Jorge Cardoso Medina nasceu no Rio de Janeiro (RJ),
no dia 12 de abril de 1946.
Incomum
para os dias de hoje, quando a maioria dos pais querem ver seus filhos no
esporte para fugir das drogas e descaminhos, os de baixa renda sonham e até
investem para que joguem futebol. Quando menino a ideia era ter uma profissão e
trabalhar para ajudar no orçamento familiar.
Somente
a partir dos 14 anos, já com trabalho e carteira assinada, Jorge Medina pôde se
dedicar ao futebol. Iniciou entre infantis e juvenis de clubes da Baixada
Fluminense. Aos 16 anos, tentou e teve a oportunidade de ser indicado para um
período de experiência no São Cristóvão, que, coincidentemente, utilizava o
Estádio de São Januário.
Entretanto, sofreu séria contusão no joelho,
precisou fazer cirurgia e ficou longo tempo afastado. Resolveu partir
para o curso de Enfermagem na Santa Casa e, em seguida, para o Núcleo da
Divisão Aeroterrestre - paraquedista do Exército, como integrante do pessoal de
saúde.
Ao
deixar o exército, em 1965, iniciou a atividade empresarial com uma fábrica de
produtos químicos.
O
retorno ao futebol passou a ser um hobby, sem qualquer pretensão de fazer
carreira. Tendo participado do campeonato do Departamento Autônomo do Rio de
Janeiro, foi escolhido para compor a seleção do campeonato.
Em
1971, foi convidado pelo ex-jogador Coronel para ser treinador de goleiros e
auxiliar das categorias de base do Vasco da Gama, que lhe permitiu um
aprendizado altamente profissional, tendo a oportunidade de acompanhar de perto
o trabalho de excelentes treinadores da época, como Mário Travaglini, Zizinho e
Zagalo, podendo vivenciar a operacionalidade de um grande clube em todos os
setores. Permaneceu no clube cruzmaltino até 1975.
Incentivado
por Coronel (que havia deixado o Vasco da Gama e ido para o Itabuna-BA), Medina
aceitou um convite para dirigir o Esporte Clube Carlos Chagas, uma equipe
amadora de Minas Gerais, em 1976.
Após
dez jogos no clube mineiro, assinou o primeiro contrato com o São Mateus, da
primeira divisão do Espírito Santo.
Em 1977, foi treinador do Leão de São Marcos, de
Nova Venécia, que disputou o Campeonato Capixaba desse ano.
Foi considerado o técnico revelação ao dirigir o
Castelo, campeão do Torneio Incentivo e quinto colocado no Campeonato Capixaba
de 1978.
No
futebol capixaba, Medina dirigiu ainda Colatina, Botafogo (de Pinheiros) e Vitória,
outra vez com auxiliar de Coronel e treinador de goleiros, inclusive o Paulo Victor.
No começo de 1980, tornou-se técnico do Estrela do
Norte, de Cachoeiro de Itapemirim (ES). Foi sua última experiência no futebol
capixaba. Nesse mesmo ano, deu um tempo no futebol e voltou para o Rio de
Janeiro, onde iniciou o curso de Matemática da Universidade Castelo Branco.
Jorge Medina, à direita, com jogadores do Sobradinho |
Chegou a Brasília em 1982 e foi morar em Sobradinho,
onde montou um empreendimento de produtos químicos fornecidos para
supermercados, até ser convidado para dirigir o Sobradinho Esporte Clube.
Sua estreia no futebol brasiliense aconteceu no dia
23 de maio de 1982, no jogo Brasília 1 x 1 Sobradinho, disputado no Pelezão,
válido pelo campeonato desse ano. O Sobradinho formou com Chicão, Alcimar
(Junior), Maurício Pradera, Ari e Claudinho; Ahlá, Palmir e Paulo Sérgio;
Tininho (Paulo Araújo), Leivinha e Zezé.
No começo de 1983, já morando em Formosa (GO), onde
reside até hoje, Jorge Medina foi convidado para ser Auxiliar Técnico do
treinador Bugue no Brasília que iria disputar o Campeonato Brasileiro da
Primeira Divisão desse ano. Depois que o Brasília foi um dos clubes eliminados
da Taça de Ouro (Primeira Divisão), juntamente com mais onze clubes, e passou a
disputar a Taça de Prata (Segunda Divisão) a partir da Terceira Fase, Jorge Medina
assumiu o comando do Brasília.
Bugue (treinador) e Jorge Medina (Auxiliar Técnico) do Brasília |
Sua estreia foi no dia 13 de março de 1983, em
Campina Grande (PB), na derrota de 3 x 2 para o Treze local. Formou o Brasília
com Déo, Ricardo, Kidão, Iranil e Nilton; Paulo Sérgio, Marco Antônio e Wander
(Santos); Mardone, Bife e Zé Carlos.
O Brasília terminou a Taça de Prata na quarta
colocação, a melhor em toda a sua história numa competição de âmbito nacional.
Logo após o encerramento dessa competição, Jorge
Medina voltou a ocupar o cargo de treinador do Sobradinho. Esteve à frente da
equipe em 39 jogos válidos pelo Campeonato Brasiliense de 1983, até o
derradeiro, em 5 de outubro de 1983, no Serejão, com derrota de 1 x 0 para o
Brasília. Nessa ocasião, o Sobradinho formou com Joaldo, Cabral, Rildo,
Claudinho e Rodrigues; Sérgio, Zé Vieira e Wellington (Serginho); Aurê, Puruca
e Jamil (Artur).
Não ficou muito tempo fora dos gramados e, em 30 de
novembro de 1983, passou a ser o treinador do Taguatinga no Campeonato
Brasiliense da Primeira Divisão, pouco antes da disputa do triangular final
dessa competição em que o Taguatinga ficou com a terceira colocação.
Em 1984, Jorge Medina conquistou seu primeiro
título estadual ao comandar o Brasília em 24 jogos. Assumiu o clube em 4 de
julho de 1984 e o levou até o último jogo da campanha vitoriosa, contra o
Taguatinga, no dia 28 de novembro de 1984, no Serejão, com vitória de 1 x 0. O
Brasília se sagrou campeão atuando com Nena, Iranil, Kidão, Jonas Foca e Ahlá;
Baiano (Kleber), Marco Antônio e Mundinho; Paulinho Comelli (Nei), Manoel
Ferreira e Wander.
No final do ano, Jorge Medina recebeu o Troféu
“Mané Garrincha”, entregue para os “Melhores do Ano” escolhidos por cronistas
esportivos do Distrito Federal.
Começou o ano de 1985 dirigindo o Brasília no
Campeonato Brasileiro da Primeira Divisão em todos os seus 22 jogos nessa competição.
Em 1986 foi treinador do Gama no Campeonato
Brasiliense da Primeira Divisão. No dia 21 de dezembro de 1986, Jorge Medina
foi o técnico da Seleção Brasiliense de Masters que disputou um amistoso contra
a seleção carioca da mesma categoria.
Wander Abdalla (Diretor de Futebol), Medina (técnico) e Carlos Romeiro (Supervisor) do Taguatinga |
Não trabalhou em 1987 e, no ano seguinte, foi
contratado para ser o treinador do Tiradentes. O Tiradentes era líder absoluto
do Campeonato Brasiliense, mas Jorge Medina resolveu deixar o clube e ir
trabalhar no futebol mineiro, quando aceitou proposta do Nacional, de Uberaba.
Neste clube, fez sua estreia no dia 29 de março de 1988, mas não obteve
sucesso. Assumiu o posto ao final do primeiro turno do Campeonato Mineiro e
dirigiu o clube em nove partidas, sem conseguir uma única vitória. Foram cinco
empates e quatro derrotas, a última delas no clássico contra o Uberaba, por 1 x
0, em 15 de maio de 1988.
Uma semana depois, Jorge Medina estava de volta ao
Tiradentes, dirigindo o time na derrota de 3 x 1 para o Brasília. A última vez
que comandou o Tiradentes foi em 17 de julho de 1988, em outra derrota, desta
vez diante do Gama, por 1 x 0. A má campanha do time nesse período fez com que
Jorge Medina fosse demitido. Logo após esse fato, o Tiradentes passou a ter em
seu comando o técnico uruguaio Roberto Ruben Delgado, treinador que acabaria
levando o Tiradentes ao inédito título de campeão brasiliense nesse ano. Medina
esteve à frente do Tiradentes em 16 jogos.
Em 1989, dirigiu o Guará no Campeonato Brasiliense.
Logo depois, passou a ser treinador do Uberaba (MG), ficando à frente da equipe
em apenas quatro amistosos, disputadas durante o mês de outubro de 1989. Resolveu,
então, voltar para Brasília para cuidar da filha que estava doente.
Nesse ano, Jorge Medina também foi treinador do Hercílio
Luz, de Santa Catarina.
Sua última participação no futebol brasileiro foi
no dia 18 de fevereiro de 1990, quando dirigiu o Tiradentes em jogo válido pelo
Campeonato Brasiliense desse ano (novamente foi substituído por Roberto Ruben
Delgado). No Mané Garrincha, o Tiradentes perdeu para o Guará, por 2 x 1,
formando com Déo, Beto Guarapari, Claudinho, Beto Fuscão e Gilberto; Chicão,
Wander e Zé Maurício; Bugre, Joel e Murilo (Egberto).