sábado, 17 de março de 2018

OS PRESIDENTES: João José Pinheiro Veiga



João José Pinheiro Veiga era natural do Piauí, onde nasceu em 16 de março de 1921, e como todo menino daquela época sonhava um dia ser oficial do Exército. Fez a Escola Militar de Resende, no Rio de Janeiro, passou pela Escola de Moto-Mecanização de Deodoro, sendo aprovado com distinção e teve, como prêmio, o primeiro deslocamento para servir em outro Estado.
No dia 4 de setembro de 1943, aos 22 anos, o então 2º Tenente da Bateria de Engenhos e Canhões Anti-Carros do Exército, João José Pinheiro Veiga chegou a Natal. Era a época da II Guerra Mundial, Natal vivia o foco das atenções do mundo inteiro como local da Base Aérea de Parnamirim, de onde partiam, diariamente, centenas de aviões, entre caças e bombardeiros.
Serviu ao lado do Tenente Fernando Correia Leitão (que em 1944 seria eleito Presidente da Federação Norte-Riograndense de Desportos), na época torcedor do Alecrim. Ao presenciar a participação do seu colega de farda, numa “pelada”, não teve dúvidas e convidou Veiga para treinar no Alecrim Futebol Clube, de Natal.
A atuação de Veiga foi tão convincente que, ao terminar o treino no Alecrim, os dirigentes Sílvio Tavares e João de Brito fizeram com que o atleta assinasse um contrato. Passou a jogar como meia-esquerda. Participou, como atleta, dos campeonatos de 1944 e 1945, formando uma boa ala esquerda com Perequeté.

O Alecrim, então, representava a terceira força do futebol potiguar, atrás de ABC e América. Não havia sido implantado o profissionalismo. Como era mais dedicado ao Exército, Veiga encarava o futebol como uma diversão, sem maior interesse em levar adiante a ideia de um dia profissionalizar-se.
Como o Alecrim não possuía um elenco muito categorizado, as vitórias também foram escassas no confronto com a dupla ABC e América. Veiga era uma espécie de astro em meio a alguns jogadores de poucos recursos técnicos.
Segundo o jornalista Everaldo Lopes, Veiga era “um estilista, batia com violência na bola”.
Havia naquela época um intercâmbio muito grande entre os clubes do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco. E era comum um jogador vestir a camisa de outro clube numa partida amistosa, contra um time de outro Estado. Por esta razão, Veiga, mesmo sendo atleta do Alecrim, jogou várias partidas pelo ABC e América. Contava Veiga: “cheguei a disputar partidas no sábado pelo América e domingo pelo ABC”.
Terminada a guerra, Veiga foi transferido para o Rio de Janeiro, em 1946. Mas, não demoraria muito tempo longe de Natal. Cinco anos depois, ou seja, em 1951, ele voltou a Natal, iniciando uma nova fase na sua vida: a de dirigente.
Foi, então eleito presidente do Alecrim pela primeira vez. No Alecrim, a pobreza era uma constante.
Atuou como árbitro de futebol no campeonato potiguar, foi Diretor da Divisão de Atletismo da Federação Norte-Riograndense de Desportos, em 1959 foi reempossado na presidência do Alecrim e em janeiro de 1960 renunciou à presidência do Alecrim, pois teve que ir ao Rio de Janeiro fazer um curso especial no Exército.
Em maio de 1961 foi reconduzido ao cargo de Diretor de Atletismo da FND e em janeiro de 1963, foi eleito Presidente da FND.
Em 4 de agosto de 1964, o vereador Orlando Garcia da Rocha, do PSB, apresentou projeto concedendo o título de cidadão natalense ao então Major do Exército João José Pinheiro Veiga, baseado, principalmente, nos vários anos que militou em Natal, sempre prestando bons serviços ao desporto potiguar, quer como jogador do Alecrim, depois presidente dessa agremiação e, por último, presidente da FND. O projeto foi aprovado por unanimidade.
No dia 13 de julho de 1967, o então Tenente-Coronel João José Pinheiro Veiga tomou posse como Presidente da Comissão Regional de Desportos, incumbida de superintender os desportos na Capital do Brasil.

Menos de um ano depois, na Assembleia Geral de Clubes de 2 de abril de 1968, foi eleito, por unanimidade, Presidente da Federação Desportiva de Brasília, com 27 votos.
Tornou-se um caso raro de dirigente que desempenhou a função de Presidente de duas federações desportivas: a de Brasília e a do Rio Grande do Norte.
Teve a infelicidade de ser presidente na pior situação em que atravessou o esporte brasiliense, em particular o futebol.
Graças ao seu grande conhecimento e esforço, ele conseguiu ultrapassar essa grande batalha.
Entregou o cargo na Assembleia Geral de 2 de abril de 1970, quando Wilson Antônio de Andrade foi eleito o novo Presidente da FDB.
Também se destacou no tênis, como tenista, e foi presidente da Federação Norte-Riograndense de Tênis, além de fundar a Federação de Tênis do Piauí, onde foi seu Vice-Presidente.
Depois que deixou o esporte, reformado do Exército, foi Secretário de Segurança Pública do Rio Grande do Norte, nos governos de Tarcísio Maia, Lavoisier Maia e Geraldo Melo, comandando esta pasta governamental em um período acumulado de onze anos.
O grande desportista faleceu no dia 12 de dezembro de 2008, com 86 anos.

Fontes consultadas:
História do Alecrim F. C., de Alberto Pinheiro de Medeiros
Jornalista Everaldo Lopes, do Tribuna do Norte.



Nenhum comentário:

Postar um comentário