sexta-feira, 3 de junho de 2011

PERSONAGENS & PERSONALIDADES: O presidente Wilson de Andrade


Wilson Antônio de Andrade nasceu no dia 15 de setembro de 1926, na cidade de Tocantins, em Minas Gerais.
Fez o ginásio no Colégio Anchieta, em Nova Friburgo (RJ), com os padres jesuítas, tendo estudado latim, francês e grego. Jogou futebol no Vila Nova e no Ubaense, ambos de Ubá, equipes da Zona da Mata de Minas Gerais.
Foi ainda locutor esportivo da Rádio Sociedade Ubaense, quando transmitia as partidas de futebol da Zona da Mata (Rio Branco, Cataguases, Leopoldina e Ubá).
Nos anos de 1949 e 1950 foi Presidente do Conselho Deliberativo do Volante, de Juiz de Fora, campeão do ano naquela cidade, e também Auditor da Junta Disciplinar da Liga de Desportos de Juiz de Fora.
Em 1958, colou grau de Bacharel em Ciências Jurídicas pela Faculdade de Direito de Juiz de Fora, tendo sido, entre outros, advogado de Itamar Franco, ex-Presidente da República e Governador de Minas Gerais, naquela época Engenheiro Civil.
O futebol não lhe rendia nada e ele precisava sobreviver para pagar meus estudos. No rádio, além de locução esportiva, especializou-se em noticiários, tendo sido escolhido o Melhor de 1954 e convidado pela Rádio Nacional para substituir Heron Domingues no Repórter Esso, só não aceitando porque ganhava muito mais na Rádio Industrial. Ficou nesta rádio até 1957.
De 1958 a 1960 foi locutor esportivo da Rádio Sociedade de Juiz de Fora, tendo lançado o importante programa de entrevistas da Região: "Desafio à Consciência", quando entrevistou, entre outros, Tancredo Neves, Magalhães Pinto, Ademar de Barros, Jânio Quadros, Teixeira Lott e Conceição da Costa Neves, o mais discutido e ouvido programa da série.
Também foi editor de esportes da Folha Mineira e do jornal “Equipe”, ambos de Juiz de Fora.
Em 1960, deixou tudo e foi para Brasília, onde se tornou Assessor do então Primeiro Ministro Tancredo Neves e advogado da então Prefeitura de Brasília.
Em 1961 foi convidado para trabalhar na TV Brasília, sendo também locutor da Rádio Alvorada e da Rádio Nacional. Trabalhava também no novo jornal "A Crítica", onde escrevia uma coluna intitulada "Rádio e TV de Poltrona", onde fazia a crítica diária dos programas radiofônicos e de TV. Deixou tudo isso pois a participação da imprensa tomava muito do seu tempo e como advogado tinha de se dedicar à profissão e ainda dar assistência à Casa do Athleta - que trouxera de Juiz de Fora para Brasília, empresa que foi um sucesso por muitos anos.
Em 1962, por ocasião das eleições na Federação Desportiva de Brasília, o candidato da situação, que exercia o cargo de Secretário do presidente em exercício, Jardel Noronha de Oliveira, convidou-o para compor sua chapa como vice-presidente. Realizado o pleito foram eleitos por aclamação. Assim, iniciou sua atividade na direção do futebol candango ao lado de Ademar Gomes Moreira, presidente eleito. O mandato era de dois anos.
Após o término do mandato de Ademar, este viu em Wilson o nome para substituí-lo. Como presidente eleito, tomou posse e passou a avaliar com mais autenticidade a situação que agora iria depender de sua competência e habilidade. Estava com 38 anos de idade. Entregou-se de corpo e alma à missão de implantar um futebol organizado em Brasília. Primeiramente, teria de lutar pela construção de um estádio na Capital, digno de receber o público que já não suportava mais ir aos acampamentos de terra, ora na poeira, ora no meio da lama, sem lugar para sentar, sem proteção contra o sol ou contra a chuva, não bastasse também a falta de condução regular para os locais dos jogos e o pouco apoio da imprensa que também não acreditava naquela aventura.
Trabalhava intensamente na área burocrática de organização interna, preparando uma sede condigna para os filiados e agindo externamente, na área política, para conseguir apoio das autoridades governamentais. Conseguiu concretizar a idéia de construir o estádio “Pelezão” (que ainda não tinha esse nome), sonho proporcionalmente tão grandioso e difícil como foi a construção da Capital.
Nos anos de 1967 a 1969, foi presidente da Associação Esportiva Cruzeiro do Sul, de Brasília (DF). Largou a direção do clube e partiu para o jornalismo esportivo na Rádio Planalto, onde passou a comandar um programa diário e as transmissões esportivas dos jogos locais com o patrocínio da sua própria empresa.
No período 1970/1972 foi, pela segunda vez, escolhido para Presidente da Federação Desportiva de Brasília, cargo que ocupou seguidamente até 1976. Nesse período, fez gestões junto a João Havelange para incluir Brasília no Campeonato Brasileiro, indicando o Ceub, que foi profissionalizado, sem ter competidores na categoria, caso inédito no futebol brasileiro. Teve sérias dificuldades para incluí-lo entre os participantes do Brasil inteiro, porque a legislação determinava que só poderia haver profissionalismo, se pelo menos três clubes de uma mesma Federação disputassem um campeonato na categoria. Mas convenceu Havelange. Foi necessário, ainda, o compromisso de completar as obras do Estádio Pelezão para 40.000 pessoas.
Em 1972, chegou a lançar sua candidatura para a Presidência da Confederação Brasileira de Desportos – CBD. Logo depois, retirou sua candidatura em favor de Heleno Nunes.
Estava, aparentemente, estratificado o futebol de Brasília. Restava, agora, profissionalizar os demais filiados e realizar o campeonato local, incluindo, é claro, o Ceub. Também essa tarefa foi cumprida mas, perversamente, por ironia dos acontecimentos, as vaidades, as incompreensões e as pressões partidárias derrotaram suas esperanças.
Aqui entrou a política partidária. O Brasil vivia a fase semifinal da ditadura militar. No Congresso, dois partidos: Arena e MDB, o primeiro apoiando o poder e o segundo fazendo oposição e avançando a passos largos na simpatia popular. Em Campinas, o MDB era absoluto. E o representante de Campinas no Campeonato Nacional era o Guarani, pelos seus méritos esportivos. No Rio de Janeiro, Heleno Nunes era também o presidente da Arena fluminense. Pressionado pelo Presidente Ernesto Geisel, o Almirante Heleno Nunes teria de incluir também a Ponte Preta no Campeonato Nacional para conquistar o eleitorado campineiro para os quadros da Arena e derrotar o MDB de Quércia. A desculpa da não indicação em tempo hábil de um clube de Brasília para disputar o Campeonato Brasileiro foi usada para tirar a vaga da Capital Federal.
Wilson de Andrade renunciou em 1977, um ano depois de Brasília ficar sem representante no torneio nacional, o que causou a extinção do próprio Ceub. Abandonou o futebol e foi trabalhar em outras áreas. Foi Conselheiro do Minas Brasília Tênis Clube e do Motonáutica Clube.
Wilson de Andrade morreu aos 76 anos, no dia 11 de agosto de 2003, de ataque cardíaco quando voltava de Juiz de Fora para Brasília. Seu corpo foi cremado em Valparaíso (GO).

Um comentário:

  1. Entendemos que a narrativa acima é dedicada ao seu passado apenas no futebol de Brasília.
    Wilson Andrade fez muito por Brasília e as cidades do Distrito Federal quando político.
    Leoanrdo Fialho
    Neto dele.

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