Só agora
tivemos conhecimento do falecimento, em 5 de março último, aos 91 anos, do
pioneiro Almir Vieira, e recorremos aos nossos alfarrábios para prestar essa
pequena homenagem a ele, que, para quem não sabe, dedicou uma boa parte de sua
vida ao futebol de Brasília.
Almir de
Azevedo Vieira nasceu no Rio de Janeiro (RJ), em 16 de abril de 1926.
Jogou futebol
no juvenil do São Cristóvão, Vasco da Gama e América, e como profissional
defendeu o Água Verde, do Paraná, São Cristóvão e América. Foi também aspirante
do Vasco da Gama.
Almir chegou
a Brasília em maio de 1957. Ele veio para a cidade sem ter onde morar, apenas com
a promessa de que trabalharia no Hospital Juscelino Kubitschek de Oliveira (HJKO),
unidade de saúde pioneira do Distrito Federal, do qual foi o primeiro administrador.
Titular da
Delegacia Regional do Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Industriários -
IAPI, ajudou a construir um dos primeiros campos de futebol da cidade, nas
proximidades do Hospital do IAPI (que tinha um time de futebol), onde houve a
Invasão do IAPI. Além disso, passou pelos diversos clubes das autarquias
daquela época.
Como atleta
em Brasília, Almir só chegou a disputar um torneio da Previdência Social, na
quadra do IPASE, hoje 208 Sul, mas não foi campeão.
Almir ficou
afastado do futebol até 1965, quando levou o Clube Inapiário a campeão mirim em
um torneio entre previdenciários.
No mesmo ano,
fez parte do Conselho Deliberativo do Clube de Regatas do Guará.
Também foi
diretor do Cota Mil, do Clube dos Previdenciários e do Monte Líbano.
No começo dos
anos 70, foi Gerente de Divisão do Banco Halles de Investimento, logo depois promovido
ao cargo de Diretor-Geral de Vendas da empresa.
Querido por
uns e odiado por outros, Almir Vieira ia promovendo as equipes por onde passava.
1979: com Alberto Teixeira, presidente do Sobradinho |
Passou a se
dedicar mais ao futebol do DF a partir de 1976, quando foi implantado em
definitivo o profissionalismo, no Grêmio Esportivo Brasiliense, onde trabalhou como
Vice-Presidente nos anos de 1976 e 1977.
Também em
1976, foi supervisor da Seleção Juvenil do Distrito Federal no Campeonato
Brasileiro de seleções dessa categoria.
No dia 3 de
fevereiro de 1977, foi efetivado como Diretor Administrativo da Federação
Metropolitana de Futebol.
Logo depois, foi
o Supervisor da seleção profissional do DF que enfrentou o Atlético Mineiro, nas
comemorações do 17º aniversário de Brasília.
Em 10 de
janeiro de 1978 foi eleito Vice-Presidente do S. C. Corinthians, do Guará, até
a fusão desta agremiação com o Humaitá e que proporcionou o retorno do Clube de
Regatas Guará ao futebol do DF.
Em 1978,
quando o Guará foi vice-campeão brasiliense e campeão do Torneio Seletivo ao
Campeonato Brasileiro, Almir Vieira era o vice-presidente. Ficou no Guará até
princípio de 1979.
Em 1979, a
convite de Márcio Tannus, foi para o Gama. Ficou como observador durante o
primeiro turno, quando o clube obteve a última colocação. Assumindo a
Vice-Presidência do futebol profissional começou a agir, trazendo Martim
Francisco para ser o treinador da equipe. E daí, começou a sua “estrela a
brilhar”. Campeão brasiliense pela primeira vez em sua história, o Gama ingressou
no Campeonato Brasileiro neste ano como único representante, tudo produto do
seu trabalho.
Foi eleito o
melhor dirigente esportivo do Campeonato Brasiliense de 1979 pela ABCD
No Brasília,
assumiu como Supervisor em 1980, com total autonomia dentro do departamento de
futebol profissional. Quando ingressou, o clube vivia uma situação tumultuada. Para
melhorar teve que tomar decisões violentas. Vendeu e emprestou quase um time
inteiro. Recebeu críticas de dirigentes, de torcedores e da própria imprensa,
mas continuou seu trabalho trazendo novos elementos e um novo treinador. O
Brasília foi campeão invicto de juniores e profissionais.
1983: preleção aos jogadores do Brasília; ao seu lado esquerdo, o treinador Bugue |
Uma passagem
curiosa de Almir Vieira pelo Brasília.
No dia 16 de
fevereiro de 1981, o Brasília foi a Porto Alegre enfrentar o Grêmio, pelo
Campeonato Brasileiro daquele ano. O Grêmio venceu aquele campeonato e dois
anos depois conquistaria a América e o Mundo. Em pleno Estádio Olímpico, o
Brasília venceu por 2 x 1, deixando atônitos os torcedores que lá estiveram
naquele dia.
Eis um resumo
do que o jornal Correio Braziliense publicou no dia do jogo:
“Hoje, a
frágil equipe do Brasília enfrenta o Grêmio no estádio Olímpico da capital
gaúcha. Seriamente abalado pelas constantes derrotas e desfigurado taticamente,
o Brasília era sério candidato a levar uma de suas maiores goleadas no encontro
com o tricolor gaúcho. Bastante desgastado e completamente desacreditado pela
torcida, o supervisor Almir Vieira ainda tenta mostrar um otimismo irreal, ao
dizer que o Brasília vencerá o Grêmio: “Estamos aqui em Porto Alegre com o
firme propósito de deixar o estádio Olímpico com uma bela vitória sobre o Grêmio.
Acredito em nosso time e não poderia ser diferente e vamos conseguir a
classificação”.
No mesmo ano
de 1981, Almir Vieira voltou ao Gama. Campeão do I Torneio Centro-Oeste neste
ano, logo depois deixou o clube, quando discutiu com o então Administrador
Regional Valmir Campelo, porque o governante não queria liberar o Estádio Bezerrão
para treinos da equipe.
Foi o
Supervisor na Seleção do DF que disputou dois jogos contra a Seleção de SC em
julho de 1983, em benefício das vítimas das enchentes que assolaram o sul do
Brasil.
No dia 15 de dezembro
de 1983, foi o Supervisor da seleção brasiliense que enfrentou uma seleção
brasileira de novos.
Novamente foi o Supervisor escolhido pela federação
para trabalhar junto à seleção do DF que enfrentou, no dia 5 de julho de 1987, Estádio
Mané Garrincha, o Flamengo, do Rio de Janeiro.
Por duas
ocasiões, Almir Vieira também trabalhou como treinador. A primeira delas, em
1989, quando comandou o Gama em seis jogos. A segunda foi em 1993: no Brasília,
esteve à frente da equipe em 16 jogos, o último deles em 13 de junho de 1993,
no Augustinho Lima, no empate em 0 x 0 entre Brasília e Sobradinho. Essa foi
sua última participação no futebol brasiliense.
Fontes:
Correio
Braziliense
Jornal de
Brasília
Memorial
Gamense
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