terça-feira, 17 de maio de 2011

O PRIMEIRO CAMPEONATO DE FUTEBOL DE BRASÍLIA. AS PRIMEIRAS DECISÕES.


No dia 16 de março de 1959, numa reunião realizada na Cantina do IAPI, com a presença de cerca de 50 esportistas, foi fundada a Federação Desportiva de Brasília, sendo considerados clubes fundadores os seguintes: Clube de Regatas Guará, Esporte Clube Planalto, Central Clube Nacional, Rabello Futebol Clube, Pacheco Fernandes Dantas Futebol Clube, ASSIBAN, Associação Atlética Brasília, Novo Horizonte Atlético Clube, Expansão Futebol Clube, Associação Esportiva EBE, Paranoá Clube e Iate Clube, em número de 12 fundadores.
Na reunião seguinte, no dia 1º de abril de 1959, foram incluídos outros clubes na Federação como filiados, a saber: Esporte Clube Brasília, Grêmio Esportivo Brasiliense, Esporte Clube Radium, Associação Atlética Bancária (IAPB), Associação Esportiva Taguatinga (ex-JK Futebol Clube), Brasil Central Atlético Clube (ex-Fundação da Casa Popular Futebol Clube), Brasil Esporte Clube, Associação Atlética Kosmos, Associação Atlética Brasília Palace e CAPFESP Futebol Clube.
Com 12 fundadores e mais dez filiados, a Federação Desportiva de Brasília criou os seus departamentos especializados, tendo, para o Departamento de Futebol, sendo eleitos os seguintes esportistas: Tenente Agenor Ribeiro da Silva e Luís Gonzaga Contart, os quais promoveram diversas reuniões com os clubes inscritos no Departamento, em número de 20, para a disputa do 1º Campeonato de Futebol da cidade.
Posteriormente, com a desistência do CAPFESP, este número ficou reduzido a 19 clubes, que disputaram o 1º Torneio Início de Futebol em Brasília.
O Torneio Início foi disputado no dia 24 de maio de 1959, no campo do Clube de Regatas Guará, denominado Estádio Provisório “Israel Pinheiro”, cercado de madeira em apenas poucos dias, dotado de alambrado e palanque.
Foi a festa esportiva mais empolgante já realizada em Brasília. Os 19 clubes disputantes realizaram o desfile inaugural, todos devidamente uniformizados, com a presença de autoridades e um numeroso público.
O Clube de Regatas Guará foi o vencedor do Torneio, denominado Torneio Início “Bernardo Sayão”, cabendo ao quadro da EBE o título de vice-campeã. Ao Grêmio foi conferido o título de campeão do Desfile, pois se apresentou como o melhor conjunto.
Os 19 clubes inscritos no primeiro campeonato de futebol de Brasília foram divididos em duas chaves:


ZONA SUL

ZONA NORTE

Grêmio Brasiliense

E. C. Planalto

A. E. Taguatinga

C. C. Nacional

IPASE

Rabello F. C.

A. E. EBE

Novo Horizonte A. C.

Expansão F. C.

ASSIBAN

A. A. Bancária

A. A. Brasília Palace

C. R. Guará

Pacheco Fernandes Dantas F. C.

Brasil E. C.

E. C. Radium

Brasil Central A. C.

A. A. Kosmos

A. A. Brasília


Na reunião seguinte, no dia 1º de abril de 1959, foram incluídos outros clubes na Federação, como filiados, a saber: Esporte Clube Brasília, Grêmio Esportivo Brasiliense, Esporte Clube Radium, Associação Atlética Bancária (IAPB), Associação Esportiva Taguatinga (ex-JK Futebol Clube), Brasil Central Atlético Clube (ex-Fundação da Casa Popular Futebol Clube), Brasil Esporte Clube, Associação Atlética Kosmos, Associação Atlética Brasília Palace e CAPFESP Futebol Clube.
Conforme estabelecido no regulamento, os clubes jogariam dentro de suas respectivas zonas, em turno e returno, com os vencedores decidindo, numa série “melhor-de-três”, o título de campeão da cidade.
Com o decorrer dos jogos muitos clubes desistiram de continuar na competição.
No dia 11 de outubro de 1959, aconteceu o grande jogo Guará x Grêmio, no Estádio Israel Pinheiro.
O jogo foi violento e bastante tumultuado, numa péssima demonstração de educação esportiva. Não tardou a aparecer os primeiros desentendimentos, redundando em conflitos e paralisação da partida.
O primeiro tempo terminou em 2 x 1 para o Grêmio, marcando Roberto e Amauri para o clube da Metropolitana, e Severo para o Guará. No segundo tempo, Severo voltou a marcar e deu números definitivos ao marcador: 2 x 2.
Assim jogaram as duas equipes: GUARÁ: Maia, Pesão, Vandoca e Homero; Cazuza e Múcio; Zezinho, Severo, Íris, Luís Maia e Nereu. GRÊMIO: Bosco, Hugo, Amauri e Remis; Alemão e Ralph; Nilo, Carlinhos, Jair, Edson e Roberto. O árbitro foi Heraclis Nicolaidis, auxiliado por Dirceu Basílio e Anfrido Ziller.
A última rodada do campeonato, em 25.10.1959, determinava a realização dos seguintes jogos: Brasília Palace x Planalto (arbitragem de Anfrido Ziller), Guará x EBE (Elias Severino) e Grêmio x Brasil Central (Gabriel Costa Filho).  Corria na cidade rumores de que o Brasil Central não compareceria para o encontro com o Grêmio, em virtude de seus elementos principais não estarem em condições de jogo, muitos deles viajando e outros contundidos.
O Planalto, com o título de campeão da Zona Norte já garantido, com 3 pontos de diferença do segundo colocado, o Assiban, cumprirá o seu último compromisso no certame já com a faixa de campeão da Zona Norte.
A surpresa foi o empate verificado entre as equipes do Guará e EBE, pela contagem de 2 x 2. O Guará chegou a estar perdendo por 2 x 0, buscou o empate mas o resultado não foi suficiente. Depois de liderar o campeonato juntamente com o Grêmio, caiu um ponto, deixando que o Grêmio alcançasse o título de campeão da Zona Sul. O Grêmio teria que enfrentar o Brasil Central. Como este não compareceu, perdeu os pontos para o seu adversário. O E. C. Planalto, já qualificado como campeão da Zona Norte, derrotou a A. A. Brasília Palace por 4 x 0. Diante desses resultados, Grêmio e Planalto decidiriam o título máximo do futebol de Brasília numa série “melhor-de-três”.
Classificação final das duas Zonas:
Sul – 1º Grêmio, 3 pontos perdidos; 2º Guará, 4; 3º - EBE, 8; 4º Brasil Central, 12 e 5º Expansão, 18.
Norte – 1º Planalto, 2; 2º Assiban, 5; 3º Rabello, 8; 4º Brasília Palace, 9 e 5º Novo Horizonte, 14.
O primeiro jogo da decisão entre Grêmio e Planalto, dia 8 de novembro, no campo do Planalto.
Partida truncada, acidentada, com nada menos que cinco jogadores expulsos de campo e duas penalidades máximas cobradas. O árbitro foi Gabriel Costa Filho.
Movimentaram o marcador: 12 minutos, Carlinhos, do Grêmio; Cardoso empatou aos 19 e novamente Carlinhos desempatou aos 30. Assim terminou o primeiro tempo. No segundo tempo: aos 27, Nilo e aos 39, José, ambos para o Grêmio, quando o Planalto estava somente com oito homens em campo. No final, Cardoso voltou a marcar para o Planalto.
O Grêmio atuou com Bosco, Amauri e Hugo; José, Alemãozinho e Ralph; Carlinhos, Nilo, Jair, Eluff e Roberto. O Planalto com Issinha, Rochinha e Gringo; Divino, Aires e Nenê; Cardoso, Edson Galba, Lili, Santa Helena e Prego.
Foram expulsos: Divino, Edson (capitão), Gringo e Santa Helena, do Planalto, e Nilo, do Grêmio.
Ao final do jogo, a torcida do Planalto tentou agredir ao árbitro, que foi protegido pelo Diretor de Futebol, por policiais e por dirigentes do Grêmio e Planalto.
No feriado de 15 de novembro, aconteceu o 2º jogo. A partida realizada no campo do Grêmio (Vasco Viana de Andrade) teve um desenrolar empolgante, graças ao espírito de luta com que se apresentaram os 22 elementos em campo. O empate foi justo e premiou as duas equipes disputantes, pela produção igual, no decorrer dos 90 minutos.
Numeroso público assistiu até ao fim do jogo, apesar da forte chuva caída sobre o estádio, durante quase todo o 2º tempo. Os quadros do Planalto e Grêmio, por sua vez, souberam premiar esse público com um bom espetáculo.
Coube ao Grêmio abrir a contagem, por intermédio do atacante Nilo, aos 32 minutos. Com este tento, os gremistas criaram alma nova e impuseram um ligeiro domínio sobre a equipe do Planalto, dando oportunidade a várias tentativas de aumentar o marcador.
Entretanto, os “periquitos” defendiam-se valentemente e, às vezes, procuravam atingir a meta guarnecida por Bosco. Ao término do primeiro tempo, o placar assinalava 1 x 0.
Na segunda etapa, sob forte chuva, o jogo decaiu de produção, até que cessasse o aguaceiro. O campo escorregadio impedia aos jogadores melhores lances. Com o segundo tento do Grêmio, marcado por Carlinhos, o Grêmio se contentou com os 2 x 0 e o Planalto parecia ter perdido as esperanças.
Quando ninguém mais acreditava numa reação da parte dos defensores do Planalto, aos poucos, com espírito de luta crescendo dentro da cancha, os comandados do capitão Edson Galba conseguiram o primeiro tento, por intermédio de Ferrete. O entusiasmo se apossou dos 11 jogadores esmeraldinos.
O Grêmio continuava acomodado, tentando garantir a contagem. Veio o segundo tento do Planalto, por intermédio de Edson Galba, o que transformou em magnífico o final de encontro. Planalto e Grêmio passaram, então, numa luta de gigantes, a buscarem o tento de desempate.
Quando faltavam quatro minutos para o final da partida, acontece o terceiro gol do Planalto, marcado por Cardoso. Era o gol da virada e muitos acharam que seria o da vitória.
Mas, no último minuto de jogo, o Grêmio conseguiu empatar, novamente através de Carlinhos.
O belo jogo teve como árbitro Anfrido Ziller e as equipes formaram assim: GRÊMIO: Bosco, Amauri e Hugo; Remis, Alemão e Ralph; Carlinhos, Nilo, Jair, Eluff e Roberto. PLANALTO: Issinha, Louro e Liliu; Edivino, Aires e Nenê; Zé Luís, Pedrinho, Cardoso, Edson Galba e Ferrete.
O empate de 3 x 3 entre as equipes do Planalto e Grêmio determinou uma terceira partida para decisão do título de campeão de Brasília.
Esta aconteceu no dia 22 de novembro, novamente no campo do Grêmio.
O encontro entre os dois finalistas do Campeonato caracterizou-se pela igualdade de produção dos 22 elementos, durante todo o transcorrer da partida. A luta foi renhida do primeiro ao último minuto.
No primeiro tempo, o marcador permaneceu em branco, embora ambas as equipes tenham lutado valentemente pela conquista do tento de abertura. Com ataques sucessivos por parte das duas linhas, os defensores foram o ponto alto.
Na segunda fase, coube ao Planalto dominar o jogo por cerca de 20 minutos. Aos 26 minutos, num perigoso contra-ataque, Carlinhos conseguiu o tento que valeu a conquista do campeonato para sua equipe. O gol provocou um grande entusiasmo da torcida, que invadiu o campo para abraçar os jogadores, o que motivou paralisação do jogo em 19 minutos.
Esta paralisação esfriou completamente o Planalto que não apresentou mais nenhuma perspectiva de reação para virar o marcador.
Dirigiu a contenda o árbitro Anfrido Ziller.
Assim se apresentaram os dois quadros: GRÊMIO - Bosco, Amauri e Hugo; Remis, Alemão e Ralph; Nilo I, Jair, Nilo II, Carlinhos e Nobre. PLANALTO - Issinha, Gringo e Paulinho; Edivino, Aires e Nenê; Zé Luís, Pedrinho, Cardoso, Edson Galba e Prego.
O feito do Grêmio, ao conquistar de forma invicta o campeonato, revela que sua equipe soube vencer todas as dificuldades durante o certame, valorizando ainda mais a sua vitória a magnífica apresentação do seu último adversário, o E. C. Planalto, que vendeu caro a derrota. Este campeonato ficará como um marco inicial de progresso na vida esportiva da futura capital.
A campanha do Grêmio foi a seguinte:

TURNO
31.05 - 3 x 0 Taguatinga
06.06 - 2 x 2 IPASE
14.06 - 0 x 0 EBE
21.06 - 4 x 2 Expansão
05.07 - 2 x 1 A. A. Bancária
19.07 - 4 x 1 Guará
26.07 - 8 x 2 Brasil
09.08 - 3 x 2 Brasil Central

RETURNO
06.09 - 4 x 1 EBE
13.09 - 3 x 1 Expansão
11.10 - 2 x 2 Guará
25.10 - WO x 0 Brasil Central

DECISÃO
08.11 - 4 x 2 Planalto
15.11 - 3 x 3 Planalto
22.11 - 1 x 0 Planalto

Nos 14 jogos que disputou, a equipe do Grêmio assinalou 43 gols e sofreu 19, ficando com saldo positivo de 24 gols. Foram 10 vitórias e 4 empates (sem considerar um WO). Carlinhos foi o artilheiro do Grêmio, com 10 gols, sendo acompanhado por Nilo, com 9.

Fonte: Diário Carioca-Brasília


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