Jorgenei
Nery da Silva, o Nei, nasceu no dia 22 de abril de 1958, no bairro de Rocha
Miranda, na cidade do Rio de Janeiro, aonde viveu até os seus nove anos. Seu
pai, Sr. Valter Nery da Silva, militar, veio transferido para a nova capital. A
família veio em 1968, passou a residir na 410 Sul e, no ano seguinte, em 1969, Nei
começou a sua trajetória no futebol, participando do primeiro campeonato de
Dente de Leite, pelo clube Unidade de Vizinhança, da 108 Sul, competição essa que
era transmitida pela TV, com narração do saudoso Nilson Nelson.
Depois,
como todos os atletas da época, foi se aventurar nas categorias de base do
Ceub, mas sem muito êxito.
Seleção do DF - 1976 (como centro-avante) |
Em
1975, quando o Brasília Esporte Clube (fundado em 2 de junho de 1975) promoveu
uma peneira para montar seu time profissional, Nei teve o prazer de ser um dos
aprovados pelo técnico Cláudio Garcia.
No
dia 10 de setembro de 1975, o Brasília fazia sua estreia numa competição
oficial, o Torneio Incentivo, cujos jogos foram realizados nas preliminares dos
encontros do Ceub no Campeonato Brasileiro desse ano.
O plantel do Brasília era composto por elementos
novos, na maioria juvenis.
O Brasília venceu o Humaitá por 2 x 0 e o primeiro
gol foi marcado por Nei. A primeira formação do Brasília numa competição
oficial foi Daniel, Tereso, Jonas Foca, Luiz Carlos e Odair; Raimundinho
(Lindário), Bernardino (Ramilson) e Messias; Mineirinho, Humberto e Nei. Sob o
comando do técnico Cláudio Garcia (tendo Airton Nogueira como auxiliar), o
Brasília sagrou-se campeão.
Logo
depois, no dia 28 de novembro de 1975, o Brasília participou do seu primeiro
jogo interestadual. No antigo Mané Garrincha, venceu o Fluminense, de Araguari
(MG), por 3 x 1, com um dos gols marcados por Nei.
No
dia 5 de fevereiro de 1976, o Brasília enfrentou o Flamengo, do Rio de Janeiro,
e foi derrotado pelo placar de 2 x 1.
Aos onze minutos aconteceu o lance mais bonito do
jogo e que poderia ter sido o gol inaugural da partida. A defesa do Flamengo
afastou um cruzamento e a bola foi parar no peito de Nei, que girou o corpo
para a direita e de voleio carimbou o travessão superior de Cantarele.
No
dia 21 de fevereiro de 1976 aconteceu o jogo entre a Seleção do DF e a Seleção
Brasileira principal, também no antigo estádio Mané Garrincha. A seleção do DF
perdeu por 1 x 0, formando com Nego, Tereso, Luís Carlos Teixeira, Fabinho e
Nenê; Alencar, Marquinhos e Xisté; Junior, Léo e Nei (Humberto). Técnico:
Inácio Milani.
Flamengo - 1976 |
Suas
boas atuações nesses dois jogos fizeram com que outros clubes do Brasil
despertassem interesse no futebol de Nei. Quando o primeiro campeonato
brasiliense profissional teve início, no dia 21 de abril de 1976, Nei já não
fazia mais parte do elenco do Brasília. Teve o privilégio de ser contratado
pelo seu clube de coração, o Flamengo, e ter convivido com grandes atletas, que
o fizeram ter a certeza de que queria seguir como profissional.
Não
houve acerto com o Flamengo e Nei retornou ao futebol do DF, reestreando no
Brasília no dia 5 de fevereiro de 1977, no Pelezão, na vitória de 2 x 0 sobre o
Cruzeiro (DF).
Brasília - 1977 (na ponta-esquerda) |
Com
o Brasília, venceu o II Torneio Imprensa e ajudou o clube a conquistar o
bicampeonato brasiliense. Além disso, em sua primeira participação no
Campeonato Brasileiro, marcou o gol da vitória do Brasília sobre o Atlético
Paranaense, por 2 x 1, no dia 16 de outubro de 1977, no Couto Pereira, em
Curitiba.
Nesse jogo o Brasília formou com Déo, Edvaldo
(Fernandinho), Jonas Foca, Luís Carlos e Geraldo Galvão; Uel e Moreirinha
(Emerson); Julinho, Nei, Ernâni Banana e Bira. Técnico: Airton Nogueira.
Em
1978, conquistou mais um título de campeão brasiliense pelo Brasília, com
direito ao gol da vitória de 1 x 0 sobre o Gama, na última partida, em 17 de
dezembro de 1978, no Bezerrão.
Brasília - 1978 |
Curiosa
coincidência: em 26 de março de 1978, novamente marcou um dos gols na estreia
do Brasília no Campeonato Brasileiro: vitória de 2 x 0 sobre o Operário, em
Campo Grande (MS).
Ficou
no Brasília até o dia 5 de agosto de 1979, no último jogo do terceiro turno do
Campeonato Brasiliense, no Pelezão, empate em 0 x 0 com o Gama, que acabaria
quebrando a sequência de títulos do Brasília. Formou o Brasília com Jonas,
Ferreti, Jonas Foca, Luiz Carlos e Luisinho; Uel, Renê e Banana; Julinho, Edmar
e Nei (Vilmar). Técnico: Airton Nogueira.
Uma
semana depois, 12 de agosto de 1979, Nei estreava no ataque do Uberaba Sport
Club, com derrota de 2 x 0 para o Atlético Mineiro, no Mineirão.
Coincidentemente,
o primeiro gol com a camisa do Uberaba veio justamente com o Atlético Mineiro,
no dia 29 de agosto de 1979, na primeira rodada do returno da Fase Final do
Campeonato Mineiro, no empate em 1 x 1.
Uberaba |
Poucos
dias depois, em 27 de setembro de 1979, em Recife (PE), o Uberaba estreava no
Campeonato Brasileiro, com vitória de 1 x 0 sobre o Náutico, gol marcado por
Nei.
No
Uberaba, onde teria mais duas passagens, Nei jogou 122 partidas e marcou 32
gols.
Daí
em diante, começou sua andança pelo futebol brasileiro. Em 1980, disputou o
Campeonato Brasileiro pela Anapolina-GO e depois foi para o Ceará Sport Club. Em
1981, esteve no Comercial, de Ribeirão Preto, em 1982 jogou no Taubaté, em 1983
voltou para o Uberaba, em 1984 retornou ao Nordeste, para defender o Sport
Recife, no primeiro semestre, no segundo, foi para o Paulista, de Jundiaí (SP).
Continuou no futebol paulista, defendendo em 1985, o Araçatuba, em 1986, a
Internacional, de Limeira, e no primeiro semestre de 1987, o Taquaritinga.
Farense |
No
segundo semestre, transferiu-se para o futebol europeu, mais precisamente
Portugal, onde no dia 4 de outubro de 1987 fez sua estreia no Farense, time da
Segunda Divisão portuguesa. Na temporada seguinte, foi jogar no União, da Ilha
da Madeira, onde fez história ao ajudar o clube a vencer a Segunda Divisão e a
subir pela primeira vez para a principal divisão de Portugal. Nessa época, muitos
atletas brasilienses participavam da competição. No União, jogava Jussiê.
União, da Ilha da Madeira |
Retornou
ao Brasil, em 1990, já com problemas de artrose no joelho esquerdo. Ainda
defendeu o Uberaba, onde fez sua última partida no dia 14 de dezembro de 1991.
No
ano seguinte, 1992, ainda conseguiu realizar um sonho de seu pai, jogar no time
da Polícia Militar, o Tiradentes, aonde encerrou sua carreira como atleta
profissional. Seu último jogo foi em 8 de agosto de 1992, no Serejão, no empate
em 0 x 0 com o Taguatinga. Formou o Tiradentes com Wanderley, Chaguinha,
Aquino, Polozzi e Valtinho; Amilton, Chiquinho e Renato; Ricardo, Nei e Dário.
Técnico: Adelmar Carvalho Cabral (Déo).
Uma
semana antes, no dia 2 de agosto de 1992, marcou seu último gol como atleta
profissional, no Mané Garrincha, na vitória de 1 x 0 sobre o Gama.
Após
deixar a carreira, voltou para o Rio de Janeiro, onde concluiu o Curso de Treinador,
pelo Sindicato dos Treinadores do Rio de Janeiro.
Ficou
no Rio de Janeiro até 1998, quando veio visitar a família em Brasília, encontrando
seu amigo Weber Magalhães que, na época, era o Presidente da Federação Brasiliense
de Futebol, o indicando para ser o treinador do Ceilândia, na Segunda Divisão
do DF. Levou o clube ao título de campeão brasiliense desse ano. Depois disso,
não voltou mais para o Rio de Janeiro.
Depois
disso foi treinador do Bandeirante, Guará, Formosa, Sobradinho, ARUC e Santa
Maria. Quando os convites deixaram de aparecer, Nei procurou outros rumos. Em 2010,
o presidente da AABB, na época, seu grande amigo, José Augusto, deu-lhe a
concessão de dois bares dentro do clube do Banco do Brasil. Desde então trabalha
lá, de março a final de novembro, quando acabam os campeonatos de futebol de
campo. A maioria da boleirada que jogou com ele ou foi seu atleta, quando era
treinador, dão a maior força frequentando e abrilhantando o seu estabelecimento.
Colaboração:
Ruy Trida.
Paulista, de Jundiaí |
Janilton Souza, Superintendente de Marketing do Uberaba, depois dele, três craques que passaram pelo Uberaba: Rafael, Lindário e Nei, e Ruy Trida, atual Presidente do Uberaba |