segunda-feira, 16 de outubro de 2017

FICHA TÉCNICA: Roldão - 1ª parte - No Brasil


Roldão foi um atacante que atuava bem pelas duas faixas laterais de campo. Era muito veloz e de muita explosão. Quando chegava a linha de fundo tinha um jeito próprio de cruzar a bola, executando o passe sempre muito forte, susceptível de, a um pequeno desvio, criar iminentes situações de gol. Além disso, Roldão tinha um chute fortíssimo, capaz de executar aqueles arremates do meio da rua com extrema violência, muitas vezes indefensáveis para qualquer goleiro.

Roldão Moreira Novais nasceu na pequena cidade de Guiratinga, no Estado do Mato Grosso, no dia 16 de outubro de 1959.
Mudou-se para Brasília com os pais e mais sete irmãos.
Começou no futebol com Juvenal Ferreira Neto, no infantil da União Recreativa Taguatinga, da Granja das Oliveiras.
Foi levado para o Gama por Jaime dos Santos, em 1976. Como era forte e tinha muita disposição, nem passou pelos juvenis: foi direto para os profissionais e levou o clube a alugar uma casa especialmente para ele e mais outros três jogadores do Gama.
Em 1977, Roldão assinou o primeiro contrato como profissional, ganhando Cr$ 1.200,00 para jogar em todas as posições do ataque.
No dia 11 de junho de 1977, no Pelezão, disputou o primeiro jogo válido pelo campeonato brasiliense com a camisa do Gama, com derrota de 1 x 0 para o Taguatinga.
No total, disputou oito jogos pelo campeonato brasiliense de 1977, marcando um gol, o da vitória de 1 x 0 sobre a Desportiva Bandeirante, em 13 de agosto de 1977.
Também integrou o time do Gama na inauguração do Bezerrão, em 9 de outubro de 1977, no amistoso contra o Botafogo, do Rio de Janeiro.
No final do ano de 1977, início de 1978, Roldão ajudou o Gama a conquistar seu primeiro título de campeão, o do Torneio Incentivo da Federação Metropolitana de Futebol, ao se tornar artilheiro da competição com seis gols, um deles na decisão contra o Taguatinga, na vitória de 2 x 0. O Gama formou com Chico, Júnior, Marinho, Carlão e Oswaldo; Santana, Júlio e Manoel Ferreira; Roldão, Niltinho e Tico. Técnico: Airton Nogueira
Em 1978, Airton Nogueira o fixou na ponta-direita. Novamente teve participação decisiva no bicampeonato do Torneio Incentivo. Nos dias 16 e 23 de julho, na decisão do torneio, após dois empates de 0 x 0 com o Taguatinga, Roldão foi um dos jogadores a converter uma das cobranças de pênaltis, dando a vitória de 4 x 3 ao Gama. Voltou a ser artilheiro da competição, com cinco gols. Na decisão o Gama jogou com Chico, Carlão, Kidão, Manoel Silva e Edvaldo; Santana, Manoel Ferreira e Miguel; Roldão, Maninho e Tico. Técnico: Manoel Cajueiro.
No Campeonato Brasiliense de 1978, foram treze jogos, com dois gols marcados.
Ao final do ano foi escolhido pelo jornal Correio Braziliense para integrar a seleção dos melhores do campeonato, que ficou assim formada: Jonas (Brasília), Aldair (Taguatinga), Gilvan (Guará), Emerson (Brasília) e Zezé (Desportiva Bandeirante); Uel (Gama), Péricles (Brasília) e Banana (Brasília); Roldão (Gama), Edmar (Brasília) e Zé Vieira (Taguatinga).
Uma das melhores partidas de Roldão foi em 1º de março de 1979, no Bezerrão, contra o Goiás, então líder do campeonato goiano, numa noite em que lembrou Garrincha e quase desempregou o lateral-esquerdo Donizetti, do Goiás, no empate em 1 x 1. Por causa desse amistoso, terminou emprestado ao Goiás.

Mas não ficou e voltou ao Gama para ser um dos maiores destaques na conquista, pela primeira vez em sua história, do campeonato brasiliense.
Foram 13 jogos, dois gols marcados e várias assistências que ajudaram Péricles e Fantato a se tornarem os dois principais artilheiros da competição.
Na decisão do campeonato, o Gama venceu o Brasília por 2 x 1 e acabou com a sequência de três anos de títulos do adversário no Distrito Federal.
O Gama sagrou-se campeão formando, basicamente, com Hélio, Carlão, Kidão, Décio e Odair; Santana, Péricles e Manoel Ferreira; Roldão, Fantato e Robertinho. Técnico: Martim Francisco.
Logo depois fez parte da equipe do Gama que disputou pela primeira vez o Campeonato Brasileiro. Marcou três gols nos 16 jogos que disputou.
Para coroar o grande ano, foi escolhido pela Associação Brasiliense de Cronistas Desportivos para integrar a “Seleção Brasiliense de 1979”, que ficou assim constituída: Hélio (Gama), Aldair (Taguatinga), Kidão (Gama), Luís Carlos (Brasília) e Odair (Gama); Uel (Brasília), Péricles (Gama) e Ernâni Banana (Brasília); Roldão (Gama), Fantato (Gama) e Robertinho (Gama).
O ano de 1980 também foi bastante movimentado na carreira de Roldão. Com o Gama disputou todos os nove jogos pelo campeonato brasileiro da Série A, quatro pelo brasiliense (em ambos, marcando um gol), e esteve no Guarani, de Campinas, onde participou de alguns jogos pelo segundo turno do campeonato paulista, emprestado numa troca por Ernâni Banana.

Além disso, também em 1980 foi convocado para defender pela primeira vez a Seleção do DF. O primeiro jogo aconteceu no dia 21 de abril de 1980, no Bezerrão, no Torneio Centro-Oeste de Seleções, patrocinado pela CBF. A vitória foi da seleção brasiliense, por 4 x 1. Roldão marcou um dos gols. Três dias depois, o jogo de volta, no Serra Dourada, em Goiânia, aconteceu empate em 1 x 1, com Roldão voltando a marcar.
Uma semana depois, 1º de maio de 1980, no Serejão, esteve mais uma vez em campo com a camisa da seleção do DF que derrotou a Seleção Brasileira de Novos por 1 x 0.
Retornaria ao Gama em 1981, para jogar na ponta-esquerda do clube no Campeonato Brasileiro da Série B (a direita já estava ocupada por Lino), para ser campeão do Torneio Centro-Oeste, disputar poucos jogos pelo campeonato brasiliense e sair de vez para o Atlético Paranaense. Apresentou-se no rubro-negro paranaense no dia 27 de abril de 1981, juntamente com outro jogador do futebol brasiliense, o lateral Zé Mário, que era do Brasília.
Dois dias depois, 29 de abril de 1981, Roldão estrearia com o pé direito no Atlético Paranaense, ao marcar o gol da vitória de 1 x 0 sobre o Cruzeiro, de Minas Gerais, válido pelo torneio quadrangular “Governador Ney Braga” (que ainda contou com Coritiba e Vasco da Gama, campeão do evento).
No dia 6 de maio de 1981, Roldão assinou contrato com o Atlético Paranaense. No dia 9 de maio de 1981, Roldão fez sua estreia oficial no Atlético Paranaense, no empate em 0 x 0 com o Cascavel, válido pelo Estadual.
Seguidas contusões atrapalharam a afirmação de Roldão como titular do Atlético Paranaense.
Quando pôde estar em campo, esforçava-se para marcar gols. Num desses jogos, marcou o gol de empate em 1 x 1 contra o Coritiba, no dia 30 de agosto de 1981, ano em que rubro-negro paranaense chegou em terceiro.
Pouco tempo depois, Roldão foi punido pelo Atlético Paranaense. Descontente no clube, foi acusado de fazer corpo mole. Acabou afastado do elenco. A diretoria do clube pensou em dar-lhe uma nova chance e quem sabe segurar o jogador por empréstimo até o final da Taça de Prata. No dia 6 de janeiro de 1982, a documentação de Roldão foi devolvida para a Federação Brasiliense de Futebol. Antes o Atlético ainda tentou um novo empréstimo.

Já no dia 24 de janeiro de 1982, Roldão estreava na Taça de Ouro do Campeonato Brasileiro, envergando a camisa da Anapolina, de Anápolis, que tinha como treinador Bugue e maior destaque o centroavante Sávio.
Roldão disputou todos os dez jogos e ajudou a Anapolina a ser a primeira colocada do Grupo H, ainda integrado por XV de Jaú, Internacional, de Santa Maria (RS), Londrina e Joinville.
Na Segunda Fase, a Anapolina começou perdendo para o Moto Clube, mas reagiu de forma brilhante vencendo as duas maiores forças do grupo: Fluminense (3 x 1) e Cruzeiro (1 x 0).
Novamente mal no início do returno, sendo goleada pelo Fluminense, conseguiu grande recuperação ao bater o Cruzeiro (1 x 0) em pleno Mineirão e confirmar sua classificação para a Terceira Fase vencendo o Moto Clube, em Anápolis (3 x 1). Terminou em segundo lugar, atrás do Fluminense.
Na Terceira Fase, no “mata-mata”, no primeiro jogo venceu de forma brilhante o São Paulo, por 3 x 1, em Anápolis. O São Paulo tinha um super time, formado por Valdir Peres, Getúlio, Oscar, Dario Pereyra e Marinho Chagas; Almir, Renato e Everton; Paulo César, Serginho Chulapa e Mário Sérgio. No jogo de volta, não resistiu ao tricolor paulista no Morumbi, quando foi derrotado por 4 x 0 e desclassificado.
Roldão disputou todos os jogos. A Anapolina fez a melhor campanha de sua história num Campeonato Brasileiro, terminando em 10º na classificação final entre 44 times participantes.
Pouco tempo depois, em junho de 1982, Roldão, já como dono de seu passe, estava disputando o campeonato paranaense pelo Grêmio Maringá.
Terminando o contrato, nem precisou voltar para o DF. No dia 20 de janeiro de 1983, contratado por outro clube paranaense, o Colorado, de Curitiba, fazia sua estreia na Taça de Ouro do Campeonato Brasileiro diante do Internacional, de Porto Alegre, no Beira-Rio, com derrota de 2 x 0.
O Colorado classificou-se em segundo lugar no seu grupo, ficando, inclusive, na frente do Internacional. A vitória de 2 x 0 do Colorado sobre o Internacional, com um gol de Roldão, foi decisiva para essa classificação. Passou para a Segunda Fase, onde novamente ficou em segundo lugar, atrás do São Paulo. Na Terceira Fase integrou um grupo formado pelos Atléticos Mineiro e Paranaense e América, do Rio de Janeiro, e não conseguiu classificação, ficando em terceiro à frente do América, clube sobre o qual marcou um gol no dia 16 de abril de 1983, na vitória de 4 x 2.
Logo depois, Roldão disputou o campeonato paranaense de 1983 na equipe do Colorado. O Colorado foi 3º no primeiro turno e venceu o segundo, mas ficou de fora do quadrangular final, por conta de fórmulas mirabolantes de tabelas.
Em 1º de setembro de 1983, o Colorado liberou o ponteiro Roldão.
Em 1984, passou a defender o Taguatinga. Sua estreia aconteceu no dia 8 de julho de 1984, no Serejão, com derrota de 4 x 3 para o Sobradinho. O Taguatinga formou com Sidnei, Junior, Duda, Zinha e Júlio; Wilson Bispo (Geraldo), Jânio e Marquinhos; Lino (Bilzinho), Caiaba e Roldão. Técnico: Edilson Braga.
No total foram 26 jogos e 11 gols marcados, quantidade que o tornou vice-artilheiro da competição (ao lado de Zé Maurício, do Guará), com um gol a menos que Wander, do Brasília.


Amanhã, a segunda parte da carreira de Roldão.




2 comentários:

  1. Fiquei muito feliz de ter lido essa reportagem com o Roldão, pois tive o privilégio de ter jogado com ele na Granja das Oliveiras, onde eu também era aluno do internato. O nosso técnico de futebol e grande amigo era o Juvenal Ferreira Neto. Que saudade!

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  2. O meu nome é: Geraldo Magela de Figueiredo.

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