domingo, 25 de fevereiro de 2024

CRAQUES DE ONTEM E DE HOJE: Hamilton (in memoriam)



Hamilton Soares Alfaiate nasceu na cidade de Baliza (GO), com menos de quatro mil habitantes, na divisa entre Mato Grosso e Goiás, no dia 25 de fevereiro de 1942, em tempos de Segunda Guerra Mundial.
Pelas mãos do visionário Paulo Nogueira, foi levado logo cedo do Nacional, de Itumbiara (GO), para o Araguari Atlético Clube, de Minas Gerais. No Araguari, com o número dez estampado nas costas, Hamilton passaria a atender por Pelezinho e por lá ficou de 1961 a 1967.
Ganhou nome, espaço e um contrato de 8 milhões de cruzeiros com o Botafogo, de Ribeirão Preto (SP), onde atuou de julho de 1967 a abril de 1968. Neste mesmo ano, retornaria para Araguari, onde novamente tentariam buscá-lo. Após um período de testes na base do São Paulo, o então dirigente do time, Michel Aidar, foi até Araguari para oferecer uma proposta de 5 milhões de cruzeiros. A oferta, no entanto, não agradou o presidente do Araguari A. C., João Vasconcelos Montes, que afirmou que a joia do seu time valia mais. Nos bastidores, se falava em 10 milhões de cruzeiros.

Fluminense, de Araguari
Mas quem o contratou foi o Uberlândia E. C., clube que Hamilton defendeu de 1967 a 1974. Foi a melhor fase de sua carreira. Venceu três campeonatos do interior.
Ponta de lança, meia armador. Dava passes de 40 metros no melhor estilo Gérson, o “Canhotinha de Ouro” da Copa de 70. Estilista do futebol, desfilava como ninguém pelos gramados do Juca Ribeiro, onde quebrava as bilheterias. Tinha o calor dos pés incompatíveis com a frieza da mente, gelada como uma pedra de mármore. Sob um temporal em Uberlândia, chegou a enfrentar a seleção da União Soviética, que deixou uma conta de R$ 1 milhão de cruzeiros de hospedagem no hotel Presidente. Tudo pago pelo Verdão.
Esteve emprestado ao União Tijucana, de Ituiutaba, por um pequeno período, de outubro a dezembro de 1972.
Depois que deixou o Uberlândia, teve uma breve passagem pelo Goiatuba E. C., de outubro a dezembro de 1974.
Passou, ainda, pelo Fluminense, de Araguari, onde atuou de fevereiro a dezembro de 1975.
Jogou ainda no Associação Atlética Francana, de Franca (SP), e Goiânia (GO).
Depois que parou com o futebol, Hamilton foi nomeado terceiro Oficial de Justiça de Araguari.
Hamilton faleceu na manhã do dia 13 de janeiro de 2016.

HAMILTON NO GRÊMIO BRASILIENSE

Fez sua estreia no dia 5 de fevereiro de 1976, no Torneio “Governador Elmo Serejo de Farias”, evento que reuniu três clubes de Brasília, Grêmio, Ceub e Brasília, e mais o Flamengo, do Rio de Janeiro. No primeiro jogo, Grêmio e Ceub empataram em 1 x 1.
Poucos dias depois, 13 de fevereiro de 1976, Hamilton foi um dos 22 convocados para defenderem a seleção brasiliense no amistoso disputado em 21 de fevereiro de 1976, no estádio Presidente Médici (atual Mané Garrincha) contra a Seleção Brasileira. Hamilton não saiu do banco de reservas no jogo em que a seleção brasiliense foi derrotada por 1 x 0.
Um dia depois, 14 de fevereiro de 1976, teve início a primeira competição oficial da nova fase do futebol do Distrito Federal, depois da implantação do profissionalismo, o Torneio Imprensa. O Grêmio só estreou no dia 6 de março, goleando o Gama pelo placar de 6 x 1, com Hamilton marcando o primeiro gol do jogo. O Grêmio formou com Nego, Luís Carlos, Luciano, Fabinho e Grimaldi; Jaime, Marquinhos e Hamilton (Pedro Léo); Gonçalves, Dionísio e Moacir. Técnico: Inácio Milani.
Hamilton estava no Pelezão no amistoso do dia 31 de março de 1976, defendendo o Grêmio num dos maiores jogos do início do profissionalismo no futebol brasiliense, contra o Cruzeiro, de Belo Horizonte. O time mineiro venceu o brasiliense por 4 x 3. O Grêmio formou com Nego (Diron), Luís Carlos, Luciano (Jackson), Fabinho e Grimaldi; Marquinhos, Hamilton e Jaime (Pedro Léo); Dionísio, Léo e Gonçalves. Técnico: Inácio Milani.
O Grêmio conquistou o Torneio Imprensa de forma invicta: três vitórias e dois empates. Hamilton foi um dos artilheiros do torneio, com três gols, ao lado de outros cinco jogadores, além de ser escolhido pela equipe de esportes do Jornal de Brasília para fazer parte da “seleção do torneio”, que foi assim composta: Carlos José (Taguatinga), Terezo (Brasília), Dão (Taguatinga), Cláudio Oliveira (Ceub) e Arlindo (Grêmio); Alencar (Ceub), Marquinhos (Grêmio) e Hamilton (Grêmio); Ernani Banana (Taguatinga), Léo (Grêmio) e Dinarte (Taguatinga).
Hamilton disputou quatorze jogos válidos pelo campeonato brasiliense de 1976, marcando um gol. O Grêmio ficou com o vice-campeonato nessa competição.
Seu último jogo aconteceu no dia 29 de agosto de 1976, na vitória de 2 x 1 sobre o Cruzeiro. O Grêmio jogou assim: Careca, Leocrécio, Grimaldi, Jackson e Arlindo; Hamilton, Léo e Dionísio; Gonçalves, Pedro Léo e Pedro Nunes. Técnico: Otaziano Ferreira da Silva.


DEPOIMENTOS

“Nas quadras, depois do Falcão, o Hamilton foi o grande craque que vi atuar”. A frase é do diretor-presidente do jornal Gazeta do Triângulo, Darli Amaral, que teve o privilégio de atuar ao lado de Hamilton.

“Pelezinho era mágico. Espetacular. Fabuloso”.
Jornalista Luiza Muílla.

“É com muito pesar que fico sabendo da perda do nosso grande Hamilton. Sou araguarino e resido em Brasília há muito tempo. Tive o prazer e o privilégio de conhecer e conviver com o Hamilton em duas situações: primeiro quando criança, morando ainda na nossa cidade, o vi jogar no Araguari e depois no Uberlândia, quanta facilidade pra bater na bola, me enchia os olhos…
Quis o destino que após cinco anos já morando em Brasília, iniciei minha carreira como atleta profissional em uma equipe daqui chamada Grêmio Esportivo Brasiliense, e qual foi minha surpresa, que o camisa 10 da equipe principal era simplesmente HAMILTON!
Mesmo juvenil (hoje juniores), ficava encantado quando tínhamos a oportunidade de treinar contra ele, era a chance única de ficar próximo ao ídolo.
Segui minha carreira como jogador profissional por 12 anos, tendo atuado ao lado de grandes craques como, por exemplo, Ailton Lira, que jogou no Santos e era da mesma posição do nosso Pelezinho. Mas até hoje falo para amigos e jovens atletas com quem converso, o melhor jogador que vi bater na bola foi HAMILTON.
Vá encantar, meu camisa 10, com sua elegância e rara habilidade o time do nosso maior treinador! Deus conforte os seus familiares”.
Ricardo Freitas, ex-jogador

“Foi sem dúvida um dos melhores profissionais com quem joguei. De uma visão de jogo extraordinária e muita técnica, além de um caráter a toda prova”.
Luciano Gomes, ex-jogador.




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