diretoria do Vila Nova atendeu ao pedido do técnico Paulo Gonçalves, que solicitou a contratação de Bé. Em junho de 1992 Bé chegaria ao Vila Nova. Nesse ano, fez 19 gols, teve seu passe comprado junto ao Tiradentes, de Brasília, e ganhou a chance de ficar para o ano seguinte.
No Campeonato Goiano de 1993 atingiu a espantosa marca de 29 gols. Somente Baltazar, com 31 pelo Atlético Goianiense em 1978, atingiu um índice maior numa temporada.
Mais que artilheiro do Campeonato Goiano, Bé foi o destaque do time que terminou o jejum de nove anos sem títulos. Ele caiu nas graças do povo e virou ídolo da torcida do Vila Nova.
Na decisão de 1993, diante de 47 mil pessoas no Serra Dourada, contra o Goiás, Bé fez o gol do empate em 1 x 1 no tempo normal de jogo, depois de receber passe de letra do camisa 10, Agnaldo. Na prorrogação, foi de seus pés o cruzamento para o gol do título de Ricardo Batata: Vila Nova 2 x 1 e campeão goiano.
Foi emprestado ao Goiás para a disputa do Campeonato Brasileiro de 1993. Esteve presente em poucos jogos.
Depois, em 1994, novamente foi goleador do Estadual, com 25 gols, dividindo a artilharia com Baltazar, do Goiás.
Arrancou elogios do público e da imprensa mineira quando marcou os três gols do Vila Nova na derrota de 4 x 3 para o Atlético Mineiro, pela Copa do Brasil, em 11 de fevereiro de 1994, em pleno Mineirão.
Chegou a ser vendido ao Acadêmica, de Coimbra (Portugal). Ficou 13 dias em Portugal, fazendo exames médicos. Mas a negociação emperrou e Bé teve que retornar ao Brasil e ao Vila Nova.
Em 1996, transferiu-se para o Atlético Goianiense, onde foi vice-campeão goiano.
Por ironia do destino, ajudou a encerrar um jejum no dia 12 de maio de 1996, ao marcar o gol da vitória de 2 x 1 do Atlético sobre o Vila Nova. O Atlético não vencia seu adversário há três anos.
O ano de 1996 se transformou em um ano de tristezas para Bé. Foram muitos problemas e o atacante encontrou dificuldades para driblá-los.
A cirurgia feita em pleno Carnaval o prejudicou bastante no Campeonato Goiano. Ficou muitos jogos fora e por este motivo não teve condições de brigar pela artilharia. Ainda assim, foi o segundo artilheiro do clube, com 12 gols.
Alegria mesmo só a de ter marcado o centésimo gol em jogos do campeonato goiano, na vitória de 2 x 1 sobre o Goiás, na fase final da competição, no dia 3 de julho de 1996.
No Campeonato Brasileiro da Série C, Bé não marcou nenhum gol.
Foi emprestado ao Kaburé, de Colinas (Tocantins) e sagrou-se campeão da Copa do Tocantins. Participou de nove partidas e fez seis gols.
Em 1998, disputou o Campeonato Goiano da Segunda Divisão pelo Minaçu Esporte Clube, de Minaçu.
Voltou ao futebol do Distrito Federal e, em 1999, foi o segundo artilheiro do campeonato brasiliense, atuando pelo Ceilândia, tendo marcado oito gols.
Nos anos de 2000 e 2001 disputou pouquíssimos jogos pelo Brazlândia. Quase encerrou a carreira com mais um título. O Brazlândia fez a melhor campanha do campeonato daquele ano, somou 45 pontos contra 33 do Gama (que o tirou da final após dois jogos: 2 x 0 e 0 x 1), liderou desde a quinta rodada, mas acabou fora da decisão do título.
O último jogo de Bé como atleta profissional aconteceu no fatídico dia 20 de maio de 2001, no Estádio Chapadinha, em Brazlândia, quando o Brazlândia não conseguiu fazer mais que um gol no Gama. Bé substituiu Jadson.
Hoje completando 48 anos, atualmente Bé mora em Brazlândia (DF). Nunca exerceu atividades relacionadas ao futebol, tais como treinador ou preparador físico, por exemplo. Participa de um projeto social em Brazlândia, colaborando com uma escolinha de futebol tocada por seu amigo Ildevan.
Ainda bate uma bola com outros amigos veteranos no Minas Brasília Tênis Clube e, quando as folgas no trabalho permitem, vai até Goiânia para disputar alguns amistosos pelo time de veteranos do Vila Nova.
Depois que encerrou sua carreira de jogador profissional, Bé passou a trabalhar como Vigilante Patrimonial no metrô de Brasília, onde está desde o dia 15 de fevereiro de 2008.
Um Gigante do Futebol Goiano. Eterno artilheiro do Vila Nova. "É do Vila é do Bé, É do Vila é do Bé, É do Vila é do Bé" - Cunha Filho
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