quinta-feira, 4 de junho de 2015

O BRASÍLIA ESTÁ COMPLETANDO 40 ANOS DE VIDA - 3ª parte: Década de 90 e anos 2000


Brasília - 1997

Chegaram os anos 90 e o Brasília foi mal em quase todos os campeonatos brasilienses. Eis as colocações e as campanhas do Brasília nessa década:

ANO
CF
J
V
E
D
GF
GC
SG
PG
1990
14
4
7
3
13
10
3
15
1991
28
6
10
12
26
28
-2
22
1992
30
10
12
8
34
29
5
32
1993
32
8
12
12
29
35
-6
28
1994
18
9
4
5
20
16
4
22
1995
28
11
10
7
34
28
6
45
1996
13
4
5
4
21
15
6
21
1997
22
12
5
5
45
30
15
41
1998
18
6
4
8
23
27
-4
22
1999
18
5
5
8
22
29
-7
20


O Brasília voltaria a disputar o Campeonato Brasileiro oito anos depois, em 1995. Foi um dos representantes do Distrito Federal na Série C (o DF não teve representantes nas séries A e B). Fez parte do Grupo 10, juntamente com Atlético Goianiense, Guará e Rio Verde (GO). Começou vencendo os dois jogos que disputou contra Guará (1 x 0) e Rio Verde (2 x 0), mas depois sofreu quatro derrotas consecutivas, que o levaram a ficar na terceira colocação do grupo, portanto sem classificação para a fase seguinte.

Em 1999, já em crise depois de mais uma vez ficar às voltas com o drama de fugir do rebaixamento e enfrentando sérios problemas financeiros, o Brasília aproveitou-se da recente criação da Lei Pelé para tornar-se o primeiro clube-empresa totalmente privado do Brasil. Comandado pelo médico veterinário aposentado Ênio Marques, um grupo de oito sócios, entre empresários, funcionários públicos e profissionais liberais, fundou em 8 de novembro de 1999 a empresa Brasília Promoções e Participações Desportivas S. A. e comprou, por preço simbólico, o departamento de futebol do Brasília Esporte Clube, transformando-o em empresa, mudando seu nome para Brasília Futebol Clube e passando a deter os direitos sobre a marca “Brasília” para clube de futebol. Os planos eram ambiciosos. Entre outros pontos, queriam fazer intercâmbio com clubes brasileiros e estrangeiros, a não cobrança de ingressos nas partidas do Brasília e a construção de um centro de treinamento. A ideia era, a longo prazo, vender a imagem do clube no exterior.

As tradicionais cores vermelha e branca foram trocadas pelo verde, amarelo e azul, para ter uma maior identidade com o Brasil.






O pensamento do grupo de sócios não era injetar dinheiro no clube, mas sim conseguir recursos firmando parcerias ou com patrocinadores.
No começo tudo parecia que ia dar certo. Os efeitos já eram notados em campo. Em vez do solitário treinamento matinal no abandonado Pelezão, os jogadores faziam dois treinos diários no Centro Olímpico da UnB - Universidade de Brasília, com direito a almoço pago e equipe de fisioterapia, privilégios raros no futebol do DF. Foi formada uma supercomissão técnica, com nove pessoas. No pensamento de todos os envolvidos, o Brasília brigaria pelo título. Toda essa estrutura deixou o clube com uma folha de pagamento em torno de R$ 50 mil por mês.
O Brasília Futebol Clube fez seu primeiro jogo no dia 13 de fevereiro de 2000, no Serra do Lago, contra o Luziânia, empatando em 2 x 2.
Após os dois turnos previstos (18 jogos), o Brasília terminou em segundo lugar, classificando-se para as semifinais do campeonato brasiliense, quando enfrentaria o Bandeirante em dois jogos. No entanto, não conseguiu a tão sonhada vaga para a final, após perder o primeiro jogo e empatar o segundo. Na classificação final ficou com a terceira colocação.
Dois meses antes aconteceram negociações entre os sócios do Brasília F. C. para decidirem se iam vender o clube ao empresário José Bonetti. Não aconteceu a venda.
Para suportar uma folha tão alta, os dirigentes contavam com o acerto de parcerias, o que não aconteceu. Com uma receita baseada apenas na cota de R$ 10.000,00 mensais repassados pela Federação Metropolitana de Futebol, fruto de um convênio com o Governo do Distrito Federal, os planos mirabolantes caíram por terra. A dura realidade bateu as portas do clube em forma de dívidas com a UnB, jogadores e comissão técnica.
Mesmo com todos os problemas que surgiam, o Brasília foi um dos representantes (o outro foi o Dom Pedro II) do futebol brasiliense no Campeonato Brasileiro da Série C de 2000 (Módulo Verde). Na Primeira Fase integraram o Grupo D, juntamente com Atlético Goianiense e Goiânia, de Goiânia (GO), e Comercial e Operário, de Campo Grande (MS).
Antes do início da competição, o Interporto, de Porto Nacional (TO), desistiu de participar. Os três primeiros colocados se classificariam para a Segunda Fase. O Brasília não conseguiu passar para a fase seguinte, depois de uma má campanha: 10 jogos, três vitórias, dois empates e cinco derrotas. Ficou na sexta e última colocação do grupo.
Em 2001, a situação piorou. O clube disputou o campeonato brasiliense com uma equipe modesta esperando meramente não ser rebaixado. Não conseguiu. Assim, pela primeira vez em sua história, o Brasília disputaria a Segunda Divisão do DF. Dos 18 jogos que disputou em 2001, o Brasília venceu apenas um. Foram 14 derrotas que definiram bem a fraqueza do seu elenco.
Sua sorte foi que, desde 2000, o regulamento do campeonato brasiliense permitia que um clube rebaixado na Primeira Divisão disputasse a Segunda Divisão do mesmo ano.
Com a corda no pescoço, os cartolas resolveram cortar despesas. O clube passou a ser um time de aluguel, com toda a estrutura bancada pelo Gama. O elenco na Segunda Divisão de 2001 foi formado por juniores do Gama, em preparação para a Copa São Paulo de Futebol Junior de 2002. O presidente do Gama, Wagner Marques, ex-presidente do próprio Brasília, assumiu todos os custos e inclusive trocou as cores do clube. Sumiram o azul e amarelo do novo e fracassado Brasília e ressurgiram o vermelho e o branco do Brasília dos tempos áureos. A parceria surtiu efeito e o clube conseguiu reerguer-se e conquistar a Segunda Divisão do DF. Com o fim da parceria com o Gama, o Brasília voltou a ficar órfão.
Em 2002, a falta de estrutura continuava tão acentuada que levou a diretoria a pedir para folgar na primeira rodada do campeonato brasiliense. Com isso, o Brasília passou a ser sério candidato ao rebaixamento, o que se confirmou após os 16 jogos disputados, quando conseguiu vencer apenas três deles.
Novamente apelaria para o regulamento e voltaria a disputar a Segunda Divisão no mesmo ano em que foi rebaixado, desta vez sem a ajuda de ninguém. Ainda assim, de forma surpreendente, foi o primeiro colocado do Grupo A, com apenas uma derrota nos oito jogos que disputou. Conforme previsto, os três primeiros colocados dos Grupos A e B se classificavam para o hexagonal final, que apontaria os dois times a serem promovidos para a Primeira Divisão em 2003. Nessa fase, nada deu certo para o Brasília, que acabou ficando com a sexta e última colocação e, portanto, sem retornar para a Primeira Divisão.
Permaneceu na Segunda Divisão nos anos de 2003 (quando foi quarto colocado) e de 2004, ficando na terceira colocação.
Em 2005, Zico decidiu por retirar a ajuda financeira a filial do seu clube, o CFZ. Sem essa ajuda, o CFZ quase foi extinto. Uma solução, porém, foi encontrada pelos sócios da filial brasiliense para salvar o clube: o CFZ fez uma parceria com o Brasília. Dessa forma, os jogadores que pertenciam ao Brasília passaram a defender o CFZ. Com isso, o Brasília licenciou-se da Federação, deixando de participar do Campeonato Brasiliense da Segunda Divisão em 2005.
Depois dessa mal sucedida fusão, o Brasília voltou ao cenário do futebol brasiliense em 2006, passando a integrar a Terceira Divisão, competição que seria disputada pela primeira vez na história do futebol brasiliense nesse ano. Com a desistência de última hora da Sociedade Esportiva Planaltina, quatro equipes disputaram a Terceira Divisão: Bosque, Brasília, Legião e Recanto. Ao final dos dois turnos, apenas o primeiro colocado seria promovido para a Segunda Divisão de 2007. O Brasília venceu o primeiro turno e o Legião ganhou o segundo. Na decisão, o Brasília foi derrotado pelo Legião, permanecendo na Terceira Divisão.
Em 2007, novamente o Brasília fez uma boa campanha na Terceira Divisão do DF, vencendo os seis jogos que disputou, chegando em primeiro lugar e garantindo a promoção para a Segunda Divisão de 2008. A única derrota do Brasília nessa competição aconteceu justamente na decisão do torneio, no dia 2 de dezembro, quando foi derrotado pelo Santa Maria, por 3 x 1.
De volta a Segunda Divisão do Campeonato Brasiliense em 2008, o Brasília não deixou escapar a oportunidade de retornar para a Primeira Divisão. Para isto, venceu a competição sem conhecer derrota. Foram dez jogos, dos quais venceu oito e empatou dois. Foi o primeiro colocado na Primeira Fase, que apontou os quatro clubes que decidiriam as duas vagas. Nas semifinais, como 1º colocado, o Brasília enfrentou o Cruzeiro, quarto. No dia 20 de setembro, empate em 2 x 2. No dia 28 de setembro, vitória por 3 x 0, garantindo presença na final da competição e a vaga na Primeira Divisão em 2009. Na final, venceu o Luziânia por 2 x 1, conquistando o seu segundo título de campeão da Segunda Divisão.
Os responsáveis pelo retorno do Brasília à Primeira Divisão foram Diego, Toninho, Piu, Luan e Kaká; Didão, Iron, Magrão (Natan) e Maninho (Mima); Giovani (Tiago Silva) e Edicarlos. O técnico foi Marquinhos Carioca. Edicarlos marcou os dois gols da vitória do Brasília.
Voltaria a disputar um título de campeão brasiliense no ano de 2009. Mesmo após campanha irregular, garantiu presença na final do campeonato, contra o Brasiliense, perdendo os dois jogos: 2 x 1 e 2 x 0. Assim garantiu vaga na Série D do Campeonato Brasileiro desse ano. Depois de nove anos, o Brasília voltou a disputar uma competição nacional. Os 39 clubes foram divididos em dez grupos, dos quais se classificariam para a Segunda Fase os dois primeiros colocados. O Brasília integrou o Grupo 8, ao lado de Anapolina, de Anápolis, e CRAC, de Catalão, ambos do Estado de Goiás, e o Araguaia, de Alto Araguaia (MT). Nos seis jogos que disputou somou seis pontos ganhos, provenientes de uma vitória e três empates, suficientes para dar ao Brasília a segunda colocação do grupo e passagem para a Segunda Fase, quando enfrentaria o Uberaba (MG) em dois jogos no sistema “mata-mata”. No dia 15 de agosto, no Bezerrão, o Brasília venceu por 3 x 2. Uma semana depois, no Uberabão, foi derrotado por 2 x 0, dando adeus à competição nacional.
Voltou a desapontar no campeonato brasiliense de 2010, chegando em sexto lugar entre os oito clubes participantes. Neste ano disputou pela primeira vez em sua história a Copa do Brasil, competição que teve 64 equipes participantes. Porém, o Brasília teve uma breve participação, não passando da primeira fase, sendo eliminado pelo Sport Recife, no Bezerrão, ao perder por 4 x 2 (conforme o regulamento, caso a equipe mandante fosse derrotada no jogo de ida por uma diferença de dois ou mais gols, não haveria a necessidade de ser realizado o jogo de volta).
A terceira competição disputada pelo Brasília em 2010 foi o Campeonato Brasileiro da Série D. Na Primeira Fase o Brasília fez parte do Grupo 6, ao lado dos brasilienses Botafogo e Ceilândia e o Araguaína, de Tocantins. O Brasília ficou em primeiro lugar (com o mesmo número de pontos do Araguaína: nove), obtendo classificação para a Segunda Fase, que seria disputada no sistema “mata-mata”. Seu adversário foi o Fluminense, de Feira de Santana. O Brasília perdeu o primeiro jogo no interior da Bahia, por 1 x 0, e reverteu a situação ao derrotar o Fluminense, no Serejão, por 3 x 0.
Na Terceira Fase, reencontrou o Araguaína (com quem tinha empatado os dois jogos na Primeira Fase) e perdeu as duas partidas que disputou, sendo desclassificado. Na classificação geral o Brasília ficou em 10º lugar entre os 40 clubes participantes.
No ano seguinte, 2011, foi novamente rebaixado para a Segunda Divisão do DF, após ficar em sétimo e penúltimo lugar no campeonato brasiliense da Primeira Divisão.
Após esse novo revés nos campos, o advogado Luís Carlos Alcoforado comprou o clube, dando início a um processo de valorização das categorias de base, culminando com o título do Campeonato Brasiliense de juniores de 2013 e com a bela campanha na Copa São Paulo de Futebol Junior de 2014, competição em que foi eliminado nas oitavas-de-final, depois da disputa de pênaltis contra o São Paulo. Antes disso, havia eliminado o Botafogo, do Rio de Janeiro, por 3 x 0.
O time principal conquistou o acesso em 2012, ao tornar-se vice-campeão da Segunda Divisão.
O Brasília foi campeão do primeiro turno do Campeonato Brasiliense de 2013 (Taça JK) e teve o privilégio de inaugurar o novo Estádio Mané Garrincha na grande final daquele ano, sendo vice-campeão.
Depois, disputou o Campeonato Brasileiro da Série D. Na Primeira Fase fez parte do Grupo 5, juntamente com Águia Negra (MS), Aparecidense e Goianésia (GO) e o Mixto, de Cuiabá (MT). Foi muito mal, vencendo apenas um jogo dos oito que disputou, terminando na quinta e última colocação.
Em 2014, pelo terceiro ano consecutivo os clubes de Brasília não passaram da primeira fase da Copa do Brasil (que contou com 87 equipes participantes). Mesmo jogando a primeira partida em casa, o Brasília foi novamente desclassificado pelo Sport Recife, ao ser derrotado por 3 x 1 (nas duas primeiras fases quem vencesse por dois ou mais gols de diferença, fora de casa, no jogo de ida, garantiria a vaga na fase seguinte sem o jogo de volta).
Nesse ano, o Brasília voltou a ficar com a segunda colocação no campeonato brasiliense, perdendo a final para o Luziânia.


O vice-campeonato de 2013 garantiu uma vaga ao Brasília na primeira edição da Copa Verde de 2014, competição que reuniu 16 representantes dos Estados das regiões Norte e Centro-Oeste, com exceção de Goiás, cuja federação rejeitou a possibilidade de seus clubes participarem do torneio por não querer alterar o calendário do seu campeonato estadual, e um do Espírito Santo.
O CENE, do Mato Grosso do Sul, foi seu primeiro adversário. O Brasília empatou no Serejão, em Taguatinga, no dia 12 de fevereiro (0 x 0) e venceu fora, no estádio Morenão, em Campo Grande, no dia 20 de fevereiro (2 x 0, gols de Tamaré e Clécio).
Em seguida, o Brasília passaria em dois jogos emocionantes pelo Cuiabá, então campeão mato-grossense. No primeiro, no dia 26 de fevereiro, no Bezerrão, Gama, vitória de 1 x 0, com gol de Alex Martins. No segundo, no dia 9 de março, no estádio Presidente Dutra, em Cuiabá: 0 x 0.
O Brasiliense, campeão do DF, foi o terceiro obstáculo superado. No dia 23 de março, o Brasília perdeu no Bezerrão por 2 x 0, porém se impôs no jogo de volta, no Serejão, vencendo sem dificuldades: 3 x 0, dois gols de Marlon e um de Gilmar.
Na decisão da Copa Verde o Brasilia enfrentou o campeão paraense Paysandu, apontado por muitos como o principal favorito ao título. No primeiro jogo da final, em Belém, com o estádio Mangueirão quase lotado, o Brasília não se intimidou, perdendo por 2 x 1, deixando a final completamente aberta para o jogo de volta.
No segundo jogo, público recorde do campeonato, o maior da história para um jogo de um clube de Brasília, 51.701 torcedores no estádio Mané Garrincha, o Brasília devolveu o placar de 2 x 1, com gols de Gilmar e Alekito, levando a decisão do campeonato para a cobrança de pênaltis. Matheuzinho começou perdendo, Nathan, Daniel, Renan e Claudecir marcaram. O artilheiro da Copa Verde, Lima, na quinta cobrança do Paysandu teve a chance de garantir o título ao time paraense, mas o goleiro Arthur salvou fazendo grande defesa. Na segunda etapa de cobranças, com o placar apontando 4 x 4, Índio e Alekito marcaram. Na última cobrança Fernando, do Brasília, chutou no local para onde o goleiro do Paysandu pulou, porém este espalmou a bola, que bateu no travessão e entrou, definindo o marcador de 7 x 6 a favor do Brasília.
O Brasília jogou com Artur, Fernando, André Nunes, Índio e Kaká (Renan); Pedro Ayub, Matheuzinho, Clécio (Daniel) e Gilmar (Nathan); Alekito e Claudecir. Técnico: Luís Carlos Carioca.


Com isso, o Brasília tornou-se o primeiro clube do Distrito Federal a garantir participação em uma competição de nível internacional, a Copa Sul-Americana de 2015, prevista para ser iniciada em 19 de agosto e para a qual ainda não tem adversário definido (certo é que será um clube brasileiro).
Neste ano de 2015, o Brasília ainda não apresentou bons resultados. Na Copa Verde, foi eliminado pelo Luverdense, do Mato Grosso, na segunda fase, após eliminar o Independente, do Pará, na primeira. No campeonato brasiliense foi novamente vice-campeão (pela terceira vez consecutiva), ao ser derrotado pelo Gama, após dois jogos.
Na Copa do Brasil foi eliminado logo na Primeira Fase, após perder duas vezes para o Náutico, de Recife (PE).
A boa notícia desse primeiro semestre de 2015 foi a contratação para ser Diretor Executivo do Brasília de José Carlos Brunoro, que ganhou destaque na vitoriosa passagem pelo Palmeiras na era Parmalat. O novo gestor chega ao Brasília para ser um dos pilares do projeto do atual presidente Luís Felipe Belmonte, que há pouco tempo assumiu o cargo ao adquirir 95% do clube.

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