segunda-feira, 12 de agosto de 2024

ESQUECIDOS PELO TEMPO: Nei


Jorgenei Nery da Silva, o Nei, nasceu no dia 22 de abril de 1958, no bairro de Rocha Miranda, na cidade do Rio de Janeiro, aonde viveu até os seus nove anos. Seu pai, Sr. Valter Nery da Silva, militar, veio transferido para a nova capital. A família veio em 1968, passou a residir na 410 Sul e, no ano seguinte, em 1969, Nei começou a sua trajetória no futebol, participando do primeiro campeonato de Dente de Leite, pelo clube Unidade de Vizinhança, da 108 Sul, competição essa que era transmitida pela TV, com narração do saudoso Nilson Nelson.
Depois, como todos os atletas da época, foi se aventurar nas categorias de base do Ceub, mas sem muito êxito.

Seleção do DF - 1976 (como centro-avante)
Em 1975, quando o Brasília Esporte Clube (fundado em 2 de junho de 1975) promoveu uma peneira para montar seu time profissional, Nei teve o prazer de ser um dos aprovados pelo técnico Cláudio Garcia.
No dia 10 de setembro de 1975, o Brasília fazia sua estreia numa competição oficial, o Torneio Incentivo, cujos jogos foram realizados nas preliminares dos encontros do Ceub no Campeonato Brasileiro desse ano.
O plantel do Brasília era composto por elementos novos, na maioria juvenis.
O Brasília venceu o Humaitá por 2 x 0 e o primeiro gol foi marcado por Nei. A primeira formação do Brasília numa competição oficial foi Daniel, Tereso, Jonas Foca, Luiz Carlos e Odair; Raimundinho (Lindário), Bernardino (Ramilson) e Messias; Mineirinho, Humberto e Nei. Sob o comando do técnico Cláudio Garcia (tendo Airton Nogueira como auxiliar), o Brasília sagrou-se campeão.
Logo depois, no dia 28 de novembro de 1975, o Brasília participou do seu primeiro jogo interestadual. No antigo Mané Garrincha, venceu o Fluminense, de Araguari (MG), por 3 x 1, com um dos gols marcados por Nei.
No dia 5 de fevereiro de 1976, o Brasília enfrentou o Flamengo, do Rio de Janeiro, e foi derrotado pelo placar de 2 x 1.
Aos onze minutos aconteceu o lance mais bonito do jogo e que poderia ter sido o gol inaugural da partida. A defesa do Flamengo afastou um cruzamento e a bola foi parar no peito de Nei, que girou o corpo para a direita e de voleio carimbou o travessão superior de Cantarele.
No dia 21 de fevereiro de 1976 aconteceu o jogo entre a Seleção do DF e a Seleção Brasileira principal, também no antigo estádio Mané Garrincha. A seleção do DF perdeu por 1 x 0, formando com Nego, Tereso, Luís Carlos Teixeira, Fabinho e Nenê; Alencar, Marquinhos e Xisté; Junior, Léo e Nei (Humberto). Técnico: Inácio Milani.

Flamengo - 1976
Suas boas atuações nesses dois jogos fizeram com que outros clubes do Brasil despertassem interesse no futebol de Nei. Quando o primeiro campeonato brasiliense profissional teve início, no dia 21 de abril de 1976, Nei já não fazia mais parte do elenco do Brasília. Teve o privilégio de ser contratado pelo seu clube de coração, o Flamengo, e ter convivido com grandes atletas, que o fizeram ter a certeza de que queria seguir como profissional.
Não houve acerto com o Flamengo e Nei retornou ao futebol do DF, reestreando no Brasília no dia 5 de fevereiro de 1977, no Pelezão, na vitória de 2 x 0 sobre o Cruzeiro (DF). 

Brasília - 1977 (na ponta-esquerda)
Com o Brasília, venceu o II Torneio Imprensa e ajudou o clube a conquistar o bicampeonato brasiliense. Além disso, em sua primeira participação no Campeonato Brasileiro, marcou o gol da vitória do Brasília sobre o Atlético Paranaense, por 2 x 1, no dia 16 de outubro de 1977, no Couto Pereira, em Curitiba.
Nesse jogo o Brasília formou com Déo, Edvaldo (Fernandinho), Jonas Foca, Luís Carlos e Geraldo Galvão; Uel e Moreirinha (Emerson); Julinho, Nei, Ernâni Banana e Bira. Técnico: Airton Nogueira.
Em 1978, conquistou mais um título de campeão brasiliense pelo Brasília, com direito ao gol da vitória de 1 x 0 sobre o Gama, na última partida, em 17 de dezembro de 1978, no Bezerrão.

Brasília - 1978
Curiosa coincidência: em 26 de março de 1978, novamente marcou um dos gols na estreia do Brasília no Campeonato Brasileiro: vitória de 2 x 0 sobre o Operário, em Campo Grande (MS).
Ficou no Brasília até o dia 5 de agosto de 1979, no último jogo do terceiro turno do Campeonato Brasiliense, no Pelezão, empate em 0 x 0 com o Gama, que acabaria quebrando a sequência de títulos do Brasília. Formou o Brasília com Jonas, Ferreti, Jonas Foca, Luiz Carlos e Luisinho; Uel, Renê e Banana; Julinho, Edmar e Nei (Vilmar). Técnico: Airton Nogueira.
Uma semana depois, 12 de agosto de 1979, Nei estreava no ataque do Uberaba Sport Club, com derrota de 2 x 0 para o Atlético Mineiro, no Mineirão.
Coincidentemente, o primeiro gol com a camisa do Uberaba veio justamente com o Atlético Mineiro, no dia 29 de agosto de 1979, na primeira rodada do returno da Fase Final do Campeonato Mineiro, no empate em 1 x 1.
Uberaba
Poucos dias depois, em 27 de setembro de 1979, em Recife (PE), o Uberaba estreava no Campeonato Brasileiro, com vitória de 1 x 0 sobre o Náutico, gol marcado por Nei.
No Uberaba, onde teria mais duas passagens, Nei jogou 122 partidas e marcou 32 gols.
Daí em diante, começou sua andança pelo futebol brasileiro. Em 1980, disputou o Campeonato Brasileiro pela Anapolina-GO e depois foi para o Ceará Sport Club. Em 1981, esteve no Comercial, de Ribeirão Preto, em 1982 jogou no Taubaté, em 1983 voltou para o Uberaba, em 1984 retornou ao Nordeste, para defender o Sport Recife, no primeiro semestre, no segundo, foi para o Paulista, de Jundiaí (SP). Continuou no futebol paulista, defendendo em 1985, o Araçatuba, em 1986, a Internacional, de Limeira, e no primeiro semestre de 1987, o Taquaritinga.

Farense
No segundo semestre, transferiu-se para o futebol europeu, mais precisamente Portugal, onde no dia 4 de outubro de 1987 fez sua estreia no Farense, time da Segunda Divisão portuguesa. Na temporada seguinte, foi jogar no União, da Ilha da Madeira, onde fez história ao ajudar o clube a vencer a Segunda Divisão e a subir pela primeira vez para a principal divisão de Portugal. Nessa época, muitos atletas brasilienses participavam da competição. No União, jogava Jussiê.
União, da Ilha da Madeira
Retornou ao Brasil, em 1990, já com problemas de artrose no joelho esquerdo. Ainda defendeu o Uberaba, onde fez sua última partida no dia 14 de dezembro de 1991.
No ano seguinte, 1992, ainda conseguiu realizar um sonho de seu pai, jogar no time da Polícia Militar, o Tiradentes, aonde encerrou sua carreira como atleta profissional. Seu último jogo foi em 8 de agosto de 1992, no Serejão, no empate em 0 x 0 com o Taguatinga. Formou o Tiradentes com Wanderley, Chaguinha, Aquino, Polozzi e Valtinho; Amilton, Chiquinho e Renato; Ricardo, Nei e Dário. Técnico: Adelmar Carvalho Cabral (Déo).
Uma semana antes, no dia 2 de agosto de 1992, marcou seu último gol como atleta profissional, no Mané Garrincha, na vitória de 1 x 0 sobre o Gama.
Após deixar a carreira, voltou para o Rio de Janeiro, onde concluiu o Curso de Treinador, pelo Sindicato dos Treinadores do Rio de Janeiro.
Ficou no Rio de Janeiro até 1998, quando veio visitar a família em Brasília, encontrando seu amigo Weber Magalhães que, na época, era o Presidente da Federação Brasiliense de Futebol, o indicando para ser o treinador do Ceilândia, na Segunda Divisão do DF. Levou o clube ao título de campeão brasiliense desse ano. Depois disso, não voltou mais para o Rio de Janeiro.

Técnico no Bandeirante
Em 1999, treinou o Brasília e o manteve na Primeira Divisão.
Depois disso foi treinador do Bandeirante, Guará, Formosa, Sobradinho, ARUC e Santa Maria. Quando os convites deixaram de aparecer, Nei procurou outros rumos. Em 2010, o presidente da AABB, na época, seu grande amigo, José Augusto, deu-lhe a concessão de dois bares dentro do clube do Banco do Brasil. Desde então trabalha lá, de março a final de novembro, quando acabam os campeonatos de futebol de campo. A maioria da boleirada que jogou com ele ou foi seu atleta, quando era treinador, dão a maior força frequentando e abrilhantando o seu estabelecimento.

Colaboração: Ruy Trida.



Paulista, de Jundiaí

Janilton Souza, Superintendente de Marketing do Uberaba,
depois dele, três craques que passaram pelo Uberaba: Rafael,
Lindário e Nei, e Ruy Trida, atual Presidente do Uberaba