Entre todos os convidados a participar do Campeonato Brasileiro de 1973, nenhum
estava tão despreparado como o Ceub. Não fazia muito tempo (foi fundado em
1971), era apenas um clube amador do Distrito Federal. A Confederação
Brasileira de Desportos - CBD (atual CBF) comunicou que, para o DF ter um
representante na competição nacional, deveria profissionalizar o seu futebol,
até então amador.
Para atender a essa determinação, a diretoria do Ceub conseguiu reunir um bom
grupo de jogadores, sob o comando de João Avelino, muitos deles veteranos, que
se juntaram a alguns jovens valores do futebol brasiliense, todos eles
entusiasmados com a possibilidade de ajudar o Ceub a se projetar nacionalmente.
Para o gol Rogério, terceiro reserva do Coritiba, e Valdir, ex-Vasco da Gama,
autor de um incrível gol contra em 1969, num jogo com o Bangu; os laterais eram
dois veteranos: Oldair, com 34 anos, e Rildo, com 31; também era experiente o
zagueiro-central Paulo Lumumba (30 anos), que jogou ao lado do garoto Emerson,
filho do supervisor Edilson Braga; no meio-de-campo, o também veterano Jadir,
ex-Grêmio, formou dupla com Péricles, de 18 anos; no ataque, junto de Cláudio
Garcia, ex-Fluminense, Dario, ex-América-MG, e Xisté, ex-Palmeiras, havia outro
jovem, o ponta-direita Marco Antônio, de 17 anos.
O Ceub estreou com um empate de 0 x 0 diante do Botafogo-RJ; no segundo jogo,
uma derrota para o Coritiba fora de casa e, logo depois, uma vitória sobre o
Figueirense, em casa. O poderoso Cruzeiro, bicampeão mineiro (1972/1973) seria
o próximo adversário do Ceub.
Vejam o que disseram três grandes jornais brasileiros no dia seguinte ao jogo.
Manchete da Folha de S. Paulo: UMA SENSACIONAL VITÓRIA DO CEUB
Atuando sensacionalmente no segundo tempo, o CEUB derrotou e quebrou a
invencibilidade do Cruzeiro, de Minas Gerais, por 2 x 0, em Brasília.
O herói da noite foi Péricles, que anulou completamente Dirceu Lopes, tirando
assim as possibilidades do Cruzeiro.
Segundo o mesmo jornal, os melhores em campo foram Péricles e Xisté, ambos do
Ceub.
O GLOBO: CEUB, EM CASA, SURPREENDE O CRUZEIRO: 2 x 0.
Depois de um primeiro tempo muito equilibrado, em que ficou visível a
dificuldade do Cruzeiro em penetrar na defesa adversária, o Ceub, no segundo
tempo, dominou amplamente o meio-campo e não teve dificuldades para conseguir
os dois gols.
JORNAL DO BRASIL
A experiência do trio Oldair, Jadir e Rildo funcionou e o Ceub, contrariando os
prognósticos, derrotou o Cruzeiro por 2 x 0.
O time mineiro lutou muito, mas encontrou em Jadir uma barreira às suas
pretensões.
No final, os poucos torcedores do Ceub fizeram um pequeno carnaval comemorando
a vitória de sua equipe.
Eis a ficha técnica do jogo e verifiquem o timaço que o Cruzeiro trouxe até
Brasília naquele dia 5 de setembro de 1973.
CEUB 2 x 0 CRUZEIRO
Data: 05.09.1973
Local: Pelezão, Brasília (DF)
Árbitro: Carlos Costa (RJ)
Auxiliares: Adélio Nogueira e Carlos Ferreira do Amaral
Renda: Cr$ 164.396,84
Gols: Dario, 66 e Marco Antônio, 76
CEUB: Rogério, Oldair, Paulo Lumumba, Emerson e Rildo; Jadir, Cláudio Garcia e
Xisté; Marco Antônio, Dario e Péricles (Renê). Técnico: João Avelino.
CRUZEIRO: Raul, Nelinho, Perfumo, Darci Menezes e Vanderlei; Piazza e Zé
Carlos; Eduardo (Rinaldo), Roberto Batata (Toinzinho), Dirceu Lopes e Lima.
Técnico: Ílton Chaves.
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