No dia 16 de junho de 1976, às 16 horas, Dida, ex-jogador do Flamengo e da
Seleção Brasileira, desembarcava em Brasília para ser o treinador do Taguatinga
Esporte Clube. A comitiva que o recebeu era formada pelo supervisor Raimundinho,
o diretor de futebol João Juvêncio e Eurípedes Bueno, técnico anterior da
equipe e que passaria a ser seu auxiliar-técnico.
Edvaldo Alves de Santa Rosa, o Dida, foi o maior ídolo do Flamengo até o
surgimento de Zico.
Alagoano de Maceió, onde nasceu a 26 de março de 1934, Dida começou no CSA, de sua
cidade natal, onde conquistou o campeonato estadual em 1952. Foi descoberto
pelo Flamengo num jogo entre as seleções alagoana e paraibana, pelo Campeonato
Brasileiro de Seleções, em 1954, quando marcou três gols nos 4 x 1 da sua
equipe.
Estreou no Flamengo em 17 de outubro de 1954, vencendo o Vasco da Gama
por 2 x 1. Foi tricampeão carioca nos anos de 1953 a 1955. Na Seleção Brasileira disputou oito jogos e marcou cinco
gols, de 1958 a 1961. Era um dos dos
titulares na Copa do Mundo de 1958, na Suécia. Disputou o primeiro jogo, porém,
não jogou mais, substituído que foi por nada mais, nada menos, que o jovem
Pelé, que encantaria o mundo com seu futebol.
Em 1963, Dida
trocou o Flamengo pela Portuguesa de Desportos, deixando no rubro-negro o saldo
de 257 gols. Só Zico o superou muitos anos depois. Depois da Portuguesa foi
para o futebol colombiano, onde defendeu as cores do Junior de Barranquilla,
Colômbia.
Depois que abandonou o futebol como jogador, em 1968, deu seus primeiros passos
como treinador dentro do próprio Flamengo. Logo depois, foi convidado para
dirigir o Ferroviário, de Maceió. Pela brilhante campanha empreendida pelo
Ferroviário no ano de 1972, a imprensa alagoana elegeu o Ferroviário como o
melhor conjunto do ano.
Depois passou para o CRB, também de Maceió, onde durou
apenas 19 dias, reclamando da falta de apoio da diretoria do clube. Retornou ao Rio de
Janeiro e não muito tempo depois retornou a Maceió para dirigir o CSA, maior
rival do CRB. Mesmo conquistando mais vitórias que derrotas, foi dispensado
pelo clube alagoano. Passou a treinar o Fluminense, de Feira de Santana, onde
teve a experiência mais difícil de sua carreira como treinador, onde também não
houve entendimento com os dirigentes do clube.
No dia 17 de junho de 1976, Dida foi apresentado aos jogadores. Eurípedes Bueno
ainda dirigiu o treino de 17 e o coletivo final no dia seguinte, mas no jogo
contra o Grêmio, no dia 19 de junho de 1976, era Dida que estava no banco de
reservas orientando os jogadores.
A estreia aconteceu no Pelezão, na preliminar de Ceub x Gama. O Taguatinga foi
derrotado pelo Grêmio: 1 x 0.
Depois desse jogo, Dida foi o treinador do Taguatinga em cinco oportunidades,
sem conhecer derrotas:
26.06 - 0 x 0 Humaitá, do Guará
03.07 - 4 x 2 Canarinho
31.07 - 2 x 1 Flamengo, do Cruzeiro
08.08 - 1 x 0 Canarinho
15.08 - 3 x 2 Gama
Nesse intervalo, mais precisamente no dia 21 de julho de 1976, foi o treinador
do Taguatinga no amistoso realizado no Estádio de São Januário, no Rio de Janeiro, que serviu para pagar
parte do empréstimo do atacante Banana ao Vasco da Gama.
Mas um desentendimento entre os clubes do DF e a então Confederação Brasileira
de Desportos (CBD), fez com que a vaga no Campeonato Brasileiro de 1976 fosse
para a Ponte Preta.
Muitos clubes, inclusive o Taguatinga, que começavam a disputar um campeonato
profissional naquele ano, passaram a se desfazer de treinadores e jogadores com
o objetivo de amenizar suas folhas de pagamento.
Sobre sua passagem pelo futebol brasiliense, afirmou Dida no livro “DIDA
Histórias de um Campeão do Mundo”, de Luiz Alves, lançado em 1993, em Maceió:
“Mas de uma ou de outra forma, tudo na vida tem a sua compensação. E para amenizar o
drama que vivi em Feira de Santana, aceitei convite para dirigir o Taguatinga,
na Capital Federal. Passei em Brasília cinco meses e só não demorei mais porque
a situação do futebol ali era tremendamente deficitária. As rendas não davam
sequer para cobrir a metade das despesas! Os clubes viviam, na época, em
tremendo sufoco financeiro, salvando-se tão somente pelo poder individual de
alguns dirigentes. Aliás, no Taguatinga, todos os diretores foram muito legais
comigo, sobretudo a diretoria executiva do clube, que fazia questão de saldar
todos os compromissos, integralmente, e jamais se furtou a apoiar o meu
trabalho junto ao plantel. Foram os grandes momentos que tive em minha carreira
inicial como treinador. Nada me faltou e até fiz amigos demais na Capital
Federal. Quanto ao Taguatinga, tive a sorte de ajudá-lo a conquistar o
vice-campeonato brasiliense, sem ter perdido uma vez sequer para o campeão...
Mas a falta de recursos do clube, me obrigou a retornar em definitivo para o
Rio de Janeiro.”.
Nota do blog: o Taguatinga não foi vice-campeão, foi o quarto colocado.
Em 1977, quando já fazia parte da Associação de Treinadores de Futebol, da qual
foi um dos fundadores, recebeu a missão de dar “aulas de futebol” em um
programa norte-americano de intercâmbio esportivo em Washington e na
Filadélfia, Estados Unidos, reunindo crianças de 8 aos 14 anos.
Em outubro de 1980, Dida teve um aneurisma e parou com todas as atividades
relacionadas ao futebol.
Faleceu em 17 de setembro de 2002, no Rio de Janeiro, aos 68 anos.
Muito antes, em 8 de agosto de 1993, quando o jornalista Lauthenay Perdigão do
Carmo fundou o Museu dos Esportes, em Maceió, deu-lhe o nome de "Museu dos
Esportes Edvaldo Alves Santa Rosa (Dida)".