Dario José dos Santos, o folclórico Dadá Maravilha, nasceu no Rio de Janeiro
(RJ), no dia 4 de março de 1946.
A ausência dos pais tornou Dario uma criança revoltada e sem amigos. Foi para o
Instituto Profissionalizante Quinze de Novembro - IPQN, em Quintino Bocaiúva,
zona norte da cidade do Rio de Janeiro. Ficou no IPQN até os oito anos, sendo
depois transferido para a Escola Wenceslau Brás, em Caxambu, Minas Gerais. Aos
doze anos, quando completou seus estudos primários, voltou para o IPQN no Rio
de Janeiro e por lá ficou até os dezoito anos, quando saiu para servir o
Exército.
Foi em Quintino que Dario descobriu o mundo da bola, ao ver os meninos de sua
idade jogando futebol e quis jogar também. Porém, não tinha a menor intimidade
com a bola.
Começou jogando como zagueiro, pois achou que seria fácil jogar nesta posição.
Para seu azar, os jogadores da sua rua eram imbatíveis. O time era formado
pelos irmãos Antunes, onde a mascote era ninguém menos que Zico, que logo
depois se transformaria num dos maiores ídolos do futebol brasileiro de todos
os tempos.
Em 1965, aos dezoito anos, foi para o Exército. Serviu na Companhia de Comando
Regimental – CCR. Apesar de ter voltado a morar na casa do pai, sua rebeldia
continuava. Quando estava para ser expulso do Exército, apareceu a oportunidade
de sua vida: um campeonato de futebol. E num acordo com o capitão do regimento,
Dario seria retirado da solitária, onde estava preso por indisciplina, se
trouxesse o título.
Dario cumpriu o trato. Foi o artilheiro do campeonato e seu regimento, campeão.
Além da liberdade, ganhou uma esperança na vida.
Um sargento de nome Valdo, acreditou no futebol de Dario, e por conhecer os
dirigentes do Campo Grande, o convidou para integrar os juniores desse clube.
Porém, o time era muito ruim. Perderam o campeonato e todos os jogadores foram
dispensados, inclusive Dario. Procurou vários outros times para poder jogar,
mas não passava nos testes. Tentou o trabalho braçal cavando buracos para
fincar postes de luz. O trabalho miserável fez com que procurasse Gradim,
técnico do Campo Grande. Pediu para treinar em troca de comida e que se ele
aceitasse teria um artilheiro no time.
Mesmo com seu jeito desengonçado para correr, sem nenhuma técnica e sem
conseguir controlar a bola, Dario foi contratado pelo Campo Grande. Disputou o
campeonato de 1967 e foi o grande destaque do Campo Grande, passando a titular.
Aos poucos começou a chamar a atenção como temível goleador que era. Foi Jorge
Tavares Ferreira, diretor do Atlético Mineiro, que comprou o passe de Dario,
depois de vê-lo marcar três gols num jogo.
As críticas e chacotas dos torcedores e dos próprios companheiros de time só
faziam com que ele quisesse melhorar.
No início, Dario não teve muito crédito no Atlético Mineiro. Nem os jogadores,
nem a torcida acreditava no seu potencial. Ficou por um ano e meio na reserva
atleticana, de 1968 a 1969. Nesta época, quem dominava o certame mineiro era o
Cruzeiro, com um time de grandes jogadores como Piazza, Natal, Tostão, Evaldo e
Dirceu Lopes.
Foi com a chegada do treinador Yustrich, em 1969, que Dario teve sua primeira
grande chance no Atlético Mineiro. Sob o comando do novo técnico, passou a ter
treinos intensivos todos os dias: uma grande quantidade de cabeçadas e de
chutes a gol. Após provar seu grande potencial de goleador, Yustrich começou a
levá-lo como reserva aos jogos. Entrou em dois jogos, um contra o Valeriodoce e
o outro contra o Tupi, faltando poucos minutos de jogo, com o Atlético perdendo
nas duas situações e conseguiu reverter o placar, dando a vitória ao seu clube.
Dario conseguiu então ser titular do time, mas faltava jogar diante da torcida
no Mineirão.
Não demorou muito para que sua fama de goleador se espalhasse. Dario passou a
fazer gols de todas as formas. As vaias que recebia viraram gritos de delírio
da torcida ao ver Dario entrar em campo. E sua fama se espalhou por todo o
Brasil.
Com sua facilidade em marcar gols, logo chamou a atenção de todos. No primeiro
campeonato mineiro que disputou pelo Atlético, o de 1969, Dario marcou 29 gols.
Repetiria esse feito em 1970, tornando-se artilheiro do campeonato mineiro
desse ano com 16 gols e conquistando seu primeiro título de campeão.
Em 1971 não foi artilheiro do campeonato mineiro. Por outro lado, seria o
destaque maior do Atlético Mineiro no Campeonato Brasileiro desse ano,
tornando-se artilheiro da competição e levando o clube ao primeiro título de
campeão brasileiro em sua história, coroando a sua participação ao assinalar o
gol da histórica vitória de 1 x 0 sobre o Botafogo, em pleno Maracanã, no dia
19 de dezembro de 1971.
Voltou a ser artilheiro do campeonato mineiro no ano de 1972, com 22 gols.
Nesse mesmo ano, tornou-se novamente artilheiro do campeonato brasileiro, desta
vez com 17 gols.
Em 1973 foi contratado pelo Flamengo, do Rio de Janeiro, onde ficou até 1974,
tendo disputado 79 jogos e marcado 35 gols. Foi artilheiro do campeonato
carioca de 1973, com 15 gols.
Retornou ao Atlético Mineiro em 1974, consagrando-se artilheiro do campeonato
estadual, com 24 gols.
Entre os anos de 1968 e 1979, Dario disputou 290 jogos pelo Atlético Mineiro e
deixou o clube como o segundo maior artilheiro da sua história, com 211 gols
marcados. Ainda conquistou o título de campeão mineiro em 1978.
Foi para o Sport Recife em
1974, conquistando o título de campeão estadual em 1975 e a artilharia da
competição nesse ano,
com 32 gols, e em 1976, com 30.
Em uma partida válida pelo Campeonato Pernambucano de 1976, Dario marcou dez
gols do Sport Recife na vitória de 14 x 0 sobre o Santo Amaro. A marca
histórica superou os feitos de Pelé e Jorge Mendonça, que marcaram oito gols em
uma mesma partida.
Contratado em 1976
pelo Internacional por uma fortuna na época, Dario estreou com a camisa do
Internacional em um jogo do Campeonato Gaúcho, contra o Esportivo, de Bento
Gonçalves. O público pagante foi tão grande que o passe de Dario foi totalmente
quitado com o dinheiro da renda da partida.
Foi peça importante na conquista do campeonato gaúcho e do campeonato
brasileiro desse ano, marcando, inclusive, o primeiro gol da final da
competição, na vitória de 2 x 0 sobre o Corinthians.
Além dos clubes citados, Dario
ainda jogou na Ponte Preta (1977/1978), no Paysandu-PA (1979), Náutico-PE
(1980), Santa Cruz-PE (1981), Bahia-BA (1981/1982), Goiás-GO (1983),
Coritiba-PR (1983), América-MG (1984), Nacional-AM (1984/1985), XV de
Piracicaba-SP (1985), Douradense-MS (1986) e Comercial, de Registro-SP (1986).
Nesses clubes foi campeão baiano em 1981 e campeão goiano em 1983. No Nacional,
de Manaus, foi artilheiro do campeonato amazonense de 1985, marcando 14 gols.
Ao todo passou por 16
clubes em 21 anos de carreira.
NA SELEÇÃO BRASILEIRA
Seu primeiro jogo pela seleção brasileira foi em 12 de abril de 1970, no empate
em 0 x 0 com o Paraguai. Sua última participação foi no dia 6 de outubro de
1976, num amistoso contra o Flamengo.
COMO TREINADOR
Encerrada a carreira como
jogador, aos quarenta anos, Dadá resolveu ser treinador, como argumento que não
poderia viver longe da bola. Precisaria começar tudo novamente. Mais um desafio
na vida. Treinou a Ponte Preta, de Campinas, e depois passou pelo Flamengo, de
Varginha (MG), e antes de chegar ao Tiradentes, de Brasília, em 1989, treinava
o Paulistano, de Paulista (PE). Do rubro-negro brasiliense foi para o Ypiranga,
de Macapá (AP), onde chegou a ser campeão estadual em 1994. Ainda no Amapá,
comandou no ano seguinte, o São José que não vencia o estadual há vinte e três
anos, levando-o a campeão naquele ano. Saiu do Amapá e foi comandar o Ji-Paraná,
de Rondônia, onde foi novamente campeão estadual. Seguiu para o interior de São
Paulo no comando do Comercial, de Registro, onde encerrou, temporariamente, sua
breve carreira como treinador. O tempo como treinador foi curto, mas suficiente
para que Dario enriquecesse ainda mais suas histórias sobre o futebol
brasileiro.
Hoje, Dario
trabalha na televisão como comentarista esportivo. Iniciou sua carreira no
programa “Toque de Bola” do extinto Canal 30, emissora local a cabo de Belo Horizonte.
Convidado para o “Alterosa Esportes”, por Rogério Correa, então apresentador do
programa da TV Alterosa, de Belo Horizonte, sendo posteriormente contratado
devido ao seu grande sucesso pela Rede Globo, sendo comentarista no canal a
cabo SporTV. Terminado o contrato, a Rede Minas o contratou. Atualmente está na
TV Alterosa/SBT, participando da Bancada Democrática do Alterosa Esporte, representando
o Atlético Mineiro.
O jornalista Lúcio Flávio Machado editou em 1999 a biografia Dadá Maravilha.
PASSAGEM POR BRASÍLIA
O Tiradentes tinha ido mal no 1º turno do Campeonato Brasiliense de 1989. Depois
da saída de Mozair Barbosa, Dario chegou para ser o novo técnico do clube no
dia 26 de abril de 1989. Dirigiu apenas um coletivo e no dia 30 do mesmo mês
passou a trabalhar como treinador, na vitória de 2 x 1 sobre o Planaltina. O Tiradentes
não perdeu mais nenhum jogo e chegou à decisão do 2º turno, contra o
Taguatinga, em dois jogos. Perdeu o primeiro e empatou o segundo, deixando
escapar a chance de garantir-se na Fase Final da competição.
Começou o terceiro turno com uma goleada de 4 x 0 sobre o Planaltina, mas
terminou a classificação final do grupo na segunda colocação, um ponto atrás do
Ceilândia (clube que venceu o terceiro turno) e, portanto, fora da disputa pelo
título do campeonato de 1989. Foram 15 jogos de Dario à frente do Tiradentes.
Logo depois, no dia 19 de julho de 1989, o Tiradentes se tornou a primeira
equipe do futebol brasiliense a disputar um jogo válido pela Copa do Brasil.
Comandado por Dadá Maravilha, eliminou o Atlético Goianiense e foi eliminado
pelo Corinthians, o qual venceu no segundo jogo, em 29 de julho de 1989, no
Mané Garrincha, por 1 x 0 (no primeiro jogo, em São Paulo, o Corinthians ganhou
por 5 x 0).
Dadá Maravilha voltaria a assumir o Tiradentes no dia 21 de março de 1990, em
substituição a Roberto Ruben Delgado, no empate de 0 x 0 com o Gama. Mesmo
fazendo outro grande trabalho de recuperação, mais uma vez perdeu a final do 2º
turno para o Gama (que havia vencido o primeiro e se tornou campeão sem a
necessidade de uma decisão extra).
Desta vez esteve menos jogos à frente do Tiradentes no campeonato brasiliense:
oito. Seu último jogo como técnico do Tiradentes foi em 29 de abril de 1990, no
empate em 0 x 0 com o Gama.
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