A Sociedade Esportiva Brazlândia foi fundada no dia 5 de junho de 1995. É da cidade de Brazlândia, distante 50 quilômetros de Brasília, com pouco mais de 50 mil habitantes e que teve a condição de cidade outorgada em 1969.
O clube era um antigo sonho do centro-avante Joãozinho e da cidade.
Joãozinho no Brazlândia |
João Jerônimo de Moura, o Joãozinho, maior artilheiro da história do futebol
brasiliense, que passou por alguns clubes brasileiros e durante três anos atuou
na Alemanha, voltou para o futebol brasiliense e resolveu, junto com um grupo
de amigos, fundar um clube na cidade onde começou a jogar.
Assim, dez pessoas se reuniram na Quadra 01, Casa 183, Setor Sul, em Brazlândia
(DF), com o objetivo de fundar o novo clube. Foram eles José Humberto da Costa,
Valdson Pereira da Silva, João Jerônimo de Moura, André Luiz Barbosa, Osvaldo
Souza Filho, Manoel Alves de Araújo, Jacqueline Coelho de Souza, José Gaspar
Gonçalves de Oliveira, Carla Adriana Martins Gomes e Valdeci Pereira da Silva.
Dias depois aconteceram eleições para Presidente do Brazlândia, cargo esse que
coube ao empresário José Humberto da Costa. O clube contou com o apoio do então
Adminstrador Regional de Brazlândia, José Luiz Ramos, e do comércio local.
Mesmo com esse apoio inicial, o Brazlândia, a exemplo da maioria dos times do
Distrito Federal, sofre com a falta de dinheiro e planejamento. O resultado da
equação é o sobe e desce frequente no Campeonato Brasiliense, alternando boas
campanhas com rebaixamentos.
No dia 2 de fevereiro de 1996, a Federação Metropolitana de Futebol concedeu
filiação à Sociedade Esportiva Brazlândia.
Pouco mais de um mês depois, no dia 8 de março de 1996, o Brazlândia fazia sua
estreia no campeonato brasiliense. Contando com jogadores com experiência
nacional e internacional que formaram a base da equipe do Taguatinga, campeão
brasiliense de 1993 (misturados a com outros de uma base criada na cidade),
tais como Gomes, que jogou também no Matsubara, Brasília e Atlético Paranaense,
Jânio, que foi do Itumbiara e do Guará e passou uma temporada no Equador, o
goleiro Ronaldo, ex-Catuense, Marília, Ceilândia e Atlético Goianiense, Bigu,
ex-Flamengo e Bahia, Bilzão, que passou por vários clubes do DF e pelo
Goiatuba-GO, e o próprio Joãozinho de centro-avante, o Brazlândia estreou
vencendo o Brasília no Estádio Mané Garrincha, por 2 x 1. O primeiro gol não
poderia deixar de ser de outro jogador senão Joãozinho, aos 37 minutos do 1º
tempo. Júlio César marcou o segundo.
Formou o Brazlândia com Ronaldo, Touro (Cláudio), Amaral, Lourenço e Paulo
César; Gomes, Bigu e Jânio; Neto (Jorge), Joãozinho e Júlio César (Eugênio).
Técnico: Mozair Barbosa.
No final, o Brazlândia fez uma boa campanha no que foi o maior campeonato de
todos os tempos na era profissional do futebol brasiliense, com 14 clubes
participantes. Ficou com a quinta colocação, com a seguinte campanha: 19 jogos,
9 vitórias, 6 empates e 4 derrotas. Marcou 26 gols e sofreu 19. Joãozinho foi o
artilheiro da equipe (e terceiro do campeonato), com 11 gols.
Porém, em 1997 tudo foi bastante diferente e o Brazlândia foi rebaixado para a Segunda
Divisão do DF, ao chegar em 9º e penúltimo lugar (dois clubes foram
rebaixados). Dos 18 jogos que disputou, só venceu três e perdeu onze. Ainda
teve o pior saldo do campeonato.
Em 1998 voltou para a divisão principal, conquistando o vice-campeonato da Segunda
Divisão, apesar de perder alguns pontos por não pagar as taxas de arbitragem. Novamente
contou com os gols de Joãozinho, vice-artilheiro da competição, com 7 gols. Na
final do campeonato, perdeu os dois jogos para o Ceilândia.
No campeonato brasiliense de 1999, o Brazlândia ficou com a sexta colocação.
Moacir Ruthes |
No dia 15 de janeiro de 2000, Moacir Ruthes, ex-Supervisor, foi eleito
Presidente do Brazlândia, por unanimidade, por um conselho de 73 integrantes. O
atacante Joãozinho questionou a eleição alegando que ele havia sido eleito
também Presidente do clube para um terceiro mandato, afirmando que Moacir havia
criado um conselho para conseguir se eleger e reivindicando a legalidade de sua
eleição porque foi firmada em cartório e lavrada em ata. Mas o que constava na
Federação Metropolitana de Futebol era que Joãozinho havia enviado à entidade,
no dia 12 de janeiro, um comunicado (em papel não timbrado) de que as eleições
no clube seriam naquele mesmo dia, às 19 horas. Detalhe: o fax chegou às 18:54
horas, ou seja, seis minutos antes da votação. No entanto, a outra convocação,
feita pelo Vice-Presidente Valdson Pereira da Silva, foi publicada no Diário
Oficial do DF, no dia 4 de janeiro e protocolada na FMF no dia 11 do mesmo mês.
Anunciava as eleições para o dia 15 de janeiro às 20 horas, no Centro de
Desenvolvimento Social da cidade.
A disputa dos dirigentes pelo cargo foi além das urnas, culminando em agressão
física. No Conselho Arbitral, na sede da FMF, no dia 18 de janeiro de 2000,
Joãozinho e Moacir Ruthes compareceram como representantes do Brazlândia.
Depois de um bate-boca, Joãozinho espancou Moacir, que registrou queixa na
polícia.
No dia seguinte, 19 de janeiro, Moacir deu o troco ao entrar com ação no foro
de Brazlândia para assegurar o direito de dirigir o clube. O juiz Marcelo
Castellano Junior concedeu liminar ao dirigente. No dia 20 de janeiro, o
advogado do jogador entrou com pedido de revogação da liminar e de permanência
de Joãozinho na presidência até o julgamento do mérito.
Enquanto o imbróglio não era resolvido, o Brazlândia foi “rachado” entre os
dois presidentes, cada um tendo seu grupo de jogadores. Chegou-se ao absurdo de
enquanto um time treinava no Estádio Chapadinha, a outra equipe fazia um coletivo
no campo ao lado do estádio.
Joãozinho tinha 17 jogadores em seu time, que tinha como técnico Róbson
Marinho, Moacir Ruthes trabalhava com 20 atletas, dirigidos pelo treinador Reginaldo
Sebastião de Lima, o Pantera.
Por força da liminar, Joãozinho conseguiu que seu grupo estreasse no Campeonato
Brasiliense, no dia 13 de fevereiro de 2000, quando empatou em 1 x 1 com o
Sobradinho. Entrou em campo com Chagas, Shell, Brito, Marcão e Antônio;
Fernando, Betinho, Márcio Caruaru (Eraldo) e Ivo; Joãozinho e Keba. Como só
tinha, até então, 12 jogadores regularizados na FMF, havia apenas um jogador no
banco de reservas.
Moacir Ruthes manteve seu grupo em treinamento e, no dia 16 de fevereiro de
2000 foi confirmado pelo juiz José Eustáquio de Castro Teixeira, da Circunscrição
Judiciária de Brazlândia, como presidente do clube. Para o jogo do dia 20 de
fevereiro, contra o Guará, foi selado um acordo de paz para formar um time
apenas, sendo este formado pelos jogadores de Moacir, reforçados de última hora
por cinco atletas contratados por Joãozinho. O time que jogou contra o Guará
foi: Ronaldo (Nô), Fabrício, Zé Márcio, Luiz Cláudio e Rogério; Pão,
Francinaldo (Agostinho), Paulinho (Ivo) e Keba; Neto e Bé. Técnico: Pantera.
Venceu por 4 x 1.
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