domingo, 9 de abril de 2023

OS TÉCNICOS DO FUTEBOL BRASILIENSE: Morales (in memoriam)



Carlos Barbosa Morales nasceu em Porto Alegre (RS) em 9 de abril de 1939. Começou no juvenil do Internacional, de Porto Alegre (RS), tornando-se profissional no futebol do interior do Rio Grande do Sul, onde jogou pelo Esperança, de Novo Hamburgo, Aimoré, de São Leopoldo, e Flamengo, de Caxias do Sul, todos do Rio Grande do Sul.
Transferido pela Aeronáutica, veio para Brasília em 1961. Neste mesmo ano, vinculou-se ao Nacional, transferindo-se, no ano seguinte, para o Cruzeiro do Sul, onde, além de jogar, iniciou na carreira de treinador.
Morales foi um bom quarto-zagueiro, ao ponto de ser convocado para defender a Seleção do Distrito Federal num amistoso em Goiânia, no dia 29 de setembro de 1962 (Goiás 2 x 2 Distrito Federal).
Ao fim da Primeira Fase do Campeonato Brasiliense de 1962, integrou a Seleção da Zona Sul, eleita pela crônica esportiva. Em enquete realizada no final do ano de 1962, fez parte dos “Melhores do Futebol Brasiliense”, promoção do jornal Diário Carioca-Brasília. No campeonato de 1962, marcou três gols.
Também aproveitou o ano de 1962 para começar a carreira de treinador, sagrando-se campeão do primeiro Campeonato Brasiliense de Juvenis, pelo Cruzeiro do Sul.
Durante o Torneio Início da Primeira Divisão do Campeonato Brasiliense de 1963, realizado no dia 12 de maio, no campo do Grêmio, Estádio “Vasco Viana de Andrade”, Cruzeiro do Sul e Grêmio empataram em 0 x 0. Nos pênaltis, vitória do Cruzeiro do Sul, com Morales convertendo as três cobranças. Veio o quinto jogo do dia e novo empate de 0 x 0 entre Rabello e Cruzeiro do Sul. A vitória coube ao Rabello, nos pênaltis, por 11 x 10. Detalhe: Arnaldo, do Rabello, fez 11 gols em 12 cobranças e Morales 10.
No campeonato brasiliense de 1963, Morales consagrou-se campeão, com o Cruzeiro do Sul realizando uma excelente campanha: dez vitórias, cinco empates e apenas uma derrota.
Ainda em 1963, foi bicampeão da categoria juvenil pelo mesmo clube.


Em 1965 foi vice-campeão juvenil com o Guará. 
Passou para o Guanabara em 1966, sagrando-se campeão amador naquele ano. 
Foi campeão juvenil em 1967, pelo Rabello. No mesmo clube, passou a auxiliar técnico do argentino Hector Gritta.
Em 1969, dirigiu o Piloto e em setembro passou para o Coenge, onde fez sua estreia em 10 de setembro de 1969, na vitória de 1 x 0 sobre a A. A. Serviço Gráfico.
No Coenge começou a trabalhar com suas principais virtudes: disciplinado, sem ser ditador, e tinha uma moral muito grande junto a todos os jogadores com quem trabalhou. Sua fórmula: o diálogo aberto e franco.
Sagrou-se campeão brasiliense de 1969, título inédito conquistado com o Coenge. Além disso, foi o treinador da Seleção do Gama no Torneio Imprensa Esportiva, iniciado em 21 de dezembro.
Em 1970, ainda no Coenge, foi vice-campeão do Torneio “Governador Hélio Prates da Silveira” e passou a ser representante do clube junto a Federação Desportiva de Brasília.
Substituído por Raimundinho em 1971, no Coenge, foi ser treinador do time amador do Ceub, que ficou com o segundo lugar no campeonato brasiliense de 1972, atrás apenas da A. A. Serviço Gráfico.
O reconhecimento pelo bom trabalho à frente do clube acadêmico veio ao final do ano quando uma comissão formada por jornalistas esportivos e professores do Departamento de Educação Física, Esportes e Recreação - DEFER escolheram os “Destaques do Ano de 1972”, em vários esportes. No futebol, Carlos Morales foi eleito o melhor técnico.
Continuou no Ceub, até ser substituído por João Avelino, que passou a treinar o clube no Campeonato Brasileiro de 1973.
O bom trabalho abriu as portas para o futebol mineiro. Logo depois, treinou equipes de Montes Claros, Passos, Ituiutaba e Jacutinga.
Retornou ao futebol do DF e, em 1980, foi técnico do Sobradinho e do Taguatinga no campeonato brasiliense daquele ano.
Em 1981 foi vice-campeão brasiliense de profissionais pelo Guará, além de ser eleito novamente melhor técnico da temporada.
Dirigiu, seguidamente, times do Distrito Federal: 1982 - Taguatinga e Gama; 1983 e 1984 - Tiradentes; 1987 - novamente no Tiradentes e 1988 - Guará.
Em 3 de março de 1990, graças a uma parceria com o ex-técnico e jogador de futebol, Wander Abdalla, então presidente do Clube de Regatas Guará, Morales criou o seu grande projeto, desenvolvido por mais de 20 anos: a Escolinha de Futebol do Guará (cidade onde passou a morar em 1972), a mais antiga e tradicional escolinha de futebol do DF, que buscava não só ensinar futebol às crianças e jovens do Guará, mas também, tirar crianças carentes das ruas.
A Escolinha passou a contar com cinco professores que davam aula de terça a sexta-feira na parte da manhã e à tarde no campo de futebol do Complexo do CAVE.
O futebol sempre foi uma das suas paixões e, por isso, Morales resolveu juntar o útil ao agradável ao usar seus conhecimentos e amor ao futebol para transmiti-los às crianças, de 4 a 17 anos. Um dos atrativos da escolinha era a participação em torneios e campeonatos inclusive fora do DF. 
A escolinha é responsável por uma grande quantidade de revelações de talentos, o mais recente o atacante Leandro, do ex-Grêmio e hoje no Palmeiras.
Funcionário aposentado pelo Senado Federal, Carlos Morales faleceu no dia 13 de outubro de 2012, de complicações originadas de uma pneumonia.